Ficha do Proponente
Proponente
- Rafael Oliveira Carvalho (UFBA)
Minicurrículo
- Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia e mestre pela mesma instituição. É membro do Grupo de Pesquisa Recepção e Crítica da Imagem (GRIM). Membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), escreve para o Jornal A Tarde (Salvador) e para o site Moviola Digital (www.movioladigital.blogspot.com). É curador das mostras competitivas do Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Ficha do Trabalho
Título
- Reafirmando a autoridade: a crítica de cinema online no Brasil
Resumo
- Pretendemos apresentar aqui os resultados obtidos com a defesa da tese doutoral sobre a crítica de cinema que nasceu na web. Interessa-nos compreender como essa crítica que se emancipou exclusivamente no espaço online lida com a experiência do seu próprio exercício, agora no contexto da era digital. Buscamos trabalhar em uma perspectiva teórico-metodológica interdisciplinar a fim de pensar os dados textuais e contextuais da crítica de cinema online no Brasil.
Resumo expandido
- Essa proposta de comunicação está baseada na tese doutoral a ser defendida pelo proponente no primeiro semestre de 2017 com foco no estudo analítico da crítica cinematográfica online produzida atualmente no Brasil. Interessa-nos compreender como essa crítica que se emancipou exclusivamente no espaço online lida com a experiência do seu próprio exercício, agora no contexto da era digital. Buscamos entender o cenário da crítica no país e, posteriormente, concentrar-nos em alguns veículos que surgiram e seguem produzindo discursos de modo “independente” na web, sem ter passado pelo processo de migração da mídia impressa para a online.
Pensando a crítica como um dos modos instituídos do processo de recepção das obras do cinema, pretende-se tomá-la como fenômeno comunicativo associada a um contexto histórico de produção, circulação e consumo, frente às transformações incontornáveis advindas com a cibercultura e a emergência das trocas online. Partimos do questionamento de como essa crítica de cinema encara o próprio exercício cotidiano da profissão na relação discursiva que mantém com os filmes no contexto das novas conjunturas dos meios de comunicação digitais e em meio às perspectivas das funções e atribuições da própria crítica cinematográfica.
As diretrizes teóricas estão centradas em alguns pilares básicos: as pesquisas de Mattias Frey (2015a; 2015b) acerca da crítica na era digital, além do pressuposto de que a crítica de cinema busca reafirmar sua autonomia e autoridade em cada tempo histórico marcado pela crise; os estudos de recepção contextual que colocam o crítico como um espectador diferenciado, mas ainda assim como leitor que faz (re)significar o texto, completando-o e atribuindo-lhe valores outros, centrados nas contribuições de David Bordwell (1991) e Janet Staiger (2000; 1993); os conceitos teóricos convocados pela perspectiva da retórica, especialmente formulada nos estudos de Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca (2005) que remontam à tradição aristotélica; e as formulações de uma sociologia da crítica, amparada nas pesquisas de Pierre Bourdieu (1996) e sua teoria dos campos.
Buscamos trabalhar em uma perspectiva teórico-metodológica interdisciplinar a fim de pensar os dados textuais e contextuais da crítica de cinema online no Brasil. A abordagem de análise contextualista, em que “o objeto de estudo será a série de determinações e de mediações de ordem sociocultural e institucional que decretam em maior ou menor grau a autonomia das instâncias espectatoriais no consumo ou leitura/interpretação dos filmes” (BAMBA, 2013, p. 21), guiará o nosso ferramental metodológico a fim de nos fazer olhar não só para os textos e marcas da crítica de cinema em si, mas também para o contexto em que elas são produzidas, organizadas e difundidas a fim de serem consumidas por públicos diversos. Encontramos no universo online e na difusão da cibercultura um espaço de remodelação em muitos sentidos e válido para a totalidade das práticas comunicacionais que experienciamos na contemporaneidade.
Pretendemos apresentar aqui os resultados obtidos após o percurso teórico-metodológico empreendido com a feitura da tese. Defendemos que essa crítica, em reconfiguração no meio ao contexto das comunicações na era digital, possui alcance localizado e precisa constantemente lutar pela afirmação de sua autoridade.
Bibliografia
- BAMBA, Mahomed (Org.). A recepção cinematográfica: teoria e estudos de casos. Salvador, EDUFBA, 2013.
BORDWELL, David. Making meaning: inference and rhetoric in the interpretation of cinema. USA: Harvard University Press, 1991.
BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
FREY, Mattias. The permanent crisis of film criticism: The anxiety of authority. Amsterdam: Amsterdam University Press, 2015a.
FREY, Mattias; SAYAD, Cecilia (Orgs.). Film criticism in the digital age. London: Rutgers University Press, 2015b.
PERELMAN, Chaïm. OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: A nova retórica. Trad. Maria E.G.G. Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
STAIGER, Janet. Interpreting films: studies in the historical reception. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1992.
STAIGER, Janet. Perverse spectators: the practices of film reception. New York, New York University Press, 2000.