Ficha do Proponente
Proponente
- Tatiane Mendes Pinto (UERJ)
Minicurrículo
- Doutoranda em Comunicação Social pelo PPGCOM-UERJ. Mestrado em Mídia e Cotidiano pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisadora do LACCOPS (Laboratório de Comunicação Comunitária e Publicidade Social-UFF) e Pesquisadora do CAC-UERJ(Laboratório de Comunicação, Arte e Cidade).Desenvolve pesquisa em parceria com o CINEAD na área de Cinema no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde agosto de 2015.
Ficha do Trabalho
Título
- Cinema e territorialidades: cartografias de som, imagem e afeto
Seminário
- Cinema e educação
Resumo
- O presente estudo investiga experiências de cinema que acontecem em praças públicas e hospitais da cidade do Rio de Janeiro. Através de um percurso cartográfico, observa-se as diferentes instâncias do cinema como possibilidade de criar territorialidades sonoras, visuais e afetivas e assim permitir a vinculação entre os sujeitos. Utiliza-se os pressupostos metodológicos de Virgínia Kastrup (2009) sobre a cartografia, para a qual a tarefa do pesquisador é desterritorializar olhares e conceitos.
Resumo expandido
- O trabalho intenciona analisar experiências de cinema para além da sala de projeção, territórios sensíveis, nos pressupostos teóricos de Andréa França (2006), que acontecem em espaços coletivos da cidade do Rio de Janeiro. Para isso, realiza um percurso de observação participante, tendo como objetos de análise os Coletivos Projetação e Cine Vila , iniciativas que ocorrem com certa regularidade em praças da cidade fluminense e envolvem projeções ao ar livre, debates e intervenções artísticas. No caso do Projetação, as atividades tiveram início quando das manifestações de 2013 e tornaram-se um marco das chamadas jornadas de junho (Harvey, 2014). Já o Cine Vila existe desde abril/2016 e congrega temáticas sobre ocupações do espaço, movimentos sociais e artísticos.
Além disso, procura-se relacionar as práticas ao livre ao percurso iniciado em 2015, na observação participante de dois projetos de cinema dentro de enfermarias hospitalares no hospital Clementino Fraga Filho. Ambos são coordenados pelo Cinema para Aprender e Desaprender, o CINEAD . Ali ocorrem projeções, produção de filmes e exercícios com a linguagem do cinema, respectivamente com idosos e crianças. Segundo Fernanda Omelczuk (2015), coordenadora do projeto Cinema e Hospital, “o cinema permite […]um exercício de alteridade, ao aproximar o outro no tempo e no espaço” (p.19).
Admite-se como hipótese que as práticas permitem outros modos de habitar a cidade e vivenciar a experiência com o cinema, constituindo lugares simbólicos, na medida em que possam gerar vinculações sociais a partir da prática fílmica expandida. Mas expandida como? Dialoga-se com o ideário de Gene Youngblood (1970) e Kátia Maciel (2009) que, a seu tempo, pensaram um cinema onde a narrativa fílmica se associa a diferentes dimensões estéticas e materiais. Logo, ao adentrar a experiência realizada em locais absolutamente distintos, mas igualmente de intensa mobilidade e circulação de corpos, sons e imagens, busca-se investigar a construção de territorialidades, modos de ver e ser em ambientes onde o cinema cotidianamente não está. Sob a perspectiva de expansão, busca-se tensionar a ideia de cinema, reforçando o viés de som e imagem inerente às narrativas fílmicas, caminhando em consonância com Maciel e Rezende (2013) para observar potencialidades e limitações nos objetos em questão. Mais do que isso. Compreende-se que as narrativas sonoras e visuais, constituem, com igual importância, um lugar de potencialidades para a emergência de afetos, a ressignificação de espaços e a comunicação entre os sujeitos participantes e será nesse espaço entre narrativas – onde as paisagens de som e imagens atingem em igual medida paredes e corpos – que se pretende empreender o caminho investigativo. No cinema expandido as sonoridades e elementos visuais compõem afetos, sejam eles de “normalidade ou desvio, territorialização ou desterritorialização” . Ainda em Maciel a ideia de expansão alarga as fronteiras do cinema, configurando-se em visões outras de mundo e experiências sensíveis, que ocupam o espaço e propõem narrativas.
Como suporte teórico-metodológico, utiliza-se os pressupostos da cartografia, segundo Virgínia Kastrup (2009), em diálogo com Herschmann e Fernandes(2014), para os quais, a tarefa do pesquisador seria desconstruir os mapas existentes, propor caminhos. Em ambos os pressupostos, objetiva-se perceber em que medida o cinema pode criar territórios, que possibilitam a ressignificação de diferentes espaços, a emergência de narrativas e a vinculação dos sujeitos, independente da materialidade, do espaço ocupado ou da tecnologia empreendida.
Bibliografia
- HARVEY, David. Cidades Rebeldes: Do Direito à Cidade à Revolução Urbana , São Paulo, Martins Fontes, 2014
HERSCHMANN, Micael. ; FERNANDES, C. S. . Música nas ruas do Rio de Janeiro. 1. ed. São Paulo: INTERCOM, 2014.
MACIEL, K. (Org.). Transcinemas. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2009
MARTINS, Andrea França. Terras e Fronteiras no cinema político contemporâneo. 1. ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.
_______________________ Cinema de Terras e Fronteiras.In:MASCARELLO, et al.História do Cinema Mundial. 1. ed. São Paulo: Papirus, 2006
OMELCZUK FW, Fresquet A, Santi A. Educação, cinema e infância: um olhar sobre práticas de cinema em hospital universitário. Interface. 2015;19(53):387-94
REZENDE, R. ; M., K. . Poesia e Videoarte. 1. ed. Circuito, 2013.
YOUNGBLOOD, G.. Expanded Cinema. Nova Iorque: P. Dutton & Co., 1970.