Ficha do Proponente
Proponente
- Mariana de Souza Gomes (Sorbonne)
Minicurrículo
- Doutoranda na Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 em Ciências da Informação e da Comunicação sob a orientação de François Jost com bolsa de doutorado no exterior pela CAPES. Integrante do CEISME (Centro de Estudos de Imagens e Sons Midiáticos) e mestre em Artes e Mídia pela mesma universidade. Formada em Letras (Português-Francês) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ficha do Trabalho
Título
- O caso Charlie Hebdo através do telejornal infantil “Journal Junior”
Resumo
- Criado pelo canal franco-alemão ARTE, “Journal Junior” é um telejornal direcionado ao público infantil, sendo apresentado nas manhãs dominicais na França. Entre outros quadros, informações da atualidade são discutidas e apresentadas às crianças de forma didática; temas estes como a guerra ou o combate ao vírus Ebola. Neste contexto, em janeiro de 2015 o caso Charlie Hebdo é discutido. Cabe aqui analisar, sob a luz da semiótica, como uma tragédia é apresentada para crianças em um telejornal.
Resumo expandido
- Decerto, algumas imagens podem perturbar as crianças, sobretudo aquelas que ilustram imagens chocantes da realidade, encontradas nos telejornais, por exemplo. É também através da televisão que uma criança pode entrar em contato com outras sociedades e culturas, podendo estabelecer uma ideia de mundo e como se sociabilizar através do mesmo.
Através deste mote, um telejornal infantil foi criado em 2014 pelo canal franco-alemão ARTE. Este telejornal é direcionado ao público infantil de 8 a 13 anos e tem duração de quinze minutos, sendo apresentado nas manhãs dominicais na França. Através do Journal Junior, um quadro com o perfil de uma criança em alguma parte do mundo e informações da atualidade são discutidas e apresentadas às crianças de forma didática; temas estes como o combate ao vírus Ebola e até mesmo o caso do atentado ao jornal Charlie Hebdo. Desta forma, como um acontecimento trágico é mostrado para crianças? Que tipo de informação e escolha de imagens pode ou deve ser mostrado em um telejornal infantil?
Nesta presente comunicação, pretendo analisar em um primeiro momento o conceito de “promessa” (Jost, 2004) realizado por este programa infantil, que estabelece uma ligação entre os dois comunicantes, bem como a linguagem adotada pelos jornalistas e pela produção deste programa. As imagens presentes neste programa também são meu objeto de estudo nesta pesquisa, fundamentado através da regra 3-6-9-12 de Tisseron (2014) sobre o tipo de imagens às quais crianças se veem confrontadas através da multiplicidade de telas.
Em um segundo momento, pretendo analisar igualmente o conceito de programa cultural e de televisão educativa, que muitas vezes se traduz por uma hiperpedagogia nos programas infantis. Para tal, guiarei minha análise à luz de Camille Brachet (2010), Duek (2014) e Machado (2009).
Bibliografia
- BRACHET C. (2010) Peut-on penser à la télévision ? La Culture sur un plateau. Paris : Le Bord de l’Eau, INA.
CHESNEL S. Tablettes numériques pour tous au collège: la fausse bonne idée? L’Express, Paris, p. 5, 30 sept. 2014.
DUEK, C. (2014) L’enfance, la télévision et l’Etat argentin : Une discussion sur la qualité des programmes télévisés pour enfants. In : JOST, François. Pour une télévision de qualité. Paris : INA, pp. 207-218.
JOST, F. (1997). La promesse des genres. Réseaux, 15 (81), 11-31.
JOST, F. (2004). Seis lições sobre televisão. Porto Alegre: Sulina.
KAISER, A. (Producteur). (2015, Janvier 11) Arte Journal Junior. [Programme de télévision]. Paris et Berlin, Arte: service public.
LEMISH, D. (2007) Children and Television: A Global Perspective. Oxford: Blackwell Publishing, 2007.
MACHADO, A. (2009) A Televisão levada a sério. São Paulo: Editora Senac São Paulo.
TISSERON, S. (2014) 3-6-9-12 : Apprivoiser les écrans et grandir. Toulouse : Editions Erès.