Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Miriam de Souza Rossini (UFRGS)

Minicurrículo

    Doutora em História (UFRGS) e Mestre em Cinema (USP). Graduada em Jornalismo (PUCRS) e em História (UFRGS). Professora Associada do Departamento de Comunicação e do PPG em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Processos Audiovisuais (PROAv – UFRGS). Bolsista Produtividade do CNPq. Autora de artigos e capítulos de livro sobre cinema brasileiro, cinema e história e sobre as relações entre televisão e cinema no Brasil.

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema brasileiro na Web: novos arranjos produtivos e de circulação

Resumo

    Na última década, multiplicaram-se as produtoras que veem a Web como uma de suas estratégias de circulação de produtos. Isso permitiu que pequenas produtoras ou coletivos de produção controlassem o tripé cinematográfico: produção, distribuição, exibição, pois os próprios realizadores podem criar seu canal e disponibilizar seus filmes ou séries, o que deu visibilidades às produções de diferentes lugares do País. A proposta é discutir esse cenário e seu impacto no campo do cinema brasileiro.

Resumo expandido

    A proposta desta apresentação é discutir alguns resultados parciais da pesquisa Cinema dos Novos Tempos: experimentação de formatos audiovisuais narrativos e a circulação em múltiplas telas, que analisa a produção e a circulação de filmes ficcionais brasileiros na Web. A pesquisa é financiada pelo CNP e realizada pelo Grupo de Pesquisa Processos Audiovisuais, junto ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da UFRGS. Também integra o PROCAD/2013 – Jovens e consumo midiático.
    Na última década, multiplicaram-se as produtoras que passaram a ver a Web como uma de suas estratégias de circulação de produtos. Filmes já vinham sendo divulgados na Web, seja através de blogs que acompanhavam a produção, com fotos, notícias, pressbook, seja com o lançamento de trailers, teasers, etc. O Youtube, que revolucionou o campo da circulação audiovisual (BURGESS, GREEN, 2009), é um dos mais populares sites de compartilhamentos de audiovisual, assim como o Vímeo. A quantidade de trailers e teaser disponíveis na Web com certeza impactou seu consumo em outros ambientes, como a televisão ou as salas de cinema, por exemplo.
    Além disso, mais recentemente, também é possível observar que produtoras e/ou profissionais também estão disponibilizando seus filmes de diferentes formatos (curtas, médias, longas) em sites específicos de compartilhamento de filmes (como o Porta Curtas, que já possui um catálogo com quase dez mil filmes curtos), ou no próprio site da produtora. A Web tornou-se, portanto, espaço de circulação de produtos audiovisuais, em especial aqueles que não encontram espaço junto às tradicionais distribuidoras de filmes. A experiência do cineasta Carlos Gerbase com seu filme 3Efes, em 2007, abriu as portas para essa nova realidade.
    De lá para cá, foi ampliado o acesso à internet banda larga, ao mesmo tempo em que houve uma melhoria no serviço. A possibilidade de acessar a Web por diferentes telas conectadas à internet ajudou ainda mais a intensificar o consumo de audiovisual via Web. Por estar se transformando numa janela privilegiada para a consumo de audiovisual, a Web acabou atraindo também produtores profissionais, ou que buscam a profissionalização, interessados em experimentar a linguagem para essa ambiência (ROSSINI, 2015). A partir de mapeamentos feitos para a pesquisa Cinema dos novos tempos, observamos a multiplicação de produtoras atuando especificamente para a Web, e produzindo filmes de diferentes formatos, bem como séries e minisséries.
    São pequenas produtoras ou coletivos de produção que controlam o tripé cinematográfico: produção, distribuição, exibição, pois os próprios realizadores podem criar seu canal e disponibilizar seus filmes ou séries. Embora tenham que buscar (ativar) seu público, mesclando ações na própria Web quanto fora dela, os custos do processo de circulação são bem menores e a possibilidade de chegar ao público são maiores, se houver conhecimento das ferramentas de divulgação. De qualquer forma, ao poderem controlar o tripé, esses produtores detêm maior independência das demandas do mercado e podem falar para um público específico que muitas vezes não é abarcado pelas mídias tradicionais.
    Em poucos anos, portanto, a Web impactou o campo da produção audiovisual, apresentando-se como ambiência (WOLTON, 2007) que agrega novos produtores e produtos, e em especial dá visibilidade às produções de diferentes partes do País que raramente eram abarcadas pelos processos tradicionais de distribuição e circulação de filmes, voltados para a sala de cinema, para os espaços televisivos ou para o home vídeo. Debater esse novo cenário, apresentando os prós e os contras desse processo, bem como o mapeamento realizado, é o propósito da apresentação.

Bibliografia

    BENJAMIN, W. Magia e técnica. Arte e política. 7ed. São Paulo: Brasiliense, 1994 (vol. 1).
    BURGESS, J., GREEN, J. Youtube e a revolução digital. São Paulo: Aleph, 2009.
    LEDO ANDIÓN, M. (coord.). Cine, Diversidade y Redes. Pequeñas cinematografias, políticas de la diversidad y nuevos modos de consumo cultural. Buenos Aires. Instituto Universitário Nacional del Arte. Área Transdepartamental de crítica, 2013.
    LOZANO, J. C.. Parroquianos, cosmopolitas, exploradores y colonos: la recomposición de las audiências em tempo de las pantallas múltiples. In: OROZCO, G. (coord). TVMorfosis 3. Audiências audiovisuales, consumidores em movimiento. México: Productora de contenidos culturales Sagahón Repoll, 2014, p. 31-39.
    ROSSINI, M. S. Possibilidades de ubiquidade no audiovisual contemporâneo. In: SERRA, P., SÁ, S., SOUZA FILHO, W. (orgs.). A televisão ubígua. Covilhã: Labcom, 2015.
    WOLTON, D. (2007). Internet, e depois? Uma teoria crítica das novas mídias.
    2ª. Ed. Porto Alegre: Sulina.