Seminários Temáticos para o biênio 2009-2011

CINEMA NO BRASIL: DOS PRIMEIROS TEMPOS À DÉCADA DE 1950

Resumo

    O seminário aqui proposto busca discutir a atividade cinematográfica no Brasil no que tange aos filmes, à produção, à distribuição, à exibição e às formas de recepção (de público e de crítica) assim como à produção historiográfica a ela dedicada no período que vai de 1896 até a década de 1950. O recorte tem como delimitação inicial as primeiras exibições de que se tem notícia no Brasil, ocorridas em torno de 1896, seguindo até a década de 1950, com a consolidação da chanchada, os projetos industriais ocorridos no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de outras iniciativas não só nesse eixo, mas em todo o território nacional no campo da produção independente.
    Tal recorte implica, por um lado, o estudo de um período ainda pouco conhecido da pesquisa historiográfica no Brasil – o cinema silencioso –, fato que se deve tanto ao desaparecimento de boa parte da produção cinematográfica até então realizada, quanto à dificuldade de acesso às cópias ainda existentes, como pela dispersão e difícil localização de outros tipos de documentos, tais como periódicos, depoimentos de pioneiros, referências em textos literários, etc. Por outro lado, permite a discussão tanto do período que envolve a transição do cinema silencioso para o sonoro como o debate historiográfico e bibliográfico sobre o momento posterior, alcançando inclusive as primeiras produções do Cinema Novo.
    O aporte teórico deste seminário tem por base o diálogo com a tradição historiográfica brasileira através de nomes como Paulo Emilio Salles Gomes, Alex Viany e Vicente de Paula Araújo, mas este diálogo é enriquecido pelas críticas a esta tradição existentes em trabalhos como os de Maria Rita Galvão, Jean-Claude Bernardet e José Inácio de Melo Souza. Faz parte também do horizonte do seminário a contribuição teórica de historiadores estrangeiros, como Michèle Lagny, Tom Gunning, Ben Singer, André Gaudreault, Nöel Burch, Douglas Gomery, entre outros, os quais sob diferentes prismas têm realizado críticas à história tradicional do cinema e têm proposto novas perspectivas inspiradoras.
    Dentre alguns dos filões de análise que são julgados pertinentes para o seminário, pode-se destacar: as formas da produção de não-ficção nacional, a discussão estética em torno de filmes brasileiros, a crítica cinematográfica, as representações de raça e gênero, a formação do mercado exibidor, a implantação do sistema sonoro no Brasil, a consolidação dos gêneros audiovisuais, a produção regional, as experiências de produção industrial, as primeiras realizações do Cinema Novo, as diferentes profissões no cinema brasileiro, os desdobramentos na relação entre cinema e Estado, a preservação dos materiais existentes, o intercâmbio entre a produção cinematográfica e o rádio, a indústria fonográfica e o teatro popular. Pode-se observar também essas questões em suas relações com as matrizes cinematográficas internacionais e com produções e práticas audiovisuais no Brasil posteriores à década de 1950. Estes são apenas alguns exemplos de perspectivas relacionadas com o seminário, sem detrimento de outras que podem vir a ser incorporadas ao longo do encaminhamento dos trabalhos.
    Cabe observar que os proponentes do seminário integram um grupo de pesquisadores que se reúne mensalmente, desde 2002, na Cinemateca Brasileira em São Paulo. Assim, o seminário temático “Cinema no Brasil: dos primeiros tempos à década de 1950” tem por objetivos gerais aprofundar os estudos históricos em torno do cinema brasileiro, sistematizar as reflexões empreendidas pelo grupo de pesquisadores reunido na Cinemateca Brasileira e ampliar o diálogo deste grupo com pesquisadores que não o integram, mas que seguem semelhantes linhas de pesquisa.

Coordenadores

    Luciana Corrêa de Araújo
    Glênio Nicola Póvoas
    Sheila Schvarzman