Ficha do Proponente
Proponente
- Dostoiewski Mariatt de Oliveira Champangnatte (UNIGRANRIO)
Minicurrículo
- Dostoiewski é cineasta formado pela UFF-RJ. É Doutor em Educação e Pós-doutor em Comunicação pela UERJ. É Orientador de Mestrado no PPGHCA da Unigranrio. É Roteirista, membro da Associação Brasileira de Autores Roteiristas e já escreveu onze curtas-metragens e dois longas: “Fala Sério, Mãe!”, juntamente com Ingrid Guimarães, com previsão de estreia para outubro de 2017 (distribuição Downtown Filmes); e “Só se vive uma vez – a história de Jorge Guinle”, em pré-produção pela Pró-digital.
Coautor
- Anna Paula Soares Lemos (PPGHCA-UNIGRANRIO)
Ficha do Trabalho
Título
- Adaptações e transcriações nas indústrias cinematográfica e editorial
Resumo
- Adaptar uma obra literária para o cinema é um grande desafio, em especial para o roteirista, que é o primeiro a transcriar o texto literário para o texto fílmico, filmável. Este trabalho vai abordar duas forças que agem sobre o roteirista no processo de sua escrita e que determinam seu trabalho no que diz respeito às suas liberdades de adaptação/transcriação: a indústria cinematográfica e a indústria editorial.
Resumo expandido
- Escrever um roteiro de cinema adaptado de uma obra literária não significa, simplesmente, transformar em ações as descrições apresentadas no texto ou mesmo manter determinadas situações e personagens para que a fidelidade à obra seja a maior possível. Há a possibilidade de se criar novas ações, suprimir outras e até mesmo juntar várias em uma só, assim como se pode fazer tudo isso com os personagens. O roteirista de um filme adaptado é um tradutor da obra original e, nesse sentido, tal como abordou Haroldo de Campos, em Da transcriação – poética e semiótica da operação tradutora (2011), o tradutor pode ser hiperfiel à obra ou recriá-la, sendo, portanto, um transcriador. Este trabalho pretende discutir o trabalho do roteirista a partir dessa perspectiva, do roteirista como tradutor, e pretende investigar e criticar a ação do mesmo poder escolher ser fiel ou não à obra original. Para tanto, partem-se das seguintes premissas: um roteiro, adaptado ou não, geralmente, não é considerado uma obra-fim, acabada, pois o roteiro é um texto que existe para ser filmado, para virar um filme. É, portanto, visto como se fosse uma etapa do processo e não uma obra em si, apesar de haver roteiros que já foram publicados por interesses da indústria editorial. A outra premissa é de que tanto o roteiro, como o filme são produtos culturais, feitos por indústrias culturais para obtenção de lucro, afirmação essa feita a partir de Adorno e Horkheimer, em Indústria cultural e sociedade (2009). Tendo em vista essas duas premissas, o roteirista pode ser um refém da indústria cinematográfica, ao ser obrigado a adaptar fielmente uma obra literária para o cinema. Essa fidelidade é extremamente questionável, mas muito exigida tanto por parte da indústria cinematográfica, da indústria editorial e também do público fã de tal obra. Para além disso, o roteirista também pode ter total liberdade para recriar a história e assim transcriar a obra original. As circunstâncias econômicas, de star systens de produtores, diretores e roteiristas também serão levadas em consideração na problematização apresentada, que não pretende analisar este ou aquele filme, mas ter em vista um escopo de filmes e situações diferentes a serem criticadas.
Bibliografia
- ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Indústria cultural e Sociedade. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2009.
CAMPOS, H. Da transcriação – poética e semiótica da operação tradutora. Belo Horizonte: Viva Voz, 2011.
EARP, F.; KORNIS, G. A Economia do Livro: a crise atual e uma proposta de política. Rio de Janeiro: BNDES, 2005.
LUSVARGHI, L. Book trailers: ficção, autorismo e narrativa transmídia na indústria do audiovisual. In: Revista Logos, v. 20, n.02, 2013.
MATTA, J. P. R.. Políticas Públicas Federais de apoio à Indústria Cinematográfica brasileira: um histórico de ineficácia na distribuição. In: Revista Desenbahia, 2008.