Programação completa de trabalhos 2024

 
 

23/10


PA 1 – Cinema e espectros do Feminino – Coordenação: Yanara Cavalcanti Galvão

23/10 às 9h00
A descrição da mulher brasileira nos anos 1970 e 1980 no cinema de Ana
Luana Almeida (Unifesp)
A pesquisa tem como objetivo analisar a trilogia da condição feminina de Ana Carolina e compreender como a mulher brasileira das décadas de 1970 e 1980 é descrita nesses filmes, levando em consideração o contexto sociopolítico da ditadura e o movimento feminista que ressurgia no Brasil à época. Busca-se estabelecer conexões entre essa descrição e a intenção de construir uma “nova mulher” que dialoga com questões do movimento feminista emergente no país.
Uma máscara cor de rosa: brechas para a feminilidade no cinema
Sthael Gomes (UFMG)
O presente estudo pretende introduzir e discutir a teoria da máscara no cinema de Mary Ann Doane e buscar algumas das formas através das quais essa máscara entra em cena por meio do figurino. Reconhecemos as lacunas atuais no uso dessa teoria dentro da produção acadêmica brasileira de estudos de cinema. Propomos, assim, um inventário de imagens de filmes de grande bilheteria internacional para investigar o vestido cor de rosa como uma das possíveis materializações da máscara.
Reflexões sobre documentarismo de mulheres: entre a técnica e estética
Daiane Teresa Bedin (UFSM)Jessica Tavares de Souza (UFSM)
O presente trabalho busca discutir as perspectivas da produção do cinema documental de mulheres a partir de um relato de experiência da produção do curta-metragem Terra de Mulheres (2023). A pesquisa entrelaça a discussão teórica sobre documentário e feminismo, buscando contribuir para os esforços na localização do cinema de mulheres e também de compreender o seu potencial de transformação social, considerando autores como Bill Nichols (2012), Ann Kaplan (2012) e Laura Mulvey (1999).
Representações maternas no cinema brasileiro: análise de A Mãe (2022)
Luna Gonçalves Dalama (USP)
Esta comunicação pretende explorar representações da maternidade no longa-metragem de ficção A Mãe (2022), de Cristiano Burlan. De que forma a matriarca Maria é retratada nessa obra audiovisual e como sua trajetória de mãe solo, periférica e autônoma dialoga com o momento histórico e sociopolítico do Brasil, no governo de Jair Bolsonaro? Propõem-se, para tanto, uma análise fílmica e a apresentação de entrevistas feitas pela autora, em 2023, com o diretor e a protagonista, Marcélia Cartaxo.

ST Estudos do insólito e do horror no audiovisual – Sessão 1

23/10 às 9h00
Panorama dos estudos do horror e do insólito no Brasil no século XXI
Laura Loguercio Cánepa (UNIP)Tiago José Lemos Monteiro (IFRJ)
O trabalho tem como objetivo fornecer um panorama abrangente do estado atual dos estudos do horror e do insólito no cinema e no audiovisual no Brasil, destacando a evolução desses estudos ao longo das primeiras décadas do século XXI, seu impacto na cultura midiática brasileira contemporânea e o papel significativo que os encontros anuais da SOCINE vêm desempenhando nesse cenário.
Gótico nas telas: assombros, traumas e o Mal no cinema brasileiro
Marcelo Miranda da Silva (UAM)
O cinema brasileiro, desde a metade do século 20, utiliza, em muitos filmes e de variadas formas, elementos das chamadas “poéticas do mal”, nascidas na literatura gótica, e transfigura tais elementos em expressão audiovisual vinculada ao cenário, contexto e histórico do Brasil em termos políticos, econômicos e sociais. Esta pesquisa surge a partir de estudos sobre “literatura de medo” que podem ser expandidas ao audiovisual brasileiro através das décadas, configurando um “cinema de medo”.
Entre Lobos e o Oculto: Horror e Fascismo no Cinema do Cone Sul
Murilo de Castro (FAP/UNESPAR)
A presente pesquisa visa discutir as representações políticas do fascismo no realismo fantástico do cinema de horror sul-americano de Cristóbal León, Joaquin Cociña e Cristian Ponce. Os filmes postos em análise serão o chileno ‘La Casa Lobo’ (LEÓN; COCIÑA, 2018) e o argentino ‘Historia de lo Oculto’ (PONCE, 2020), a fim de levantar usos do histórico político dos dois países. Ao método, será utilizada a análise fílmica de Vanoye e Goliot-Lété, junto de fontes correlatas da política dos países.

ST Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas. – Abertura

23/10 às 9h00
Oferendas narrativas para a história dos cinemas negros no Brasil
Janaína Oliveira (IFRJ / FICINE / NYU)
“Oferendas poéticas e políticas” é uma concepção utilizada pela dançarina e cineasta brasileira Ana Pi. Inspirada em Pi, a proposta desta comunicação apresenta “oferendas” narrativas para reflexão sobre a história dos cinemas negros no Brasil. O gesto aqui visa explorar as possibilidades epistemológicas das reflexões sobre as cinematografias negras no país, para além do debate com base no binômio representação/representatividade tão presente nas ponderações e práticas atuais.
Constelações Afrofuturistas nos curtas-metragens negros brasileiros
KENIA CARDOSO VILACA DE FREITAS (UFS)
A apresentação discute a pesquisa “Constelações Afrofuturistas: A ficção especulativa negra na produção contemporânea em curta-metragem no Brasil”, cujo objetivo é criar constelações afrofuturistas a partir dos filmes de curta-metragem produzidos desde 2015 no Brasil. Para isso, ela propõe um levantamento dos filmes produzidos no campo da ficção especulativa negra, e a partir destes que sejam traçadas constelações em torno das linhas de criação: Performatividade, Fugitividade e Futuridade.

CI 22: Autobiografia no documentário brasileiro – Coordenação: Gabriel Kitofi Tonelo

23/10 às 9h00
Documentário autobiográfico, mobilidade reduzida e cineastas PcD
Gabriel Kitofi Tonelo (ECA-USP)
A apresentação abordará narrativas realizadas por cineastas PcD ou que apresentam mobilidade reduzida no contexto da história dos documentários autobiográficos. Partindo de filmes como “Meu Nome é Daniel” (Daniel Gonçalves, 2019), “I Didn’t see you there” (Reid Davenport, 2022) e “Eat Your Catfish” (Noah Arjomond e outros, 2021), abordarei como o meio fílmico viabiliza de maneira específica a transposição da experiência vivida a partir da fisicalidade/corporeidade dos cineastas.
Autobiografia e o modo performático em “Amazona”
Luciana Barone (UNESPAR)
Este trabalho, objetiva analisar o curta-metragem Amazona – que aborda a travessia do câncer de mama pela autora, somada a depoimentos de outras mulheres – à luz de abordagens teóricas relativas ao cinema autobiográfico. Para tanto, propõe entrelaçamentos entre a obra fílmica e as abordagens de Phillipe Lejeune e Raymond Bellour, bem como a de Bill Nichols, relativa ao documentário performativo, tendo por base de articulação o pressuposto feminista de que o pessoal seja político.
O ensaio no documentário – Uma análise de Incompatível com a vida
Luís Fellipe dos Santos (UERJ)
Esta comunicação parte da obra Incompatível com a vida (2023), de Eliza Capai, que acompanha a gestação da realizadora até o momento em que interrompe a gravidez, por seu filho receber o diagnóstico de ser incompatível com a vida. A realizadora convoca outras seis mulheres que passaram pelo mesmo caso e, a partir dos cruzamentos, conduz a narrativa. A obra será analisada pela chave do filme ensaio, para tentar compreender o papel que o ensaio desempenha no documentário brasileiro contemporâneo.

ST Estética e plasticidade da direção de fotografia – 1. Direção de fotografia: visualidades

23/10 às 9h00
COR, CINEMATOGRAFIA E MISE-EN-SCÈNE: A ATRAÇÃO EM LE BALLON ROUGE
TIAGO MENDES ALVAREZ (UNESPAR)
Este artigo propõe analisar a cinematografia de Le Ballon Rouge (1956), filme realizado por Albert Lamorisse e fotografado por Edmond Séchan. Com base em estudos da percepção visual (ARNHEIM, 1991; GIBSON, 1950, 2015), como também em análises a partir da utilização da ferramenta eye tracking, este texto apresentará a importância do uso da cor e da mise-en-scène como métodos de atração narrativa (GUNNING, 1995, 2006; MÜNSTERBERG, 2003), seus respectivos modos de atenção, de percepção e memória.
Carpenter disse: “Haja luz!”, e ele viu que a luz era trevas
ANTOINE NICOLAS GONOD D ARTEMARE (UFF)
De que maneira a instrumentalização da luz e das trevas pela Igreja cristã pode influenciar, capturar e colonizar os imaginários luminosos concretizados pela direção de fotografia? Iremos analisar a direção de fotografia de O exorcista (1973) e de A Bruma Assassina (1980), em diálogo com o estudo de textos, conceitos e materialidades luminosas da Igreja, a fim de demonstrar como a proposta luminosa desses filmes vai ao encontro do imaginário cristão da luz ou, ainda, de encontro a ele.
Os paramentos de luz do filme Morte, morte, morte
Matheus José Pessoa de Andrade (UFPB)Theresa Christina Barbosa de Medeiros (UFRN)
Este é um trabalho sobre o uso dos paramentos de luz na narrativa do filme Morte, morte, morte (Halina Reijn, 2022), pontualmente nas cenas noturnas da trama a partir da falta de energia elétrica. Nossas ponderações são sobre a composição visual através de dois pontos de vista: da direção de fotografia e da direção de arte, tomando os referidos artefatos como um ponto de interseção peculiar de ambos numa obra de ficção.

PA 13 – Estéticas da decolonialidade e tramas perspectivistas – Coordenação: Bruno Alencar

23/10 às 9h00
AS PERSPECTIVAS DO DOCUMENTÁRIO E AS ESTRUTURAS DE PODER COLONIAL
Ana Paula Mendes Alcanfor Nascimento Magalhães (UFG)
Entendendo que o cinema documental é herdeiro da antropologia visual, busca-se compreender as diferenças nas produções de sentido sobre os povos indígenas, mediadas pela produção de cinema documental brasileiro, a partir da análise comparativa dos filmes “Mensageiras da Amazônia” – como autorrepresentação indígena – e “Elas – as mulheres Krikati” – como representação desses povos pelo olhar da branquitude.
O pluriverso e a estética decolonial no documentário
Paula Monte Coutinho de Souza (UFRJ)
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a produção do documentário “Faya Dayi” (2021), da cineasta mexicana/etíope Jessica Beshir, com base nas contribuições teóricas latino-americanos sobre o pluriverso e a estética decolonial, a fim de apresentar, com esse diálogo, uma proposição do fazer documental como uma práxis de re-existência e resistência aos domínios do padrão hegemônico.

Palavras chave: documentário contra-hegemônico; estética decolonial; pluriverso;

O sonho como travessia diegética e entre mundos
Anália Alencar Vieira (UFF)
O presente trabalho analisa as sequências de sonhos dos filmes indigenistas Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos (2018), A Febre (2019) e EAMI (2022), que acionam as experiências oníricas de suas protagonistas como propulsores de pontos de virada e de argumentação diegética. Direcionando a atenção sobre a articulação dos seus elementos, propomos uma compreensão do arco das personagens humanas e mais que humanas modificado na relação com a paisagem através do direcionamento visionário.

CI 40: Processos de realização – Coordenação: James Zortéa Gomes

23/10 às 9h00
Trânsitos no espaço do ateliê – Bruce Nauman e Buky Schwartz
James Zortéa Gomes (unisinos)
Filmes realizados em ateliê por artistas visuais, em particular aqueles interessados no registro dos próprios processos e performances, geralmente recorrem a construção de estratégias que configuram um campo gráfico para a câmera. As performances de artistas como Bruce Nauman e Buky Schwartz organizam um programa de ações para o corpo em confinamento no ateliê. Eles registram o próprio trânsito no espaço de trabalho, onde observamos os gestos cinegrafados destas performances solitárias.
O filme como oficina artesanal: La Commune de Peter Watkins
Marcel Gonnet Wainmayer (PPGCine-UFF)
O filme La Commune (Paris, 1871) de Peter Watkins dedica-se aos eventos que culminaram com a Semana Sangrenta em Paris, e também põe em cena o próprio trabalho de produção e circulação de imagens, num processo comunitário de realização audiovisual. O filme permite vasculhar o que poderíamos considerar a oficina/ateliê artesanal no âmbito do cinema, a partir das noções de Richard Sennett sobre a oficina medieval, a guilda e os espaços de produção e aprendizagem no artesanato.
Godard em Moçambique: rastros de um projeto frustrado
Karen Barros da Fonseca (PUC-Rio)
Em 1978, Godard, através da sua produtora Sonimage, assinou um contrato com o governo de Moçambique para a filmagem de uma série e a implementação de uma rede de TV no país. Nunca concretizado, o projeto será revisitado nos filmes Changer d’Image (1982), Histoire(s) du Cinéma (1988) e Khan Khanne (2013), de onde pode-se traçar um percurso crítico do cineasta sobre a experiência, levantando questões acerca do cinema como instrumento de ação política e as formas estéticas derivadas desta busca.

ST Estilo e som no audiovisual – Sessão 1 – Som Descontrolado

23/10 às 9h00
Encontros anônimos no cinema brasileiro.
Márcio Câmara (UFPE)
O artigo pretende refletir sobre a sonoridade de três filmes brasileiros de ficção onde apresento a ideia de um encontro com o anônimo. Esse termo invoca um sentido de imprevisibilidade sonora, sendo essa sensação um fator desejado, mas não dominado, para chancelar a natureza do real que busca a representação da ficção. Através do trabalho feito na captação do som direto quero argumentar que esse anônimo é o elemento criativo que interfere e filtra os elementos imprevisíveis para dentro da ação.
Som, mémoria e magia em Yorimatã, de Rafael Saar
Thiago de Castro Sobral (UFF)
Yorimatã é o longa de estreia de Rafael Saar, um documentário musical que aborda a vida e obra da dupla de compositoras Luhli e Lucina. Mergulhando no universo mágico-musical da dupla, o filme costura imagens de arquivos, gravações caseiras, discos e cassetes junto a registros contemporâneos de números musicais e entrevistas. Esta pesquisa busca investigar particularmente o desenho de som do longa e sua contribuição na construção da memória e dessa dimensão mágico-sensorial.
Corpo-câmera-microfone: o som do filme Espero Tua Revolta
Antônio Burity Serpa (UFCG)
A presente pesquisa tem como objetivo investigar o impacto do som na estética de documentários militantes, embasada por teorias do som em documentários e pela filosofia dos afetos. Selecionamos assim, o longa Espero Tua Revolta (Eliza Capai, 2019), para estudo de caso. Este filme documenta a luta dos estudantes secundaristas, que entre 2015 e 2016, ocuparam as suas escolas e organizaram protestos nas ruas contra a precarização do ensino público da cidade de São Paulo.

CI 26: Cinema e trabalho – Coordenação: MAURICIO VASSALI

23/10 às 9h00
Estrada e trabalho: deslocamentos de operários no cinema brasileiro
MAURICIO VASSALI (PUCRS)
O trabalho é um recorte de uma pesquisa de doutorado que analisa imagens do operário no cinema brasileiro em dois períodos: 1978-1983 e 2015-2020. Entre outras recorrências, a estrada e os deslocamentos dos trabalhadores surgem representando tanto o trajeto casa-trabalho, quanto o lazer e a busca por novas oportunidades. Propõe-se, então, uma reflexão sobre como tais representações imaginam formas políticas e reinventam olhares sobre a realidade social e laboral.
Constelação Fílmica do Trabalho nas Minas: Gesto, Estética e Política
Matheus Batista Massias (UNICAMP)
Se o trabalho e trabalhadores têm sido pouco retratados no cinema, a representação deles em minas (de carvão, enxofre ou tungstênio) permite um estudo comparativo a partir de uma constelação fílmica que busca analisar a representação do trabalho. Partindo da defesa de Agamben de que o gesto, e não a imagem, é o elemento do cinema e que, por isto, ele está inscrito nas esferas estética e política, a noção de partilha do sensível de Rancière é considerada a fim de compreender o trabalho no cinema.
Ressentimentos e analogias da escravidão em Que horas ela volta?
Reginaldo do Carmo Aguiar (USP)
A análise fílmica de “Que horas ela volta?” por meio de determinados marcadores (gestos, comportamentos, vozes e enquadramentos) revela estéticas que ressaltam traços da escravidão expressos no tempo presente e sentimentos de ressentimento de classes sociais mais bem favorecidas e intrafamiliar. Este trabalho corrobora com a tradição de pesquisas sobre ressentimento e extratos de tempo de Ismail Xavier sobre o cinema brasileiro e também tensiona questões de pensadores da História contemporânea

ST Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência – Sessão 1

23/10 às 9h00
Narrativa e montagem em filmes domésticos de Nahim Miana
Vanessa Maria Rodrigues (UFF)
Nosso objetivo é analisar as estratégias de narrativa e montagem empregadas nos filmes domésticos Virginia vai à escola (1951), Quitandinha Petrópolis (1949) e Eliane ensaia seus primeiros passinhos (1951), realizados por Nahim Miana. Para isso, utilizamos como metodologia a revisão manual, fotograma a fotograma, das películas em mesa enroladeira. A investigação demonstrou que essas produções seguem as normas e princípios do cinema clássico e contam com diferentes procedimentos de montagem.
Digitalização no Brasil: estímulo à conscientização ou à alienação?
Débora Lúcia Vieira Butruce (USP)
A diminuição dos custos dos equipamentos de digitalização de filmes nos últimos anos vem gerando a ampliação do acesso ao patrimônio audiovisual brasileiro. Entretanto, ainda que a qualidade destas versões digitais esteja ligada ao estado de conservação dos materiais originais, esse fator segue parecendo distante do grande público. Este trabalho pretende analisar em que medida essas digitalizações estão contribuindo para a conscientização sobre a importância da preservação audiovisual no Brasil.
O FOTOFILME POVO DA LUA, POVO DE SANGUE (1983) E A “TRAGÉDIA YANOMAMI”
Rosane Kaminski (UFPR)
Esta comunicação analisa o fotofilme Povo da lua, povo de sangue (1983), um curta-metragem de Marcelo Tassara que usa fotografias de Claudia Andujar sobre o povo yanomami. Problematiza-se o lugar social e a eficácia política do filme. Argumenta-se que ele carrega um “desejo de salvação” e, ao mesmo tempo, não esconde a relação entre a operação fotográfica e as violências coloniais, debatendo-se entre as suas potências estéticas e políticas, as suas responsabilidades e os seus próprios limites.

CI 45: Estratégias poéticas do audiovisual expandido – Coordenação: Adil Giovanni Lepri

23/10 às 9h00
O que é um vídeo “satisfatório”? Uma análise do ASMR visual no TikTok
Adil Giovanni Lepri (UFBA)
A comunicação propõe um estudo inicial e exploratório dos vídeos ASMR no TikTok, coletados por meio do método de raspagem da web a partir da busca pela tag #satisfying. Com base nos conceitos de prazer visual (MULVEY, 1975) e visualidade háptica (MARKS, 2000) a análise revela uma grande diversidade nas estratégias poéticas dos vídeos, mas que se unificam em torno do foco no apelo a “tatilidade” dos objetos retratados e as ações empreendidas.
Os ABBA-tars e os desafios para as próximas fantasmagorias
huilton luiz silva lisboa (UTP)
Este artigo fará uma breve apresentação do show ABBA Voyage ressaltando os aspectos técnicos, mágicos e fantasmagóricos desta “sessão” de cinema expandido. A seguir, tendo como referências reflexões de Arlindo Machado, e o conceito de pós-tela, de Jenna Ng, será feita uma evolução dos espetáculos analógicos gravados até os ultrarrealistas ABBA-tars. Por fim, utilizando o conceito de Digital Apparition, de Vilém Flusser, serão analisados os desafios para próximas fantasmagorias
Salvíficos movimento #2— fábula
Eduardo Silva Salvino (USP/ECA)
“Salvíficos movimento #2— fábula”, 2023 aprofunda de “Salvíficos movimento #1 de 2022. Nele discute-se, também, a respeito do “anel de luz”, a nova interface física da obra, e continua a análise sobre o jogo on-line, com ênfase no “videogame e sua jogabilidade” (Sharp, 2015), repertoriando os “jogos e artes visuais” (Flanagan, 2009). Interinamente, observa-se a presença da transcodificação ao destacar o acompanhamento do percurso do interator da obra nos reinos do jogo afrodiaspórico.

CI 20: Cinema em tempos de crise – Coordenação: Nicholas Andueza

23/10 às 9h00
Notas sobre a memória, o cinema e o sol: às crianças que viram
Nicholas Andueza (PUC-Rio)
Se o lugar das crianças na história costuma ser, nos cânones ocidentais, periférico e subalterno, “Viagem ao Sol”,de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias propõe uma inversão. Ao retomar arquivos da migração de crianças pobres de uma Áustria destruída pela Segunda Guerra rumo ao Portugal de Salazar, o filme retrabalha a experiência infantil da história. O teatro social e político dos adultos, a história por eles produzida, tudo isso cai por terra. Reinventa-se a cena histórica.
“Shoot it so they believe it!”: Guerra hoje a partir de Zeros and Ones
Pedro Crispim Santos Álvaro (ESAP)
Este estudo parte de Zeros and Ones (2021) de Abel Ferrara para debater a questão da imagem na representação da guerra contemporânea. Zeros and Ones apresenta uma proposta que rejeita noções de género ou convenções narrativas, e recorre a imagens paranoicas de drones, câmaras de vigilância e visão noturna. Este formalismo converge com a mudança de paradigma político-tecnológico da guerra, onde a imagem é uma arma. Procura-se compreender como o filme opera formalmente esta “logística da perceção”
Imaginando o fim do mundo: cinema catástrofe na era Bush-Cheney.
DANIELA GOMES (USP)
Analisamos as representações da catástrofe e os discursos de crise política e social presentes na construção cinematográfica do filme O Dia Depois de Amanhã (2004), de Roland Emmerick. Partimos de um esforço de compreensão do cinema catástrofe estadunidense em sua historicidade enquanto gênero cinematográfico, demarcando diferentes nuances em diferentes contextos, históricos e culturais, do país.

MESA 1 – Intersecções de linguagens no cinema, nos quadrinhos e na animação

23/10 às 9h00
Cultura visual, imagem pictórica e processos de aprendizagem
Ralf José Castanheira Flôres (SENAC)
Este trabalho propõe uma reflexão sobre a cultura visual contemporânea a partir da dilatação das possibilidades de abordagem da imagem pictórica, sua concepção e aplicação em processos de aprendizagem para produções audiovisuais.
Refrações da presença no filme-ensaio “Guaxuma” de Nara Normande.
Régis Orlando Rasia (UFMS)
“Guaxuma” (2018) de Nara Normande é analisada sob a perspectiva do filme-ensaio, já que o solo movediço das fronteiras entre ficção e documentário parece não dar conta de compreender a obra analisada. A ideia, então, é tentar compreender como a animação emerge como um dispositivo potente para lidar com diversas questões, incorporando o material de arquivo, o fotográfico e as materialidades da sua subjetividade no processo de concepção da obra, como a areia, por exemplo.
Alice de Cecil Hepworth e a cena britânica de cartoons no século XIX
CIRO INACIO MARCONDES (UCB)
O pioneiro do cinema britânico Cecil Hepworth realizou, em 1903, a primeira adaptação de Alice no País das Maravilhas para a então nova mídia. Realizado com ousadia para a época, em um formato tableau, este filme foi inovador em alguns sentidos. Este trabalho busca investigar como a influência do ilustrador John Tenniel (que ilustrou o “Alice” de Lewis Carrol) na obra de Hepworth nos ajuda a compreender as relações entre cartoons e quadrinhos no início da atividade cinematográfica no UK.

ST Cinema experimental: histórias, teorias e poéticas – 1

23/10 às 9h00
Política do Simbólico.Experimental e decolonial na obra de Arthur Omar
Ivana Bentes (UFRJ)
Como articular a tradição experimental no cinema e audiovisual com questões políticas contemporâneas, atravessando e desconstruindo os discursos coloniais a partir de formas que expressem essa desconstrução, para além dos clichês discursivos? As “formas que pensam” e a política do simbólico a partir das teorias e obras cinematográficas e fotográficas do cineasta e artista brasileiro Arthur Omar, que atravessam os anos 70 e chegam a trabalhos recentes e seus diálogos interculturais.
Redenção:experimentar para lembrar, se opor e resistir ao colonialismo
Denise Costa Lopes (PUC-Rio)
Em 1911, Redenção de Cã (Modesto Brocos) foi exibido no I Congresso Universal das Raças, em Londres, para ilustrar o ideal de branqueamento da população. Em novembro, 112 anos depois, o quadro foi virtualmente queimado na instalação Redenção (Mariana Luiza), no IDFA. Veremos, a partir da experimentação com elementos pictóricos e fílmicos projetados na água, como a obra expandida evoca ancestralidades, questiona o mito narcísico e promove deslocamentos como forma de se opor ao colonialismo.

ST Festivais e mostras de cinema e audiovisual – Mesa 1- Festivais, cidades e universidades: confluências e (des)continuidades

23/10 às 9h00
Re[vi]ver o Araribóia Cine – Festival de Niterói
Tetê Mattos (Maria Teresa Mattos de Moraes) (UFF)
Nesta comunicação iremos re(vi)ver o Araribóia Cine – Festival de Niterói, realizado entre 2002 e 2013. Organizado pela UFF, o evento era dedicado à exibição de curtas e médias com objetivos de promover reflexão sobre filmes brasileiros e dar visibilidade às obras audiovisuais esquecidas nas prateleiras. Como festivais são experiências de cidade e instâncias discursivas, analisaremos estratégias adotadas na configuração de seu perfil ideológico, artístico e nas ações de sustentabilidade.
O festival de cinema como elemento de confluência em periferias
Allex Rodrigo Medrado Araújo (IFB/UNB)
Este texto propõe aproximar o Festival Recanto do Cinema – audiovisual na periferia , realizado dentro de um processo formativo e de aprendizagem no IFB , com o conceito de confluência de Antônio Bispo dos Santos. Então refletir, descrever e pensar como as ações e práticas de uma comunidade escolar, periférica se une a outros coletivos e ocupações culturais e interagindo e se apropriando do festival para demarcar discursos e processos de resistência.
Festival Estudantil de Audiovisual: dinâmicas e (des)continuidades
Cristiane da Silveira Lima (UFSB)
A partir da experiência de realização de cinco edições do F.EST.A – Festival Estudantil de Audiovisual (CFAC/UFSB), buscaremos refletir sobre a potência e os desafios de um projeto de extensão comprometido com a criação de circuitos alternativos de exibição na região do Sul da Bahia em diálogo com a educação básica. O trabalho descreve a dinâmica do projeto, explicita suas contribuições para o território e elenca as principais dificuldades encontradas para a continuidade do festival.

CI 1: Imaginações melodramáticas – Coordenação: Lisandro Nogueira

23/10 às 9h00
A atualidade do Melodrama e a Imaginação Melodramática
Lisandro Nogueira (ufg)
Está consolidado nos estudos do Melodrama (lembrando que ele não é um gênero e sim uma forma narrativa presente em vários gêneros) a ideia de que o maniqueísmo do Bem contra o Mal está superado. O conceito de Imaginação Melodramática (P. Brooks) faz uma reviravolta ao mostrar que existe uma “moral oculta”: os “modos de excesso” que consolidam nas narrativas uma moralidade universal repleta de encenações de emoções complexas. É uma nova interpretação do mundo através das ficções.
Apropriações do melodrama no cinema brasileiro da década de 2010
David Ken Gomes Terao (Unicamp)
No cinema brasileiro da década de 2010, o modo melodramático é revisitado a partir de duas dimensões: a denúncia de opressões e invisibilidades a partir das lutas por reconhecimento e a constituição de comunidades de sujeitos outrora marginalizados a partir da ideia de “família escolhida”. A presente comunicação analisará dois grupos de filmes correspondentes a essas dimensões através de teorias do melodrama e leituras sobre o contexto social e político do país no período.
Boris Barnet: Um rebelde na indústria cinematográfica soviética
Nuno Camilo Balduce Lindoso (UFF)
Esse trabalho visa discutir a trajetória fílmica do diretor Boris Barnet (1902-1965) de forma a compreender como, ao longo da carreira, o realizador russo-soviético combinou de maneira eficiente e criativa o melodrama com a propaganda do regime socialista, estabelecendo marcas autorais em suas obras, num contexto de forte censura e controle da produção nos estúdios de cinema da URSS na primeira metade do século XX.

PA 10 – Cinema de afetos: atmosferas e estéticas – Coordenação: Mariana Baltar

23/10 às 11h00
Reiterações melodramáticas no cinema de Karim Aïnouz
Laís Torres Rodrigues (UFF)
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a reiteração de elementos presentes na obra de longa-metragem ficcional de Karim Aïnouz, associando esse fenômeno ao conceito de imaginação melodramática proposto por Peter Brooks. Buscando criar interlocuções entre os seis longas estudados, a comunicação pretende discutir as circularidades presentes na obra de Aïnouz como um todo, a fim de aprofundar a associação do cineasta com o melodrama.
A ATMOSFERA CINEMATOGRÁFICA E SEUS MEIOS CRIATIVOS: O cinema de Yorgos
Thiago Freitas Rosestolato (UFF)
A presente pesquisa propõe responder a pergunta: como observar o movimento da imagem, o espaço cinematográfico e a direção de atores na construção de atmosferas nos longas-metragens de Yorgos Lanthimos? Para isso, três filmes do cineasta grego serão analisados sobre essa perspectiva: Dente Canino (2009), O Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017). Dessa forma, este estudo destaca-se em explorar a atmosfera cinematográfica em suas origens, propriedades, qualidades e materialidades.
A estética da vingança nos filmes “Bacurau” e “A Odisseia dos Tontos”.
TATIANA GOMES DOS SANTOS (UFRGS)
O principal objetivo desta pesquisa é identificar os aspectos de uma estética da vingança no cinema brasileiro e argentino, com ênfase no afeto da vingança, e os seus significados relacionados a justiça e a resistência em contexto de disputas políticas e sociais.
O Canto Semi Amador em Inferninho
Caio Cardoso Holanda (UFSCAR)
O “canto amador” é um estudo de Claudia Gorbman, analisando o canto nos filmes, principalmente hollywoodianos, indicando que personagens cantam sem a intenção de soar profissional como nos musicais ou em filmes sobre ou com músicos. Questionando sobre a existência de um meio termo no filme Inferninho, essa proposta de pesquisa reflete sobre as apresentações musicais da personagem Luizianne que trabalha profissionalmente no bar como cantora, mas é desafinada e erra a letra das músicas.

ST Estudos do insólito e do horror no audiovisual – Sessão 2

23/10 às 11h00
E.T, Telefone, Faca: A simpatização dos vilões do Slasher pós-1982
PEDRO ARTUR BAPTISTA LAURIA (UFF)
Com o endurecimento das restrições impostas pela MPAA, os grandes estúdios abandonam o modelo de slashers como Sexta Feira 13 e passam a investir em narrativas de Horror voltadas para o público infantil. O sucesso de Poltergeist e E.T. em 1982 escancara a importância mercadológica do público mais jovem, mudando o tom dos principais slashers a partir daí, que passam a ter vilões mais caricatos, divertidos, ou mesmo com arcos de anti-heróis, o que os ajudam a se consolidar como ícones pops.
Maravilhoso Devir-Animal na Telenovela Pantanal
Eduardo Teixeira da Silva (UFRGS)
Esse estudo propõe uma análise interdisciplinar entre os estudos animais e o realismo maravilhoso na narrativa da telenovela Pantanal. Buscamos compreender como esses conceitos se entrelaçam e contribuem para a compreensão da relação entre humanos e animais. Nossa metodologia consiste em uma análise narrativa e visual de cenas selecionadas, combinadas com conceitos de Devir-Animal e Realismo Maravilhoso, na busca por padrões de ocorrência de símbolos que representam essas questões.
“O inferno é o limite”?: o horror em Super Xuxa Contra o Baixo Astral
Pedro Henrique Alves Silva (UFF)
O artigo visa evidenciar como Super Xuxa Contra o Baixo Astral (Anna Penido, David Sonneschein, 1988) está em convergência com a tendência estadunidense do horror infanto-juvenil testemunhada na década de 1980. Com o auxílio de conceitos como Intoxificação e Desintoxificação cunhados por Noël Carroll (1999a), a pesquisa pretende alcançar um duplo propósito: aproximar a obra do horror audiovisual e distinguir as singularidades das narrativas de horror direcionados ao público infanto-juvenil.

ST Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas. – Sessão 1

23/10 às 11h00
A presença de Adélia Sampaio nos jornais: novos rumos de pesquisa
Catarina Silva Bijotti (UNICAMP)
A comunicação tem como objetivo difundir estudos sobre a presença de Adélia Sampaio na mídia brasileira a partir de uma pesquisa realizada em acervos digitais de jornais brasileiros. A importância da pesquisa em acervo e sua difusão se dá pela relevância da identificação de fontes primárias para a escrita da História do cinema brasileiro. Com o trabalho de fontes, as pesquisas sobre Adélia Sampaio podem ganhar novos rumos e, com isso, também novos significados.
AMARELO: PASSAGENS INTERMIDIÁTICAS ENTRE O ÁLBUM FONOGRÁFICO E DOCUMEN
Matheus Jose Vieira (UFSCar)
Esta comunicação tem como principal objeto de estudo o documentário musical Emicida: AmarElo – é tudo pra ontem, um filme de Leandro Roque de Oliveira (Emicida), dirigido por Fred Outro Petro, produção do Laboratório Fantasma em coprodução com a Netflix, 2019. A perspectiva de análise fílmica parte das “passagens intermidiáticas” (NAGIB, 2018) entre os vários produtos que compõem o projeto AmarElo, a saber, álbum musical, videoclipe e show, que estão implicados na concepção do filme.

CI 23: Imagens de arquivo – Coordenação: Francisco Elinaldo Teixeira

23/10 às 11h00
Prerrogativa do intercessor no filme-ensaio de arquivo-found footage
Francisco Elinaldo Teixeira (UNICAMP)
O filme “Máquina do desejo – Os 60 anos do Teatro Oficina” (Joaquim Castro & Lucas Weglinski, 2021), estrutura-se inteiramente com materiais de arquivos diversos, notadamente, da exuberância arquivística do próprio Teatro Oficina. Trata-se de uma história arqueológica, aparentemente linear, mas cheia de descontinuidades constituídas de camadas em constantes atualizações de sua trajetória. A forte presença de Zé Celso, e não dos realizadores, opera-se como modo de criação de intercessor no filme.
Ressignificar imagens de arquivo em Ultraviolette
Carolina Goncalves pinto (FEBASP)
Em Ultraviolette e a Gangue Cuspidora de Sangue (2021), de Robin Hunzinger, exploramos a construção de uma narrativa fabuladora a partir da justaposição de materiais arquivos. A narração em voz over, único material original, articula fotos e cartas de arquivo familiar do realizador a imagens de origem desconhecida. Relacionamos aos estudos de Blümlinger sobre o reemprego, a partir do qual os significados originalmente atribuídos às imagens são substituídos por novas interpretações e releituras.
Imagens de arquivo a 300km/h: documentário esportivos e automobilismo
Gabriel Filgueira Marinho (ESPM)
Documentários esportivos se encontram com frequência aos filmes históricos nas cinebiografias. Confluem-se aqui o interesse do público por seu ídolo com uma série de imagens amadoras ou pouco conhecidas que revelam o passado desse herói. As obras “Fabuloso Fittipaudi” (1973), “Senna” (2010) e “Williams” (2017) marcam esse encontro dentro do universo dos filmes de automobilismo. Nosso objetivo é perceber como o uso das imagens de arquivo contribuem aqui para essa narrativa da história pregressa.

ST Estética e plasticidade da direção de fotografia – 2. Direção de fotografia: documentários

23/10 às 11h00
A fotografia da crise da lavoura cacaueira no filme Os Magníficos
Julianna Nascimento Torezani (UESC)
O documentário Os Magníficos, dirigido por Bernard Attal (2009), aborda a fase áurea, a falência e a superação da lavoura cacaueira no sul da Bahia. O objetivo do trabalho é analisar a cinematografia que apresenta a decadência social da região. Através da decupagem técnica das cenas, pelos enquadramentos, angulações e esquemas de iluminação, observamos que os lugares demonstram abandono e deterioração das arquiteturas causada pelo tempo e pela falta de investimento e cuidado.
Direção de fotografia, sensorialidade e cinematografia documental
Felipe Corrêa Bomfim (UFMS)
Nesta pesquisa investigamos a presença e a influência de vertentes do documentário moderno nos atentando especificamente ao documentário Entreatos (2004). Em nossas análises buscamos compreender os usos e as práticas pertinentes à cinematografia do documentário direto a partir da identificação de uma tendência de registro, que salientou o campo sensorial e cognitivo, acionado por meio dos sentidos do fotógrafo na circunstância de registro, considerados como heranças do documentário moderno.
Jonas Mekas: a cinematografia na construção poética dos filmes-diário
Maria Fernanda Riscali de Lima Moraes (ESPM-SP)
A pesquisa investiga o papel da cinematografia na construção poética dos filmes-diário de Jonas Mekas, cineasta que coletou imagens cotidianas como uma prática de vida, com liberdade e uma aparente despretensão, mas com uma grande investigação formal, pautada pela necessidade de criação de suas memórias. Priorizando a fragmentação, a imprecisão, a impermanência e a falta de encadeamento cronológico ou causal, Mekas criou uma obra em que a cinematografia tem um papel relevante na criação poética.

PA 9 – Diferentes modos de ser do moderno: aspectos relacionais e históricos do vanguardismo – Coordenação: Kamilla Medeiros

23/10 às 11h00
Câncer: o lado marginal de Terra em Transe
Emilio Gonzalez Diez Junior (USP)
Este trabalho busca compreender como Glauber Rocha elabora em Câncer (1972) uma reflexão e retrabalho de elementos de Terra em Transe (1967). A partir da crítica do papel do intelectual em relação à política dominante e as camadas populares, Glauber irá propor em Câncer tratar o outro lado de Terra em Transe, tirando o foco das altas esferas de decisão nacional em favor das figuras marginais.
O conceito de Tercer Cine e as críticas ao cinema novo brasileiro
Paulo Victor de Oliveira Costa (UFF)
Em 1969, os cineastas argentinos Fernando Solanas e Octavio Getino, desenvolveram a partir de suas experiências, os conceitos de três modelos de cinema, baseados na relação de cada modelo com o cinema dominante dos EUA e da Europa. Com isso, teceram críticas a uma série de movimentos cinematográficos. Esta comunicação tem como proposta destrinchar o conceito de Tercer Cine e entender como o cinema novo brasileiro se insere nessas críticas.
Entre a tradição e o moderno: Plataforma (2000), de Jia Zhangke.
Luiz Eduardo Kogut (UFPR)
Plataforma (2000), dirigido pelo chinês Jia Zhangke, apresenta a história de uma trupe de artistas durante os anos 80 no país, vivenciando o período de reformas econômicas e políticas iniciadas naquela década. Esse trabalho visa examinar como o filme pensa o período histórico a partir da mudança das apresentações da trupe: do tradicionalismo maoísta às danças pop. Essa mudança espelha, também, como a própria vida dos jovens evolui durante a década entre os pólos do tradicional e da modernidade.
O sagrado contra-hegemônico em Glauber Rocha e Hélio Oiticica.
MARIA VITORIA MIRON DULEBA (UNESPAR)
A pesquisa concentra-se na análise dos possíveis pontos de aproximação na dessacralização da religiosidade e cinema tradicional em Barravento (1962), de Glauber Rocha; e a dessacralização do ambiente museológico e conceito de obra de arte em Parangolés (1964-1979) de Hélio Oiticica. Busca-se compreender as potencialidades, limites e contradições das artes visuais e cinema como ferramentas críticas de ideologias hegemônicas, analisando as obras em questão a partir da história social da arte.

ST Estilo e som no audiovisual – Sessão 2 – Mulheres Sônicas

23/10 às 11h00
As trilhas delas a partir da Retomada
Suzana Reck Miranda (UFSCar)GEÓRGIA CYNARA COELHO DE SOUZA (UEG / UFG)
Nesta comunicação, apresentaremos resultados parciais de uma pesquisa em andamento que pretende evidenciar as mulheres que compõem trilhas musicais para o cinema brasileiro e retirá-las de uma histórica invisibilidade. O objetivo é mapear o tamanho da desigualdade de gênero e refletir sobre o que tem impedido que estas compositoras se consolidem em um domínio majoritariamente ocupado por homens. O recorte, desta vez, compreende filmes de longa-metragem lançados comercialmente entre 1995 e 2009.
Vozes femininas nos documentários brasileiros da década de 1960.
CLOTILDE BORGES GUIMARÃRS (FAAP)
Esse trabalho pretende reavaliar questões sobre o uso polifônico da voz nos documentários brasileiros da década de 1960. Polifonia é um termo usado pelo linguista Mikhail Backhtin para definir a relação do autor com outras vozes no romance. Vamos examinar o uso das vozes femininas em dois documentários brasileiro: A Entrevista (Helena Solberg, 1966) e A Opinião Pública (Arnaldo Jabor, 1967). Além do uso polifônico ou monológico dessas vozes, o que mais pode-se observar sobre esses depoimentos?
A escuta feminista como metodologia: ouvir as vozes da FC brasileira
Carolina de Oliveira Silva (Unicamp)
Este artigo pensa a escuta feminista (Borges; Ferreira, 2021) como metodologia de análise das vozes femininas em filmes de ficção científica brasileiros. A hipótese é de que as vozes justapostas a partir dos filmes Acquária (2003) de Flávia Moraes, Era uma vez Brasília (2017) de Adirley Queirós e Joana Pimenta e Lucicreide vai pra Marte (2021) de Rodrigo César, podem contestar o que teóricas como Mary Ann Doane (1983) apontou como uma política problemática da voz quando da perspectiva feminista.

CI 2: Perspectivas anti-coloniais no cinema brasileiro – Coordenação: CRISTIANE MOREIRA VENTURA

23/10 às 11h00
Encontros, afetos e magia no processo de feitura de Cambaúba
CRISTIANE MOREIRA VENTURA (IFG)
Compartilharemos o processo de criação de Cambaúba, desenvolvido enquanto investigação da práxis cinematográfica híbrida. O filme feito entre mães e vizinhas, moradoras das margens do Rio Vermelho, no interior de Goiás, tinha o desafio de ser construído numa perspectiva anti-colonial. Assim, pretendiámos um fazer cinematográfico mais próximo da vida das pessoas comuns, feito em um regime mais comunitário e inventivo que por meio da autofabulação de si e da reinvenção das histórias do local.
“escuridão e táticas de contruz em Era uma Vez Brasília”
Cássio Fernandes de Oliveira (UNB)
A presente pesquisa pretende investigar movimentos de insurgências no cinema brasileiro contemporâneo a partir de filmes produzidos na periferia, incluindo os coletivos de cinema, com foco em Era Uma Vez Brasília (Adirley Queirós) . Ao relacionar essas obras, bem como seu modelo de produção, aspira-se compreender a perspectiva dos vencidos (BENJAMIN, 1994) ligada à dimensão simbólica da noite e das zonas de contraluzes e das margens como espaços epistemológicos de fabulação e resistência.
A visão caleidoscópica em “Era o hotel Cambridge”
Bruno Leites (UFRGS)
A proposta é aprofundar o conceito de visão caleidoscópica, a partir dos ditos de Eliane Caffé, em diálogo com o pensamento visual de “Era o hotel Cambridge”. Será o caso, ainda, de situar a cena do “coração da ocupação” frente a outros filmes produzidos em contexto de disputas por moradia no Brasil contemporâneo.

ST Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência – Sessão 2

23/10 às 11h00
Diário de uma catástrofe: Belém-Brasília- Transamazônica (1973)
Mariana Lucas (UFF)
O presente trabalho almeja analisar as relações de memória e testemunho no diário-filmado “Belém-Brasília- Transamazônica ” de Jorge Bodanzky. Realizado em super-8, as imagens captadas por Bodanzky carregam em si, uma dupla função enquanto fonte. De um lado; o testemunho da ação do projeto desenvolvimentista na região Amazônia, de outro; um material de arquivo documental que servirá como base para o longa-metragem Iracema uma transa amazônica (1974).
Violência e censura em “Você também pode dar um presunto legal”
Lucas Nakazato Jacobina (UFMS)
O trabalho parte da análise do filme de “Você também pode dar um presunto legal” (1970/2006) do diretor Sergio Muniz (1835-2023) para investigar a construção das imagens e sons propostos pelo filme e sua relação com a história política do contexto brasileiro do período da ditadura civil-militar. O objetivo principal é compreender como o filme articula censura e violência durante o período ditatorial no Brasil no início da década de 1970.
O futuro a partir do passado: filmes brasileiros no fim da ditadura
Reinaldo Cardenuto Filho (UFF)
Nos anos 1980, quando o Brasil vivia o fim do regime militar, manifestou-se no cinema nacional uma produção em prol da democracia. Em vários filmes, exprimiu-se o desejo de construir uma nação para além do autoritarismo. Ao olhar o passado, criticando a ditadura e buscando exemplos de luta, as obras projetavam expectativas sobre o futuro. Por meio do humor, Hugo Carvana participou desse processo com a realização de Bar esperança. No filme, a nostalgia move os rumos para se pensar um novo país.

CI 7: Outras experiências do dispositivo cinematográfico – Coordenação: Isaac Pipano Alcantarilla

23/10 às 11h00
A posição do espectador, redes neurais e os sintomas da pós-imagem
Isaac Pipano Alcantarilla (Unifor)
O presente trabalho entrelaça algumas concepções propostas por teóricos da imagem, a fim de investigar a posição do espectador em face às mudanças paradigmáticas do campo audiovisual, no cerne da inteligência artificial. Procuramos explicitar como a experiência cinematográfica, antes vista como passiva, oculocêntrica e universal, transforma-se em um processo reflexivo de engajamento crítico e sensível que se vê novamente ameaçado pela guinada tecnicista no âmbito das redes neurais.
Narrativas de Computador: Outra Perspectiva de Produção e Montagem
Luciano Marafon (UTP)
O estudo propõe uma discussão sobre novas configurações do cinema. Partindo do ponto que este cinema não é mais somente o da sala escura, proporcionando outras configurações de narrativas e outras construções imagéticas ao espectador. Abre-se a discussão sobre o que é filme, se é que ainda podemos chamar essas narrativas de filmes, apesar de estarem dentro de um contexto de “cinema de dispositivo” por Fernão Ramos. Para compor o corpus de estudo, é analisado Host, Amizade Desfeita, e Searching.
Intervalo Ayoreo no Cinema
Bernard Belisário (UFSB)
Neste trabalho pretendemos analisar os intervalos encadeados pela montagem em dois filmes experimentais gravados recentemente no norte do Paraguai – ‘Eami’ de Paz Encina (2022, 83′) e ‘Ujirei’ de Mateo Sobode Chiqueno (2017, 54′). Buscamos encontrar nas operações da montagem alguns dos elementos de comparação de modo a compreender o intervalo que separa o lugar e o trabalho do espectador em cada um dos filmes.

CI 16: Experiência audiovisual na pandemia – Coordenação: Patricia Moran Fernandes

23/10 às 11h00
Inquietações Audiovisuais na Pandemia: banco de dados e epistemologia
Patricia Moran Fernandes (USP)
A motivação inicial do site Inquietações Audiovisuais na Pandemia era criar um banco de dados sobre a produção Audiovisual experimental de um momento traumático. No corpo a corpo com os vídeos a pesquisa se impõe na organização do acervo. Nesta apresentação abordaremos nosso objeto a partir categorias normalmente utilizadas pela media, partindo do pressupostos que os objetos são reestruturados no processo – um círculo hermenêutico que constitui um processo de pesquisa.
Inscrições da pandemia em dois ensaios audiovisuais produzidos em 2020
Eduarda de Oliveira Figueiredo (UFMT)
Trata-se de analisar duas formas de compreender a pandemia de Covid-19 realizadas pelos trabalhos Poemargens (2020), de Anna Maria Moura e Sol Ferreira, e O que não tem espaço está em todo lugar (2020), de Jota Mombaça. Busca-se destacar suas diferentes construções ensaísticas e examinar como essas práticas, na pandemia, visam compartilhar materiais da experiência de suas autorias ultrapassando tal contexto, na tela, ao passo que se utilizam de algumas propostas plásticas da imagem do vídeo.

MESA 2 – Animação

23/10 às 11h00
Representação do subgênero Espada & Feitiçaria na animação
Leonardo Souza Coutinho Nogueira (UFF)
Este projeto propõe-se a esmiuçar a série animada Primal, de Genndy Tartakovsky, além de perscrutar os pilares que definem o subgênero da fantasia conhecido como Espada & Feitiçaria, consolidados nos contos de Robert E. Howard e a influência exercida em Primal. Ao analisar a transposição desse subgênero literário para o meio audiovisual, espera-se estabelecer diretrizes para uma bíblia de animação que possa auxiliar criadores a representar o gênero fantasia e seus subgêneros em animações.
Análise da construção de layout na animação 2D Wolfwalkers
David Francisco Viana Mendonça dos Santos (UFF)
A proposta desta comunicação é investigar a construção de layout e propõe a sua análise na produção do longa-metragem de animação 2D Wolfwalkers (2020). Ao considerarmos que uma produção cinematográfica possa ter características documentais por sua representação de alguma sociedade, é possível identificar elementos narrativos e imagéticos em filmes de animação que sustentam o trabalho historiográfico presente neles.
Oficinas experimentais de animação: Relato de uma experiência
Gabriel Filipe Santiago Cruz (UFF)
O presente trabalho visa apresentar a proposta de ensino de montagem de oficinas experimentais de animação para uma turma de estudantes de licenciatura em cinema. Durante quatro meses os estudantes tiveram contato com diversas técnicas de animação e ao final do projeto eles foram avaliados não só pela experiência de produzir, mas também através do ato de ensinar estas mesmas técnicas de animação para um grupo de jovens em situação de vulnerabilidade social.

ST Cinema experimental: histórias, teorias e poéticas – 2

23/10 às 11h00
Entre tremor e tremeluzir: movimentos aberrantes no filme experimental
Rodrigo Faustini dos Santos (USP)
Propõe-se apresentar uma “teratologia” dos movimentos cinematográficos, ou seja, suas má-formas suprimidas, excluídas ou retificadas pelos padrões técnicos e normas estéticas vigentes no circuito industrial do meio. O filme experimental amplamente emprega e abarca tais “movimentos aberrantes”, tal como Jean-François Lyotard (e GIlles Deleuze, de quem emprestamos o termo) localiza no modus operandi do campo – inspirando-nos a repertoriar suas modalidades, tal como o “tremor” e o “tremeluzir”.
A musicalização dos sons e das imagens no filme experimental
Damyler Ferreira Cunha (PPGCINE – UFS)
Essa comunicação propõe uma reflexão sobre o uso do som e da música em filmes experimentais, com o interesse em rastrear as ideias e experiências sobre a criação de trilhas sonoras para filmes experimentais. Quais práticas de uso do som e da música em filmes experimentais podemos nos deter para demonstrar aquilo que se diferencia das trilhas sonoras de filmes comerciais ou de gênero? Existe experimentação sonora e musical em filmes experimentais?
Considerações sobre o uso experimental das cores em Lucchi e Gianikian
Ilma Carla Zarotti Guideroli (Unifesp)
O trabalho propõe tecer considerações sobre a cromaticidade na produção dos realizadores italianos Angela Ricci Lucchi e Yervant Gianikian. A dupla trabalha de modo experimental com as cores, em um amplo e variado espectro tonal majoritariamente vibrante e saturado. Para tanto, analisaremos imagens de alguns de seus filmes buscando apontar aspectos e refletir sobre como as cores se fazem presentes, bem como a miríade de percepções e sensações que as mesmas podem causar, inclusive politicamente.

ST Festivais e mostras de cinema e audiovisual – Mesa 2 – Festival como ação e política pública

23/10 às 11h00
Festival de cinema como instrumento de ação pública
Luiza Rossi Campos (UnB)
Este estudo analisa a Mostra Cinema e Direitos Humanos enquanto instrumento de ação pública, a partir do pentágono de políticas públicas (Lascoumes; Le Galés, 2012), investigando seus atores (movidos por interesses simbólicos e materiais), representações (espaços cognitivos que dão sentido às ações), instituições (normativas, costumes, modos de fazer e procedimentos que regem as interações), processos (formas de ação e sua recomposição no tempo) e resultados (consequências da ação pública).
MUÍDO FESTIVAL DE CINEMA DE CAMPINA GRANDE: JORNADA E IMPULSO DE VÔO
Clarissa Santos Silva (USP)
O texto é um breve relato dos primeiros passos do MUÌDO – Festival de Cinema de Campina Grande, iniciativa da Tronxo Filmes. Apresenta-se o contexto de surgimento, os alcances e prospecções de suas primeiras edições (2022, 2023 e 2024). Ressalta-se que o festival soma na ampliação de circuitos alternativos de exibição e circulação audiovisual em âmbito nacional, com destaque a filmes paraibanos e nordestinos, fomentando um espaço de exibição não-comercial, gratuito e de qualidade.
O que vem à luz quando nasce um festival de cinema?
Amaranta Cesar (UFBA)
Ao perguntar “o que vem à luz quando nasce um festival de cinema?”, esta comunicação tem por objetivo mapear gestos curatoriais, práticas de recepção e movimentos de circulação de filmes em festivais estreantes no Brasil a partir dos anos 2020, com vistas a analisar o efeito de recentes políticas públicas do setor audiovisual na profusão de eventos deste gênero, que podem, por sua vez, serem entendidos e defendidos, em si mesmos, como políticas públicas.

CI 35: Narrativas e personagens – Coordenação: Alexandre Figueirôa Ferreira

23/10 às 11h00
A força das personagens no cinema de Marcelo Gomes
Alexandre Figueirôa Ferreira (Sem instituição)
Os filmes do cineasta pernambucano Marcelo Gomes, por meio de histórias centradas em personagens fortes, nos conduzem a questões importantes do comportamento humano estabelecendo reflexões sobre as relações interpessoais e o impacto dessas interações nas relações sociais e políticas.
Nesse trabalho mostramos como a força narrativa dos seus filmes está sedimentada na maneira como ele trabalha os protagonistas e os inscreve como o agente catalizador do universo social da trama apresentada.
O diagrama protopoético de Fellini e suas personagens femininas.
Alexandre Silva Wolf (FAE)
A criação de personagens femininas complexas e intrigantes por parte do cineasta Federico Fellini fica evidenciada em Gelsomina, Cabíria e Julieta, encontradas nos filmes “Abismo de um Sonho”(1952), “A Estrada”(1954), “As Noites de Cabíria”(1957) e “Julieta dos Espíritos”(1965). Este estudo pretende apresentar o desenvolvimento da criação de personagens, com base no diagrama protopoético estabelecido por Fellini, como parte fundamental de sua filmografia, e elemento norteador de sua obra.
O “complexo de Rebecca” no cinema
Luiz Fernando Coutinho de Oliveira (UFMG)
O “complexo de Rebecca”, tal como busco defini-lo, consiste em um conceito operatório que lança luz sobre o conflito figurativo estabelecido entre um filme e sua matriz, ou seja, entre uma obra que “veio depois” e outra que a antecede e influencia. Baseado nas obras de Alfred Hitchcock e Daphne du Maurier, o conceito inspira a refletir sobre o confronto agonístico que um filme tardio trava com seu precursor, do qual ele oferece uma interpretação distorcida.

ST Tenda Cuir – Sessão 1 – Por um Cinema Tupinicuir

23/10 às 14h30
Desarquivando insultos com O Petróleo é Nosso (Watson Macedo, 1954)
JOCIMAR SOARES DIAS JUNIOR (UFF)
Nesta apresentação, proponho uma releitura queer da “chanchada” O Petróleo é Nosso (1954), do cineasta (e homossexual no armário) Watson Macedo. A partir das ideias de Didier Eribon sobre as funções hegemônicas e contra-hegemônicas dos insultos, argumento que o uso de palavras como “jiló” (uma alcunha pejorativa para se referir a homossexuais, mas que caiu em desuso) adquire uma dupla função recorrente em seus filmes, a de debochar do casamento heterossexual compulsório e de fachada.
O transformista Darwin volta aos palcos: uma reencenação performática
Sancler Ebert (PPGCine-UFF/FMU)
Nesta comunicação vamos recriar/reencenar uma performance do transformista Darwin, conhecido como imitador do belo sexo. O artista se apresentou no palco dos cineteatros brasileiros entre anos 1910 e 1930 e teve grande destaque na cena cultural carioca. A partir de uma pesquisa histórica realizada ao longo de sete anos, vamos recriar os números de Darwin, numa performance que reencenará a imitação corporal de mulheres, com reprodução de figurino e com as músicas dos espetáculos do imitador.
Taras, sacanagens e subversões em três pornochanchadas brasileiras
VINICIOS KABRAL RIBEIRO (UFRJ)
Autêntico gênero nacional, a pornochanchada ainda se esforça para penetrar espaços na história do cinema brasileiro. Neste artigo serão analisados três filmes: Me deixa de quatro (Fauzi Mansur,1981), Kung Fu contra as bonecas (Adriano Stuart, 1975) e Novas Sacanagens do Viciado em C… (David Cardoso, 1985). A partir dos estudos de corpo, sexualidade e espectorialidade, objetiva-se, dentre outras questões, perceber o que há de cuir nestas obras.

CI 13: Horror na produção audiovisual brasileira – Coordenação: Rodrigo Cazes Costa

23/10 às 14h30
Série de horror brasileiras em VoDs nacionais não-segmentados
Rodrigo Cazes Costa (UFF)
Este trabalho tem por objetivo analisar narrativas seriadas brasileiras de horror em VoDs não-segmentados no Brasil. VoDs não-segmentados são aqueles cuja programação busca atingir a todos os tipos de público. A hipótese é que mesmo esse VoDs não sendo destinados especificamente ao público de horror eles reconhecem a importância do gênero e seu público. Como os gêneros narrativos são um fenômeno não só estético, mas também sócio-histórico, a importância de haver produções nacionais de horror.
O Estranho Mundo da Fotonovela
Ramiro Giroldo (UFMS)
O trabalho propõe uma leitura comparada entre o longa-metragem O Estranho Mundo de Zé do Caixão, de José Mojica Marins, e a fotonovela montada a partir dos fotogramas do negativo por R. F. Lucchetti – também autor do roteiro do filme. Em seu percurso argumentativo, o trabalho passeia pelos traços distintivos do cinema de Mojica, bem como pelas marcas poéticas e estéticas de Lucchetti em sua atuação no roteiro, na literatura e nos quadrinhos.
Capital fantasma: representações do capitalismo tardio no horror
Lucas Procópio Caetano (Unicamp)
O presente trabalho visa realizar um panorama acerca da tendência do cinema de horror brasileiro em retratar passado e presente como tempos indissociáveis. Através de uma constelação de filmes, será analisada a recorrência desta estratégia em narrativas que refletem acerca da história nacional a partir do gênero horror.

Observação: Esta é uma versão atualizada do trabalho submetido em dois anos anteriores e que não pude apresentar por motivos diversos.


PA 6 – Entre a periferia e a contraimagem – Coordenação: Lucas Honorato Cordeiro Contreiras Teles

23/10 às 14h30
O cinema da Filmes de Plástico: imaginários da periferia
THAIS OLIVEIRA DUARTE (UFRJ)
Tomando a filmografia da produtora Filmes de Plástico como fio condutor da análise, o presente trabalho tem como proposta a reflexão acerca do imaginário construído sobre Contagem e as pessoas que vivem e circulam por essa região. De forma ampla, busca-se a discussão acerca da potencialidade das imagens enquanto propulsoras de imaginários sobre a periferia, partindo da aproximação com a antropologia e pela ideia do cinema enquanto força contrária a concepções unificadoras
Orí e AmarElo: uma análise sobre narrativas comuns da contramemória
Patrícia Adélia Rêgo Oliveira Azevedo (UFF)
A partir do contexto apresentado por Sueli Carneiro (2023), baseado no seu conceito de dispositivo de racialidade, o presente trabalho busca apresentar uma perspectiva histórica da cultura negra brasileira a partir dos documentários Orí (1989) e AmarElo (2020), em que dividem a percepção do negro enquanto sujeito participante da construção do Brasil para além do lugar subalterno, inferiorizado e limitante que ele é visto desde o período da escravidão.
A liberdade na criação de imagens sobre a periferia no curta-metragem
lukas elioenai do nascimento (UFMS)
No cinema brasileiro, as imagens cinematográficas de pessoas negras e ambientes periféricos urbanos passam pelo histórico da estereotipia e do reducionismo, por vezes presentes até no cinema contemporâneo. E em Quintal (2015), um filme de André Novais Oliveira, a reivindicação de outra perspectiva para a representação de pessoas negras e ambientes periféricos se torna possível, a partir de uma narrativa imbuída da liberdade criativa que escapa de estereótipos do imaginário social brasileiro.
Um estudo sobre Sebastião Prata, ou bem dizendo, Grande Otelo (1971)
Raisha Conceição Silva (UFMT)
O presente trabalho visa meditar sobre a pessoa pública Grande Otelo e o indivíduo privado Sebastião Prata, duas instâncias de uma mesma entidade que atravessa a história do cinema brasileiro. A discussão será orientada pelo curta-metragem :Sebastião Prata, ou bem dizendo, Grande Otelo (1971), de Murilo Salles. Neste trabalho são justapostos aspectos da intimidade do intérprete e fragmentos de seu papel social, enquanto reconhecido ator cinematográfico.

ST Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual – Sessão 1: Ensino de roteiro e processos de criação

23/10 às 14h30
O ensino de roteiro, o ChatGPT e algumas perguntas sem respostas
Joanise Levy (Jô Levy) (UEG)
Apesar de ser uma presença, por vezes, incômoda, marginal, insidiosa, as IAs já estão implicadas no processo de formação de roteiristas. Frente a esse fato, esta comunicação expõe os primeiros resultados de uma experimentação no uso do ChatGPT para a escrita de roteiros, com o objetivo de identificar a concepção de escrita que se revela no modelo de roteiro que a IA propõe. Esse estudo almeja contribuir com o debate sobre o ensino de roteiro no contexto das inteligências artificiais generativas.
TRANSCRIAÇÃO COMO DISPOSITIVO PARA ESCRITA DE ROTEIROS
Cíntia Langie Araujo (UFPel)
A pesquisa apresenta o dispositivo da transcriação como ferramenta didática para escrita de roteiros. A ideia é pensar acerca de processos de criação (Deleuze, 2005) inspirados por repertório de situações e estruturas (Rodrigues, 2014), em vias de transpassar marcadores narrativos de referências que vazem as estruturas clássicas. O termo transcriação advém de leituras dos irmãos Campos, e o prefixo trans é também inspirado nas provocações de Preciado (2019) acerca de novos modos de desejo.
Descobrindo o coração do projeto: uma proposta metodológica.
Ana Cecilia de Britto Freire Pacheco (PUC Rio)
O presente trabalho busca discutir a proposta metodológica da descoberta do coração do projeto como etapa crucial na escrita de roteiro. . Com uma perspectiva autoetnográfica, a proposta metodológica será analisada a partir da observação participante e de documentos de registro de dois projetos de serie televisiva desenvolvidos em sala de roteiro.

MESA 3 – Do “espaço negativo” ao “espaço sideral”

23/10 às 14h30
Tempo, Espaço e História nas Adaptações de O Problema dos Três Corpos
Marina Soler Jorge (UNIFESP)
Em 2006 o escritor chinês Liu Cixin publica, na China, O Problema dos Três Corpos, romance de ficção científica. A boa recepção de público e crítica do primeiro livro garante a publicação do segundo e do terceiro volumes, respectivamente denominados A Floresta Sombria e O Fim da Morte. Nesta comunicação, cotejaremos aspectos relativos ao tempo, espaço e história presentes na trilogia e em suas duas adaptações audiovisuais (Tencent Vídeo e Netflix).
Espacialidades, temporalidades e natureza em An – Sabor da Vida
Michiko Okano (Unifesp)
A maior parte dos filmes japoneses tem um ritmo lento, contemplativo, em que as cenas de deslocamentos ou daquelas que supostamente nada acontecem, são longas. Tais espacialidades possuem relevância, e marcam, por exemplo, as mudanças temporais da diegese, que são aqui estudadas a partir da concepção do Ma na obra Sabor da Vida de Naomi Kawase. Outro foco apresentado é a relação homem-natureza que é abordada a partir dos conceitos de alguns pensadores japoneses como K. Minakata e K. Imanishi.
Espaço-temporalidades complexas no cinema chinês contemporâneo
Cecília Antakly de Mello (USP)
A intenção será investigar a relação complexa de espaço-temporalidades em filmes chineses recentes. A hipótese a ser explorada é a de que o cinema chinês realista do século XXI, tributário tanto do realismo Baziniano quanto de concepções estético-filosóficas chinesas tradicionais como o Taoísmo e o Confucionismo, assume com frequência uma dimensão que pode ser denominada ‘fantástica’ ou ‘fantasmagórica’, com sobretons de ficção científica.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil. – Sessão 1: Disputas políticas, econômicas e culturais na regulação e nas relações do audiovisual brasileiro: entre o nacional e as hegemonias internacionais

23/10 às 14h30
O cinema brasileiro, o streaming e o imperialismo de plataforma
Sheila Schvarzman (UAM)
Como o cinema brasileiro vem sendo afetado em seus sentidos e identidades pelas mudanças e alternativas de produção e trabalho introduzidas pelas plataformas de streaming? E o streaming, como vem respondendo ao panorama atual de um país em crise, cujos 94,5% de espectadores continuam ligados à televisão linear? Como suas produções e estrutura de negócio participam do “imperialismo de plataforma” e o Brasil tem resistido ou não, à essa nova forma da hegemonia norte-americana?
Circulação audiovisual em plataformas, regulação e disputas culturais
Thiago Siqueira Venanzoni (FMU FIAM-FAAM)
O trabalho aproxima o debate sobre as grandes plataformas e plataformas globais audiovisuais e os projetos de lei que traduzem formas de regulação delas no Brasil com o histórico das políticas culturais do país, trazendo como emblema desse tempo as tensões entre o global e o local e as disputas culturais surgidas no contexto atual. A pergunta estabelecida nesse momento da pesquisa é: quais caminhos são indicados para um projeto plural do audiovisual brasileiro e a circulação em plataforma?
Para além das plataformas: um olhar ampliado sobre a TV no Brasil
Pedro Peixoto Curi (ESPM Rio)
A partir de uma perspectiva histórica mais ampla da televisão como meio, esse trabalho busca refletir sobre o complexo ecossistema midiático que se desenvolve em torno do conteúdo televisivo no Brasil. Como as TVs lineares, aberta e por assinatura, as plataformas de streaming e até mesmo as redes sociais têm se articulado diante dos novos hábitos dos consumidores, da estrutura de um mercado cada vez mais fragmentado e internacionalizado e da falta de uma regulamentação adequada a essas relações?

CI 15: Cinema, experiência e educação – Coordenação: Catarina Andrade

23/10 às 14h30
Transver as imagens – gestos possíveis do ensaísmo em cinema-educação
Catarina Andrade (UFPE)Álvaro Renan José de Brito Alves (Sem vínculo)
Esta comunicação reflete sobre experimentações com o audiovisual, envolvendo grupos de oficinas, a partir de discussões no âmbito do grupo de pesquisa Laboratório de Experiência, Visualidades e Educação (LEVE/UFPE). Diante da articulação do dispositivo Fotografias narradas com a proposta Une minute pour une image (Agnès Varda, 1982), tratamos de atribuir sentidos aos gestos de fabulação dos participantes, buscando em uma “experiência de emancipação” caminhos para uma decolonialidade do olhar.
Formação de públicos infantil e juvenil: a experiência do projeto Kino
Nelson Agostinho Marques Araújo (CEAA/ESAP)
O Projeto KinoGame/KinoBox decorreu em nove escolas do ensino básico e secundário da zona Norte de Portugal. Teve o apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) no âmbito do programa Formação de Públicos Infantil e Juvenil. Pretende-se divulgar o trabalho desenvolvido como exemplo de uma prática que contribui para a literacia da imagem em movimento, num contexto de Educação Cultural e Educação para a Cidadania.
Experiências de ensino: Candeias e Sganzerla na Cinemateca de Curitiba
Giovanni Alencar Comodo (PPG-CINEAV/UNESPAR)
Espaço de guarda, difusão e formação, a Cinemateca de Curitiba ofereceu diversos cursos com grandes nomes do cinema brasileiro ainda nos anos 1980 – dentre eles Ozualdo Candeias e Rogério Sganzerla. A partir de uma pesquisa inédita em andamento em seu acervo, a apresentação pretende analisar dois curtas-metragens oriundos destas oficinas, relacionando-os com a filmografia e o pensamento em textos e entrevistas dos cineastas abordados enquanto no exercício de professores de direção de cinema.

MESA 4 – Cinema e ditaduras militares: formas de lembrar, elaborar e resistir

23/10 às 14h30
Memória sem lugar e dever de lembrar: a ditadura no curta “Torre”
Mônica Mourão Pereira (UFRN)
A recriação, pelo curta documental de animação “Torre” (2017), do presídio Tiradentes, que confinou presos políticos durante a ditadura de 1964, suscita reflexões sobre lugar de memória e dever de lembrar como resistência ao esquecimento comandado, à anistia e à amnésia (RICOEUR, 2007). A necessidade de construir o que se deseja soterrado, a partir do olhar de 2024, reforça a resistência à obrigação de esquecer.
A criança que sabe: cinema, elaboração e escrita da história
Mili Bursztyn de Oliveira Santos (UFF)
A partir do conto Alguma coisa urgentemente, de João Gilberto Noll (1980) e dos filmes documentários Cabra marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho, e Que bom te ver viva (1989), de Lúcia Murat, investigaremos como as memórias traumáticas do período da ditadura civil-militar (1964-1985) se inscrevem nas respectivas obras a partir da perspectiva da infância.
Desvio de imagens e os desaparecidos políticos na Argentina
Arthur Ribeiro Frazão (UFRJ)
Esta comunicação se volta para os procedimentos de desvio de imagens dos filmes NN (2017, Pablo Mazzolo) e ¿Donde está Marie Anne? (2022, Yaela Gottlieb). Com estratégias de realização distintas, os realizadores desarquivam, respectivamente, cinejornais e filmes publicitários preservados no acervo do Museo del Cine Pablo Ducós Hicken para abordarem o tema dos desaparecidos políticos vitimados pela última ditadura argentina.

ST Cinemas decoloniais, periféricos e das naturezas – Sessão 1

23/10 às 14h30
Instalações audiovisuais como dispositivo de “desobediência poética”
Beatriz Morgado de Queiroz (UNB)
Colocaremos em debate tanto as quebras de paradigmas formais oriundos do campo ampliado das artes do vídeo, por meio das instalações audiovisuais, quanto o rompimento com as narrativas hegemônicas, por meio da noção de “desobediência poética” (Kilomba), desejante de uma perspectiva decolonial das histórias da arte e do cinema. Iremos mapear e analisar a produção artistica contemporânea em que o vídeo, em formato expandido, faz a mediação entre “inconformismo estético” e “inconformismo social”.
Cenas de guerra, memórias do trauma: o imaginário colonial nos filmes
Michelle Cunha Sales (UFRJ/ UNICAMP)
Esta comunicação pretende analisar os filmes Uma Memória em três atos, (2016) de Inadelso Cossa em relação com o filme de Ruy Guerra, Mueda, memória e massacre (1979).
Problematizar o uso do arquivo fotográfico no cinema decolonial
Patrícia Sequeira Brás (FLUC-CEIS20)
Reconhecendo que a fotografia e o cinema são tecnologias inerentemente imperialistas, pretendo problematizar o recurso ao arquivo fotográfico colonial no cinema decolonial contemporâneo através da análise de dois filmes distintos: A embaixada (2011) de Filipa César e Constelações equatoriais (2021) de Silas Tiny.

CI 21: Cinema no Brasil em tempos de Ditadura Militar – Coordenação: Flávia Seligman

23/10 às 14h30
Nosso lado da história: Os cinejornais e o Governo Castelo Branco
Flávia Seligman (UFRGS/IFRS)
Trabalho integrante da pesquisa de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRGS, aborda a questão da propaganda oficial, através dos cinejornais oficiais, nos primeiros anos da Ditadura Militar Brasileira, o Governo Castelo Branco (1964-1967). O estudo busca entender, através da análise estética e narrativa, como os cinejornais buscavam retificar a figura de Castelo como um presidente necessário para a segurança (livre da ameça comunista) e o desenvolvimento da nação.
QUILOMBO VERSUS MEMÓRIAS DO CARCERE: um discurso de rivalidade.
Rafael Garcia Madalen Eiras (UFF)
O trabalho propõe uma análise do discurso de rivalidade entre os filmes Quilombo, do diretor Carlos Diegues e de Memórias do Cárcere de Nelson Pereira dos Santos, no momento em que os dois filmes são selecionados para o festival de Cannes de 1984. Desta forma, se entende as obras como documentos produzidos no fim da ditadura militar brasileira. No entanto, cada uma tem uma abordagem particular desse momento e são percebidas na mídia do país de formas antagônicas.
Visto/Não-visto: a censura à pornochanchada na Ditadura Militar
Fernanda Pessoa de Barros (ECA/USP)
A partir do estudo de caso da videoinstalação Prazeres Proibidos (MIS-SP, 2016), realizada pela autora, a apresentação irá examinar a forma como a censura durante a Ditadura Militar operou nos chamados filmes de pornochanchada, os mais vistos e produzidos no período. Através da analise de documentos do Departamento de Censuras e Diversões Públicas e trechos cortados cópias lançadas em cinemas, revelam-se aspectos menos estudados da censura, notadamente seu viés moralizante e educador.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 1 – Cinema e Literatura na América Latina

23/10 às 14h30
Do boom da literatura ao novo cinema latino-americano
Marco Túlio de Sousa Ulhôa (PUC Minas)
O estudo investiga adaptações das obras do boom da literatura latino-americana, propondo o mapeamento dessas produções e suas relações com o Nuevo Cine Latinoamericano, ao apontar as influências da literatura nos filmes produzidos na América Latina, a partir da década de 1960. Logo, tais análises pretendem revelar tanto os processos históricos que conectam essas diferentes obras quanto os princípios estéticos que articulam suas narrativa às variações do conceito de realismo fantástico.
A MADONA E O CAVALEIRO – UMA RELEITURA DE VIDAS SECAS
YANET AGUILERA VIRUEZ FRANKLIN DE MATOS (UNIFESP)
Trata-se de ver os desdobramentos da leitura canônica do Romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos e do filme homônimo, de Nelson Pereira dos Santos, em que se defende a bestialização dos personagens humanos e a humanização da cachorra Baleia. Como contraponto, pretendemos mostrar que há uma discrepância enorme entre o que o romance e o filme mostram com esta visão da crítica. O que se coloca em questão é a maneira como concebemos e praticamos a avaliação literária e cinematográfica.
O que Roa Bastos e Melià podem nos ensinar sobre o cinema paraguaio?
Andrea C. Scansani (UFSC)
O cinema paraguaio contemporâneo, a nosso ver, tem nos brindado com uma filmografia pungente e mobilizadora. Pensá-lo, para além da necessária análise de seus filmes e seus temas, nos coloca o desafio de dialogar com interlocutores que escapam à teoria do cinema, mesmo aquela dedicada ao cinema-latino-americano. Deste modo, propomos investigar os escritos políticos de Augusto Roa Bastos e Bartomeu Melià na construção de pontes teóricas que possam ser percorridas pelo cinema.

ST Estética e teoria da direção de arte audiovisual – Abertura

23/10 às 14h30

ST Cinema Comparado – Sessão 1: DA NATUREZA DAS COISAS

23/10 às 14h30
Florilegium. Botânica como micro-paisagem nas artes e no cinema
Angela Freire Prysthon (UFPE)
Este artigo analisa a interação entre plantas e tecnologias da imagem, explorando marcos do cinema “botânico”. Do início da fotografia até a cronofotografia, evidencia-se a relação entre ciência e estética. Comparando desde filmes científicos pioneiros até cineastas experimentais como Menken e Brakhage, discute-se a noção de “micro-paisagem” nas imagens botânicas. Obras de Caldini e Lowder , entre outros, ampliam essa ideia, convidando à contemplação das plantas como protagonistas visuais.
O Cavalo de Turim (2011), de Bela Tarr, e o cinema geológico
Lúcia Ramos Monteiro (UFF)
A comunicação pretende examinar o filme “O Cavalo de Turim” (2011), de Bela Tarr. Na narrativa da extinção dos meios de sobrevivência de uma família nuclear formada por pai e filha adulta, os gestos cotidianos se repetem, com variações. Num dado momento, ela estende uma camisa sobre o varal, de modo que o tecido ocupa inteiramente a tela, obstruindo a visão e antecipando o fim – do filme, da vida, do mundo. A sequência se insere em uma constelação a que temos chamado de “cinema geológico”.

CI 12: Cinema experimental – atravessamentos estéticos – Coordenação: Beatriz Avila Vasconcelos

23/10 às 14h30
A verdade poética de Maya Deren
Beatriz Avila Vasconcelos (Unespar)
O objetivo deste estudo é contribuir para uma compreensão das ideias de Maya Deren acerca da poesia cinematográfica, em busca de acercar a verdade desta artista que, sendo poeta, compreendeu as potencialidades do cinema para expandir a linguagem da poesia. Para tanto, reúno algumas teorizações de Deren sobre o cinema poético, por ela chamado cinema vertical, partindo de alguns de seus pronunciamentos, entre eles os contidos no Simpósio Poetry and the Film, realizado em outubro de 1953
Atravessamentos ensaísticos em filmes de Joseph Cornell e Ken Jacobs
Rafael de Campos (UFRGS)
Este estudo explora os atravessamentos ensaísticos em Rose Hobart (1936), de Joseph Cornell e em Tom, Tom, the Piper’s Son (1969), de Ken Jacobs. A partir de uma aproximação entre o found footage (Wees, 1993) e o vídeo-ensaio (Grant, 2014), propõe-se uma análise dos elementos ensaísticos contidos nestes filmes a fim de entrever novas compreensões acerca de suas configurações formais, estéticas e contextuais, bem como um possível diálogo com as práticas de reapropriação audiovisual contemporâneas
CORPO-LUZ: Figurino e Montagem de um corpo-luz
Roderick Steel (USP)
Esta proposta baseada na prática tem como objetivo discutir a relação entre a arte da performance e um dispositivo audiovisual experimental. Pretende delinear como corpos performáticos iluminados por figurinos brilhantes são expressivos de uma paisagem sonora em espaços e tempos distintos, e como estes arranjos corporais se potencializam na construção de artefatos audiovisuais concebidos para cinema, vídeo-instalação ou vídeo-performance, tendo como base uma obra em vídeo “OUVI-LAS”

PA 2 – Adaptação e representatividade nas cadeias de valor do audiovisual – Coordenação: Álvaro André Zeini Cruz

23/10 às 14h30
Uma análise da transição de obras seriadas de streaming para TV
Isabella Cristina Oliveira Lopes (UFSCar)
A pesquisa se propõe analisar o processo de flexão de uma obra seriada advinda de uma plataforma de streaming para a televisão aberta, a partir da recepção da obra Todas as Flores (2022) de João Emanuel Carneiro, lançada primeiro no Globoplay e posteriormente exibida na emissora Globo. A importância do modo melodramático nas obras seriadas, a relação do espectador com a programação teleficcional da emissora e a mediação dos meios de comunicação por quem assiste serão desenvolvidas neste trabalho
‘Renascer’ – Análise narratológica e social do tempo
Edilene de Souza Spitaletti dos Santos (UAM)
O quanto de uma obra audiovisual atravessa o tempo e continua ilesa? A obra percorre a ideia de readaptação idônea à versão original ou se adapta ao fluxo social e histórico? Ao levantar essas questões, a presente pesquisa foca na telenovela “Renascer”, readaptada após 30 anos de sua primeira versão, com base no tempo social. O estudo se estende ao tempo como elemento narratológico de destaque, como protagonista presente nesta, assim como outras obras de Benedito Ruy Barbosa.
They Hate Super-Heroine’s: Análise sociopolítica em The Marvels (2023)
Ellen Alves Lima (UERJ)
Essa pesquisa busca apresentar dados da bilheteria de The Marvels e como esses foram impactados por fatores sociopolíticos do ano de 2023. O filme possui três heroínas (sendo uma mulher negra e uma jovem mulçumana). Essa perspectiva identitária implica em uma ruptura no imaginário hegemônico dos super-heróis. Assim, podemos relacionar o efeito desses fatores históricos na baixa bilheteria da obra. A partir de estudos relacionados a gênero e cinema, o projeto examina os efeitos políticos na obra.

PA 7 – Efeitos da montagem na construção de sentidos não hegemônicos – Coordenação: Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva

23/10 às 14h30
Arquivando a TV: repetição e interrupção em “Um dia na vida”
Renato Beaklini (PPGCOM/UFRJ)
Este trabalho buscará perscrutar a montagem do filme “Um dia na vida” (Eduardo Coutinho, 2010) a partir de seu viés formal, mas também político. Argumentamos que o projeto estético de retomada das imagens da televisão aberta brasileira da obra se adequa aos conceitos agambianos de “parada” e “repetição”. E veremos como, assentado por essas noções, o projeto experimental de desvio das imagens televisivas empreendido pelo longa-metragem invoca a noção contemporânea de arquivo no campo audiovisual.
Montagem e imposições de realidade em “Mato Seco em Chamas”
Maria Carolina Oliva Freire Pereira (UFMG)
Neste trabalho pretendemos apresentar algumas reflexões sobre como a montagem do filme “Mato Seco em Chamas” atua com a “imposição de realidade” sobre o corpo da atriz/personagem Lea na sequência de sua prisão. Atentos, sobretudo, ao movimento que a montagem realiza para restituir a fictivização que liberta a personagem do cárcere, trabalhando em um espaço de escritura e leitura fílmica, segundo uma perspectiva semiopragmática.
CANDYMAN (2021), GENTRIFICAÇÃO E RECONFIGURAÇÃO DE IDENTIDADES
Luccas Pinheiro Lopes (uerj)
A pesquisa busca apresentar o impacto de uma idealização contra-hegemônica em Candyman (Nia DaCosta, 2021). O filme aborda o processo de gentrificação social nos Estados Unidos, marginalizando pessoas negras e suas moradias. Desse modo, uma entidade assume o papel de vingança contra o poder dominante. A partir de uma bibliografia sobre questões raciais – como nomes como Mbembe (2016), Kilomba (2019) e outros –, o trabalho examina a maneira pela qual a obra desenvolve tais temáticas.

ST Tenda Cuir – Sessão 2 – Los atravesados, diria Anzaldúa

23/10 às 16h30
AFROFUTURISMO COMO POSSIBILIDADE DE MEMÓRIA E UMA EXPERIÊNCIA VIVIDA
Andrey Rodrigues Chagas (UFRJ)
A temática da futuridade é, talvez, um novo olhar sobre disputar as vidas racializadas, sendo assim, o artigo pretende discutir sobre o Afrofuturismo através da série de televisão norte-americana de drama e terror Lovecraft Country, de Misha Green, mas especificamente o episódio de número 7 intitulado “I am” (Eu Sou), como também refletir e apostar numa inventividade para uma vida inteira e não mediada pelas amarras sociais, rumo a um futuro que o sujeito consiga se nomear.
Las mestizas: lesbianidades latinas pelos filmes de Ángeles Cruz
Thais Faria (UFBA)
Neste diálogo vamos nos debruçar sobre duas produções da atriz e realizadora Ángeles Cruz e sua gana em produzir imagens e imaginários em que possamos contar as nossas histórias, potentes com a nossa própria voz, fazendo da produção audiovisual uma experiência corporal, política, de memória, amor e cura. Protagonizadas por lesbianidades mestizas, trago o curta La Carta e o longa Nudo Mixteco em ralação para produzirmos miradas lesbianas na Tenda Cuir.
Olhares dissidentes: artivismo e sexualidade crip no audiovisual
LOUISE LIMA STORNI ROCHA (UERJ)Giovanna Marafon (UERJ)
O estudo visa analisar produções audiovisuais que exploram a interseção entre sexualidade e deficiência sob a perspectiva do artivismo crip/aleijado no campo audiovisual. Será abordado um estudo de caso sobre o documentário “Yes, we fuck!” (Espanha), conectando-o ao contexto brasileiro por meio dos filmes não-ficcionais “Transo” e “Assexybilidade”, lançados em 2023. Essas obras buscam afirmar a sexualidade, desafiando a corponormatividade e questionando estigmas ligados aos corpos dissidentes.

CI 39: Discussões teórico-estéticas – Coordenação: Alex Ferreira Damasceno

23/10 às 16h30
Os princípios teórico-metodológicos de David Bordwell
Alex Ferreira Damasceno (UFPA)
O trabalho elabora uma revisão crítica do pensamento de Bordwell e das apropriações contemporâneas dos estudos de cinema do Brasil. Constatou-se, com base num conjunto de dados, o pouco interesse da pesquisa brasileira na abordagem metodológica do autor. Desse modo, o trabalho tem o objetivo de discorrer sobre os princípios teórico-metodológicos que constituem o seu pensamento, centrados na investigação da relação entre a forma fílmica, o contexto histórico e as atividades mentais do espectador.
Celine Sciamma e a Cena Paradoxal
Rossana Elisa Foglia (ECA USP)
A partir da descrição do processo de criação de Celine Sciamma e da analise das suas duas ultimas obras cinematográficas pretendo abordar dois regimes de identificação das artes categorizados pelo filósofo francês Jacques Ranciére: o regime da representação e o regime estético. O regime de representação está diretamente ligado a mimesis aristotélica através dos conceitos de verossimilhança e de necessidade enquanto o regime estético enfrenta a criação da cena paradoxal, conceituada por Ranciére.
Estamos todos aqui: uma proposta poético-estética para o jogo atoral
Eduardo Bordinhon de Moraes (Unicamp)
O cinema brasileiro das últimas décadas tem empregado frequentemente e distintamente atores não profissionais no que diz respeito a aspectos poéticos, estéticos e parafílmicos. O curta Estamos Todos Aqui (Chica Andrade e Rafael Mellim, 2018) (re)inventa o jogo atoral ao lançar mão de elementos do Teatro do Oprimido de Augusto Boal, promovendo uma síntese dialética entre profissionais e não profissionais, destacando-se como uma intervenção ética e transformadora no cinema contemporâneo.

PA 4 – Poéticas do corpo nas imagens e sons – Coordenação: NINA VELASCO E CRUZ

23/10 às 16h30
Representação Corporal no Cinema: O efeito de realidade do corpo gordo
Roberta Barboza de Oliveira Machado (UFSM)
O pensamento sensorial de Eisenstein defende que a montagem de imagens e sons no cinema pode provocar respostas emocionais. Filmes como “A Baleia” e “Os Rejeitados” exploram o luto e apresentam representações contrastantes de corpos gordos. A comparação entre os personagens Charlie e Mary Lamb ilustra como diferentes abordagens estéticas influenciam a representação, destacando o poder do cinema em evocar emoções e explorar nuances sensoriais.
CAVALO E SEU CORPO COLETIVO: A PREPARAÇÃO DE ELENCO NO LONGA ALAGOANO
Ticiane Simões dos Santos (UNB)
“Envolvidos num processo artístico, sete jovens dançarinos são provocados a um mergulho em suas ancestralidades”. É assim que Cavalo se apresenta, em sete corpos, sete caminhos, sete cores de uma negritude alagoana que erguem uma gira coletiva. Este trabalho, percorre o elo de criação das atuações no primeiro longa alagoano fruto de edital público, Cavalo (2020). Busca refletir o processo de cocriação que se estabelece na cinematografia alagoana entre a Direção, a Preparação de Elenco e o Ator.
Uma Voz dentro de um Corpo: feminismo negro decolonial em “Vaga Carne”
Camila Botelho da Silva Pereira (USP)
Este trabalho visa abordar o feminismo negro decolonial no média-metragem Vaga Carne (2019), a partir do trabalho de atuação da protagonista Grace Passô. Me proponho a analisar a forma como a atriz inscreve a narrativa de seu corpo, sob a luz dos estudos atorais, e refletir sobre sua potência expressiva em direção à uma decolonização do olhar masculino, branco e hegemônico no cinema.

ST Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual – Sessão 2: Roteiros, traumas e narrativas interrompidas

23/10 às 16h30
A construção e destruição de Maria Braun: uma narrativa do pós-guerra
ROBERTO RIBEIRO MIRANDA COTTA (UFPel)
Segundo Elsaesser (1996), o cineasta Rainer Werner Fassbinder afirmava, de modo simbólico, que queria construir uma casa com seus filmes. Este artigo analisa a maneira como O casamento de Maria Braun (1979) sintetiza essa simbologia ao representar a construção (e destruição) de sua protagonista. Ao estudar cinco blocos narrativos da obra, investiga-se como a encenação ressalta aspectos do enredo para revelar vestígios deixados pela Segunda Guerra Mundial na trajetória da personagem.
Do outro lado do muro: a restrição do olhar em Zona de Interesse
Vicente Nunes Moreno (UNISINOS)
Analisaremos a modulação narrativa de Zona de Interesse e sua opção por uma focalização externa. Esse distanciamento e a recusa em acessar a visão dos personagens tem implicações não somente estéticas, mas também éticas. Assim como o muro que circunda o campo de Auschwitz, há uma barreira entre espectador e personagens, uma lacuna de conhecimento que suscita um enigma e lança um convite à imaginação. Afinal, queremos nos aproximar de tamanho horror?
Manuel de Oliveira: o Caminho dos seus roteiros não filmados
Pablo Gonçalo (UnB)
Esta apresentação realiza uma análise do roteiro O Caminho, do cineasta português Manoel de Oliveira, mas que nunca foi realizado. Escrito em 1973, o roteiro aborda as desventuras de um poeta diante de uma crise e de um surto criativo. Juntamente `a análise desse roteiro, a apresentação visa realçar como o espectro da não realização rondou a obra de Oliveira que, “estreou” como cineasta com o roteiro Bruma e teve na escrita cinematográfica um dos pilares durante as décadas que raramente filmou.

CI 34: Fluxos de tempo e espaço no cinema – Coordenação: Fabio Camarneiro

23/10 às 16h30
Um outro olhar sobre a paisagem latino-americana: uma análise de Araya
Fabio Camarneiro (UFES)
A questão da paisagem denota as complexas relações entre ser humano e natureza. Em Araya (1959), a cineasta venezuelana Margot Benacerraf mostra como o espaço desértico, fustigado pelo sol e pelo mar, define as relações sociais e econômicas de famílias que tiram sua subsistência da extração de sal e da pesca. Aqui, a forma fílmica constrói a paisagem não como mero “cenário”, mas como alternativa à cisão positivista entre natureza e cultura e ao olhar (colonial e machista) ligado à paisagem.
(Re)encantamento das imagens em fluxo no Leste Asiático e Ocidente
Yasmin Brigato de Angelis (UAM)
Este estudo compara o cinema de fluxo no Leste Asiático e no Ocidente, destacando suas estéticas, narrativas e contextos culturais nos filmes “Memória” de Apichatpong Weerasethakul e “Bom Trabalho” de Claire Denis. Buscamos desmistificar um certo bloqueio ocidental em apreciar filmes de “não-ação”, promovendo um (re)encantamento em narrativas contemplativas e sensíveis. O Orientalismo, conceito de Said, é discutido para contextualizar a percepção do Oriente pelo Ocidente.
Do romantismo ao cinema de fluxo: a construção das paisagens durativas
Guilherme Mariano (UFS)
Pretendemos apresentar as mudanças na representação da paisagem nas imagens artísticas, a partir de seu estabelecimento como um tema legítimo no romantismo pictórico até o realismo sensório do cinema de fluxo, propondo, assim, o conceito de “paisagens durativas” para traduzir um novo estágio da relação entre os espectadores e as paisagens de filmes como Sábado à noite (2007), em que experienciamos uma intuição que dissolve os limites materiais entre os corpos, as paisagens e o próprio filme.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil. – Sessão 2: Por uma política de dados e indicadores para o cinema e audiovisual no Brasil

23/10 às 16h30
O Audiovisual na Conta Satélite da Cultura (CSC) do Brasil
Carla Daniela Rabelo Rodrigues (UNILA)
Discute-se o panorama das informações e indicadores difundidos no ano de 2023 sobre o ecossistema audiovisual e seus interesses mais predominantes. Para isso, analisou-se pesquisas elaboradas pelos setores público e privado. A partir desta análise demonstrou-se a urgência na produção periódica dos dados quantitativos e qualitativos, como também a retomada da implementação da Conta Satélite da Cultura, com destaque ao Audiovisual, para fortalecimento das políticas públicas do setor.
Ingressos esgotados, salas vazias e silenciamento das reais audiências
Marina Tarabay (UFBA)
O lançamento de O Som do Silêncio teve a distribuição gratuita de milhares de ingressos de cinema. O filme registrou mais de 240 mil espectadores na estreia brasileira, houveram relatos de salas vazias. Dois anos antes, Cabeça de Nêgo foi visto por 3.000 pessoas num projeto de exibição extra-cinema. Essa audiência está fora das métricas oficiais. Os casos abrem uma reflexão sobre novas perspectivas para se pensar audiências e o modo como legitimamos a performance dos filmes no Brasil.
OBSERVATÓRIOS DE CINEMA E AUDIOVISUAL: PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO NACIONAL
ARTHUR FELIPE DE OLIVEIRA FIEL (UFES)
Esta comunicação tem por objetivo apresentar um levantamento sistemático de dados acerca da existência de observatórios que se dedicam ao estudo e análise do setor audiovisual em território nacional. Com isso, busca-se reconhecer a importância dos observatórios como ferramentas democráticas de produção de conhecimento setorial para, ao fim, propor a integração dessas informações e saberes a partir da criação da Rede Brasileira de Observatórios de Cinema e Audiovisual (REBOCA).

CI 18: O cinema no contexto escolar: pedagogias audiovisuais – Coordenação: Ludmila Moreira Macedo de Carvalho

23/10 às 16h30
Brinquedos ópticos: entre a ludicidade, o pensamento e a experiência
Ludmila Moreira Macedo de Carvalho (UFRB)
Partindo do interesse em verificar as intersecções entre cinema e infância, propomos uma investigação a respeito dos brinquedos ópticos, situados numa encruzilhada entre ciência, pensamento e brincadeira. Nessa perspectiva, propomos um olhar sobre as propriedades que fizeram o cinema ser um brinquedo antes de se tornar uma linguagem. Nos interessa verificar como o uso da categoria brinquedo reforça o caráter de experimentação destes dispositivos através de sua mecânica interativa e repetitiva.
Os estudos de receção em contexto escolar: cinema, migrações e memória
Tiago Vieira da Silva (CEAA)Isabel Moreira Macedo (CECS/UM)
O cinema tem um papel relevante na transformação de perceções sobre as dinâmicas sociais. Esta proposta propõe discutir as possibilidades do cinema no âmbito dos estudos de receção em contexto escolar, nomeadamente no que concerne ao debate sobre os fenómenos migratórios e o impacto da memória coletiva. Na discussão, incidiremos na relevância dos grupos focais, convocando dados recolhidos em contexto escolar, já que esta é uma técnica deveras relevante no contexto da investigação-ação.
Um diálogo entre cinema, realidade virtual e pintura no ensino de arte
Luciano Dantas Bugarin (UFRJ)
Este trabalho propõe o estabelecimento da linguagem audiovisual como base de uma pedagogia intermidiática no ensino de arte, por meio de um diálogo integrado entre cinema, realidade virtual e pintura. Visa-se ampliar os processos de ensino-aprendizado, ao impulsionar o protagonismo do estudante, por meio do estímulo à criatividade e ao imaginário de forma lúdica. A criação audiovisual pode moldar uma percepção sensível no estudante para que ele possa desver o mundo que o rodeia.

MESA 5 – New Cinema History e histórias de cinemas: interfaces Cinema/ História

23/10 às 16h30
Da discrição à perseguição: o caso do “cinema alegre”
Felipe Davson Pereira da Silva (UFF)
Este trabalho visa compreender, a partir de uma sala localizada no Recife, pejorativamente denominada de “cinema alegre”, em 1915, elementos de uma estrutura de dominação social em formação no país e como o cinema foi inserida nela. Nossa metodologia de análise será a micro-história. Constituiremos como fontes textos dos detratores do “cinema alegre”, publicados nos primeiros meses do ano de 1915, e anúncios de outros estabelecimentos cinematográficos “alegres”, veiculados entre 1909 e 1917.
New Cinema History: perspectivas de uma pesquisa transdisciplinar
Talitha Gomes Ferraz (ESPM/ PPGCine-UFF)
Este trabalho tem como objetivo apresentar um panorama geral das origens, do desenvolvimento e da consolidação contemporânea da perspectiva teórico-metodológica da New Cinema History, que tem descentralizado os focos canônicos da Grande História do Cinema, direcionando-se para observações acerca de contextos socioculturais, políticos, mercadológicos e urbanos que envolvem os eixos de distribuição e exibição cinematográficos, além das práticas de sociabilidade dos públicos de salas de cinema.
A História encontra as histórias de cinemas
João Luiz Vieira (UFF)
A partir de vivência e trajetória pessoal, a comunicação traça um panorama concentrado da institucionalização do campo dos Estudos Cinematográficos no universo acadêmico em sua abertura para a inclusão do complexo processo cultural mais amplo do qual o cinema sempre fez parte, para muito além dos textos fílmicos. Em diálogo com a New Cinema History, destaca trabalhos pioneiros no Brasil em torno da exibição e das histórias de cinemas, indicando a confluência e superposição entre essas duas áreas

ST Cinemas decoloniais, periféricos e das naturezas – Sessão 2

23/10 às 16h30
Cinemas outros, mundos desordenados pela temporalidade espiralar
Henrique Nogueira Neme (PUC-SP)
Empregando o jogo de leitura da “abordagem das extremidades” (MELLO, 2017), analisaremos os modos contrastantes dos filmes “The Unseen River” (Vietnã, 2020) e “Neptune Frost” (Ruanda, 2021) instaurarem temporalidades espiralares (MARTINS, 2021), através da articulação de planos e seus respectivos enquadramentos. Como a articulação cinematográfica em imagens e sons pode contribuir para a quebrar o “mundo ordenado” segundo o sujeito universal, hegemônico (FERREIRA da SILVA, 2019, 2022)?
As Naturezas do Canto de Arlete no Mugunzá da Rosza
Angelita Maria Bogado (UFRB)Scheilla Franca de Souza (PPGCOM/UFRB/CAPES)
São muitas as naturezas do canto que brotam de Arlete, em Mugunzá (Rosza Filmes, 2022). A obra transita por diferentes estratégias narrativas, incorporando à cena o musical. O som mexe de maneira muito fluida, orgânica, e ao mesmo tempo crítica os corpos da cena/em cena. Mugunzá pode ser lida como o fim do patriarcado. A obra pulsa na vibração de Xangô, por operações artísticas/estéticas convoca a força quente e transformadora do orixá a transcender os limites: é hora de fazer mugunzá.
Um Giro decolonial na história amefricana: Tereza Benguela imaginada
Danielle Bertolini da Silva (UFMT)Andrea Ferraz Fernandez (UFMT)
A pesquisa mergulha na figura de Tereza de Benguela, ou a Rainha do Quariterê. A Enciclopédia Negra, lançada recentemente no Brasil, afirma que muito pouco se sabe sobre essa mulher africana escravizada, que chegou à região em torno de 1730. Neste contexto, a pesquisa busca examinar o imaginário das mulheres de Vila Bela da Santíssima Trindade em relação a Tereza e ao quilombo, destacando sua influência na cultura local. Pretende-se realizar um longa metragem como parte do resultado da mesma.

CI 11: Memória, arquivo e preservação – Coordenação: VIRGÍNIA DE OLIVEIRA SILVA

23/10 às 16h30
Memória, Educação e Cinema na Paraíba
VIRGÍNIA DE OLIVEIRA SILVA (UFPB)
Pesquisamos três ações envolvendo Memória, Educação e Cinema na Paraíba, debruçando-nos, mais detalhadamente, sobre um deles: “Cinema Paraibano: Memória e Preservação – CP:MP”, visando destacar seus efeitos positivos, ou seja, a democratização da acessibilidade a bens culturais cinematográficos paraibanos, realizados nas décadas de 1970 e 1980, a partir da digitalização e posterior disponibilização desse material que se encontrava inacessível para o público em geral, desde o final dos anos 1980.
Arquivamentos do popular no documentário musical brasileiro
Diogo Silva da Cunha (PPGCOM-UFF)
Propõe analisar documentários musicais brasileiros representativos de dois momentos históricos marcados por um impulso de preservação da cultura popular. Primeiro, os filmes gravados em 1938 pela Missão de Pesquisas Folclóricas; segundo, quatro curtas de Leon Hirszman – a trilogia Cantos de Trabalho (1974-1976) e Partido Alto (1976-1982) – e o curta Congo (1972), de Arthur Omar. Pretende, com isso, verificar o funcionamento do documentário musical como tecnologia de arquivamento.
Como narrar o crime: Cidade Nua (1948) e A Tênue Linha da Morte (1988)
Bernardo Demaria Ignácio Brum (UERJ)
Este estudo propõe uma análise da evolução da narrativa criminal ao longo do século XX a partir do film noir Cidade Nua (1948) e o documentário A Tênue Linha da Morte (1988). Pensa-se como a ficção semidocumental do primeiro e o documentário com influências ficcionais do segundo impactam a forma do texto do popular gênero true crime. Por fim, discute-se a exposição de fatos influenciada pelo romance dentro do conceito de “gênero transicional representativo”, proposto por Steiner (1988).

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 2 – Abordagens Comparativas: Periferias, Fantástico Feminino e Filmes Institucionais

23/10 às 16h30
O cinema “periférico” de Campusano e Queirós
Fabián Rodrigo Magioli Núñez (UFF)
A partir das reflexões sobre a cidade neoliberal e globalizada dos dias atuais, em consonância com o conceito de “arena cultural” de Morse, pretendemos realizar uma análise comparativa das obras de dois cineastas latino-americanos contemporâneos, a saber, o argentino José Celestino Campusano e o brasileiro Adirley Queirós.
O Feminino Fantástico da América Latina: O Conde e O Animal Cordial
Luiza Cristina Lusvarghi (Unicamp)
A narrativa fantástica do cinema latino-americano não se resume a ecos do realismo mágico ou real maravilhoso, tão popularizados mundialmente nos escritos de Gabriel García Márquez, Isabel Allende, Julio Cortázar e Jorge Amado . O estudo pretende abordar as personagens femininas distópicas de dois filmes recentes que navegam nas águas do fantástico para expor feridas sociais e culturais entranhadas na carne e no coração: a contadora e beata Carmencita e a garçonete Sara.
Popularização do conhecimento na América Latina: INCE e os Noticieros
João Carlos de Campos Ribeiro Martins (Mast)
Este trabalho, pretende a partir da análise de experiência de dois movimentos de popularização do conhecimento na América latina, conjecturar sobre possíveis caminhos estéticos para o audiovisual que pretende atingir o grande público sem abrir mão de sua dimensão crítica.
Para isso, se debruça em duas experiências do século passado. A primeira iniciada na Era Vargas, trata-se da fundação do Instituto Nacional de Cinema Educativo. E o segundo caso, são os noticieros cubanos pós-revolução.

ST Estética e teoria da direção de arte audiovisual – Sessão 1

23/10 às 16h30
Tudo que não invento é falso: A IA como estímulo criativo
Nívea Faria de Souza (UNESA/UCL/FACHA)
Este trabalho propõe explorar o potencial criativo da obra poética de Manoel de Barros através da criação de prompts para a criação de imagem por Inteligência Artificial como estímulo para o processo criativo em direção de arte. Busca-se investigar como a experiência visual de Barros e a IA podem inspirar e enriquecer a produção visual e a construção de repertório. Um trabalho experimental de estudo de processos, o objetivo é abrir novos horizontes criativos, desafiando os limites convencionais.
Letra-ficção. Tipografia vernacular no cinema brasileiro contemporâneo
Gianna Gobbo Larocca (UERJ)
Dando forma e/a conteúdo em placas, muros, banners, impressos e toda sorte de artefato gráfico necessário à diegese, a tipografia vernacular tem marcado presença na direção de arte de filmes brasileiros contemporâneos que trazem para o primeiro plano os assuntos da periferia.
Neste estudo, propomos fazer um primeiro mapeamento sobre o uso deste tipo de letramento diverso e de matriz popular no cinema brasileiro atual, destacando seu potencial enunciativo e participação na ficção.
Quando a dor é cinza: a cor e a construção da subjetividade
Elizabeth Motta Jacob (UFRJ)
Em Mães de Verdade Naomi Kawasi trabalha s dimensões da maternidade. Filme sensível tende a um sentimentalismo raro na obra da diretora, equilibrado através da construção de uma visualidade capaz de colocar em evidencia a subjetividade de seus personagens. O presente artigo aborda de que forma a direção de arte utiliza-se de seus elementos expressivos, em especial a criação de uma palheta cromática econômica e eficiente, a fim despertar o espectador sensorialmente e criar aderência ao filme.

ST Cinema Comparado – Sessão 2 QUADROS

23/10 às 16h30
O motivo da cortina no cinema brasileiro
Pedro de Andrade Lima Faissol (Unespar)
A cortina está presente em muitos filmes. Contudo, nem sempre é filmada inocentemente. Trata-se, afinal, de um importante signo teatral. Dada a riqueza figurativa deste motivo visual, a cortina produz inesperados efeitos de sentido. Para caracterizá-los, faremos uma “constelação fílmica” (SOUTO, 2020) do motivo da cortina no cinema brasileiro. Ganhará centralidade a obra tardia de Júlio Bressane, em cujos filmes ela exerce um papel marcado pela artificialidade, autoconsciência e anacronismo.
Barbara Stanwyck na janela: variações de um motivo no cinema clássico
Leticia Weber Jarek (Paris 3/UNICAMP)
Essa comunicação elege um conjunto de filmes, interpretados por Barbara Stanwyck, a fim de investigar as modalidades e funções do motivo da “mulher na janela” no cinema clássico. No decorrer de três décadas de produções hollywoodianas, examinaremos a progressão desse motivo, focando sobretudo nas suas potências reflexivas. Longe da passividade e da estagnação, interessa-me analisar recorrências que sublinhem o ponto de vista da personagem, assim como denunciem as demarcações sociais a limitam.
Operadores: Serafino Gubbio, “O homem com a câmera”, “O olho de vidro”
Luis Felipe Gurgel Ribeiro Labaki (PPGMPA-ECA-USP)
À luz de notas manuscritas de Dziga Viértov, proponho aprofundar paralelos já apontados por Francesco Casetti entre o “homem com a câmera” soviético e o herói de “Cadernos de Serafino Gubbio, operador” (1916, de Luigi Pirandello), ambos personagens frustrados com o cinema ficcional. A tensão entre duas visões de cinema, por sua vez, marca também “O olho de vidro” (1929, dir. Lília Brik, Vitáli Jemtchújni), que Viértov afirmaria ter incorporado materiais da primeira versão inacabada de seu filme.

PA 5 – Processos criativos e as transmutações do extra midiático – Coordenação: Cristiane Wosniak

23/10 às 16h30
A INTERVENÇÃO VISUAL ESTILÍSTICA NO CINEMA ADAPTADO DA ARTE SEQUENCIAL
Carlos Eduardo Queiroz (UFF)
As histórias em quadrinhos se propõem a traçar narrativas de forma visual, a partir de um léxico próprio de signos e de contratos estipulados com o leitor. O trabalho se propõe a analisar a importação de tais recursos da gramática da arte sequencial para o cinema de animação dela adaptado. A investigação objetiva compreender a aproximação estética aqui proposta como uma intervenção visual estilística no cinema, se valendo de interferências visuais no quadro para construção de atmosfera fílmica.
Das estéticas atribuídas à IA: crítica mediada pela animação.
Samuel Baptista Mariani (ECA – USP)
A partir da análise de um experimento de animação com arte generativa dotada de inteligência artificial, realizado para a divulgação do Dia Internacional da Animação no Brasil em 2022, buscou-se vislumbrar os novos paradigmas de des-realismo da imagem de arte, dada a persistência de sua condição metacrítica, sua relação com as teorias analíticas da cultura e seu papel na construção das narrativas sobre IA.
“Imagens verdadeiras” ou quando a imagem falta
Leandro Santos Rodrigues (UFRB)
A partir do meu encontro, na ilha de edição, com o material filmado da série de documentário de minha autoria intitulada Retrato Íntimo – ainda inédita no circuito comercial –, reflito sobre o valor de determinadas “imagens verdadeiras” na constituição de (nossas) identidades LGBTQIAPN+, investigando o modo em que se deu a relação entre a minha mise-en-scène e as mise-en-scènes dos distintos personagens da série ao longo de todo o seu processo de criação.
Pinturas do outro, pinturas do eu: o retrato do artista em Tio Yanco
Lucas Manuel Mazuquieri Reis (USP)
Este trabalho busca compreender as dimensões retratísticas do curta-metragem “Tio Yanco” (1967), de Agnès Varda. Pensa-se aqui o retrato como imagem produzida em uma troca intersubjetiva, situando-se num limiar constituído entre retratista e retratado. O filme tece contatos entre o retrato e o autorretrato ao colocar a cineasta dividindo o campo da tela com seu modelo, Jean Varda, que, por sua vez, tem elementos de sua estilística pictural incorporados na mise-en-scène de seu retrato fílmico.

PA 3 – Cinetopias: lugar e território como encontro e legado histórico – Coordenação: Lívia Cabrera

23/10 às 16h30
Lucila Avelar e a Cinemateca MAM Rio: resgate de uma trajetória
Drika de Oliveira (UFF/Cinemateca MAM)
Pretende-se resgatar a trajetória de Lucila Avelar na Cinemateca MAM Rio. Apesar de ter trabalhado ao longo de 15 anos na instituição e de ter atuado como braço direito de Cosme Alves Netto, seu nome é praticamente desconhecido. Contudo, era ela que, entre diversas funções, assumia a gestão da Cinemateca quando Cosme se ausentava em suas frequentes viagens. Pretende-se analisar o vídeo do projeto de história oral “Ouvindo histórias” em que Lucila conta um pouco de sua trajetória na Cinemateca.
Práticas e pensamentos cinematográficos no curso de Cinema da UnB
Letícia Gomes de Assis (UFSCar)
Em 1965 a Universidade de Brasília (UnB) implanta o primeiro curso para a carreira de Cinema promovido em uma universidade pública no Brasil. A experiência, contudo, foi interrompida no mesmo ano, devido à crise política instaurada na UnB após o golpe militar de 1964. A partir de fontes documentais, propõe-se identificar pensamentos e práticas sobre cinema que embasaram a proposta formativa do curso entre 1964 e 1965, concretizada em meio ao cenário de repressão vivido na UnB naquele período.
CINEMA COMO LUGAR DO ENCONTRO: Um estudo de caso sobre o Grupo Estação
Helena de Araujo Zimbrão (UFF)
O trabalho propõe um estudo de caso sobre dois cinemas de rua no Rio de Janeiro, o Estação NET Botafogo e o Estação NET Rio, a fim de discutir como as práticas de sociabilidade construídas nesses espaços podem ser importantes agentes na luta pela sua sobrevivência.
Cinema amador e Ditadura militar: jovens imaginários goianos
Lara Damiane de Oliveira Estevão (UFG)
Em 1968, jovens estudantes filmam em Goiás “A Fraude”, um curta-metragem ficcional para o IV Festival de Cinema Amador do Jornal do Brasil. Este trabalho investiga como, diferentemente do que supões a historiografia do cinema goiano até o momento de que o filme retraria um caso real, “A fraude”, como outros filmes do período, catalisa a experiência e o imaginário de uma juventude goiana nos primeiros anos da ditadura militar, expondo as complexidades e contradições presentes no regime.

 
 

24/10


PA 12 – Experiências dissidentes – Coordenação: Jocimar Dias Jr.

24/10 às 9h00
COMO FAZER CINEMA CONTRA NORMATIVAS DE GÊNERO E SEXUALIDADE EM GOIÁS?
Marcus Turíbio (UFG)
Esta pesquisa considera os esforços de direções contemporâneas de curta-metragens goianos em produzir representações contra-normativas das identidades de gêneros e sexualidades. A análise de seis filmes e a condução de conversas com a direção das produções busca pistas sobre a construção dessas contravisualidades. A investigação dessas imagens é contextualizada com processos formativos na vida das realizadoras e desafios com políticas econômicas para produção e exibição das obras no estado.
Em Busca de uma Análise Fílmica Queer em Titane
João Cardoso Gonçalves (UFSCar)
A apresentação busca encontrar caminhos possíveis para a produção de análises fílmicas que tenham como interesse a exploração do olhar queer nas obras cinematográficas. Dessa forma se busca compreender o que dizem os autores queers e o que podemos entender de suas análises sobre a realidade social/sexual quando confrontadas com teorias cinematográficas acerca da produção analítica.
AMOR MALDITO: SOCIEDADE E LESBIANIDADE NO CINEMA DA ABERTURA
Isadora Tiemi Coelho Issagawa (UFMS)
A pesquisa se concentra na análise fílmica de Amor Maldito (1984) de Adélia Sampaio, que busca entender como as imagens e sons do filme testemunham as complexas relações entre moral, sociedade e lesbianidade no país, durante o período da abertura política (1979-1985). O estudo também se propõe a pensar o longa-metragem como um documento histórico, visando compreender o contexto de sua produção e exibição.
Cinema como “ponte semântica”: a aids retratada em “Califórnia”
Raphael Castilho Bueno Silva (UFMG)
Visando a relação entre cinema e práticas sociais, este trabalho propõe uma análise do filme “Califórnia”, da diretora Marina Person. O objetivo é decupar as dizibilidades sobre a aids presentes no filme e observar simbolicamente a associação entre o vírus e a homossexualidade: conexão marcada pela homofobia inerente à “epidemia discursiva”. Este estudo leva em consideração as teorias do reconhecimento e o conceito de “ponte semântica”, extraídos da obra do sociólogo alemão Axel Honneth.

ST Estudos do insólito e do horror no audiovisual – Sessão 3

24/10 às 9h00
O feminino monstruoso em A Criatura de Gyeongseong
Juliana Monteiro (UFPE)
Este trabalho tem como objetivo discutir a representação do feminino monstruoso a partir da série A Criatura de Gyeongseong (Gyeongseong Creature, Chung Dong-yoon e Roh Young-sub, 2023), baseando-se na divergência entre as teorias psicanalíticas feministas do cinema ocidental e as tradições Confucionistas presentes na sociedade e cinema coreanos a partir dos textos de Eunha Oh, Hyangjin Lee e Youna Kim.
Monstruosidade feminina em “Medusa” (2021) e “Raquel 1:1” (2023)
Maria Luiza Silva (UFMS)
Essa pesquisa objetiva realizar uma análise dos filmes “Medusa” (2021), escrito e dirigido por Anita Rocha da Silveira e “Raquel 1:1” (2023), escrito e dirigido por Mariana Bastos, compreendendo como o cinema de horror brasileiro contemporâneo feito por mulheres vem desenvolvendo novas formas de representação da monstruosidade feminina. Partindo dos conceitos de Barbara Creed, bell hooks e Noël Carroll, pretende-se ressaltar a importância do discurso no horror nacional e suas novas abordagens.
Gêneros entrecruzados na insólita história de Bella Baxter
Erika Savernini (UFJF)
Pobres criaturas é uma transposição da literatura para o cinema; o romance de Alasdair Gray, do qual o filme é adaptado, por sua vez, pode ser visto como uma atualização do romance gótico de ficção científica, Frankenstein. Propomos a análise de como a história de Bella Baxter atualiza o que seria a questão ética fundamental, em relação à Ciência Moderna, do romance de Mary Shelley, introduzindo questões contemporâneas (embora antigas na sociedade) que tornam Bella criadora e criatura.

ST Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas. – Sessão 2

24/10 às 9h00
Tradições orais nos cinemas africanos: narrar entre tempos
Morgana Gama de Lima (UFBA)
Dos diferentes modos de aproximação da tradição oral na narrativa de filmes africanos, uma das primeiras a ser estudada, foi a presença de um personagem representando o griot. Se de um lado, a inclusão de tais personagens na narrativa permitia aos cineastas africanos um retorno ao passado das tradições africanas e, de outro servia para apontar, figuradamente, para problemas e questões relativas ao momento histórico no qual o filme era feito.
A tradição oral perante a adaptação cinematográfica sembèniana
Alysson Brenner Nogueira Pereira (UNICAMP)
Diversas histórias criadas por Ousmane Sembène, literato e cineasta senegalês, foram tanto publicadas em livros, como também tornaram-se filmes. Uma delas originou o curta-metragem “Niaye” (1964) e o romance “Véhi Ciosane” (1966). Caracterizada por ser um drama moral, a narrativa é contada por meio de um griô, que também é uma personagem na trama. O objetivo da comunicação é pensar como tal tradição oral aparece nas obras, além de dialogar com a ideia existente de Sembène como um “griô moderno”.

CI 8: Adaptações literárias – Coordenação: Cristiane do Rocio Wosniak

24/10 às 9h00
“VESTIDO DE NOIVA” DE JOFFRE RODRIGUES: ADAPTAÇÃO OU (TRANS)CRIAÇÃO?
Cristiane do Rocio Wosniak (UNESPAR / UFPR)
A proposta da comunicação é analisar as práticas hiperestéticas ou transformações de uma linguagem em outra, a partir de excertos – abertura e planos iniciais – do filme “Vestido de Noiva” (2006), do cineasta Joffre Rodrigues, tendo por ponto de partida o texto da peça teatral, também denominada “Vestido de Noiva” (1941), escrita por seu pai, o dramaturgo Nelson Rodrigues. Assim, cotejamos duas formas de linguagem em relação de adaptação ou (trans)criação: a literatura e o cinema.
Desafios da adaptação do narrador autoconsciente e não-confiável
Carolina Soares Pires (USP)
Narradores autoconscientes e não-confiáveis estão no centro de debates no campo da narratologia literária há décadas; mais recentemente, o debate estendeu-se para os meios audiovisuais. Com base na análise de duas adaptações do romance Dom Casmurro (1899): Capitu (1968) e Capitu (2008), respectivamente para cinema e televisão, articula-se um paralelo tendo como eixo a estrutura narrativa, no esforço de compreender os desafios que a adaptação de narradores autoconscientes e não-confiáveis impõe.
Nanni Moretti, leitor de Abraham Yehoshua e Eshkol Nevo
Gabriela Kvacek Betella (UNESP)
Comparamos atitudes estéticas de Nanni Moretti em diferentes momentos de sua filmografia a partir da citação do romance Un divorzio tardivo (de A. Yehoshua) em Aprile (1998) e da adaptação de Tre piani (E. Nevo) para o filme homônimo de 2021. Investigamos as relações entre o foco narrativo nos romances e o ponto de vista nos filmes, destacando as maneiras de chamar a atenção para a estrutura e, sobretudo, para o esgotamento e a renovação possível de modos de narrar determinadas situações-limite.

ST Estética e plasticidade da direção de fotografia – 3. Direção de fotografia: agenciamentos

24/10 às 9h00
Renascer (2024): um remake fotográfico?
Marina Cavalcanti Tedesco (UFF)
“A direção fugiu aos enquadramentos habituais, ora perscrutando frestas e janelas (como Santinha olhando o bumba-meu-boi, presa em seu quarto, ou como seu pai, Venâncio, vigiando a filha em meio à mascarada), ora sobrevoando o cenário natural em travellings gigantescos, que só se satisfaziam com uma panorâmica superior a 180 graus”. Essa citação parece exaltar a fotografia da telenovela Renascer (2024). No entanto, refere-se ao texto-fonte, de 1993. Seria Renascer um remake fotográfico?
Estrangeirismo e carisma na cinematografia de Pedro J. Márquez
ALINE DE CALDAS COSTA DOS SANTOS (UFOB)
O trabalho aprofunda a discussão sobre o conceito de estrangeirismo (Costa, 2021; 2024a; 2024b) na cinematografia brasileira e o associa ao conceito antropológico de carisma (Geertz, 1997, 2019). O estudo discute a contribuição de Pedro Márquez para a direção de fotografia com povos indígenas brasileiros, dá continuidade ao delineamento do conceito de estrangeirismo e sinaliza valores, práticas e posicionamentos do referido fotógrafo na produção de imagens em movimento no Brasil.

CI 46: Atravessamentos entre autoria e crítica – Coordenação: Regina Lucia Gomes Souza e Silva

24/10 às 9h00
A recepção da crítica dos longas premiados no FBCB entre 2020 e 2022
Regina Lucia Gomes Souza e Silva (UFBA)
A proposta da comunicação é a de refletir sobre a recepção da crítica dos filmes premiados no Festival de Brasília entre 2020 e 2022. Nosso intuito é pensar os discursos avaliativos da crítica como instâncias de recepção considerando os “estudos históricos de recepção nos media” de Janet Staiger. Analisaremos críticas de três longas que receberam o Troféu Candango: Por Onde Anda Makunaíma? (Rodrigo Séllos, 2020), Saudade do Futuro (Anna Azevedo, 2021) e A Invenção do Outro (Bruno Jorge, 2022).
Críticos de cinema e intelectuais públicos: uma proposta de análise
Isabella Regina Oliveira Goulart (USP)
A comunicação propõe uma análise do pensamento social através da crítica cinematográfica durante os anos 1930 no Brasil, partindo da compreensão de que ela tem desempenhado um importante papel como mediadora intelectual para os públicos latino-americanos. Tendo como objeto a revista Cinearte, pretende-se avaliar se os críticos se engajaram em projetos de identidade nacional que convergiram com o pensamento social brasileiro em outras áreas e se podem ser considerados como intelectuais públicos.
O primado do material no cinema de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub
Dalila Camargo Martins (SENAC)
A comunicação apresentará o primado do material no cinema de Huillet-Straub, ao qual se subentende uma crucial crítica à autoria. Para tanto, faremos comentários teóricos acerca da prática intertextual dos cineastas, breves contextualizações das políticas dos autores francesa e alemã que os influenciaram e uma análise de seu curta Introdução à “Música de acompanhamento para uma cena de cinema” de Arnold Schoenberg (1972), que questiona o controle de um artista sobre sua própria obra.

MESA 6 – Montagem entre gestos e ferramentas

24/10 às 9h00
“Fingir é conhecer-se”: em busca do estilo de montagem de Radar (Leovi
Elianne Ivo Barroso (UFF)
Retrato de Leovigildo de Souza Cordeiro, conhecido como Radar, atuante no período entre os anos 1960 e 1980 no cinema brasileiro, tendo se destacado como montador cinematográfico. A presente proposta visa entender a contribuição de Radar que montou gêneros diversos, transitando das comédias eróticas à filmes policiais, infantis e experimentais. Através da análise da montagem dos filmes As Audaciosas (Mozael Silveira, 1975), O Esquadrão da Morte (Carlos Imperial, 1975) e Tabu (Julio Bressane).
Relação sinal-ruído: uma reformulação do modelo digital da montagem
Silvia Okumura Hayashi (USP)
As ferramentas digitais da montagem se estabeleceram a partir de um paradigma que referenciava diretamente os processos analógicos de montagem. Este estudo propõe uma análise comparativa de técnicas digitais aplicadas à pós-produção do som e da montagem. Uma hipótese que aqui se levanta é a de que a relação sinal-ruído, um conceito fundamental para os estudos do som, pode ser também aplicada ao desenvolvimento de metodologias, teorias e ferramentas de montagem digital.
Pensamento em montagem
ana rosa marques (UFRB)
O cinema ensaio tem na montagem uma ferramenta fundamental para a produção de pensamento. Ao mesmo tempo que constrói/desconstrói sentidos e significados com e nas imagens, a montagem revela o processo de elaboração das ideias, o que a torna também um importante elemento de expressão da subjetividade do cineasta. A partir de exemplos de curtas metragens brasileiros, procuro demonstrar alguns modos da montagem pensar seja entre imagens, entre imagem e palavra, entre materiais heterogêneos.

ST Estilo e som no audiovisual – Sessão 3 – Sons das Personagens

24/10 às 9h00
Textura e estrutura nas conversas do cinema de Eduardo Coutinho
debora regina opolski (IFPR)Alexandre Rafael Garcia (Unespar)
Esta comunicação apresenta uma análise da performance vocal do filme O fim e o princípio, de 2006. No cinema-conversa de Eduardo Coutinho, temos corpos que falam com palavras, sons e gestos, instituindo a palavra expressiva como elemento sonoramente cênico e estrutural. Como ferramenta metodológica, utilizaremos a análise espectral, para demonstrar as peculiaridades estruturais da performance vocal, estabelecendo a importância do corpo falante na cena.
A voz atravessa a palavra: as vozes nômades de Bom Trabalho
Mariana Gregorio (USP)
Literatura e cinema, ópera e dança, palavra e voz. No filme Bom trabalho (Claire Denis, 1999), as vozes deslocam-se da superfície da tela ao corpo do ator, da palavra encarnada às respirações ofegantes, da solidão ao coro e à polifonia. A pesquisa investiga essas distintas vozes a partir das confluências da novela Billy Budd de Herman Melville e da ópera homônima de Benjamin Britten em Bom Trabalho, realçando a sensorialidade, o homoerotismo e a dimensão pós-colonial do filme.
Compondo personagens: a música em “Pobres Criaturas”
Amanda de Luna Cavalcanti (UFPE)
O trabalho apresenta uma análise da trilha musical do filme Pobres Criaturas (Poor Things, Yorgos Lanthimos, 2023), observando a articulação do som na composição de seus personagens. Detendo-se sobre a relação entre música, imagem e narratividade, pretende-se compreender o papel musical na constituição do eu e na representação de seus desejos e emoções.

CI 43: Mulheres no cinema – Coordenação: GABRIELA MARUNO

24/10 às 9h00
Inventário do contemporâneo e auto-referência em Helena Ignez diretora
GABRIELA MARUNO (UFABC)
Dentre as estratégias de sobrevivência e permanência do cinema brasileiro, pode-se incluir duas práxis de Helena Ignez diretora: a integração de seus incômodos com o presente ao processo inventivo de seus filmes (o inventário do contemporâneo); e a auto-referência (ou a reiteração da própria história), em virtude tanto dos mecanismos de repetição audiovisual quanto da arqueologia que Helena faz da própria história.
O DESVIO DA NORMA: Norma Bengell e a rejeição da musa idealizada
Andressa Gordya Lopes dos Santos (UNICAMP)
Este trabalho propõe uma análise da evolução de Norma Bengell, cujo começo de carreira foi marcado por sua aparência e sensualidade, a partir do uso de seu corpo como expressão do desejo masculino nos filmes O Homem do Sputnik (1959), Os Cafajestes (1962) e Noite Vazia (1964); a rejeição da figura da musa através de sua evolução político-ideológica expressa em declarações públicas e em cartas a amigos; e como ela mesma representa o corpo feminino em seu primeiro filme na direção, Inez (1974).
Ex-Machina, ginoides e a representação da mulher no cinema
Ana Carolina Chaga (UAM)
Este trabalho, resultado da dissertação de mestrado da autora, busca analisar Ex-Machina: Instinto Artificial (Reino Unido, 2014), de Alex Garland, com o objetivo de contextualizar esse filme no cinema contemporâneo, junto a um perfil de representações pontuais de mulheres artificiais no cinema, as ginoides, dentro de um recorte de obras com direção masculina. Pretende-se entender se Ex-Machina reforça (ou não) um processo de idealização/objetificação das mulheres em narrativas audiovisuais.

ST Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência – Sessão 3

24/10 às 9h00
Aí vem o cinema negro! – a trajetória de José Rodrigues Cajado Filho
Noel dos Santos Carvalho (UNICAMP)
O cineasta José Rodrigues Cajado Filho iniciou a carreira de cenógrafo no teatro nos anos 1940. No mesmo período entrou para o cinema onde fez cenografia, assistência de direção, direção de arte, argumentos, roteiros e dirigiu cinco produções: Estou aí? (1949), …Todos por um! (1950), O falso detetive (1951), …E o espetáculo continua! (1958) e Aí vem alegria (1959). Nesta comunicação exploro a sua trajetória no teatro, cinema até a rápida passagem pela televisão.
As mãos de Zózimo
Cintya Ferreira Mendes (UFF)
O ano era 1973. Quase uma década de ditadura civil-militar. Duas novidades ocorrem na carreira de Zózimo Bulbul: seu primeiro protagonista no cinema com o longa-metragem Compasso de Espera (Antunes Filho) e sua estreia na direção com o curta-metragem Alma no Olho. A partir de uma análise desses dois filmes, esta comunicação pretende perceber as continuações de um filme para o outro e enxergar de que forma os gestos que permanecem são modificados, reinventados.
Espaços Audiovisuais das Mulheres no Samba
Samuel Paiva (UFSCar)
Com foco nas trajetórias de duas mulheres emblemáticas da música popular brasileira – Clementina de Jesus e Leci Brandão – a comunicação propõe análises de filmes e produções televisivas para debater representações sobre essas artistas no âmbito da ocupação de espaços midiáticos, considerando suas distintas gerações e atuações implicadas em períodos diversos da história do samba e no enfrentamento a perspectivas por vezes racistas, sexistas e classistas da indústria cultural brasileira.

CI 31: Processos de criação no documentário – Coordenação: Miriam de Souza Rossini

24/10 às 9h00
Os usos da narração em Martírio (2016), de Vincent Carelli
Carlos Eduardo da Silva Ribeiro (UFRGS)Miriam de Souza Rossini (UFRGS)
Partindo de uma análise fílmica, a proposta desta apresentação é problematizar o modo como no filme Martírio (2016), de Vincent Carelli, materializam-se as funções da narração, todas feitas na voz de Carelli (que também é roteirista, diretor, personagem e eventualmente câmera do documentário). A expressão da subjetividade do autor converge expressões ora confessionais e subjetivas, ora militantes, ora pedagógicas; de modo que o trabalho se propõe a dirimir essas diferenças.
O batuque de Nelson Silva em reconstrução sonora e visual
Guilherme Rezende Landim (Unicamp)
Buscamos compreender como se dá a construção identitária do batuque afro-brasileiro de Nelson Silva por imagens, desde a pesquisa para a realização do filme Batuque: (en)cantos de luta, no decorrer das gravações e nas observações diferidas em sessões com o grupo. Assim, ao pensarmos o lugar das imagens, nos pautamos pelos conceitos de oralidade, memória e ancestralidade por meio do processo fílmico para agenciamentos das formas de representação do grupo.
Quando o invisível faz vibrar as imagens
Leonardo Mont’Alverne Câmara (UFC)
Este trabalho trata sobre a experiência de realização de três Retratos
Audiovisuais com mestres indígenas do Ceará desenvolvidos com alunos da disciplina de realização em documentário do Curso de Cinema da UFC. Sobre
esse processo, tomamos duas questões relativas aos momentos em que o fazer
documentário foi pautado pelo que chamamos, provisoriamente, de forças
invisíveis que atuam diretamente na composição dos retratos audiovisuais e das
práticas audiovisuais enquanto processos pedagógicos.

CI 3: Cinema e território – Coordenação: André Correa da Silva de Araujo

24/10 às 9h00
Contra a utopia do visível: políticas e estéticas da noite em Ana Vaz
André Correa da Silva de Araujo (UFRGS/FAPERGS)
O trabalho trata do filme É noite na América, de Ana Vaz, sob a perspectiva de sua temporalidade noturna. Ao utilizar a noite como operador estético e político, a cineasta realiza uma crítica de um modo de visibilidade baseado na luz característico da modernidade. O conflito que articula o filme é o aparecimento de animais silvestres em Brasília, e nos interessa a construção cinematográfica desse conflito que articula a noite com disputas por território protagonizadas por não-humanos.
Memória Viva Guajajara: política da memória e câmera-arquivo
Rodrigo Wallace Cordeiro dos Santos (UFMG)
Este trabalho pretende tecer algumas análises sobre o documentário Memória Viva Guajajaja (2022), produzido por um grupo de cineastas do povo Guajajara, da Terra Indígena Caru, no estado do Maranhão. O documentário é um compilado de histórias contadas por sujeitos e sujeitas plurais e diversas que contam a história daquele território. Nossa hipótese se baseia na ideia de que o cinema guajajara se utiliza de uma câmera-aquivo, que além filmar, guarda e criauma política de memória dos Guajajara.
Poéticas e políticas de retomadas: imaginação, memória, território
Érico Oliveira de Araújo Lima (UFMG)
Serão cotejados dois filmes, em discussão sobre retomadas de terras: “Nuhu Yag Mu Yog Ham: Essa Terra É Nossa!” (Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero, 2020) e “Nove Águas” (Gabriel Martins e Quilombo dos Marques, 2019). A comparação será atravessada pelo núcleo “Retomadas” (Sandra Benites e Clarissa Diniz), da exposição “Histórias Brasileiras” (MASP, 2022). Entre imaginação e testemunho, serão focadas ações expressivas de aliança com lutas por justiça e reparação.

CI 27: Narrativas seriadas – Coordenação: Juliana Soares Mendes

24/10 às 9h00
Wandinha: o debate sobre a diferença nos ambientes do mundo ficcional
Juliana Soares Mendes (PPGCine-UFF)
A série Wandinha se insere no mundo transmídia da Família Adamms. Desde 1938, com os quadrinhos de Charles Addams, a franquia gerou novos produtos que ampliam os contornos desse universo. No spin-off em questão, retoma-se o debate sobre se adequar aos padrões sociais. A construção do mundo ficcional cria significados com as escolhas para personagens, tramas e ambientação. Articulando espaço e tempo, sentidos se agregam aos lugares da série, como a Academia Nunca Mais, para discutir a diferença.
Renascer: reflexão teórica-empírica de uma crítica folhetinesca
Álvaro André Zeini Cruz (FIB)
Esta comunicação apresenta uma reflexão teórico-empírica acerca do exercício da crítica a partir da escrita diária sobre a novela Renascer. Além de um relato analítico sobre as complexas negociações acerca dessa crítica (com leitores, autores e, claro, com a própria obra), propõe-se debater a hipótese de uma crise em formato propício à telenovela — a crítica folhetinesca, cuja forma é delineada no (per)seguir diário dos capítulos desse gênero.
A REMEMORAÇÃO EM FREUD E A REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA DA MEMÓRIA
patricia moreira santos (UESB)
Este estudo visa explorar a interseção entre os estudos de Freud sobre as lembranças encobridoras e a representação da memória em narrativas ficcionais. Através de uma análise dos “flashbacks” em diferentes formatos audiovisuais – na novela “A Favorita” (2008), no dorama “Angel’s Last Mission: Love” (2019), e na série “Interview with the Vampire” (2022). Buscamos compreender como a memória é construída e representada e de como elementos evocativos são percebidos.

ST Cinema experimental: histórias, teorias e poéticas – 3

24/10 às 9h00
No princípio era a luz – Lygia Pape e o cinema antes do cinema
Patrícia Mourão de Andrade (Unicamp)
Em 1967, depois de praticamente sete anos sem produzir ou mostrar sua produção artística, Lygia Pape lança, La nouvelle Création. Seu primeiro filme de que se tem notícias, La nouvelle inaugura ainda uma tradição de filmes de artistas que irá florescer nos anos 1970. Mas o cinema não surge na vida de Pape em 1967. Ainda nos anos 1950, ela delineia um conjunto de propostas para situações cinema. Nesta comunicação, pretendo retraçar a relação da artista com o cinema, desde seus primeiros esboços para filmes, passando por sua colaboração com o Cinema novo.
Afinidades e constelações nos cinemas experimentais latino-americanos
Theo Costa Duarte (Unicamp)
Pretende-se discutir dois conjuntos de filmes experimentais latino-americanos realizados entre as décadas de 1950 e 1970, duas “constelações” de filmes ligados à movimentações neovanguardistas ainda não consideradas ou abordadas de modo aprofundado em recentes estudos comparativos.
O movimento coreográfico em Hand Movie e Hand Catching Lead 
Thais Ponzoni (USP)
A partir do hibridismo dança/ cinema, analisaremos os movimentos coreográficos das mãos diante de uma câmera fixa em duas obras experimentais dos anos 1960: Hand Movie (1966) da dançarina Yvonne Rainer e Hand Catching Lead (1968) do escultor Richard Serra. A noção de “corpo como objeto”, proposta por Rainer (WOOD, 2007), será associada aqui ao ato masturbatório a fim de refletirmos sobre as fronteiras entre linguagens e gêneros que aparecem nestes dois filmes minimalistas.

ST Festivais e mostras de cinema e audiovisual – Mesa 3 – Festivais, mostras e cinemas não hegemônicos

24/10 às 9h00
Uma Jornada afro-latino americana
Izabel de Fátima Cruz Melo (UNEB)
Retornamos a trajetória da Jornada de Cinema da Bahia, desta vez, na década de 1980. Neste período, é possível observar as transformações nos campos cultural e político, tanto no que diz respeito ao final das ditaduras e seus desdobramentos no Brasil, em outros países latino-americanos, bem como a continuidade das lutas de independência e emancipação no continente africanos. Assim, nessa perspectiva investigamos o impacto destas modificações na programação deste festival.
Projeções e imaginários: a circulação de filmes indígenas em festivais
Thais Brito da Silva (UFOB)
Um olhar para o cinema brasileiro a partir da circulação de filmes indígenas nos festivais de cinema no Brasil é o que propõe essa análise. Compartilho do pensamento do artista Macuxi, Jaider Esbell, sobre a arte indígena contemporânea como “uma armadilha” ou “um feitiço” “Não é um quadro, flecha ou cerâmica; é um feitiço para falar de um assunto sério que é a urgência ecológica”. Que imaginários, então, circulam com os filmes indígenas nos festivais de cinema no Brasil?
CINEMA AFIRMATIVO E MOSTRA CINEMA E DIREITOS HUMANOS A PARTIR DO PNDH3
Alexandre Silva Guerreiro (UERJ)
Esta reflexão parte da experiência da 13ª Mostra Cinema e Direitos Humanos para pensar o papel de uma proposta de evento que tem como cerne a criação de uma cultura em direitos humanos, preconizada pelo Programa Nacional de Direitos Humanos 3, lançado em 2009. Nesse sentido, utiliza o conceito de cinema afirmativo como mobilizador de uma união entre cinema, educação e direitos humanos, em diálogo com o que é encontrado nas sessões de curtas seguidas de debates realizadas pelo evento.

MESA 7 – Nitratos e acetatos: pesquisas e preservação na Cinemateca Brasileira

24/10 às 9h00
“Não é o acaso, é a técnica”
Guilherme Maggi Savioli (CB / ECA-USP)
Tomando como ponto de partida a ideia de sintaxe visual, tal como desenvolvida por estudiosos dos campos da gravura e da fotografia, a apresentação procurará verificar a aplicabilidade desse conceito para a abordagem das imagens em movimento. Tendo como foco os filmes realizados entre o final do século XIX e início do XX, discutiremos como aspectos historiográficos da evolução tecnológica do cinema nos ajudam a refletir sobre a preservação e apresentação desses registros na atualidade.
Re(a)ver a notícia: a imprensa filmada e preservada na Cinemateca
Rodrigo Archangelo (CB / ECA-USP)Fernanda Porto Gonzalez (CB / MAE-USP)
Cinejornais e telerreportagens, obras seriadas compostas por materiais fílmicos e documentos correlatos. Na Cinemateca Brasileira, as atividades para preservar suas imagens em movimento e as suas informações de contexto. Rever essas notícias implica catalogar o conteúdo e processar os suportes materiais em acetato de celulose; reaver suas informações significa compreender a materialidade dessa tipologia específica de filme no acervo.
A restauração da cor do cinema silencioso no Brasil
Luisa Saul Malzoni (CB / ECA USP)
A pesquisa documenta a experiência da técnica e pesquisadora no restauro de filmes com tingimento e viragem na Cinemateca Brasileira no período de 2008 a 2024. Traça, a partir dessa experiência, o desenvolvimento técnico da cor no cinema e estuda possibilidades de conservação e restauro, dando ênfase ao método Desmet de restauração – técnica criada pelo restaurador Noël Desmet, do laboratório de restauração da Cinemateca Real da Bélgica, assim como sua adaptação à tecnologia digital.

CI 38: Encenações queer no cinema contemporâneo – Coordenação: Luiz Fernando Wlian

24/10 às 11h00
“So much more than this provincial life”: um ensaio não-teleológico
Luiz Fernando Wlian (UNESP)
Este trabalho busca tecer uma constelação fílmica (Souto, 2020) de um ponto de vista queer. Ao nos debruçarmos sobre um pequeno grupo de filmes, valorizamos momentos de encenação detida no presente, bem como o possível caráter disruptivo e não-teleológico destes. O que um modo de encenação queer, ou a leitura queer de uma encenação, podem nos dizer sobre os filmes? Tomamos as obras Beauty and the Beast (1991), Hedwig and the Angry Inch (2001), Tatuagem (2013) e Desaprender a Dormir (2021).
Experiências gays em Belo Horizonte: a pesquisa do longa “Bom Retorno”
Breno Mota Alvarenga (UFF)
Entre as etapas da escrita de um roteiro de longa-metragem de ficção, o processo de pesquisa figura como um importante alicerce na construção do universo das personagens. A partir de insumos coletados em grupos focais, analiso como a experiência de alguns homens gays na cidade de Belo Horizonte serviu como material para a escrita do roteiro do meu longa-metragem intitulado “Bom Retorno” (em pré-produção), passando sobre temas como a temporalidade queer e deslocamentos.
Realismo fantasmagórico e o fantástico cuir em Memoria, de Apichatpong
RENATO TREVIZANO DOS SANTOS (USP)
Memoria (2021), primeiro filme de Apichatpong a ser rodado fora da Tailândia, na Colômbia, realiza um deslocamento espacial que ecoa em seu conteúdo formal, narrativo, temporal, etc. A protagonista Jessica (Tilda Swinton) é acometida por uma estranha condição, que a faz escutar um som grave persistente vindo do centro da Terra. Seu gestual peculiar, cuir, é capturado de forma realista, mas agravada por elementos fantásticos e fantasmagóricos, tanto pela trilha quanto por outros personagens.

ST Estudos do insólito e do horror no audiovisual – Sessão 4

24/10 às 11h00
Mulheres negras e cinema de terror: águas, fantasmagorias, fabulações
Priscila de Assis Lopes de Andrade (UFC)
Por meio de análises fílmicas comparativas das obras Pattaki (Everlane Moraes, 2019) e Atlantique (Mati Diop, 2019), será investigada a construção do universo de terror e fantástico, a partir do diagnóstico de uma lacuna de diretoras negras na construção do gênero e suas convenções. Será trabalhado o método de “fabulação crítica” (HARTMAN, 2020). O eixo comparativo será a água, entendida como máquina do tempo (MOTTA, 2021), junto a questões raciais no gênero de horror (COLEMAN, 2019).
Egum (2020) e o Afro-Surreal como catarse da realidade
Marília de Orange Uchôa da Fonseca (UFPE)Libia alejandra castañeda lopez (UFPE)
O trabalho apresenta o estudo de caso de Egum (2020), curta-metragem brasileiro Afro-Surreal dirigido por Yuri Costa. É de interesse da comunicação apresentar alguns elementos constitutivos do Afro-Surrealismo à luz da literatura crítica, da perspectiva decolonial (Andrade, Alves, 2020) e do terror intrarreal, termo criado por Bruno Galindo (2020).
Atlanta e a lente do absurdo
Marcos Antonio de Lima Junior (UAM)Rogério Ferraraz (UAM)
O trabalho visa compreender como a série Atlanta explora a (sur)realidade através da lente do absurdo, mostrando aquilo que seu criador, Donald Glover, chama de áreas cinzentas, espaços de suspensão onde a experiência humana do onírico e do real acontecem. A hipótese é que, dessa forma, Atlanta amplia a percepção da vivência dos corpos negros, gerando inquietações e estranhamentos por meio de uma narrativa insólita.
Palavras-chave: Narrativa seriada. Atlanta. Absurdo. Estranhamento. Insólito.

ST Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas. – Sessão 3

24/10 às 11h00
A estética do quilombismo em A Deusa Negra (1978), de Ola Balogun
Gilberto Alexandre Sobrinho (Unicamp)
Análise fílmica do longa-metragem A Deusa Negra (Black Goddess, Nigéria e Brasil, 1978), dirigido pelo cineasta e músico nigeriano Ola Balogun. O filme sustenta-se sob duas temporalidades em sua enunciação, passado e presente, com suas demandas históricas e de representação específicas. Proponho uma leitura, a partir de seus elementos textuais e paratexuais, ancorado, principalmente, na abordagem do conceito de quilombismo (Abdias Nascimento), como categoria estética afro-centrada.
REPRESENTAÇÕES DA RAINHA NZINGA MBANDI NO CINEMA
LARISSA FERREIRA DE OLIVEIRA (UFF)
A pesquisa consiste na análise fílmica de três filmes no qual tem como temática a
Rainha Nzinga Mbandi (1582-1663), com o objetivo de analisar como sua história e
imagem foram criadas e reescrita nas telas e os recursos da linguagem utilizados para contar sua
trajetória englobando os diversos eixos temáticos como representações de mulheres negras no
cinema, decolonialidade, gênero, raça e representação, narrativas e estéticas.
Refletindo sobre as narrativas africanas no cinema contemporâneo.

CI 29: Cinema brasileiro comparado – Coordenação: Antonio Carlos Tunico Amancio da Silva

24/10 às 11h00
SELVA TRÁGICA, de Roberto Farias, um filme de fronteiras.
Antonio Carlos Tunico Amancio da Silva (UFF)
Quando o cinema novo se voltava para as questões agrárias, de pertinência nordestina, Roberto Farias, que vinha de outra escola cinematográfica, mergulha em 1963 na literatura de Hernâni Donato e dali extrai um filme cheio de potência: Selva Trágica. Na fronteira paraguaia, a exploração da erva mate revela a submissão de seus personagens à escravidão ou à utilização sexual. Um filme até hoje considerado à margem dos melhores títulos do cinema brasileiro.
Análise da Adaptação de “Selva Trágica”, por Roberto Farias
Simplicio Neto Ramos de Sousa (ESPM-Rio)
Queremos propor uma análise imanente da estrutura narrativa cinematográfica do filme Selva Trágica (19630,) do cineasta fluminense Roberto Farias, adaptação do romance homônimo de Hernâni Donato, escritor sul-mato-grossense. Com foco na transposição de recursos técnico-narrativos e na reconfiguração do espaço-tempo, do cronotopo/motivo da fronteira, e dos conflitos dramáticos, de uma obra a outra, no contraste entre suas diferentes escolhas formais/autorais.
Estrutura de detritos: poesia concreta e cinema marginal
Alexandre Wahrhaftig (Sem vínculo)
Pensar os pontos de contato entre a poesia concreta e o cinema marginal brasileiro envolve ir além da constatação da proximidade entre poetas e cineastas, ou da constatação de interesses comuns aos dois campos. É preciso pensar como certos procedimentos estéticos da poesia concreta reverberam em procedimentos cinematográficos, como é o caso do trabalho com “detritos” da linguagem na “estética do lixo” ou o caso da força da “estrutura”, patente em montagens pautadas pela técnica da permutação.

ST Estética e plasticidade da direção de fotografia – 4. Direção de fotografia: discursos

24/10 às 11h00
A desinvenção do Nordeste
Paulo Souza dos Santos Junior (UFPE)
Partimos de um pequeno grupo de filmes independentes do Nordeste para discutir como o capitalismo influencia a produção cinematográfica hegemônica, promovendo conteúdos lucrativos e homogeneizando narrativas e a ponta a concentração de mídia como limitadora de diversidade. Buscamos evidenciar que mesmo autores como Glauber Rocha, reproduzem estereótipos regionais. Por fim, buscamos refletir sobre caminhos para contornar as imposições estruturais ditadas pelo modo de produção capitalista.
Paisagem e território na direção de fotografia da série DNA do Crime
Francieli Rebelatto (UNILA)
Nos últimos anos temos nos dedicado a analisar um repertório de imagens e imaginários que trazem para o centro da tela o território das fronteiras e suas paisagens. Em 2023 é lançada a série da Netflix DNA do Crime filmada em Foz do Iguaçu e cidades do Paraguai. Na série temos a possibilidade de ver em cena, mais uma vez, o território de fronteira que tem nos animado a outras análises. Quais são os recursos estéticos, desde a cinematografia, para aproximar o público deste território à margem?
Nostalgia de la luz… ou quando os olhos tocam a dor
Rogério Luiz Silva de Oliveira (UESB)
O trabalho é dedicado ao estudo da direção de fotografia do documentário “Nostalgia de la luz” (2010), dirigido pelo chileno Patricio Guzmán. A intenção é realizar uma análise sobre as estratégias da cinematografia assinada por Katell Djian, a fim de compreender o modo como a diretora de fotografia contribui para a criação de sentidos relacionados aos diferentes regimes de memória que constituem o filme. A análise estará centrada na experiência háptica promovida pela iluminação.

MESA 8 – Eu penso o filme ou o filme me pensa? A (não) autoralidade no cinema

24/10 às 11h00
Entre cineasta e filme: notas sobre o pensamento fílmico (não)autoral
Marcelo Carvalho da Silva (PPGCOM/UTP)
Esta proposta de comunicação pretende avaliar, em caráter exploratório e especulativo, algumas relações entre os atos autorais de cineastas e as imagens que surgem no filme a despeito das intenções dos seus realizadores. Perante as indefinições da autoria cinematográfica, de que forma poderíamos considerar o filme como obra do(a) cineasta que o realizou e, de outro modo, em quais condições poderíamos tomar o filme como um sistema de pensamento independente do(a) cineasta?
Pós-caligarismo e autoria: o legado do caligarismo no cinema atual
Anna Claudia Soares (PPGCOM/UTP)
O termo caligarismo refere-se à influência do filme O Gabinete do Dr. Caligari (1920) em produções audiovisuais subsequentes. Mas observa-se que diretores contemporâneos como Robert Eggers, por exemplo, realizam filmes que apresentam características que vão além do caligarismo. Assim, apresentamos o conceito pós-caligarismo, identificando-o como uma pluralidade de elementos que permitiria a análise de como cineastas empregariam a estilística do filme de 1920 para criar seus caminhos autorais.
A obra multiautoral e suas reverberações acidentais
Guilherme Perussolo (UTP)
A autoria na obra cinematográfica é algo naturalmente problemático, tanto internamente, considerando as influências indiretas no momento criativo, em especial na adaptação de outras obras já existentes, quanto externamente, no caso de sujeitos que trabalharam numa obra e, mais tarde, colocam elementos da obra anterior na atual. Esse sistema complexo pode ser visto em várias ocasiões, mas torna-se especialmente singular no caso de Alejandro Jodorowsky com seu filme natimorto Duna.

MESA 9 – Montagem 24: entre Almodóvar, Inteligência Artificial e Queer VR

24/10 às 11h00
Os Gestos de Montagem Queer em Obras de Realidade Virtual
Caio Victor da Silva Brito (UFCE)
Ao explorar como artistas queers utilizam a realidade virtual (VR) para desafiar e expandir as fronteiras da narrativa e da representação, foca-se na montagem de obras imersivas questionando as normas convencionais e promovendo uma poética queer através da VR, redefinindo o seu potencial como espaço de experimentação. Analisa-se o processo do filme autoral “Queer AI Has No Imagination” como mote à contribuição dessa pesquisa para um panorama audiovisual mais inclusivo e diversificado.
Gestos de Montagem em Pontos Estruturantes: A Construção Almodramática
German Nilton Rivas Flores Lima (UFC)
Ao passo que o cinema mergulha na arte de contar histórias, encontra no melodrama terra fértil para testar avanços dramatúrgicos. O almodrama, marcado por elementos como mise en scene, autocitações e cromatismos, é atravessado pelos conceitos de camp e kitsch. Surge então a inquietação de analisar como os gestos de montagem, especialmente em pontos estruturantes, contribuem para esse estilo. O filme “Tudo sobre minha mãe”, de Almodóvar, serve como objeto de análise nesse debate interdisciplinar.
Anarquivamento e Montagem AI
MILENA SZAFIR (UFCE)
Se na virada do século XX ao XXI debatíamos as gestualidades do Remix no audiovisual, que permearam os realizadores audiovisuais da cultura digital de primeira onda (1995-2007) e que se inserem nos atuais softwares para edição em tempo real (já podiam ser encontradas também nas experimentações estéticas de filme-ensaio e found footage), cem anos após as vanguardas europeias, os ready-mades retornam em formato de “prompts” nos aplicativos de inteligência artificial online como Runway, Firefly etc

ST Estilo e som no audiovisual – Sessão 4 – Cinema Musicado

24/10 às 11h00
Estilo e música clássica em filmes de autor italianos dos anos 2010
Luíza Beatriz Amorim Melo Alvim (USP)
Analisamos características estéticas encontradas em filmes autorais italianos contemporâneos, mapeados nas mostras principais dos festivais de Berlim, Cannes e Veneza de 2011 a 2020. São elas: presença de música contemporânea, especialmente “neotonal” ou minimalista, com destaque para o compositor Arvo Pärt; quase ausência de música de Vivaldi, diferentemente do cinema contemporâneo em geral; uso do repertório operístico, porém, de modos distintos aos descritos por Dyer (2006) no cinema moderno.
O leitmotiv e a trilha musical orquestral no cinema brasileiro
Alexandre Pfeiffer Fernandes (UFF)
A presente comunicação tem como objetivo discutir diferenças e similaridades a respeito do uso do leitmotiv no contexto da ópera wagneriana e no âmbito das trilhas musicais orquestrais. Além de um breve panorama histórico sobre o assunto, serão abordadas as diferentes funções do material temático na música para filmes, a partir de exemplos de trilhas musicais orquestrais de diferentes momentos do cinema brasileiro.
A música nas primeiras edições do Noticiero ICAIC Latinoamericano
Glauber Brito Matos Lacerda (Uesb)
Nesta comunicação, apresentaremos uma análise transversal dos usos musicais em 8 das 10 primeiras edições do cinejornal cubano Noticiero ICAIC Latinoamericano (1960-1990). Embora o Noticiero tenha passagens notáveis pela musicalização criativa, as primeiras edições estão vinculadas a convenções anteriores ao cinema sonoro. Nosso intuito é aferir possíveis rupturas e continuidades na expressão musical do cinejornal em relação à tradição cinejornalística.

CI 28: Corpo e representação no audiovisual – Coordenação: Lucas Procopio de Oliveira Tolotti

24/10 às 11h00
O queer e a carne no romance radical de Fever Ray
Lucas Procopio de Oliveira Tolotti (ESPM)
A partir da visualidade queer articulada à estética da carne, serão analisados três videoclipes do projeto Fever Ray, idealizado pela cantora sueca Karin Dreijer. Os três produtos audiovisuais – What They Call Us (2022), Kandy (2023) e Shiver (2024), dirigidos por Martin Falck e integrantes do último álbum de estúdio da artista sueca, Radical Romantics (2023) – permitem pensar lugares e desvios outros por meio de visualidades não hegemônicas, adensando a ideia de estranheza e corporalidade.
Gênero e Raça: Mulheres Negras no Cinema de Animação Brasileiro
Laryssa Gabriele Moreira do Prado (Unicamp)
Considerando o cenário histórico de subalternização e discriminação da mulher negra no Brasil, o presente trabalho propõe uma investigação a partir da questão: quem é a mulher negra na animação nacional? De forma quali-quantitativa, a análise guia-se por três conceitos: representatividade, representação e categorias de diferença, avaliados junto à materialidade de dados recolhidos pelo Movimento Mulher Anima e curtas-metragens catalogados pelo projeto Brazilian Animation.
“Por que eu tenho que querer namorar?”: assexualidade na telenovela
João Paulo Lopes de Meira Hergesel (PUC-Campinas)
Este estudo tem como objetivo analisar as inovações e rupturas – e estereótipos e clichês – na representação da assexualidade na telenovela brasileira, com enfoque no contexto da adolescência, utilizando como corpus o personagem Rudá, de “Travessia”, de Glória Perez (TV Globo, 2022-2023). Para isso, a pesquisa discute a importância das temáticas sociais nas produções televisivas, questões relacionadas à identidade juvenil e a presença de adolescências não heterossexuais na televisão.

ST Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência – Sessão 4

24/10 às 11h00
“Sexta-feira da Paixão, Sábado de Aleluia”: contextos e trajetórias
Pedro Vaz Perez (PUC Minas)
Objetivamos construir contextos para compreender a realização de Sexta-feira da Paixão, Sábado de Aleluia (Leon Hirszman, 1969), filme distante dos engajamentos políticos do Cinema Novo e do CPC e da luta pelo mercado exibidor da Difilm. O média em 16mm, experimental, flerta com a tropicália e com a curtição contracultural. Buscando refazer entorno e trajetória da obra, a partir de pesquisa documental e entrevistas, buscamos oferecer novos olhares para a fita, deixada de lado na historiografia.
De 1973 à 1993: David Neves em descompasso de Cinema Novo
Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva (Unespar)
O crítico-cineasta David Neves iniciou sua trajetória junto ao Cinema Novo Brasileiro, colaborando com escritos e filmes presentes no cânone do movimento. Porém, a partir dos anos 1970, o crítico-cineasta demonstrou divergências com os rumos e escolhas de alguns dos principais quadros cinemanovistas. Nesta comunicação, com base em suas críticas, relatos e nos longas-metragens que dirigiu, desenvolvemos uma análise do posicionamento de David Neves durante os anos de crepúsculo do movimento.
Devemos queimar Imperial? – “As delícias do sexo”, um filme sadiano
Daniel P. V. Caetano (UFF)
Em 1980, na fase final da ditadura militar no país, Carlos Imperial lançou “As delícias do sexo”, filme de notável sucesso nas bilheterias com cenas que excedem limites morais, com episódios de racismo e de tortura envolvendo abuso sexual. Imperial realizou um filme que eco Sade ao retratar as pulsões mórbidas que caracterizavam a sociedade brasileira. Esta comunicação pretende retornar ao filme de Imperial para propor uma reflexão sobre sobre a atualidade dos conflitos retratados.

PA 11 – Para além do específico cinematográfico: intermidialidades e derivas formais – Coordenação: Hermano Callou

24/10 às 11h00
Problemas na análise comparada do cinema com outras artes visuais
Iury Peres Malucelli (Unespar)
Pretendemos formular uma reflexão teórico-metodológica sobre o espaço de contiguidade entre as imagens do cinema e das artes visuais, buscando habilitar o ato comparativo entre formas imagéticas distintas. Posta em jogo essa possibilidade analítica, o objetivo central deste trabalho é discorrer sobre os problemas e pontos de tensão que surgem no decorrer do ato comparativo, quando ele consiste no choque entre imagens de natureza ontológica distintas.
A visão de Brakhage e a visibilidade de Warhol
Fernanda Andrade Fachin (USP)
O que se propõe aqui é uma comparação entre os trabalhos de Stan Brakhage e Andy Warhol desde o início dos anos 1950 até 1963, quando Warhol começa a filmar. Num primeiro momento, a produção fílmica de Brakhage e a produção artística de Warhol serão discutidas em paralelo. Em seguida, apresentaremos uma análise comparada de “Sleep” (1963-1964) e “Dog Star Man” (1961-1964) – filmes muito contrastantes e finalizados no mesmo ano, que marcam o cruzamento dessas obras no cinema.
Esse pequeno nada entre os limites: o extracampo em filmes de dança
Helena Albert Bachur (USP)
Esta pesquisa se propõe ao estudo sobre o extracampo no cinema de dança, compreendendo tal aspecto formal como sendo da ordem de uma linguagem intermidiática que não deve ser concebida, nem analisada, a partir de parâmetros exclusivos da dança ou do cinema. Esse estudo relacionando dança e cinema partirá da noção japonesa “Ma”, referente ao espaço vazio que existe entre dois limites, e pode, portanto, tudo conter.
Godard, autoria e créditos
Matheus Gonçalves Ferreira (UFJF)
Analiso aqui o papel desempenhado pelas sequências de créditos nos filmes de Jean-Luc Godard, a partir de uma discussão sobre a figura do autor em seus filmes, sua inspiração pelo cinema hollywoodiano e uma consideração sobre a materialidade e a particularidade estética de cada trabalho individualizado. Como ponto de partida, esta discussão se inicia em Acossado (1959), primeiro longa-metragem do cineasta, que oculta o nome de Godard, bem como de toda equipe e atores.

CI 33: Cinema e identidades regionais – Coordenação: Moacir Francisco de Sant´Ana Barros

24/10 às 11h00
Cinema mato-grossense anos 1990/2000: entre tradição e modernidade
Moacir Francisco de Sant´Ana Barros (UFMT)
Dois filmes mato-grossenses do período 1990/2000 perpassam uma discussão sobre a presença da cultura tradicional em diálogo com a modernidade. Trata-se de A Cilada com Cinco Morenos (1999), de Luiz Borges, e Saringangá (2001), de Marcio Moreira. Ambientados nas paisagens da Baixada Cuiabana, os filmes reforçam um sentimento de pertencimento e identidade regional por meio da valorização da sua cultura e lugares de memória, a partir da década de 1990, após a divisão do estado.
Zona Oeste afetiva e singular: Cinemas Possíveis Resumo
Carla Regina Vr (FAETEC)
O cinema alternativo no subúrbio do Rio de Janeiro propõe resistência e insurgência, pois através dele a realidade desponta e dá visibilidade a esta parte da cidade maravilhosa, parte maior de um território com grandes divergências. Tornar o reconhecimento das ações autônomas ou coletivas pelo cinema é a estratégia para mostrar que a popularização desse dispositivo pode ser um caminho para reimaginar a vida por aqui. O cinema como voz, visão e vez. Visibilidade para novos encontros.
Férias no Sul (1967) e a reinvenção da Blumenau germânica
Mauricio Biscaia Veiga (Udesc)
Em 1967 foi lançado Férias no Sul, longa-metragem dirigido pelo cineasta mato-grossense Reynaldo Paes de Barros. O filme é um romance cuja maior peculiaridade é o cenário pouco usual no cinema brasileiro: Blumenau, em Santa Catarina, conhecida nacionalmente como uma cidade marcada culturalmente pela imigração alemã. O presente trabalho analisa as representações da cidade no filme, apontando como o mesmo teria contribuído para criar a imagem turística de uma Blumenau germânica.

CI 25: Atravessamentos intermediais no audiovisual no Brasil – Coordenação: Marta Cardoso Guedes

24/10 às 11h00
CINEMA E ELABORAÇÃO DE MEMÓRIA NA ESCOLA: PRECARIEDADE E URGÊNCIA
Marta Cardoso Guedes (SME)
A partir da investigação da história da favela do Vidigal (CINEAD), descobrimos e restauramos em parceria com a Cinemateca do MAM-Rio, imagens Super-8, fotografias e fitas cassete sobre a luta dos moradores da favela contra sua remoção para Antares/Santa Cruz em 1978. Desde então a elaboração de uma memória de luta da favela na escola desenvolveu-se como abertura à alteridade. Porém, após a pandemia, trabalhar com o cinema na escola da favela vem constituindo-se um desafio de desver.
Ação Super8 e outros programas: a TV versa sobre cinema na década 1970
Flavio Rogerio Rocha (UFPR)
Este texto pretende pensar o espaço dado ao cinema brasileiro na televisão, durante a segunda metade da década de 1970 no Brasil. Pensando, primeiramente, no Ação Super8 e depois no Luzes Câmera, Coisas Nossas e Cinemateca, que são frutos desse processo. Todos veiculados em TV’s públicas. Este período foi marcado pelo Plano Nacional de Cultura e a expansão dos meios de comunicação. Políticas da Ditadura Militar para interferir na sociedade buscando hegemonia ideológica em torno de suas pautas.
Buscas pela brasilidade através do Nordeste no Globo Repórter (1970)
Kamilla Medeiros do Nascimento (UFRJ)
O presente trabalho faz parte de pesquisa de tese em desenvolvimento sobre a importância da região Nordeste na trajetória do cineasta Eduardo Coutinho. Para fins de análises dos processos fílmicos, esta comunicação pretende abordar outros diretores brasileiros que na década de 1970 migraram do cinema para a televisão. Que tipos de identidades nacionais o audiovisual estava buscando na época e por que o Nordeste, sobretudo, o sertão, continuava a habitar esse imaginário?

ST Cinema experimental: histórias, teorias e poéticas – 4

24/10 às 11h00
Toca Raul, Moreira, Pandeiro e Gal: os cine-encontros de Ivan Cardoso
Rodrigo Corrêa Gontijo (UEM)
Esta comunicação analisa, à luz da “pedagogia da encruzilhada” (Rufino, 2019) e da “imaginação percussiva” (Simas, 2019), os curtas “Raul Seixas – Sexo, Drogas e Rock n’ Roll” (1999), “Jackson do Pandeiro – A Brasa do Norte” (1977/2012), “Moreira da Silva” (1974), “Gal Fa-tal” (1971). Pretende-se investigar os processos criativos de Ivan Cardoso, que se mesclam à inventividade dos músicos e intérpretes retratados.
Recortes tropicalistas em Sentença de Deus (1972), de Ivan Cardoso
Frederico Franco (UNESPAR)
O presente trabalho trata-se de uma análise fílmica do filme Sentença de Deus, de Ivan Cardoso, a partir de sua relação estética e política com o movimento tropicalista – tanto na música quanto nas artes visuais. O objeto de estudo será contemplado a partir da leitura de textos de Celso Favaretto, Marcos Napolitano e Frederico Coelho, a fim de compreender como essa intersecção estética se coloca, também, como um ativo político frente à realidade dos anos 1960 e início da década de 1970.
O “acabamento de carrosserie” no cinema da Belair
Leonardo Esteves (UFMT)
Em um texto polêmico, escrito com a intenção de afrontar a classe cinematográfica e fazer uma revisão sobre seu trabalho e a Belair Filmes, Julio Bressane elenca algumas referências. Entre elas está Oswald de Andrade, um norteador obrigatório para se pensar o cinema empreendido pela produtora, e a expressão “acabamento de carrosserie”, extraída do Manifesto da poesia Pau Brasil. Esta comunicação pretende se deter nesta e em outras inserções oswaldianas no mesmo texto para meditar sobre a Belair.

ST Festivais e mostras de cinema e audiovisual – Mesa 4- Práticas curatoriais em mostras e festivais

24/10 às 11h00
Curadorias de filmes: seletivas e propositivas
Arthur Benfica Senra (IFB / UnB)
Parte da pesquisa de mestrado na UnB, esta investigação examina a curadoria em cinema, destacando sua natureza dual: propositiva e seletiva. Argumenta que a seleção de filmes é inerentemente propositiva, integrando-se à prática curatorial. Destaca o poder da curadoria em promover filmes e estimular debates, e enfatiza a importância da diversidade de profissionais envolvidos. Considerando que uma curadoria mais propositiva estimula um público ativo e contribui para o desenvolvimento do cinema.
Tendências curatoriais nos festivais de Cinema Negro na década de 2010
Lucas Honorato Cordeiro Contreiras Teles (UFRJ)
Esta pesquisa faz parte da dissertação em comunicação e cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É uma investigação do percurso do Cinema Negro brasileiro, de suas tendencias e influências na sua constituição como um campo cultural, com ênfase na década de 2010. Para tatear esse percurso, utilizamos a curadoria dos eventos de Cinema Negro no intuito de analisar as tendências tomadas e as eclosões no desenvolvimento do campo e sua relação com o cinema brasileiro como um todo.
É tempo de cura: processos de criação da Mostra Sertão Cinema Delas
Rúbia Mércia de O.Medeiros (UFC)
Esta proposta apresenta a prática de curadoria em sala de aula a partir da criação da Mostra Cinema Delas, que parte da experiência do ateliê de Filmes-Carta com mulheres nos assentamentos Recreio e Nova Canaã, em Quixeramobim-CE, em diálogo com o tempo da terra, da cura e do imaginário dessas mulheres, trabalhadoras rurais. Com o objetivo de articular contextos (políticos e estéticos) que atravessam o campo da realização e curadoria em comunidades que estão fora das práticas cinematográficas.

MESA 10 – Retomar e remontar: arquivos de maternidade na obra de Coutinho

24/10 às 11h00
Montar um arquivo coutiniano para nomear formas históricas de maternar
Roberta Veiga (UFMG)
A partir do acervo maior da filmografia de Eduardo Coutinho, propomos retomar personagens que manifestam a experiência materna em seus gestos e palavras, de modo a compor um arquivo de mulheres-mães. Refazenda da história do cinema e das mulheres, a lida das performances como arquivo busca pontuar os moldes e as singularidades, as diferenças e identificações, não só montando uma galeria de formas históricas determinantes na constituição da maternidade, mas as nomeando.
“A maternidade golpeada”: modulações de uma forma histórica
Cláudia Cardoso Mesquita (UFMG)
Junto ao potente arquivo de mulheres-mães que nos oferece a filmografia de Eduardo Coutinho, buscamos elaborar a experiência do que chamamos de “maternidade golpeada” – a separação forçada ou perda violenta dos filhos –, tal como performada e narrada por uma série de personagens, inscritas em diferentes filmes: Dona Djanira (Babilônia 2000), Marina D´Elia (Jogo de Cena) e Marta (A família de Elizabeth Teixeira), entre outras mulheres.
O CINEMA COMO ARQUIVO: a visibilidade de vivências femininas
Patricia Furtado Mendes Machado (PUC-Rio)
Diante da escassez dos arquivos quando tratamos da trajetória de Elizabeth Teixeira, e dos registros realizados por Eduardo Coutinho sobre a camponesa, nosso objetivo é indagar como os filmes podem ser pensados como um arquivo audiovisual que colabore para a construção da história de mulheres que não tiveram direito à memória. Mobilizaremos diferentes modalidades de arquivo – sensível, privado, institucional, performático – para pensar no arquivo fílmico como lugar de impressão de vivências.

ST Tenda Cuir – Sessão 3 – O que (co)move um cinema cuir

24/10 às 14h30
Contrassexualidade como motor fílmico: Orlando com Preciado e Ottinger
Ana Caroline de Almeida (UFPE)
Em ‘Orlando, minha biografia política’, o filósofo Paul B. Preciado faz uma leitura biopolítica do famoso romance de Virginia Woolf em um filme tecido nas costuras entre o texto literário e a sua própria “biografia política”. Há um gesto semelhante, mas ao mesmo tempo radicalmente diferente, em dois filmes-chave da diretora alemã Ulrike Ottinger: ‘Laocoonte e seus filhos’ (1973) e ‘Freak Orlando’ (1982). A comunicação se dá a partir da relação-ralação entre esses três filmes.
Materialidades transmasculinas em poéticas de animação, Adão Ciborgue
Bruna Teixeira Jacintho (UNB)
Nesta proposta pretende-se abrir uma reflexão sobre temas-chave das artes visuais, desde os estudos trans e queer, considerando os caminhos e processos percorridos na realização de minhas produções poéticas. Me interessa interrogar conceitos como textura, opacidade e corpo na aplicação de trabalhos em animação para videoinstalação. Esta discussão compõe Adão Ciborgue, projeto de pesquisa em desenvolvimento que objetiva investigar a subjetividade transmasculina na criação em Arte e Tecnologia.
Des/col(oniz)ando o velcro: modo de ver o cinema
Ramayana Lira de Sousa (UNISUL)Alessandra Soares Brandão (UFSC)
O objetivo é aprofundar uma proposição metodológica que chamamos de des/col(oniz)ando o velcro. Como o pensamos, o velcro é um modo de pesquisa, curadoria e crítica. Um pensamento, uma produção, uma crítica que rala. No movimento do velcro, um filme ativa o outro; é uma forma de ativar o inventário, já que a história do cinema tem sempre sido contada não apenas através de indivíduos heróicos, mas de filmes heróicos, únicos. O velcro é nossa ficção metodológica, um truque. Um truck. Um caminhão.

CI 14: Cinema de horror – Coordenação: Marcos Buccini Pio Ribeiro

24/10 às 14h30
A carne onírica: o body horror nas animações de Robert Morgan
Marcos Buccini Pio Ribeiro (UFPE)
O horror corporal, ou body horror, é uma subcategoria do horror que mergulha nas profundezas da indeterminação e do estranhamento que cercam o corpo humano, a partir de um estado ‘não natural’, ou não convencional. Neste trabalho, observamos como este subgênero é tratado na obra do animador Robert Morgan, e como as suas características se comportam em filmes animados sob o domínio da técnica do quadro a quadro com bonecos.
Encontre e aperte o Clicker: uma análise da série Alan Wake
Luiz Felipe Rocha Baute (UNICAMP)
A intenção será analisar as obras Alan Wake (2010) e Alan Wake 2 (2023) através de seus usos de convenções dos gêneros policial e horror. Investigando influências literárias e audiovisuais, apresentarei como os dois jogos propõem diferentes abordagens genéricas, empregando estruturas comumente associadas às narrativas de crime e aos thrillers de suspense para organizar suas mecânicas de jogo ao mesmo tempo em que promovem situações típicas do survival horror.
Narrativas de Medo e Resistência: O Cinema de Horror Negro através de
GIOVANA VERNILO MENDES (UAM)
Este estudo explora a contribuição de Jordan Peele ao cinema de horror, misturando crítica social e racial através de filmes como “Corra!”, “Nós”, e “Não. Não Olhe.”, e produções como “A Lenda de Candyman”. Ao analisar a obra de Peele, a pesquisa visa entender como ele constrói sua identididade no gênero horror, destacando questões de raça e violência, e entendendo sobre seu impacto no horror negro contempôraneo.

CI 9: Dispositivos e mise-en-scène – Coordenação: Maria Bogado

24/10 às 14h30
Reavaliações da noção de dispositivo a partir da análise do filme Eros
Maria Bogado (UFRJ)
O filme Eros (2024), de Rachel Daysi é feito a partir da montagem de imagens captadas a partir de um dispositivo: a diretora pediu a pessoas que filmassem suas “intimidades” em motéis. Esta apresentação busca comparar este filme com outros filmes do cinema brasileiro contemporâneo que também operam a partir de dispositivos. Com molhar impactado por teorias feministas, busca-se sublinhar como Eros apresenta uma mutação significativa no modo de apresentar o dispositivo.
Rabiscos para uma poética da mise en scène em realidade virtual
Marcelo Rodrigo Mingoti Müller (UNIFOR)
Este estudo investiga a construção da mise en scène na adaptação para a realidade virtual do texto teatral “Agreste – Malva Rosa”, de Newton Moreno. Concentra-se em aspectos da virtualidade que distinguem sua mise en scène, como a incorporação e manipulação de avatares, as especificidades da criação de espaços virtuais ficcionais e as interações entre corpos e avatares, articulando estratégias holísticas da criação com diálogos com autores do cinema, teatro e realidade virtual.
O fantástico e a relação espaço-tempo em filmes Potiguares
Maria Helena Braga e Vaz da Costa (UFRN)Veruza de Morais Ferreira (Sem vínculo)
A experiência estética da tradição cultural do Nordeste pode ser percebida pela reiteração estética e técnica de elementos na mise-en-scène nos filmes potiguares Lua de Fogo (Walfran Guedes, 2016) e Era Uma Vez Lalo (Wigna Ribeiro, 2017). Vinculando-os analiticamente ao enredo fantástico, sob a perspectiva Armorial dos filmes ficcionais produzidos no Rio Grande do Norte, esse trabalho discute sobre a estética plástica Armorial entendendo-a como ‘ferramenta-guia’.

ST Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual – Sessão 3: Gênero, roteiro e estrutura narrativa

24/10 às 14h30
O cinema de Elaine May: narrativas cartográficas femininas
Rebeca Franco Fonseca de Freitas (UFPel)
Este artigo pretende destacar os aspectos narrativos do cinema de Elaine May pela ótica cartográfica de Suely Rolnik (2016). Nos quatro filmes da diretora, O caçador de dotes (1971), O rapaz que partia corações (1972), Mikey e Nicky (1976) e Ishtar (1987), os protagonistas são homens, contudo, pretende-se jogar luz sobre as figuras femininas dessas obras. Sendo assim, investigam-se seus deslocamentos, a fim de criar um roteiro com escrita fabulatória dando protagonismo às personagens.
O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO DE VAL E SUA JORNADA ARQUETÍPICA FEMININA
Emiliano d’Avila (UFF)
Este trabalho examina o arco interno da protagonista de “Que horas ela volta?” – roteiro de Anna Muylaert – e suas implicações. Inicialmente, são pontuadas críticas às estruturas narrativas baseadas na Jornada do Herói e apresentadas estruturas relacionadas a aspectos “femininos”. Depois, relacionam-se o arco interno de personagem, as jornadas arquetípicas femininas e o conceito de individuação, de Jung. Então, o roteiro de Anna Muylaert é analisado, a partir da estrutura da Promessa da Virgem.
Refletindo sobre processos de criação: Dálmata
Andrea França Martins (PUC-Rio)
Apresentar o processo de realização do curta Dálmata (2024) que roteirizei e dirigi. Trata-se de um projeto selecionado em oficina do Cpdoc da FGV com apoio técnico e operacional da instituição. O curta é feito a partir do arquivo do ex-presidente militar Ernesto Geisel doado para o Cpdoc por sua filha Amália Lucy. Para esse S T, interessa refletir sobre a presença do cachorro pastor alemão e como ele age sobre a construção do roteiro e a relação que acabo por estabelecer com o arquivo Geisel.

PA 14 – Relatos de experiência com imagens e sons – Coordenação: Eduardo Tulio Baggio

24/10 às 14h30
Isolamentos – relato de experiência de poesia, montagem e confinamento
Annyela Gomes Rocha de Oliveira (UFPE)
Este relato de experiência descreve o processo de realização da videoarte experimental Isolamentos, feita no contexto de isolamento social. O relato traz as escolhas estéticas e teóricas que embasam a investigação de uma montagem vertoviana. A montagem experimental trabalhou com imagens de arquivo pessoal, um acervo de found footage, conceito debatido junto a referências estéticas como o trabalho das cineastas brasileiras Petra Costa e Letícia Simões.
Relatos de um Fotograma
LUCIANA BUARQUE (UFRJ)
A proposta dessa apresentação é expor uma análise de vários relatos recolhidos de pessoas, de diferentes origens e áreas de conhecimento, sobre um fotograma pré-selecionado, recortado do filme Sudoeste. Mais do que simplesmente descrevê-lo, o desafio propunha que manifestassem suas impressões e expressassem suas percepções sobre a imagem definida. Pretende-se apontar para as infinitas possibilidades discursivas e a multiplicidade de narrativas das várias vozes envolvidas na tarefa.
MULHER NEGRA, SOLTA TEU CABELO, TUA COROA E(M) VIDEODANÇA!
Patricia Silva da Ressureição (PPG – CINEAV)
A comunicação tem o objetivo de explanar sobre o processo de criação da videodança Meu cabelo, minha coroa, não toca (2024), fruto de meu projeto de pesquisa no Mestrado Acadêmico em Cinema e Artes do Vídeo (PPG-CINEAV-Unespar), a partir da premissa que sustenta o ‘conteúdo’ audiovisual: a vivência e representatividade das mulheres negras, especificamente, a relação com seus cabelos. A metodologia parte da Crítica de Processo (Salles, 2013) e de revisão bibliográfica sobre o campo da videodança.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil. – Sessão 3: O papel e o futuro da distribuição: táticas e estratégias de circulação

24/10 às 14h30
O papel da distribuição na política e na economia audiovisual nacional
Felipe Lopes (ESPM-Rio)
Historicamente, a proposta de uma política integrada entre os diferentes elos da cadeia econômica não demonstra um aparente equilíbrio entre produção, distribuição e exibição. Este trabalho tem a distribuição como foco a análise histórica dos investimentos em distribuição, incluindo regras para utilização de recursos e os resultados; e o estudo de caso de como a distribuição é planejada e executada, com atenção especial ao orçamento de comercialização e avaliação do retorno sobre o investimento.
FAÇA VOCÊ MESMO, UM OLHAR SOBRE A AUTODISTRIBUIÇÃO NO BRASIL
ROGÉRIO ZAGALLO CAMARGO (UFSCAR)
“Faça você mesmo”, a autodistribuição: Escolha ou falta de opção? Solução ou sinal de um problema? Um olhar sobre a autodistribuição, quando a produtora vira distribuidora de seu próprio filme, analisando os lançamentos de longas nacionais em sala de cinema de 2009 até 2019. Período marcado por um número crescente de emissões de CPB e lançamentos de filmes brasileiros que partiram de 84 filmes e 163 CPB emitidos, em 2009, chegando até 182 filmes e 387 CPB emitidos, em 2018.
Distribuição de filmes no Maranhão: o percurso ao longo do século XXI
Andréia de Lima Silva (UFF)
No Maranhão, o século XXI marcou a entrada da produção de longa-metragem de ficção e, com isso, a inserção desses filmes no circuito das salas de cinema. Foram 15 produções distribuídas comercialmente. No segmento distribuição, identificamos que o tipo que dominou nesse mercado foi a distribuição própria, realizada informalmente (sem registro das obras). Entre as distribuidoras independentes, que operam nacionalmente, destacamos a atuação da Lume Filmes e a entrada da O2 Play e da Elo Company.

CI 5: Montagem: articulações, regimes e formas – Coordenação: Virginia Osorio Flores

24/10 às 14h30
MONTAGEM/EDIÇÃO AUDIOVISUAL: articulações, regimes, formas
Virginia Osorio Flores (UNILA)
A montagem audiovisual é sem dúvida um dos procedimentos mais específicos do cinema. Neste estudo inicial, interessam-nos os filmes que fazem uso de material de arquivo, mesclados com planos produzidos por seus autores, mas não usados de forma hierática, como nos filmes de compilação (WESS,1993). Selecionamos dois filmes que indicam que a forma de uso dos materiais de tem mudado. São eles: Eami (2022) de Paz Encina e La última huella (2001) de Paola Castillo.
Vorkapich: a “sequência de transição” na montagem brasileira de ficção
Vinicius Augusto Carvalho (ESPM-Rio)
O cineasta Slavko Vorkapich (1894-1976) foi pioneiro na realização de “montage sequences”. A “sequência de transição”, como pode ser traduzida, explora o potencial visual e expressivo dos planos e efeitos de transição em busca de uma linguagem dinâmica. A partir de um levantamento em 235 longas-metragens brasileiros de ficção, esse estudo revela tendências e características estruturais e estéticas relacionadas ao uso desta técnica e propõe um debate sobre o uso deste recurso no cinema nacional.
O cinematógrafo de Bresson, a repetição, o real e o trauma.
Juliana Froehlich (Sem vínculo instituc)
Este trabalho propõe pensar o quadro, a montagem e os modelos bressonianos a partir das noções de repetição e real no Seminário 11 de Lacan. O cinematógrafo de Bresson é marcado pelas suas escolhas formais. Como método para secar o drama, Bresson fazia com que seus modelos repetissem o texto até que a fala ficasse mecânica e o modelo se tornasse um ‘autômato’. Tais escolhas estéticas apontam uma tentativa de transmitir aquilo que “manca” como diz Lacan (1964), transmitir o encontro do real.

CI 4: Paisagens sonoras – Coordenação: Gerson Rios Leme

24/10 às 14h30
Paisagem Sonora e efeitos sonoros em audiovisual.
Gerson Rios Leme Gerson (UFPel)
Este artigo propõe um caminho metodológico inicial para a criação de efeitos sonoros para filmes ligado ao campo da paisagem sonora, potencializando a força narrativa do áudio, a partir de aportes teóricos (Chion, 2011; Beauchamp, 2013) e a adaptação de práticas da educação sonora (Schafer, 2009), elucidando particularidades do material sonoro para, posteriormente, enriquecer a relação deste com a parte visual.
Palavras-chave: filmes; paisagem sonora; efeitos sonoros
Cara a cara: o contexto sonoro no filme de estreia de Júlio Bressane
Manoel Adriano Magalhães Neto (USP)
A construção sonora em “Cara a Cara”, primeiro filme do cineasta carioca Júlio Bressane, conjuga a trilha sonora original à música pré-existente, em um ambiente de proximidade entre os materiais. O objetivo deste trabalho é identificar o uso da música pré-existente, analisar o mesmo em relação à obra fílmica e ainda discutir o contexto musical utilizado no longa-metragem como um todo, abordando ainda o trabalho do compositor Sidney Waismann.
Da ocupação à demarcação artística na construção de diversidade sonora
camila machado garcia de lima (Uff)
Este trabalho apresenta o processo do projeto Sonário em territórios ocupados pelo MST. Os movimentos camponeses, ao ocupar um latifúndio, transformam sonoramente o campo brasileiro, a política e a sociedade. O projeto Sonário realizou gravações de campo, sensibilização para a escuta e propôs instalações sonoras, como forma de reverberar e ressoar as diversas sonoridades para além dos territórios. Noções dos estudos de som e de território farão parte da análise do sonoro enquanto política.

ST Cinemas decoloniais, periféricos e das naturezas – Sessão 3

24/10 às 14h30
A Amazônia como Faroeste: Grileiro e Indígena na produção documental
CAIO SANTOS (UFMG)
A partir da análise dos documentários recentes, este estudo faz um mapeamento exploratório do imaginário em torno dos conflito agrários e do desmatamento ilegal mobilizados pela ascenção de Jair Bolsonaro à presidência. Inspirado no método da montagem de Georges Didi-Huberman (2011), buscamos um saber diferencial sobre processos econômicos, ambientais e sociais. Os filmes revelam que a violência contra povos e a negação de saberes indígenas é o que viabiliza a devastação ambiental na Amazônia.
“Não consigo respirar”: o olhar oposicional e a restituição do corpo à
Roberto Robalinho Lima (UFRJ)
Propomos uma remontagem das peças do assassinato de George Floyd e dos protestos do Black Live Matters na primavera / verão de 2020 nos EUA. Como, a adolescente Darlene Frasier, ao gravar o assassinato de Floyd, desarranja uma visualidade hegemônica, racial e colonial? De que forma, atomiza uma experiência sensível, restituindo o corpo à palavra? Mais do que expor a violência racial, propomos que a imagem de Floyd, atualiza um devir negro reivindicando o “direito universal em respirar”.
Homens-quatis, folhas, gaviões: vidas multiespécies no cinema Maxakali
Ana Carolina Sampaio Coelho (UNIRIO)
O trabalho investiga como fundamentos importantes da cosmovisão dos maxakali são apresentados no filme “Yãmíy” (2011), com especial relevância para a presença das vidas-não humanas e sua importância na orientação dos modos de viver em comunidade. Nos interessa observar como os yãmíys, nas figuras de animais como onça, javali e peixes ou ainda como os rios, folhas e animais surgem no filme como espécies companheiras, compondo uma reunião multiespécies, próximo às possibilidades de convivência apo

CI 42: Imaginários políticos no cinema brasileiro – Coordenação: Beatriz Andrade Stefano

24/10 às 14h30
A performance das gasolineiras em Mato seco em chamas (2022)
Beatriz Andrade Stefano (USP)
A partir da indeterminação entre as experiências vividas e as imaginadas (BRASIL, 2011) buscaremos empreender uma análise sobre a poética do longa-metragem Mato seco em chamas (Adirley Queirós e Joana Pimenta, 2022) a partir da construção das personagens, as gasolineiras de Ceilândia/DF, explorando o corpo que performa uma relação liminar entre o real e a ficção. Nossa hipótese é que a narrativa se organiza nos encontros e desencontros destes corpos construídos e performados.
A cidade dos abismos: Alegoria, visibilidade e resistência
Ricardo Tsutomu Matsuzawa (USP/UAM)
A comunicação tem por objetivo discutir o filme: A cidade dos Abismos (2021) de Priscyla Bettim e Renato Coelho. Em sua fabulação aponta para a indignação e a resistência frente a desumanização e a invisibilidade imposta a uma parcela marginalizada da sociedade que não se adequa a um status quo conservador e preconceituoso. Filmado apenas em película com a utilização de bitolas 35 mm, 16 mm e 8 mm. Alegoricamente monumentaliza referências ao cinema marginal, udigrudi, o cinema da invenção.
Cinema brasileiro aborda a prisão
Lucas de Andrade Lima Britto (UERJ)
A comunicação analisa o potencial do cinema em abordar o cárcere, focando em obras brasileiras contemporâneas como “Carandiru” e “O prisioneiro da grade de ferro”. Trás para discussão também a divisão entre documentário e ficção, buscando identificar a construção de um audiovisual não autoritário e aponta para o cinema como meio de produzir uma leitura abolicionista do sistema prisional.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 3 – Decolonialidades e Alteridades

24/10 às 14h30
Matadores ao Redor de Bacuraus: Subversões e Alteridades no Cinema BR
RODOLFO NONOSE IKEDA (UFBA/UFMS/PFC)
Esta pesquisa analisa a repetição de regimes discursivos da subalternidade pelo cinema
brasileiro contemporâneo nas décadas de 1990 e 2010, tendo como aporte teórico-crítico os
Estudos do Cinema Brasileiro, Culturais e Subalternos. Parte-se da ideia de que filmes como Os
Matadores (BRANT, 1997), O Som ao Redor (MENDONÇA, 2013) e Bacurau
(MENDONÇA e DORNELLES, 2019), (re)inventam as fronteiras e bordas do país, criando possibilidades de subversão dos discursos, poderes e estéticas dominantes.
A colonialidade do ver e as imagens-arquivo: reflexões
Eliany Salvatierra Machado (UFF)
O presente texto tem por objetivo apresentar parte da pesquisa que tem como tema a perspectiva decolonial e suas contribuições na formação do/a educador/a audiovisual dentro da relação cinema-audiovisual-educação. A questão que orientou o estudo é: até que ponto o conceito de colonialidade do ver pode ser apropriado pelos/pelas educadores audiovisuais nas práticas pedagógicas na Educação Básica? O estudo passa pelo grupo Modernidade/ Colonialidade (M/C) e pela pesquisa de Joaquín Barriendos.
Esto sí es América: decolonialidade em videoclipes
Eduarda Andréa Barbosa Campos (UFF)
Os videoclipes, enquanto produtos de uma interseção entre o audiovisual e a música, não estão alheios ao contexto cultural da época de sua produção. Desta maneira, é possível identificar o viés estético decolonial em peças audiovisuais desta espécie produzidas na década atual e na que a antecedeu. Esta comunicação diz respeito à análise de três videoclipes de músicas interpretadas por artistas latino-americanos.

ST Estética e teoria da direção de arte audiovisual – Sessão 2

24/10 às 14h30
A Cenografia e o Espaço Cênico Visual na novela Avenida Brasil
flavia yared rocha (ufrj)
O presente artigo trata do lugar da Cenografia na construção do espaço cênico visual de um programa de dramaturgia diária na TV Globo. Como caminho para este estudo, pretende analisar e descrever, a partir da novela Avenida Brasil, exibida em 2012, o papel dos profissionais que compõe a equipe artística na ausência da abordagem unificadora da espacialidade e visualidade da obra que é comumente criada pelo Diretor de Arte.
Processos da direção de arte: Rodrigo Martirena em a A Vida Invisível
Aricia de Oliveira Machado (UNESPAR)Fábio Jabur de Noronha (UNESPAR)
O trabalho expõe e analisa o processo do diretor de arte Rodrigo Martirena no filme A Vida Invisível (2019) dirigido por Karim Aïgnouz. Leva em consideração as soluções propostas por Martirena, contadas em entrevista inédita, frente a limites orçamentários. É possível, então, identificar a capacidade e o trabalho de storytelling do diretor de arte, que precisou, sobretudo, entender a narrativa e seus personagens para, não só, dar suporte à ela, mas acentuar seu caráter envolvente.
A Visualidade Amazônica no Filme Essa Cidade Se Esqueceu Como Planta
Beatriz de Oliveira Fonseca (UFPA)
O presente trabalho busca promover algumas reflexões acerca do processo de direção de arte do curta-metragem paraense “Essa Cidade Se Esqueceu Como Planta” (dir. Mayara Sanchez, 2024) partindo do olhar da pesquisadora/diretora de arte e dos aspectos que envolvem a construção de uma visualidade amazônica, utilizando os conceitos de atmosfera e espacialidade fílmica.

ST Cinema Comparado – Sessão 3 INQUIETAÇÕES

24/10 às 14h30
O enigma do invisível: o imaterial na primeira teoria do cinema
Mariana Dias Miranda (UFRJ)
O cinema sempre teve sua ontologia assombrada pelo paradoxo da expressão das dimensões afetivas invisíveis e imateriais através de sua forma. Contrapondo a ênfase atual ao aspecto “novo” da teoria afetiva, propõe-se recuperar a problemática dos afetos e das noções de Atmosfera, Umwelt e Stimmung em teóricos dos primórdios do cinema como: Lotte Eisner, Béla Balázs e Jean Epstein. Busca-se, com isso, as possibilidades de atualização e aplicação conceitual destes teóricos no cinema contemporâneo.
O automatismo fotográfico em André Bazin e Stanley Cavell
Hermano Arraes Callou (UFRJ)
Esta comunicação pretende comparar a problematização do automatismo fotográfico em André Bazin e Stanley Cavell. A sugestão de Bazin de que a originalidade do cinema deve ser procurada na gênese automática do suporte fotográfico é seguida por Cavell, que reconstrói a questão de maneira teórica e metodologicamente distinta, revisando em nova chave temas bazinianos: a identidade ontológica entre imagem e modelo, a fantasia de ver o mundo de fora da subjetividade e a ausência do humano no cinema.
A casa dos caminhos que se bifurcam: um cronotopo inquietante
Lucas Bastos Guimarães Baptista (Sem vínculo)
Propomos aqui o cruzamento de dois conceitos – o cronotopo (Bakhtin) e o inquietante (Freud) – para analisar um conjunto de filmes. Mais especificamente, propomos que o cronotopo do hotel no cinema tende a representar o inquietante por meio de certas figuras de linguagem. Em filmes de épocas variadas, notamos a recorrência de duplos e repetições; o deslocamento de nomes, tempos e pontos de vista; a confusão entre realidade e imaginação.

CI 17: Memória e história de cinemas regionais – Coordenação: Rodrigo Capistrano Camurça

24/10 às 14h30
Cartografias audiovisuais do Cariri cearense
Rodrigo Capistrano Camurça (UFCA)
A comunicação apresenta os resultados das pesquisas em cinema desenvolvido pelo grupo Observatório Cariri de Políticas e Práticas Culturais (UFCA). Iniciamos o percurso com o mapeamento da produção cinematográfica desenvolvida no Cariri cearense; em seguida, estabeleço relações entre os espaços de formação e as condições que possibilitaram o surgimento de uma nova cena local; por fim, apresento os estudos em andamento de criação do Curso de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal do Cariri.
Cinema e Neorrealismo na Bahia: a formação do Ciclo Baiano de Cinema
Euclides Santos Mendes (UESB)
Este estudo investiga o diálogo do Neorrealismo com o Ciclo Baiano de Cinema (1959-1964). Em tal contexto, foi decisivo o trabalho do crítico Walter da Silveira ao fundar o Clube de Cinema da Bahia, em 1950, e ressaltar a importância social de filmes neorrealistas italianos. A partir da ambiência cineclubista e sociocultural em Salvador nesse período, surgiram filmes que dialogam com o ideário neorrealista, como “A grande feira” (1961), de Roberto Pires, e “Barravento” (1962), de Glauber Rocha.
O monumento ao exibidor Arthur Rockert e sua função memorial
Tiago Bravo Pinheiro de Freitas Quintes (UFF)
O presente trabalho, a partir de um monumento em homenagem ao exibidor Arthur Rockert, falecido em 1910, em Campos dos Goytacazes – RJ, busca entender se permanece na memória coletiva campista traços das atividades exercidas nos primórdios do cinema. O objetivo é detectar a permanência, ou ausência, de informações sobre o ofício de Arthur Rockert e sua família (Empresas Rockert), para dessa forma analisar se a função primordial do monumento centenário ao Rockert permanece sendo cumprida.

CI 10: Políticas do audiovisual: circulação e exibição – Coordenação: Osvaldo Bruno Meca Santos da Silva

24/10 às 14h30
Entre poltronas e telas: a Móveis CIMO S.A. e o mercado exibidor
Osvaldo Bruno Meca Santos da Silva (UFPR)
A partir de uma abordagem da história do cinema acerca de seus espaços (salas de exibição) e a tecnologia empregada (de forma específica, o mobiliário), busco analisar a contribuição da Móveis CIMO S.A., uma das principais fornecedoras de poltronas de cinema do Brasil, entre as décadas de 1940 e 1960, em anúncios publicitários e notícias presentes no Semanário Cinematográfico Cine-Repórter, publicação especializada em cinema e que a Móveis CIMO S.A. manteve uma relação densa de negócios.
Cine Globo: a construção de uma rede exibidora no interior do Brasil
Christian Jordino Antonio Ferreira Alves da Silva (FCA/UFMT)
Este trabalho pretende refletir sobre o processo de formação da rede Cine Globo Cinemas, uma companhia exibidora, de administração familiar, com salas dispostas em cinco cidades do interior do Rio Grande do Sul, e como as transformações tecnológicas ocorridas no parque exibidor brasileiro, particularmente a adoção do sistema Digital, como formato de exibição, na década de 2010, contribuíram para a posterior expansão da rede, além de observar as relações da gestão com o poder público.
Construir com o vento – leis emergenciais para audiovisual em Sergipe
Luzileide Silva (IFS)
Através de dados do Observatório Audiovisual de Sergipe, esta análise propõe traçar observações sobre as transformações e as tentativas de estruturação do setor audiovisual no estado de Sergipe a partir da aplicação de políticas públicas das Leis Emergenciais LAB e LPG.

CI 6: Arquivo e experiência cinematográfica – Coordenação: Tomyo Costa Ito

24/10 às 14h30
A catalogação na Cinemateca Brasileira e a pesquisa em arquivos
Tomyo Costa Ito (ECA-USP)
Esta comunicação aborda a catalogação a partir da perspectiva da pesquisa em arquivos, considerando minha experiência de trabalho na Cinemateca Brasileira, durante o ano de 2023. Darei um relato dos principais aspectos que envolveram as atividades de visionamento, pesquisa e catalogação dentro do projeto Nitratos da Cinemateca Brasileira. Por fim, abordarei como essa experiência está sendo aplicada na pesquisa de mais de 100 materiais que compõem os arquivos da propaganda do Khmer Vermelho.
(Re)montagens da História – Apropriações no Estado Novo de Vargas
Sayd Mansur (UFRJ)
Buscamos a partir de uma experiência teórico e prática, destacar os métodos de criação junto aos seus limites éticos diante da ressignificação de arquivos audiovisuais no cinema de compilação. Deste modo, utilizaremos parte do material produzido durante o Estado Novo (1937-1945) pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), a fim de problematizar o uso de arquivos públicos para reconstituição de novos pontos de vista sobre nossa História.
Noticiero ICAIC e a construção de um socialismo caribenho
Tainá Carvalho Ottoni de Menezes (UFF)
O presente trabalho faz parte da pesquisa para a tese de doutorado realizada no PPGCINE-UFF, sobre os arquivos do Noticiero ICAIC Latinoamericano. Busca-se, à luz do método de Sylvie Lindeperg, associado ao pensamento constelar de Walter Benjamin, observar a construção de um discurso fílmico em defesa da adoção do socialismo pela Revolução Cubana, a partir da retomada e montagem de imagens de arquivo na edição nº 495 (1970), dedicada ao centenário de Vladmir Lênin.

ST Tenda Cuir – Sessão 4 – Bichas-criaturas

24/10 às 16h30
Por onde andam meus fantasmas? Fantasmagorias e sobrevivências.
Diego Paleólogo (UERJ)
“Por onde andam meus fantasmas? ” é uma provocação. Nas ruínas da representação, das metáforas e alegorias no audiovisual, especular sobre o estatuto de uma possível e fugidia fantasmagoria /queer/ em um certo cinema de horror. Principais aportes teóricos: Jack Halberstam, Paul Preciado, Susan Buck-Morss, Walter Benjamin, Carol J. Clover, entre outras entidades que se manifestam nessas sessões. Trata-se da continuidade de elaborações que vinculam as pesquisas acadêmicas às experiências pessoais.
Uma conspiração homossexual: os animais mitológicos do Gryphon Group
Haroldo Ferreira Lima (USP)
O trabalho lê o Notebook (1963) de Marie Menken como um caderno de artista que oferece a oportunidade de ensaiar sobre as articulações sexuais e artísticas do The Gryphon Group no pós-guerra americano. Parto da ideia conspiração homossexual (Mekas, 1955) para ajudar a traçar a contínua, irreversível e pouco narrado protagonismo da experiência queer para a formação e o desenvolvimento do Novo Cinema Americano.
“Estou todo almodovaricado”: a estética camp em Manual para melodrama
Carla Miguelote (UNIRIO)
Paródia dos livros de autoajuda, Manual para melodrama, de Ricardo Domeneck, apresenta sete lições sobre como reagir ao ser abandonada(o) e substituída(o) na esfera amorosa. Para cada uma das lições, o poeta indica um filme ou uma cena fílmica que ajude a(o) leitor(a) a compreender o método em questão (de adaptações fílmicas da Medeia, de Eurípides, à Carne trêmula, de Almodóvar). Propomos uma abordagem do livro em diálogo com o que Susan Sontag, em ensaio de 1964, chamou de sensibilidade camp.

PA 8 – Horror em face, cor, tempo e produção – Coordenação: Laura Loguercio Cánepa

24/10 às 16h30
As insólitas figuras do “perpetrador” e do “porão” em “E agora, José”
Victor Guimarães Loturco (Unicamp)
“E agora, José?” é um filme renegado pela crítica e academia, havendo algumas poucas tentativas de análises mais profundas que sua nomeação como “esquisito pornodrama pseudo-engajado”. Propomos analisar os aspectos insólitos das figuras do perpetrador e do “porão da ditadura”, nesse filme. Essa análise busca evidenciar diferentes caracterizações que abrem o escopo dessas figuras tão suscitadas para compreender-se a violenta repressão política no passado ainda latente da ditadura no Brasil.
No fundo do poço: Ringu (1998) e a paranormalidade monstruosa
Luiz Felipe Salviano (UERJ)
Este trabalho consiste em uma leitura do filme japonês Ringu, de 1998, centrando-se na vilã Sadako e em seu caráter não normativo e transgressor. Busca-se interpretar a figura da onryö (espírito feminino vingativo) como um tipo de monstro presente na cultura pop contemporânea, à luz das definições de monstro dadas por Noël Carroll (1999), Ieda Tucherman (1999) e Barbara Creed (1993). Almeja-se, assim, compreender como essa figura aparece na cultura popular, suas origens e implicações sociais.
RZP Filmes, uma entrevista com Joel Caetano e Mariana Zani
Matheus Maltempi Munhoz (UNICAMP)
Este apresentação gira em torno de uma entrevista feita com o casal, Joel Caetano e Mariana Zani, fundadores da RZP Filmes, produtora de filmes de terror independente situada em São Paulo. Este trabalho ajuda a compreender o surgimento de produtoras como a RZP Filmes, e como os dois artistas conseguem trabalhar com audiovisual no Brasil e tornar essa, uma atividade autossuficiente.

CI 44: Atravessamentos entre cinema e literatura – Coordenação: MARCELA DUTRA DE OLIVEIRA SOALHEIRO CRUZ

24/10 às 16h30
Relações intertextuais entre Frankenstein e Pobres Criaturas
MARCELA DUTRA DE OLIVEIRA SOALHEIRO CRUZ (ESPM – Rio)
Este trabalho surge de uma inquietação que é parcialmente produzida pela pesquisa desenvolvida na minha tese de doutorado intitulada Adaptação literária na cultura da convergência: Clássicos e memória cultural, defendida em 2022, e renovada pelo encontro com o filme Pobres Criaturas (2023) dirigido por Yorgos Lanthimos e adaptado de um romance homônimo, publicado em 1992 e escrito por Alasdair Gray em um processo intertextual com a obra Frankenstein ou o Prometeu Moderno (1818), de Mary Shelley.
Estrangeiridade, desalento e absurdo em O Estrangeiro, de L. Visconti
Beatriz Alcici Pelegrini (UTP)
Em O Estrangeiro, romance de Albert Camus, a estrangeiridade é sintoma da condição humana. Também encontramos a sintomática ligada à estrangeiridade em O Estrangeiro, filme de Luchino Visconti baseado em Camus. O desalento do personagem Meursault seria a condição do sujeito no pós-guerra que, forçado ao apagamento de si, viveria aprisionado na condição do absurdo? Conteria o filme de Visconti resquícios de suas intenções não plenamente realizadas na demonstração da condição de estrangeiridade?
Contagem Transfer: A Vizinhança do Tigre e o romance coletivista
Pedro Oliveira G. de Arruda (Unesp)
Este trabalho compara a forma do filme A Vizinhança do Tigre (2012) com a forma coletivista dos romances do escritor John dos Passos, citado pelo diretor Afonso Uchôa como uma influência para o filme. Com base na análise da cítrica literária Barbara Foley (1993), exploramos como o filme incorpora a ideia de que o todo é maior que a soma de suas partes, chama a atenção para o artificio narrativo e estabelece vínculos documentais.

ST Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual – Sessão 4: Ferramentas narrativas: atmosfera, temporalidade e oralidade

24/10 às 16h30
Atmosfera, tensão e estrutura nas dizis turcas
CAROLINA OLIVEIRA DO AMARAL (PUC-Rio)
Esta comunicação relaciona atmosfera e tensão narrativa. A ideia é mostrar como a construção da atmosfera é uma ferramenta narrativa que por vezes encosta na noção de tensão: uma atmosfera romântica pode ser carregada de tensão erótica e ambas trabalham com estratégias sensoriais. O objeto de análise serão dizis turcas, um formato elástico, cujos longos episódios semanais podem se estender por anos ou serem cancelados, mostrando que tensão e atmosfera influenciam também na estrutura da história.
Marcas de sensações de temporalidades na escrita do roteiro
Gustavo de Souza Araujo (PPGCINE-UFF)
Este estudo examina o roteiro de filmes brasileiros contemporâneos, com foco em marcas textuais de temporalidades e como elas são refletidas para a imagem em tela. Verbos e advérbios podem influenciar a interpretação da cadência de uma ação através do significado das palavras. Em Temporada (2018), de André N. Oliveira, buscamos dar continuidade às análises da pesquisa para compreender se o roteiro do longa antecipa sensações de ritmo em algumas cenas.
A Escrita do Iauaretê: oralidade expandida por narrativa alagmática XR
CARLOS FEDERICO BUONFIGLIO DOWLING (UFPB)
A presente comunicação propõe uma análise com a aplicação do conceito de Narrativa Alagmática (Dowling, 2022), a partir dos processos de criação do projeto da série ficcional multiplataformas ANIMA LATINA, com especial atenção ao desenvolvimento do roteiro prototípico do filme-instalação em Realidade Estendida (XR) MEU TIO O IAUARETÊ (2022-24024), livre adaptação do conto homônimo de João Guimarães Rosa.

CI 32: Cinema contemporâneo e experiência estética – Coordenação: NINA VELASCO E CRUZ

24/10 às 16h30
Rosto e rostidade em Perfect Days
NINA VELASCO E CRUZ (UFPE)
Perfect Days (2023), de Wim Wenders, será analisado aqui, a partir do que tem sido alvo de críticas, mas também é visto como seu grande trunfo: a centralidade do protagonista no filme e o silêncio praticamente constante do mesmo. Para tal, buscaremos tratar da maneira como o filme coloca o rosto como um elemento central em sua construção estética, resgatando a importância desse elemento no cinema (AUMONT, 1993), assim como os conceitos imagem-afeção e rostidade (DELEUZE, 1996).
Crise do corpo e do sensível em Vive L’amour, de Tsai Ming-Liang
RODRIGO CORREA DA FONSECA (UFF)
Esta proposta de comunicação persegue a hipótese de que Vive L’amour (1993), de Tsai Ming-Liang, põe em cena uma crise do corpo que é central para o pensamento acerca do contemporâneo se o pensamos em termos de uma ambivalente continuidade e ruptura com o motivo cartesiano da supressão da corporalidade concreta como cerne da vida humana. Para tanto, recuperamos as ideias de Hans Ulrich Gumbrecht, especialmente suas obras “Produção de Presença” (2010) e “Nosso amplo presente’’ (2015).
James Benning: arte conceitual e experiência empírica
Paula Mermelstein Costa (UFJF)
Investiga-se, aqui, a natureza dual de grande parte dos filmes de James Benning, a partir das relações que estabelece com procedimentos da arte conceitual e do cinema estrutural, e conexões com obras de outros artistas como Andy Warhol e Ed Ruscha. Embora fundamentados em disposições seriais de imagens e jogos com palavras, os filmes de Benning pedem um comportamento quase contrário por parte do espectador; um olhar atento às particularidades de cada imagem e uma experiência empírica.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil. – Sessão 4: Trabalho, relações de trabalho, modelos de produção

24/10 às 16h30
Contratos, capitais e projetos: estruturando relações de trabalho
Debora Regina Taño (UNIRIO)
O trabalho tem por objetivo entender as relações entre empresas produtoras e profissionais de diferentes atividades da realização de filmes, com foco nas formas de contratação e seleção. Investiga-se aqui além das formas mais comuns, as diferenças nas relações de acordo com a função exercida. Para tanto, o estudo se vale de uma survey com produtoras brasileiras de longas-metragens e análises quantitativas e estatísticas, a partir das quais alguns pontos sobre o tema são elucidados.
Os trabalhadores do audiovisual no Brasil e as políticas culturais
Bruno Casalotti Camillo Teixeira (UNICAMP)
O presente trabalho tem como intuito abordar o problema das políticas culturais para o audiovisual no Brasil a partir da perspectiva dos seus trabalhadores. Buscamos responder à seguinte pergunta: como que essas políticas são percebidas por sujeitos que atuam de maneira subordinada em ambientes de produção e de pós-produção de obras audiovisuais? Para isso, buscaremos expor dados qualitativos obtidos através de entrevistas semiestruturadas realizadas com indivíduos representativos desse recorte.
Política pública distributiva como indutora de originalidade estética
Samantha Ribeiro de Oliveira (PUC Rio)
A comunicação percorre os estudos de diversos autores em busca de um nexo causal entre as políticas públicas setoriais para o audiovisual, adotadas nas primeiras duas décadas do século XXI, e o surgimento, a partir dos anos 2010, de novas “poéticas dramatúrgicas relacionais”, em lugares improváveis como Contagem – MG e Cachoeira – BA, sedes respectivamente, das produtoras Filmes de Plástico e Rosza Filmes, que desenvolvem uma filmografia popular, porém não massificada e, portanto, decolonial.

MESA 11 – A montagem audiovisual contemporânea: entre telas e além das telas

24/10 às 16h30
Presenças e aproximações: possibilidades no documentário expandido
João Cláudio Simões de Oliveira (JC Oliveira) (UFF)
Desde o início do cinema, a câmera foi instrumento de apreensão de outras realidades e a montagem da imagem e do som uma linguagem de aproximação. Atualmente, obras filmadas com a tecnologia de vídeo 360°, também conhecida como cinematic VR, contribuem para a criação de novas relações de aproximação, especialmente através do entendimento do espectador como presença corpórea. Ao trazer o público para dentro da obra, criam-se novas possibilidades de montagem e de aproximações.
Na terra de José Ninguém com Rosângela Rennó: (des)/(re)construção
Fernanda Bastos Braga Marques (UFRJ)
O presente artigo propõe analisar o papel da montagem audiovisual associada à montagem espacial na construção da videoinstalação Terra de José Ninguém, de Rosângela Rennó (2021), que trata de questões individuais e coletivas do Brasil contemporâneo. A obra é composta por quatro foto-filmes exibidos em dois pares em telas dispostas em eixos cruzados. Às imagens soma-se o áudio emitido por cinco fontes sonoras distribuídas pelo ambiente expositivo, dissociadas da localização das telas.
O filme Ressaca, de Bruno Vianna: a montagem em tempo real e ao vivo
Maria Gabriela Capper (UFF)
Este artigo apresenta uma análise do filme Ressaca (2008), de Bruno Vianna, um longa metragem de ficção não-linear montado em tempo real, ao vivo, através da Engrenagem, uma interface para edição de cinema ao vivo. Para adensar os entendimentos sobre a montagem de Ressaca foram convocados os pensamentos de Jeffrey Shaw (2009) acerca da noção de interatividade no cinema digitalmente expandido, e de Karen Pearlman (2019) sobre o ritmo na edição de filmes e a montagem como um processo coreográfico.

CI 30: Estética e política de extremismos no cinema – Coordenação: Andreson Silva de Carvalho

24/10 às 16h30
O interesse pelo ambiente sonoro em Zona de Interesse
Andreson Silva de Carvalho (ESPM Rio)
O ambiente sonoro tem sido uma das estruturas mais relegada pelo cinema contemporâneo, principalmente, o hegemônico hollywoodiano. Aumenta a cada ano o número de filmes que cria suas narrativas em espaços sonoros totalmente neutros e silenciosos, que não interferem na percepção espacial dos espectadores, nem contribuem com a narrativa a ser contada. Nesta contramão, surge o filme vencedor do Oscar de Melhor Som em 2024, tirando o ambiente de segundo plano e concedendo-o protagonismo narrativo.
ZONA DE INTERESSE: cartografia comparada de uma paisagem arquipélago
Monica Rodrigues Klemz (UFF)Gustavo Godinho Benedito (PUC-Rio)
O filme Zona de Interesse, de Jonathan Glazer, 2024, livre adaptação do livro homônimo, de Martin Amis, 2015, permite a associação das ações da família Höss, dentro da Zona de Interesse, com a paisagem da lenda rural medieval Schlaraffenland. Através de uma análise comparada cartográfica das intertextualidades, na concepção dessas paisagens, espera-se criar novas escalas de percepção, através das complexas aproximações levantadas entre o Outrora e o Agora, numa temporalização das imagens.
JUDEU NAZISTA? As contradições da personalidade autoritária no cinema
Victor Finkler Lachowski (PPGCOM-UFPR)
Esta pesquisa realiza uma investigação das contradições da personalidade autoritária a partir da obra “The Believer” (2003), cujo protagonista é um neonazista de ascendência e vivência judaica. Utiliza-se teoria crítica do fascismo, neonazismo e da personalidade autoritária, sobretudo pelo viés frankfurtiano, e a metodologia crítico-imanente para assim nos revelar como o cinema aborda tais ideias.

ST Cinemas decoloniais, periféricos e das naturezas – Sessão 4

24/10 às 16h30
A cidade no cinema: olhares diversos para a experiência urbana
Maria Cecilia Ferreira De Nichile (USP)
O cinema nacional tem encontrado diferentes modos de traduzir as experiências de vida nas cidades, apresentando uma diversidade de corpos e uma pluralidade espacial. O objetivo do trabalho é analisar como os filmes Corpo Elétrico (2017) e Perifericu (2020) organizam os dispositivos do cinema, no sentido de ampliar perspectivas e inspirar novas possibilidades de interação com os espaços urbanos.
Os cinemas de territórios e as migrações
Camilla Vidal Shinoda (USP)
O artigo busca ampliar a formulação da noção de cinemas de territórios, proposta por essa pesquisadora, por meio de uma investigação sobre as implicações provocadas pelas migrações forçadas nos cinemas produzidos especialmente pelo povo negro no Brasil. Para isso, utilizaremos os conceitos de quilombo (NASCIMENTO, 2007) e corpo-documento (ibid, 1989) para analisar os filmes Ôrí (1989), de Rachel Geber, e Alma no olho (1974), de Zózimo Bulbul.
A visão de um mundo onde o subalterno tem voz
Taina A Silva (UERJ)
Este trabalho desenvolve uma hipótese proposta na tese de Doutorado “Força comunitária e voz subalterna em obras não ocidentais: narrativas de resistência e empoderamento para infâncias promissoras”. Tendo em vista a pergunta “pode o subalterno falar?” de Gayatri Spivak, abre-se um novo questionamento: os subalternos já começaram a falar? Através do audiovisual e da força de narrativas não ocidentais, avalia-se a representação da tomada de voz e as melhorias dadas pelo protagonismo subalterno.

CI 19: Imagens da política brasileira contemporânea – Coordenação: Cristiane Freitas Gutfreind

24/10 às 16h30
Imagens em conflito no documentário brasileiro contemporâneo
Cristiane Freitas Gutfreind (PUCRS)
A proposta visa analisar os documentários brasileiros que utilizam imagens da ditadura militar em um contexto de acirrado conflito político, para revelar os antagonismos do presente. As imagens indagam sobre a subjetivação dos sujeitos e do seu espaço social, traduzindo nas telas as marcas dos sentimentos e dos ressentimentos em relação à história recente, além de considerar a herança do autoritarismo, que reforça as diferenças políticas, culturais e sociais no país.
(Des)visões de Dilma: o golpe nas montagens realizadas por mulheres
Daniel Velasco Leão (CNPq/UFSC)
A derrubada de Dilma Rousseff levou à realização de um grande número de filmes. Parte considerável desses foi editado por mulheres — Karen Akerman (O processo de Maria Ramos, 2017), Karen Harley (Democracia em Vertigem de Petra Costa, 2019), Vânia Debs e Anna Muylaert (em Alvorada de Muylaert e Politi, 2020) e Paula Fabiana também diretora Filme manifesto. Analisaremos as operações de montagem predominantes nesses filmes, observando suas especificidades e traços estilísticos.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 4 – Melodramas e Horror no Cinema Mexicano

24/10 às 16h30
Dilemas de representação na carreira e obra de Emilio Fernández
Rodrigo Almeida Ferreira (UFRN)
A proposta analisa, em diálogo com Gloria Anzaldúa e José Vasconcelos, dilemas de representação na carreira do ator e diretor mexicano Emilio “El Indio” Fernández, a partir dos seus melodramas da década de 1940. Na disputa pela formulação da iconografia nacional através do cinema, Fernández é pioneiro na inserção da experiência indígena e no debate sobre justiça social, mas carrega uma naturalizada violência de gênero contra mulheres e fortalece de conservadores modelos de masculinidade.
O cinema de horror, o medo e a sociedade mexicana dos anos 1930
Maurício de Bragança (UFF)
Os filmes de horror surgem efetivamente no cinema mexicano com La Llorona, dirigido por Ramón Peón em 1933. A este se seguiu uma série de outros na mesma década. Esta comunicação pretende abordar este repertório para além do eixo de “influências” e “referências” estéticas que pautaram as pesquisas mais recorrentes sobre o início do cinema de horror no México, a fim de tentar responder a questão: de que tem medo a sociedade mexicana dos anos 1930?

ST Estética e teoria da direção de arte audiovisual – Sessão 3

24/10 às 16h30
Ressonâncias da matéria: Objetos e memória na imagem fílmica
Iomana Rocha de Araújo Silva (UFPE)
Proponho um olhar sobre a direção de arte de O Som ao Redor, Aquarius e Bacurau, filmes de Kleber Mendonça Filho, diretor que costuma explorar temáticas relativas a memórias individuais e coletivas e suas articulações com questões identitárias e de resistência.Observo, intermediada por Damazio (2006) e Baudrillard (2015), que dentro da construção da imagem destes filmes é explorada a dimensão afetiva e sensorial dos objetos, que regem as relações entre os personagens, os espaços e os tempos.
As matérias do tempo e do espaço em Não devore meu coração (2017)
TAINA XAVIER PEREIRA HUHOLD (ESPM)
A proposta examina a relação espaço-temporal em “Não devore o meu coração” (2017) através da direção de arte. O filme explora a fronteira Brasil – Paraguai, onde conflitos territoriais e étnicos desafiam a separação entre passado, presente e futuro ou entre natureza e cultura. A análise parte das materialidades do profílmico e é dividida em espaços, objetos e indumentária, revelando a interconexão entre territórios, culturas e temporalidades de forma a expandir e complexificar a narrativa.
Objetos de cena para a construção de personagens cinematográficas
victoria santos santana (UFBA)
O estudo disserta sobre a construção de personagens no Cinema por meio da identificação e exame dos simbolismos presentes nos aspectos estéticos de uma obra cinematográfica, tendo como vetor de entrada nos filmes a direção de arte, investigando os elementos estéticos articulados por ela, com destaque aos objetos de cena, e seus possíveis efeitos. Como fios condutores estão os filmes “A Forma da Água” (Guillermo del Toro, 2017) e “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (Jean-Pierre Jeunet, 2001)

ST Cinema Comparado – Sessão 4 DEPOIS DO EXPEDIENTE

24/10 às 16h30
Cenas de ócio, personagens trabalhadores
Vitor Zan (UFMS)
A proposta consiste em analisar, sob o prisma do ócio, um conjunto compósito e heterogêneo de filmes brasileiros realizados nos últimos quinze anos em que a figura do trabalhador está em destaque. Se obras como Arábia, Estou me guardando para quando o carnaval chegar, Corpo elétrico e Dias de greve demonstram franco interesse pela questão do trabalho, o que obtemos ao interrogá-las a partir do tempo livre, residual, dedicado a atividades não laborais?
A política das noites no cinema brasileiro contemporâneo
Edson Pereira da Costa Júnior (Unicamp)
A comunicação tem dois objetivos. Inicialmente, posicionar a noite como tropo político de certo cinema brasileiro contemporâneo, reconhecendo a sua funcionalidade como eixo para a análise comparada. Posteriormente, analisar Mãri Hi- A árvore do sonho (2023), do cineasta Morzaniel Ɨramari, sublinhando como o curta-metragem funda seu gesto político na tradução da cosmologia Yanomami e, igualmente, no recurso à noite e ao sonho como uma abertura para a alteridade.
O boicote ao corpo de Bolsonaro: a dilaceração como libelo político
Fábio de Carvalho Penido (UFMG)
A apresentação reúne uma constelação de 5 filmes que promovem intervenções no corpo de Bolsonaro por exercícios de dilaceração da sua unidade orgânica. A partir da derrisão e da metamorfose, a análise comparativa entre os filmes revela uma vontade de libelo contra o político e o bolsonarismo. Partindo de imagens do político e de sua vida pública, o trabalho analisa a passagem, que se dá pelas montagens, de significados entre o corpo individual e corpo político metafórico que ele representa.

MESA 12 – Cinema no Pantanal

24/10 às 16h30
OS PANTANAIS: representação do bioma sob o olhar feminino
Aline Wendpap Nunes de Siqueira (UFMT)
Este trabalho destaca a diversidade das narrativas audiovisuais sobre o Pantanal mato-grossense sob perspectiva feminina. Apresenta três obras: “Águas Encantadas do Pantanal” de Daniele Bertolini, a série “Pantanal e Outros Bichos” de Tati Mendes e “Itinerário de Cicatrizes” de Glória Albuês. Cada obra evidencia diferentes abordagens e estilos, refletindo a riqueza cultural e ambiental da região.
O making off de um filme nunca feito: Sucksdorff em Um mundo à parte
Esther Hamburger (USP)Letícia Xavier de Lemos Capanema (UFMT)
A convite do Itamaraty e da UNESCO, o cineasta sueco Arne Sucksdorff chega ao Rio de Janeiro em 1962 para ministrar um curso para cineastas engajados no projeto do Cinema Novo. Após, realizou o longa Fábula em 1965. Em 1967, iniciou filmagens no Pantanal, permanecendo na região por vinte anos como preparação para um filme futuro. Este estudo analisa a série Mundo à Parte realizada no Pantanal, buscando relacionar características dessa obra à trajetória de Sucksdorff no cinema sueco e brasileiro.
Os Pantanais de Arne Sucksdorff: Roteiros da Arte ao Ativismo
Joel Pizzini Filho (UFF)
Através de um relato-experiência, o cineasta Joel Pizzini refletirá sobre o processo de preparação nos anos 1990 de seu primeiro longa-metragem Ave Sucksdorff, interrompido na Era Collor e não realizado com a morte do diretor e naturalista Arne Sucksdorff. Além dos aspectos estéticos, técnicos e políticos do projeto, Pizzini abordará o trabalho de pesquisa envolvendo a curadoria da primeira retrospectiva do autor sueco no Brasil até culminar com a realização do curta-metragem Elogio da Graça.

CI 24: Corpos dissidentes no cinema – Coordenação: Samuel Macêdo do Nascimento

24/10 às 16h30
Nordeste Ficção Científica: Estéticas e Filmes Distópicos
Samuel Macêdo do Nascimento (PPGCOM/UFC)
Abaixo a Gravidade (2018, Edgard Navarro), Inferninho (2018, Guto Parente e Pedro Diógenes) e Bacurau (2019, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles) são filmes brasileiros que abordam contextos distópicos costurados às questões que forjam as compreensões e os sentidos que inventam a região Nordeste, em devir. A partir da comparação entre filmes, entenderemos como as estéticas futuristas assombram as camadas temporais do cinema (BRENEZ, 2017).
Heterotopias queer em Querelle (1982) e Inferninho (2018)
Guilherme Gonçalves da Luz (UFRGS)Karol Souza Garcia (UFC)
Propomos observar e tipificar, nos filmes Querelle (1982), de Rainer Fassbinder e Inferninho (2018), de Pedro Diógenes e Guto Parente, o que chamamos de heterotopias queer: espacialidades contra-hegemônicas que produzem mundos próprios erigidos pela conjugação entre a atuação de personagens queer como “performance de reivindicação política” (MARCONI, 2021, p. 77) e a heterogeneidade das relações que se constituem na topologia deste sistema de signos (MACHADO, 2010).
Entrelaçamentos especulativos no cinema cearense contemporâneo
ANA PAULA VERAS CAMURÇA VIEIRA (UFC)
Os saberes SF de Donna Haraway revelam um movimento de contingência relacional que orienta nossa aproximação com os filmes, transcendendo uma classificação cinematográfica e apresentando a ficção especulativa enquanto prática multifacetada. Proponho analisar três filmes cearenses -Tremor iê, Boca de Loba e Espavento- que, por meio de seus entrelaçamentos especulativos, revelam a existência de corpos dissidentes e colaboram com a constituição de discursos contra-hegemônicos na invenção da cidade.

MESA 13 – Desaprender sobredeterminações: anarquivar documentos e invenções

24/10 às 16h30
De Fernando Birri ao Acervo Audiovisual Escolar Livre: desver Tire dié
Adriana Mabel Fresquet (CINEAD/UFRJ)
Ao pensar nas possibilidades de uma pedagogia do cinema na escola surge o filme “Tire dié”. Trata-se de um bom exemplo latino-americano com potência estética, social e política, dentro das propostas para a criação do protótipo do Acervo Audiovisual Escolar Livre, na articulação das pesquisas Acervos Audiovisuais e Universidades na produção de conhecimento (UFRJ) e Acervos Digitais no contexto do Plano Nacional de Educação Digital e da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (USP).
Espaços de cultivo: criação audiovisual e territórios do campo
Clarisse Maria Castro de Alvarenga (UFMG)Gustavo Jardim (UFMG)
A partir de diálogo com Antônio Bispo dos Santos, pretendemos tratar de uma experiência de criação audiovisual com estudantes da Licenciatura em Educação do Campo (UFMG) transcorrida nos anos de 2022 a 2024, que envolveu curadoria, exibição de filmes, pedagogias do cinema, criação audiovisual, elaboração de uma plataforma digital e práticas cineclubistas em interface com questões que surgem na relação com o espaço (com a terra) e com o tempo (a temporalidade dos territórios) de cada estudante.

 
 

25/10


ST Tenda Cuir – Sessão 5 – O que pode um corpocuir?

25/10 às 9h00
Corpo desmedido: figurações do corpo e desejo em Temporada (2018)
Daiany Ferreira Dantas (UERN)
O trabalho traz uma pequena cartografia do corpo gordo e desejante no cinema brasileiro recente, abordando a presença da protagonista gorda, suas trajetórias que tanto se acomodam à normatividade secundária da gorda risível e monstruosa, quanto deflagram trajetórias disruptivas, racializadas e com incursões na desnaturalização do desejo como conexo à magreza, como é o caso de Temporada (2018), no qual observamos uma corporeidade inscrita na perspectiva desviante do fracasso como anti norma.
Grandones bailam: Corpes gordes e coreografias cuir (videoensaio)
Erly Milton Vieira Junior (UFES)
Como o audiovisual pode dialogar positivamente com as experiências de corpes gordes cuir, a partir de suas potências performativas e de suas coreografias cotidianas? Este videoensaio busca compreender como elementos da linguagem audiovisual e modos de engajamento sensório são ressignificados numa nova e atrevida iconografia de corpes grandones e carnes indisciplinadas, presente no cinema contemporâneo, videoclipes, registros da cultura Ballroom e autorrepresentações em vídeos de redes sociais.
Cinemão: o cinema que transborda a tela?
Antonio Tavares de Sousa Neto (USP)
Se a pornografia foi vista como lixo cultural (e ainda é) pelas teorias do cinema, recorro aos Porns Studies para pesquisar sobre os chamados “cinemões”, lugares de pegação e exibição de filmes pornográficos que, mesmo diante dos novos estudos no cinema, têm ficado muitas vezes restritos ao campo da sociologia enquanto objeto de estudo. A partir do conceito de Transcinema (Maciel, 2009) e cinema de dispositivo (Parente, 2009), me proponho a pensar o cinemão como um acontecimento cinematográfico.

ST Estudos do insólito e do horror no audiovisual – Sessão 5

25/10 às 9h00
O Cineasta enquanto Mágico e Mago: Shyamalan, Scorsese, Spielberg.
Giordano Dexheimer Gil (UFRGS)
Através da imagem do cineasta enquanto mago ou mágico, o fazedor de cinema enquanto ocultista e ilusionista, manipulador do insólito, pensaremos a invocação deste espectro de modernidade em três filmes hollywoodianos recentes: “Tempo”, de M. Night Shyamalan; “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese; e “Os Fabelmans”, de Steven Spielberg.
Azougue Nazaré e o horror da intolerância religiosa
Rodrigo Carreiro (UFPE)Filipe Tavares Falcão Maciel (Unicap)
Esta comunicação propõe uma leitura de ordem social do filme Azougue Nazaré (Tiago Melo, 2018), que utiliza elementos fantásticos a partir do folclore regional como metáfora para criticar a intolerância religiosa no Brasil contemporâneo. A análise do filme articula convenções do cinema de horror com os choques socioculturais provocados pela ascensão de uma religiosidade agressiva e intolerante, de matriz conservadora.
O mal nos limites da razão: Diálogos entre Bataille e o audiovisual
Christiane Quaresma Medeiros (Unicap)
O texto lança olhar sobre as representações do sobrenatural no audiovisual de horror a partir da dualidade entre o dispêndio improdutivo e o princípio da utilidade, na acepção de Georges Bataille. Discute como a mobilização dessas instâncias molda nossa experiência de fruição dos elementos do horror, e como o processo de racionalização do mal a partir do princípio da utilidade cumpre domesticá-lo, tornando-o menos ameaçador e mais palatável.

ST Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas. – Sessão 4

25/10 às 9h00
Anotações sobre “Retrato de Jason” pensando cinema, raça e sexualidade
Bruno F. Duarte (UFRJ)
Este trabalho propõe um exercício de anotações desde um olhar crítico sobre cinema de não-ficção, raça e sexualidade, de forma interseccional, para o processo de produção e corte final do documentário Retrato de Jason (Portrait of Jason, EUA, 1967).
O cinema de Charles Burnet: esboço para uma apreciação estilística
Rodrigo Sombra (UFMS)
Proponho uma apreciação estilística do cinema de Charles Burnett. Num primeiro momento, revisito a literatura consagrada ao cineasta a fim de entender se a filiação realista a ele atribuída não ofuscaria a percepção de aspectos singulares do seu estilo. Em seguida, analisarei algumas marcas estéticas distintivas na obra do autor americano, o que chamo de “poética da saturação espacial” e de”poética da digressão”, ao lado de uma análise do uso da canção popular e da mise en scène em seus filmes

ST Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual – Sessão 5: Roteiro e audiovisual no Brasil

25/10 às 9h00
Mulheres do jogo do bicho: construção de personagens em Vale o Escrito
Ana Keiserman de Abreu (PUC Rio)
Muitas séries documentais contemporâneas apresentam características de narrativa ficcional: curvas dramáticas, viradas, ganchos e, principalmente, construção de personagens. Os personagens ocupam um lugar privilegiado nesse gênero: são, na maioria dos casos, quem conduz a narrativa. Nesse sentido- e considerando ainda que o audiovisual ocupa um lugar privilegiado de representações de gênero-, o trabalho analisa a construção de personagens femininas na série Vale o Escrito, do Globoplay.
As relações entre autores e roteiristas colaboradores em telenovelas
Victor Adriano Ramos (UFBA)
É compreendido por todos a posição do autor roteirista como o mais alto posto de comando das telenovelas brasileiras (SOUZA, 2004). Visamos compreender as relações entre autor-titular e roteiristas colaboradores, a partir dos elementos de representação racial. Para isso, usamos os conceitos de Pierre Bourdieu (2002) de modo a compreender as posições dos agentes responsáveis pelas obras selecionadas, desse modo, teremos condições de analisar a relação entre o processo de escrita das telenovelas.
O monólogo variável no cinema de Julio Bressane
Lennon Pereira Macedo (UFRGS)
O trabalho busca compreender as conversações cinematográficas de três filmes de Julio Bressane a partir do modo como se opera uma desmontagem das funções narrativas, assujeitadoras e informativas que os manuais de roteiro exigem do diálogo no cinema. Nomeamos essa operação como monólogo variável, dado que a conversa se faz sob a forma de um circuito de recitações em que os corpos são meras vocalizações de um texto, recusando toda psicologia, toda opinião e qualquer caracterização de personagem.

ST Estética e plasticidade da direção de fotografia – 5. Direção de fotografia: processos

25/10 às 9h00
Extrema-direita e a regressão da mobilidade social em Marte Um
Cyntia Gomes Calhado (ESPM-SP)
O filme Marte Um (Gabriel Martins, 2022) retrata o cotidiano de uma família preta e periférica, após a eleição de um presidente de extrema-direita. Trata-se de uma obra de baixo orçamento que tematiza questões socioeconômicas, raciais e de gênero. O objetivo desta comunicação é analisar os procedimentos audiovisuais e a plasticidade das imagens do filme, a partir de análise fílmica e entrevistas com o diretor de fotografia Leonardo Feliciano, para pensar o aspecto político desta produção.
Cineastas e trabalho coletivo: Wilssa Esser e André Novais Oliveira
Eduardo Tulio Baggio (Unespar)
Tomando a noção de cineasta a partir da Teoria de Cineastas e a noção de processo de criação artística trabalhada pela Crítica de Processo, a comunicação aborda aspectos relativos aos atos criativos, ao sentido colaborativo inerente a tais atos e ao contexto para tratar da dimensão do trabalho coletivo na realização do filme Temporada (2018). Serão destacados aspectos do trabalho de Wilssa Esser, diretora de fotografia do filme, e de André Novais Oliveira, roteirista e diretor do filme.
A direção de fotografia de Carlos Ebert na Trilogia do Esquecimento
Luis Fernando Severo (UNESPAR)
A obra de Carlos Ebert como diretor de fotografia e operador de câmera se estende por um período de seis décadas alcança um total de 82 filmes, tendo como um de seus marcos iniciais um dos filmes mais canônicos brasileiro, O Bandido da Luz Vermelha. No interior desse corpus fílmico um dos destaques é um conjunto de três filmes que Ebert fotografou para o cineasta paranaense Rodrigo Grota, e que formam a chamada Trilogia do Esquecimento.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil. – Sessão 5: Políticas públicas: entre discursos e práticas

25/10 às 9h00
De que setor audiovisual estamos falando?
André Ricardo Araujo Virgens (UFBA)
O setor audiovisual passa por constantes mutações, a partir da inclusão e/ou exclusão de produtos e processos que modificam seus contornos e borram suas fronteiras com outros campos. Nesse contexto, surge como desafio o próprio dimensionamento do setor audiovisual, a partir da caracterização de sua estrutura interna. E é esse aspecto que discutiremos neste trabalho, a partir das chaves analíticas de “campo audiovisual” e “formas culturais”, e em dialogo com outros estudos do campo.
Ações afirmativas raciais no fomento à produção do cinema brasileiro
Juliana Lopes da Silva (IFB)
Este artigo analisa os fatores que levaram à inclusão de ações afirmativas raciais nos editais federais de apoio à produção cinematográfica brasileira. A análise tem como base documentos e entrevistas com servidores públicos envolvidos na formulação dessas políticas. O estudo demonstra que essa inclusão está relacionada com as demandas de movimentos culturais e sociais, em consonância com avanços das políticas públicas de promoção da diversidade cultural e da igualdade racial no país.
Nictheroy para além da cadeia produtiva
Hadija Chalupe da Silva (UFF / ESPM Rio)
Pretendemos dar continuidade a pesquisa apresentada em 2023, ampliando a análise sobre quais foram os desdobramentos dos Editais de fomento ao audiovisual de Niterói – em especial a Categoria IV de fomento à produção de curta-metragem – provocaram para o mercado audiovisual fluminense nos últimos anos. Partimos da hipótese que o fortalecimento das instituições de ensino e a manutenção de políticas públicas culturais são fundamentais para o estabelecimento de um ecossistema audiovisual salutar.

CI 36: Virtualidades cinematográficas – Coordenação: Julio Bezerra

25/10 às 9h00
A imagem digital: colapso da tarefa reflexiva e outra fenomenologia
Julio Bezerra (UFMS)
A imagem contemporânea é cada vez mais marcada por uma espécie de tarefa reflexiva. Essa tarefa remonta aos cinemas modernos, que fizeram dessa estratégia uma força e bandeira. Hoje, contudo, mesmo a mais espetacular das imagens assume o dever da reflexividade. Objetivo dessa proposta é investigar esse cenário por meio da comédia Pânico na escola, que parece promover uma espécie de colapso da reflexividade. Esse curto-circuito também nos leva a uma imagem não fenomenológica ou pós-perceptual.
Questões socioambientais em uma obra de realidade virtual
DANIELA ZANETTI (UFES)
O trabalho é um relato de pesquisa-criação que resultou na produção de uma obra audiovisual em realidade virtual. “Territórios do presente” objetiva dar visibilidade a questões socioambientais ao problematizar a relação dos participantes com os territórios representados, considerando os conceitos de “transporte” e “presença”. Nessa perspectiva, o trabalho também contribui para uma reflexão sobre documentários interativos.
Experimentações Cinematográficas em RV na Ocupação Nise da Silveira
ALEXANDRE MUNIZ (UFRJ)
Apresentamos os fundamentos do filme “Travessia Pelo Mundo das Imagens”, uma obra de realidade virtual inspirada no cinema brasileiro e em Nise da Silveira. Destaca-se o cinema experimental e suas contribuições para ampliar as fronteiras narrativas e visuais. Utilizando técnicas de Georges Méliès, o trabalho explora o cinema como referência crucial para compreender as narrativas em constante evolução, especialmente no contexto das realidades expandidas.

ST Estilo e som no audiovisual – Sessão 5 – Som Fora da Caixinha

25/10 às 9h00
“ÁRA ÊNDU ANHETÊ – A escuta do mundo” – Cultura Sonora no Mbya Reko
Demian Albuquerque Garcia (UPJV/UNESPAR)Fernanda Martins Felix (UNESPAR)
O projeto “ÁRA ÊNDU ANHETÊ” busca identificar saberes e perspectivas sonoras no Mbya Reko (modo de ser Guarani), afim de que seus componentes reflitam e construam sentidos sobre fenômenos da escuta, das práticas verbais e da produção sonora, através de uma ação extensionista no Território Indígena Araça’í. Esta comunicação visa apresentar os resultados dessa ação pela discussão de seus principais conceitos-chave e de materiais artístico-investigativos produzidos durante a realização
O som das obras silenciosas de Humberto Mauro
Cauê Ueda (PPGMPA-ECA-USP)
Através da análise de quatro exemplares da fase silenciosa do diretor Humberto Mauro – Tesouro perdido (1927), Braza dormida (1928), Sangue mineiro (1929) e Lábios sem beijos (1930) –, abordaremos mecanismos de linguagem que remetem a ideia de som por meio da imagem e como o diretor imprimia um sentido poético neste tratamento.
O som gótico: o silêncio como ferramenta do medo em Os Outros (2001)
Guilherme Augusto Bonini (UNESP – FCL/Ar)
Esta comunicação investiga o uso do silêncio como ferramenta de efeito estético do medo, como parte da composição sonora de Os Outros (2001). A partir de análise de cenas, busca-se compreender o estilo cinematográfico de Alejandro Amenábar, para pensar no modo como o diretor constrói um discurso particular de cinema, que alinha as convenções narrativas góticas, propondo sentidos para além da sua significação comum.

ST Cinemas decoloniais, periféricos e das naturezas – Sessão 5

25/10 às 9h00
Mamá costurando feridas
Geisa Rodrigues (UFF)
Neste artigo observo como no documentário mexicano Mamá, de Xun Sero, são problematizados os efeitos da construção de masculinidade a que foi submetido, a partir do olhar sobre a trajetória de sua mãe Tzoltil e Chiapaneca. No filme desvelam-se estéticas e formas de abordagem de questões de gênero que transcendem as epistemologias dos feminismos hegemônicos, lançando mão de práticas decoloniais que consideram as intersecções femininas periféricas e a masculinidade indígena em sua complexidade.
Políticas da (re)memoração nos documentários FotogÁfrica e O Bem Virá
Yanara Cavalcanti Galvão (UFF)
Esta comunicação busca refletir estratégias narrativas e estéticas dos filmes FotogrÁfrica (Tila Chitunda, 25 min, 2016) e O Bem Virá (Uilma Queiroz, 80 min, 2020), que se aproximam pela escolha das diretoras do uso do dispositivo das imagens fotográficas e seus deslocamentos tanto espaciais quanto temporais. As narrativas, em primeira pessoa, transcorrem através do engajamento das diretoras (re)escritura das suas próprias histórias.
Contranarrativas antirracistas e ecosofias femininas(tas)
Karla Bessa (Unicamp)
Esta apresentação recorre a duas linhas de produção e plataformas de exibição de narrativas audiovisuais (O Instituto Catitu e a Globo Play) para debater suas distintas estratégias estéticas para produzir suas criticas sociais em um contexto de crescente conservadorismo. A perspectiva teórica de leitura das produções escolhidas é de uma ecosofia feminista decolonial, atenta à interseccionalidade das lutas e partilha dos dispositivos narrativos engajados na imaginação de novos mundos.

ST Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência – Sessão 5

25/10 às 9h00
Imagens da Bahia: a produção cinematográfica entre os anos 1910 e 1920
Filipe Brito Gama (UFF / UESB)
A presente comunicação tem como objetivo abordar a produção cinematográfica na Bahia entre as décadas de 1910 e 1920. Para isso, consideramos as duas empresas locais pioneiras, a Photo-Lindemann e a Nelima Films, além de outras firmas brasileiras que realizaram filmagens no estado, circulando entre a capital e o interior. A partir da pesquisa na bibliografia existente e em jornais e revistas do período, buscaremos compreender o perfil dessas empresas e de suas produções cinematográficas.
O surto de produção cinematográfica no Rio de Janeiro: 1916-1918
Rafael de Luna Freire (UFF)
Esta comunicação irá abordar o aumento na produção cinematográfica no Rio de Janeiro, entre 1916 e 1918, durante a Primeira Guerra Mundial. Esse período foi caracterizado pela abertura de diversas companhias produtoras locais, cujo financiamento vinha de fora do mercado cinematográfico. Baseado em pesquisa inédita, esse estudo de caso pretende trazer uma compreensão mais aprofundada sobre a dinâmica da realização de filmes no Brasil na década de 1910.
Carmen Santos e o cinema brasileiro em Cinearte e A Cena Muda.
Lívia Maria Gonçalves Cabrera (PPGCine/UFF)
A proposta partirá das entrevistas e matérias com Carmen Santos nas revistas brasileiras Cinearte e A Cena Muda em que ela esboçou suas ideias, propostas e análises para o que considerava um projeto brasileiro de cinema. Procuraremos avançar no diálogo apontando as possíveis relações com as ideias difundidas por pensadores e trabalhadores do cinema no Brasil que são trabalhadas por Arthur Autran (2013) em torno da constituição de pensamento industrial cinematográfico brasileiro.

ST Cinema experimental: histórias, teorias e poéticas – 5

25/10 às 9h00
O sonho da Ninfa: a imagem sobrevivente em The Dreamers, de Bill Viola
Maria Angélica Del Nery (ECA-USP)
A videoinstalação The Dreamers (2013), de Bill Viola, traz a tensão entre o estático e o movimento. Na obra, a aparente imobilidade de corpos submergidos está em oposição à mobilidade de suas vestes e seus cabelos; o movimento visível da matéria está em oposição ao movimento invisível dos sonhos. A partir do estudo de Aby Warburg sobre a Ninfa na pintura de Botticelli e a partir de reflexões sobre imagens fixas e imagens em movimento, este trabalho pergunta-se: como sonha a Ninfa contemporânea?
Instalação como dispositivo coreográfico no cinema: The Visitors
Isis Ferreira Gasparini (ECA USP)
Análise da instalação audiovisual The Visitors (2012), propõe uma reflexão acerca dos componentes coreográficos e cinematográficos presentes na obra de Ragnar Kjartansson. Elabora a hipótese de que o cinema de exposição (Philippe Dubois), ao assumir formas instalativas, insere o espectador em um espaço cênico que o convida a se mover junto as imagens. Buscaremos aprofundar em como a duração, a fragmentação da tela e a repetição, tornam-se elementos de um dispositivo coreográfico.
Girando Mendieta em suas silhuetas: o efeito Sesc Pompéia
Marcia de Noronha Santos Ferran (UFF)
No contexto polivalente e heterogêneo do que Raymond Bellour chamou de “La querelle des dispositifs” desejo lançar algumas impressões iniciais sobre o efeito arquitetural sobre a exibição audiovisual, em especial analisando o caso do efeito “espacializante” da arquitetura de Lina Bo Bardi no SESC Pompéia em São Paulo na seleção de filmes da artista Ana Mendieta na exposição “Ana Mendieta; Silhueta em Fogo” de 2023. Essa análise foi motivada no processo da minha pesquisa de pós-doutoramento.

CI 41: Trajetórias profissionais e mercado – Coordenação: João Carlos Massarolo

25/10 às 9h00
Sustentabilidade da indústria audiovisual na Espanha
João Carlos Massarolo (UFSCar)
Este trabalho pretende discutir a sustentabilidade da indústria audiovisual na Espanha, a partir das estratégias Green filming (Filmagem verde), para atender as demandas do mercado por uma certificação adequada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Busca-se assim, analisar o uso dos recursos das tecnologias sustentáveis no processo de criação e produção audiovisual e a sua utilização no Brasil, levando em conta as particularidades produtivas e ambientais regionais.
Thomaz Farkas: um fotógrafo-empresário no campo cultural brasileiro
Joyce Felipe Cury (UFSCar)
O trabalho trará reflexões em torno da figura do fotógrafo, produtor, empresário e professor Thomaz Farkas (1924-2011), apontando suas contribuições e singularidades no campo cultural brasileiro. Dono das lojas Fotoptica, desempenhou papel significativo no fomento à fotografia e ao audiovisual no Brasil, financiando diversas iniciativas entre as décadas de 1950 e 1990. O lugar ambíguo de Farkas, entre artista e mecenas, será problematizado na comunicação.
A FOTOGRAFIA POÉTICA DE ZÉ MEDEIROS
Roselita Lopes de Almeida Freitas (ESPM/SP)
José Medeiros (1921-1990) conhecido como “O Poeta da Luz” nasceu em Teresina – Piauí/Brasil. Em 1939 foi para o Rio de Janeiro e montou um pequeno estúdio, começando como freelancer nas revistas Tabu e Rio, onde conheceu Jean Manzon – fotógrafo francês radicado no Brasil, que o convidou em 1946 para trabalhar em O Cruzeiro. Iniciou sua carreira cinematográfica em 1965 , com o filme “A Falecida” com direção de Leon Hirszman.

ST Cinema Comparado – Sessão 5 MÉTODOS

25/10 às 9h00
Comparação, encruzilhada, nebulosa: situando 25 (1974-1976)
Marcelo Rodrigues Souza Ribeiro (UFBA)
Por meio da comparação entre 25 (Celso Luccas e Zé Celso, 1974-1976) e outros filmes e experiências de cineastas estrangeiros em torno da independência de Moçambique e da análise de encruzilhadas comparativas que o filme mobiliza (como quando apresenta Samora Machel ao som da canção “Zumbi”, de Jorge Ben Jor), este trabalho parte do filme de Celso Luccas e Zé Celso para interrogar a comparação como procedimento e propor a noção de nebulosa como experimento metodológico.
Maíra, A Última Floresta e A Febre: reflexos da questão indígena
Susana Dobal (UnB)
Ao comparar o romance Maíra de Darcy Ribeiro, e os filmes A Última Floresta e A Febre, sob o filtro do perspectivismo ameríndio exposto por Viveiros de Castro e do livro A Queda do Céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, o artigo investiga reincidências reveladoras da percepção indígena e não-indígena encenadas nas obras. Filmes e romance surgem, então, como palco de uma tentativa de encontro entre culturas diferentes, sem, porém, dissimular os desencontros.
Constelação Coutinho: desvelar o lugar de escuta dos cineastas
Claire Allouche (ESTCA, Paris 8)
Gostaríamos de lançar as bases para uma definição de um “lugar de escuta” dos cineastas no contexto da criação documental. Propomos utilizar uma abordagem comparativa em duas escalas. Primeiro, considerando o “lugar de escuta” de Eduardo Coutinho, olhando para as suas variações e evoluções, tanto no seu método criativo enquanto como aspecto das formas fílmicas. Consequentemente, esse “lugar de escuta” nos ajudara a pensar toda uma gama do cinema documental, de Kate Millett a Kazuhiro Soda.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 5 – Documentários: Música e a Representação da Cura

25/10 às 9h00
Yankovic e Parra: documentário e a música popular latino-americana
Rafael Saar da Costa (PPGCine UFF)
Uma investigação das relações do novo cinema latino-americano e a música popular nos anos 1950 representada no encontro entre a cineasta Nieves Yankovic e a artista Violeta Parra. Diálogos possíveis entre duas chilenas que se encontram nos filmes documentais Andacollo (1958) e Los artistas plásticos chilenos (1960).
A imagem e o som da cura: Psicomagia (2019), de Alejandro Jodorowsky
Estevão de Pinho Garcia (IFG)
Psicomagia possibilita um novo acesso à terapia criada pelo cineasta chileno Alejandro Jodorowsky nos anos 1970. Este novo acesso não se restringe às palavras, escritas ou faladas, de seu criador, como antes víamos em livros e entrevistas sobre o tema e sim se potencializa por meio de imagens e sons. Mas, como filmar um ato psicomágico? Como transpor para o cinema a busca pela cura e a cura em si? Como fazer do cinema uma experiência psicomágica? Nossa comunicação procurará sondar essas questões

ST Festivais e mostras de cinema e audiovisual – Mesa 5 – Presença de mulheres e perspectivas de gênero nos festivais

25/10 às 9h00
A presença feminina no Festival Guarnicê de Cinema: abordagem etnobio/
ROSE FRANCE DE FARIAS PANET (UEMA)
A partir de bases metodológicas assentadas na etnobiografia e na reflexividade, a presente comunicação pretende abordar o Festival Guarnicê como acontecimento social de transformação e expansão cultural, associado a uma biografia, ou o inverso: a narração de um trecho da minha própria vida como construção e sentido do mundo real: uma narrativa sobre mim que associa os acontecimentos biográficos a uma história sociocultural, que aqui é a trajetória do Guarnicê.
Participação de mulheres nos festivais de cinema em Sergipe
Manoela Veloso Passos (UFS)
A partir de uma perspectiva feminista de análise do cinema, analisamos os principais festivais e mostra audiovisuais realizados em Sergipe – FENACA, Curta-SE, Sercine, EGBÉ e FestCine. Nossa análise abrange a participação do cinema sergipano em relação as categorias em que suas obras participam, informações sobre categorias, aprimoramentos e estratégias encontradas pelos eventos em relação a produção local.
Panorama dos festivais infantojuvenis de uma perspectiva de gênero
Ana Paula Nunes (UFRB)
Apesar de toda luta dos movimentos sociais contra as desigualdades de gênero, a curadoria de cinema segue, assim como o campo cinematográfico em geral, sendo um espaço social fortemente masculino. Porém, quando se fala em curadoria para o público infantojuvenil, a realidade parece ser o avesso – um campo majoritariamente feminino. Esta pesquisa visa construir um panorama dos festivais infantojuvenis do Brasil e da América Latina por meio de um mapeamento de gênero.

ST Tenda Cuir – Sessão 6 – Es-cuir-sitices

25/10 às 14h30
Criaturas (nem tão) solitárias assim
Cristian Borges (USP)
Três filmes recentes tratam, invariavelmente, da “condição gay”: CLOSE, MONSTER e TODOS NÓS DESCONHECIDOS. Mas o que une obras tão distintas, para além do fato de abordarem a sempre espinhosa existência de homens que amam outros homens? Por um lado, o fato de se encontrarem, cada uma à sua maneira, sob a égide da morte. Por outro lado, o fato de a solidão retratada nelas estar intimamente atrelada a uma forte conexão que chega a ser, nos três casos, paradoxal e altamente redentora: o amor.
How to have sex? O lugar do sexo na sociedade heteronormativa
Thalita Cruz Bastos (UVA)
How to have sex (2023), filme de estreia da diretora Molly Manning Walker, está focado numa experiência heterossexual feminina num lugar das oportunidades de flerte e descobertas. A reflexão proposta por esse artigo passa por investigar os elementos que caracterizam a cultura heterossexual e como eles vão interferir diretamente em experiências de amadurecimento sexual feminino, a partir de autoras como Jane Ward, Asa Seresin e Sara Ahmed.
Neirud e a narrativa delincuir: fragmentos em liminaridades estéticas
Milene Migliano Gonzaga (ESPM/UFRB/CLACSO)
Motivada pelo risco que o filme Neirud, de Fernanda Faya, 2023, assume e coloca todas as pessoas que o assistem, a correr, decido escrever esta proposição. Em dez minutos de filme, Neirud e toda a complexidade da história de sua vida é pincelada com fragmentos narrativos cinematográficos em diversos formatos: super 8, fotografia, desenho, chamadas telefônicas, câmera digital. A saída de seu local de origem, a vida no circo e passagens misteriosas entre exploração infantil e o alter ego de Mulher

ST Estudos do insólito e do horror no audiovisual – Sessão 6

25/10 às 14h30
O insólito em Bacurau: macro-gênero e a cultura vivida no Brasil
Amanda de Sousa Veloso (UFG)LARA LIMA SATLER (PPGCom/ UFG)
Entendemos por insólito ficcional elementos narrativos que causam estranhamento no público e ainda como um macro-gênero que se opõe ao padrão real-naturalista. Nosso objetivo é pensar o insólito enquanto macro-gênero no filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e suas relações com o estranhamento no público. Para isso, nosso percurso teórico-metodológico parte do Circuito de Cultura, de Richard Johnson, a fim de propor um diálogo entre produção, obra e espectadores.
O Estranho Mundo de Zé do Caixão e os alunos do Curso de Censura
Giancarlo Backes Couto (PUCRS)
Esta apresentação investiga 23 relatórios de censura produzidos por alunos do Curso de Censor Federal, realizado em 1968, em exercício de análise do filme O Estranho Mundo de Zé do Caixão, de José Mojica Marins. A metodologia de análise dos documentos coletados no Acervo da DCDP no Arquivo Nacional parte de Michel Foucault (2001) para examinar os discursos, destacando a produção de um discurso sobre o anormal e criação de uma técnica censória que visava aprimorar os mecanismos de controle.
Imagens do passado nas reconfigurações do slasher em X e Pearl
Ana Maria Acker (ULBRA)
A proposta analisa os slashers X – A Marca da Morte (2022) e Pearl (2023), de Ti West, a fim de compreender como os filmes reconfiguram o subgênero na contemporaneidade. Argumentamos que as obras possuem estratégias peculiares de ativação das camadas de passado, pois evidenciam traços da ficção gótica. É como se o slasher buscasse a rememoração para a autocrítica aos cânones. A diferença agora é que a nostalgia ocorre após período de explosão de ambiências digitais em múltiplos dispositivos.

ST Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas. – Encerramento

25/10 às 14h30
A CIRCULAÇÃO DE SARAH MALDOROR NO BRASIL
Leticia Machado Santinon (UFRB)
O cinema de Sarah Maldoror surge em um contexto de lutas pela independência dos países africanos, demonstrando o engajamento da diretora por meio da expressão audiovisual e da utilização de sua arte como uma ferramenta de combate ao colonialismo e à opressão. Apresentamos um panorama da circulação de sua obra no Brasil, contribuindo com outras pesquisas sobre a realizadora e ampliando o debate sobre a recepção dos cinemas africanos no Brasil.
Musicalidades pós-coloniais: um estudo sobre os musicais africanos
Jusciele Conceição Almeida de Oliveira (CIAC/UAGL-PT)
O presente texto propõe realizar uma pesquisa na área dos cinemas africanos, partindo do conceito de musical (modelo hollywoodiano), discutindo algumas exigências surgidas no reconhecimento da classificação “musical” dos filmes africanos, nos quais buscamos perceber como estes se aproximam ou se distanciam das características e dos critérios do gênero, bem como compreender como são utilizados e negociados pelos(as) cineastas, a partir da discussão teórica, procurando destacar suas musicalidades.

ST Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual – Sessão 6: Debate coletivo sobre publicações e pesquisas do ST

25/10 às 14h30
História do roteiro no Brasil – uma revisão sistemática
Marcel Vieira Barreto Silva (UFPB)
Esta apresentação tem o objetivo de apresentar, a partir de uma metodologia de revisão sistemática da literatura, as formas como tem sido contada a história do roteiro cinematográfico no Brasil, enquanto forma textual, na sua relação com as institucionalidades (estúdios, produtoras, distribuidoras) e com as autoralidades (estilos, práticas, processos), e enquanto campo profissional socialmente reconhecido.

ST Estética e plasticidade da direção de fotografia – 6. Encerramento

25/10 às 14h30

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil. – Sessão 6: Encerramento

25/10 às 14h30
Para além da produção: por uma política para a cadeia do audiovisual
Lia Bahia (UFF)Pedro Butcher (ESPM-RJ)
Ao longo da história do cinema no Brasil, as políticas desenhadas para o setor buscaram o modelo industrial centrado na ideia de produto. Esse discurso se desdobrou em práticas que resultaram na concentração do financiamento e de ações programáticas no elo da produção. Hoje, pensar a economia política do audiovisual exige uma compreensão menos linear da cadeia, que seja capaz de abarcar a transversalidade dos campos da formação, produção, distribuição/circulação, exibição/difusão e preservação.
O olhar de oposição, o pertencer e a coexistência de telas
Rodrigo Antonio Silva (UFPA)
A comunicação propõe apresentar reflexões acerca da difusão audiovisual no Brasil, partindo da prática da produção e distribuição com foco em impacto social. Num primeiro exercício de sistematização, parte-se da conceituação do “olhar opositor” de bell hooks para tratar da realidade diversa e desigual do mercado audiovisual, compreendendo que os diferentes atores sociais e suas diferentes práticas de diálogo com o público pautam a coexistência de telas bem como os paradigmas postos no mercado.
A nova ordem multipolar mundial e o desejo por Hollywood no Sul Global
Fernando Mascarello (Pesq. Independente)
Busco aproximar/explorar duas questões ora irrespondidas: (1) a nova ordem multipolar (declínio da hegemonia estadunidense e de seus aliados e ascensão econômica, militar e geopolítica da China, Rússia, Índia e demais BRICS) poderia introduzir fissuras no “desejo por Hollywood” em maiores segmentos das audiências do Sul Global?; e (2) seria útil/factível as Políticas Audiovisuais dos países periféricos agirem diretamente junto a suas Audiências Nacionais problematizando sua Recepção a Hollywood?

CI 37: Questões raciais no audiovisual brasileiro – Coordenação: Maria Neli Costa Neves

25/10 às 14h30
Não consigo respirar: George Floyd e a restituição do corpo à palavra
Deisy Fernanda Feitosa (FCL e USP)ALMIR ANTONIO ROSA (USP)
Este artigo discorre sobre tendências do Jornalismo Audiovisual a partir de experiências que têm sido realizadas no Brasil e mundo afora e que utilizam como recursos a realidade virtual e a inteligência artificial, como forma de oferecer ao público maior imersão, gerar empatia e de facilitar a rotina das redações. Pretende-se, por meio de uma pesquisa documental e experimental – por meio do projeto Direitos Violados, conhecer tendências, oportunidades e refletir sobre limites éticos.
O passado que continua: reflexões sobre o filme “Todos os Mortos”
Maria Neli Costa Neves (UNICAMP)
Tendo como base os estudos de Lilia Schwarcz, Florestan Fernandes, Robert Stam e Muniz Sodré, essa comunicação tem como objetivo refletir sobre aspectos do filme “Todos os Mortos” (2020), de Caetano Gotardo e Marco Dutra, destacando o enfoque na questão racial, nos privilégios das elites paulistas do final do século XIX e na persistência de uma ordem do passado nos tempos atuais.
Mares intranquilos: mídia e racismo em Bahia de Todos os Santos (1960)
Armando Manoel Neto (UFSCar)
Este trabalho apresenta os resultados das pesquisas sobre o racismo nos discursos midiáticos em torno do filme Bahia de Todos os Santos (1960) de Trigueirinho Neto. Trata-se de uma análise de fontes primárias – as notícias, notas e matérias – publicadas em três jornais impressos de grande circulação nacional nos anos 1960. O objetivo é reavivar o debate e o entendimento desta narrativa, mas também da história social da obra, se entrelaçando com as discussões históricas sobre o racismo no cinema.

ST Estilo e som no audiovisual – Sessão 6 – Som Inconformado

25/10 às 14h30
Vox alieni: ventriloquia e possessão em O exorcista e Ondas do destino
Felipe Ferro Rodrigues (USP)
A partir das protagonistas de O exorcista (1973) e de Ondas do destino (1996), duas jovens que têm seus corpos utilizados como veículo de vozes sobrenaturais, exploramos a ideia de boneco — a posição passiva nas relações de ventriloquia — a fim de explicitar as relações de poder que a regem: o boneco é um vulnerável por excelência e a voz que nele se manifesta é sintoma último do controle que exerce sobre seu corpo, escancarando neste processo questões de gênero e de sexualidade.
Vozes e silêncios entre o cinema brasileiro e britânico contemporâneos
Fernando Morais da Costa (UFF)
Pretendemos analisar dois dos elementos sonoros, vozes e silêncios, e algumas de suas representações pelo cinema contemporâneo. Ao trabalharmos sobre ambos ao mesmo tempo é possível criar uma perspectiva não-dicotômica, a partir da lógica de que silêncios e vozes trabalham juntos para construir narrativas. Entendemos que certas formas de união entre ambos são marcas sonoras do cinema atual. Como recorte, defendemos que tal estética sonora ressoa em filmes brasileiros e britânicos recentes.
Escuta(s) no cinema e audiovisual
Marina Mapurunga de Miranda Ferreira (UFRB)
Ao falarmos de som no cinema, estamos tratando diretamente da escuta. A escuta está intrinsecamente ligada à experiência audiovisual, seja no processo de criação ou recepção da obra. Nesta comunicação, trago um panorama de autoras(es) que tratam da escuta no cinema e apresento um recorte de dois contextos sobre o tema, um voltado à teoria e outro à técnica do som. De que maneiras podemos nos voltar a outras formas de escuta e práticas sonoras fora do campo do cinema e trazê-las para nós?

ST Cinemas decoloniais, periféricos e das naturezas – Sessão 6

25/10 às 14h30
Poéticas do ensaio: precipitações de barbante em “Gunda” (2020)
Patricia Rebello da Silva (UERJ)
Recentemente uma série de autores têm se debruçado sobre a relação entre os animais e os homens de maneira a atualizar as reflexões sobre o ambientalismo como uma nova forma de mobilização política e de engajamento. O presente trabalho opta por um recorte que privilegia pensar os processos e operações de metalinguagem do filme ensaio como “figura de barbante” (HARAWAY, 2023) na construção dessa subjetividade, tomando como ponto de partida o filme Gunda, de Victor Kossakovsky (2020).
Cosmopolíticas da figuração no cinema contemporâneo do Sul da Itália
Bruno Mesquita Malta de Alencar (UFPE)
Analisa Bela e Perdida (2015), de Pietro Marcello, defendendo que as suas estratégias de desclassificação da figura humana cindem com o antropocentrismo da cosmologia moderna. Para isso, coteja a ideia de “cinema geológico”, de Lúcia Ramos Monteiro, com o paradigma do “informe” de Georges Bataille, imaginando como a noção de “agência” no filme não está decalcada na mobilidade figurativa do orgânico ou na dimensão figurada do intersubjetivo, mas vazando pelas tramas extrínsecas do figural.
O potencial equívoco do cinema incomum de Patrícia Yxapy
Olívia Érika Alves Resende (UFRJ)
Investigo as vídeo-cartas de Patrícia Ferreira Yxapy, integrante de “Nhemongueta Kunhã Mbaraete”, a fim de perceber como contratempos audiovisuais, articulados por instabilidades imagéticas e sonoras, fazem emergir nos filmes da cineasta Mbyá uma série de equívocos ontológicos. Defendo que Patrícia, ao convocar o exercício de escutar as imagens, elabora um cinema “incomum”, em que a câmera se compromete com uma duração a partir da qual ocorrem deslocamentos espaçotemporais entre mundos.

ST Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência – Sessão 6

25/10 às 14h30
O Comunismo e o Anticomunismo no Cine Jornal Informativo
Arthur Autran Franco de Sá Neto (UFSCar)
Esta comunicação visa dar um quadro geral de personalidades, acontecimentos factuais e efemérides ligados ao movimento comunista ou à reação anticomunista que foram registrados pelo CJI (Cine Jornal Informativo), entre 1946 e 1964. O CJI era produzido pela Agência Nacional, órgão ligado ao governo federal, e possuía edições semanais. A comunicação também analisa as perspectivas políticas do CJI frente ao comunismo e aos comunistas, ao longo dos diferentes governos no recorte temporal abordado.
O cangaceiro estreia na França: circuito exibidor de 1953 a 1982
Belisa Brião Figueiró (CBM e UFSCar)
Esta comunicação analisa o lançamento do filme O cangaceiro, de Lima Barreto, nas salas da França, cujo circuito foi iniciado em 1953 e encerrado em 1982, com mais de 1,7 milhão de espectadores. Para isso, foram examinados os dados obtidos junto ao Centre National du Cinéma et de l’Image Animée (CNC), referentes à distribuição tanto em Paris quanto nas províncias. Também serão demonstrados os comparativos ano a ano e as cidades exibidoras por meio de gráficos e mapas elaborados para este estudo.
Cinema brasileiro e TV educativa: a experiência do SRTV da Embrafilme
Luís Alberto Rocha Melo (UFJF)
Esta proposta tem como objetivo examinar alguns aspectos do encontro entre o SRTV (Setor de Rádio e Televisão) da Embrafilme e a TVE do Rio de Janeiro, entre os anos 1976-1980. Como situar historicamente essa experiência, no conjunto das complexas e contraditórias relações entre o cinema e a televisão no Brasil dos anos 1970, pensando tais relações não a partir do viés comercial e privado, mas dentro das diretrizes educacionais tuteladas por um Estado ditatorial?

ST Cinema experimental: histórias, teorias e poéticas – 6

25/10 às 14h30
Maya Deren, o Cinema Arte e os Cavaleiros Divinos
Maria Cristina Mendes (UNESPAR)
Maya Deren potencializa o cinema experimental norte-americano dos anos 1940 e 50 com teorias e filmes sobre os processos de criação no cinema. Adepta do Vodu haitiano, em 1953, publica Divine Horsemen: the living gods of Haiti, editado por Joseph Campbell. Em 1985, Teiji e Cheril Ito, viúvo da cineasta e nova esposa, lançam o filme homônimo, com cenas captadas por Deren. Destaco, no inacabado documentário, desenhos de Loas, árvore e transe. Procuro, em sombras e fios, vestígios da artista.
O filme Limite (1931) na coleção cinematográfica do Centro Pompidou
Liciane Timoteo de Mamede (Unicamp)
Esta comunicação se propõe a abordar a entrada de Limite (1931), de Mário Peixoto, na coleção cinematográfica do Centro Pompidou, a partir da análise de documentos que compõem o dossiê de aquisição do filme, arquivado no “Service du cinéma expérimental” da instituição. O filme foi comprado em 2004, pelo Centro Pompidou, a fim de que pudesse compor seu acervo. Trata-se do único filme silencioso latino-americano a integrar a coleção cinematográfica do museu.
Desaparecimento e remasterização de trabalhos pioneiros de videoarte
Mario Caillaux Oliveira (UNB)
Neste artigo investigaremos como, cinquenta anos após a criação das primeiras obras de videoarte no Brasil, alguns desses trabalhos históricos encontram-se inacessíveis devido à obsolescência da tecnologia utilizada. Em outros casos, as transferências e atualizações de mídias acabam interferindo nos modos de recepção e exibição desses filmes em espaços expositivos. Buscaremos problematizar os caminhos e os possíveis efeitos para esses dilemas.

ST Estética e teoria da direção de arte audiovisual – Encerramento

25/10 às 14h30
Desenvolvimento de uma metodologia de análise fílmica a partir da DA
Dorotea Souza Bastos (UFRB)Milena Leite Paiva (Unijorge)
Esta comunicação tem como objetivo a continuidade do desenvolvimento da uma metodologia de análise fílmica a partir da direção de arte no audiovisual. Desde a abordagem inicial do tema e objeto a serem pesquisados, defende-se a necessidade de uma análise que seja fundamentada em questões específicas do campo, configurando-se como uma ação necessária e que, certamente, abrirá espaço para novas reflexões sobre a Direção de Arte e as narrativas audiovisuais.
Também quero assumir a direção
Benedito Ferreira dos Santos Neto (Uerj)
Esta comunicação objetiva discutir as implicações dos trabalhos de diretores de arte que alternam ou conciliam suas atuações como diretores cinematográficos. Para isso, recorre aos depoimentos de Alberto Cavalcanti e Luiz Carlos Ripper a fim de propor um diálogo com a produção brasileira contemporânea. Entre a feitura de cenário e cena, nota-se um dinamismo apto a combinar as genealogias de ambos os ofícios.
Direção de arte entre a ficção e o documentário: Uma análise de Cavalo
Sabrina Tenório Luna da Silva (UFMT)
Neste artigo, pretendemos debater aspectos relativos à direção de arte no filme Cavalo (2020, dir. Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti). Localizado entre o documentário e a ficção, o primeiro longa-metragem fomentado por um edital público em Alagoas, tem como tema o resgate da ancestralidade, da memória do corpo e das identidades a partir das religiões de matriz africana. Fruto de cinco anos de pesquisa e desenvolvimento, Cavalo apresenta aspectos relevantes para o campo da arte.

ST Cinema Comparado – Sessão 6 CONVERGÊNCIAS

25/10 às 14h30
Godard x Descartes: polêmica reivindicada, convergência insuspeitada
Mateus Araujo Silva (ECA-USP)
Discutirei como Godard invoca Descartes em seus filmes (transformando-o num inimigo filosófico ou extraindo de suas fórmulas, como o Cogito, material ou ferramentas para o pensamento) e como, ao confrontá-lo ou emulá-lo, acaba confirmando a seu modo 2 teses centrais da filosofia cartesiana: 1) Conhecemos o mundo inspecionando as representações que dele produzimos; 2) Nosso entendimento intervém no fluxo de nossas atividades e representações sensoriais e imaginativas para conhecer seus objetos.
De Ilhas das Flores a O homem que copiava – paródia e ensaísmo
Leandro Rocha Saraiva (UFSCar)
Análise comparativa de Ilha das Flores (Furtado, 1989) e O homem que copiava (Furtado, 2004), em termos das formas de paródia e das variações entre narratividade e ensaísmo.
Formas da dissociação em Carnival of souls e La mujer sin cabeza
Fabio Allan Mendes Ramalho (UNILA)
Nesta comunicação, proponho discutir as ressonâncias que se estabelecem entre Carnival of souls (Herk Harvey, 1962) e La mujer sin cabeza (Lucrecia Martel, 2008), atribuindo ênfase às estratégias fílmicas empregadas para dar forma a certo senso de descompasso e mal-estar que permeia tais obras. A noção de dissociação surge como aposta para elaborar as fissuras nos modos como as figuras em cena se situam em relação ao universo sensível no qual se movem.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 6 – Identidades e Audiovisual Expandido

25/10 às 14h30
Diálogos interculturais: identidade e natureza em dois filmes da AL
denise tavares da silva (UFF)
A partir de dois filmes bastante distintos na geografia, tempo e projeto cinematográfico, essa comunicação tem como objetivo discutir os desafios que atravessam a constituição de uma identidade latino-americana que não escamoteie sua história de genocídio e violência contra os povos originários. Os filmes são o boliviano Yvy Maraei e o brasileiro A última Floresta. Ambos serão discutidos à luz do que coloca o debate decolonial (e sua crítica).
Identidade, imagem e território em Bimi Shu Ikaya (2018)
Giulianna Nogueira Ronna (PUCRS)JULIANA VIEIRA COSTA (PUCRS)Anna Karolina Veiga Santa Helena (PUCRS)
Neste texto propomos uma reflexão a partir do filme Bimi Shu Ikaya (2018), analisando os aspectos estéticos e narrativos em correspondência com os saberes originários, buscando compreender como a construção fílmica apresenta e potencializa questões sobre o território, a identidade e o gênero no cinema indígena contemporâneo. Entendemos que o filme revela os contornos políticos dos modos de existência e resistência que permeiam uma importante revisão histórica.
Audiovisual expandido latino-americano: Puchometrajes de Rodolfo Kusch
Natacha Muriel López Gallucci (UFAL)
Abordamos arquivos e fragmentos das experimentações audiovisuais realizadas por Rodolfo Kusch nos seus Puchometrajes (1968 – 1971). Sua exploração formal recai na experimentação intermidial e na montagem como manipulação do tempo em sessões ao vivo nas que se ressignificam, bordeiam-se e imbricam-se os limites entre poesia oral, colagem, ensaio fotográfico, música e radioteatro expressão de sua busca estética audiovisual expandida em chave latino-americana.

ST Festivais e mostras de cinema e audiovisual – Mesa 6 – Cinema e espaços de legitimação: cinefilia e circulação

25/10 às 14h30
Festival de Cannes: circulação e definições de cinemas brasileiros
Cleide Mara Vilela do Carmo (IFB/ MinC)
Este artigo tem o objetivo de discutir a participação de filmes brasileiros na mostra principal do Festival de Cannes no período de 2000 a 2019 para compreender como a circulação de filmes nos festivais internacionais é constituidora e constituinte daquilo que definimos como cinemas brasileiros. Neste caso, demonstramos como as redes de relações entre produtoras e cineastas, com destaque para Walter Salles e Kleber Mendonça Filho, são fundamentais nesta constituição.
“Cinema Novo and Beyond”: mostra do cinema brasileiro (1998)
NEZI HEVERTON CAMPOS DE OLIVEIRA (COC)
Este trabalho busca analisar a programação da mostra retrospectiva “Cinema Novo and Beyond” realizada em 1988 no Museu de Arte Moderna de Nova Yorque. A partir de uma abordagem histórica, o objetivo é discutir os critérios que balizaram a seleção dos filmes exibidos nesse evento num momento em que críticos e cineastas promoviam uma espécie de acerto de contas com o passado, promovendo um redimensionamento do legado do Cinema Novo na trajetória da cinematografia brasileira.
Cinefilia celebratória na revitalização dos cinemas no pós-pandemia
Thiago Nogueira Carvalho (PPGMC/UFRJ)
A partir da análise das taxas de ocupação dos cinemas do Rio de Janeiro no pós-pandemia, e com base no exame da programação e entrevista com o responsável pela nova estratégia de atuação do Grupo Estação, o trabalho objetiva investigar a adoção de práticas cinéfilas celebratórias presentes em mostras, festivais, e em experiências cineclubistas da região nos anos 2000, como sinergia para a revitalização das salas na atualidade, tendo como perspectiva teórica o campo da sociologia da cultura.
TOTAL: 156 SESSÕES