Ficha do Proponente
Proponente
- Fernanda Teixeira Mendes (UFJF)
Minicurrículo
- Mestranda em Cinema e Audiovisual pelo Programa de Pós-Graduação em Artes, Culturas e Linguagens da Universidade Federal de Juiz de Fora (IAD/UFJF), sob orientação da Prof. Dra. Alessandra Brum. E-mail: fernanda_t.m@hotmail.com
Ficha do Trabalho
Título
- Benedito Junqueira Duarte e sua atuação no cinema científico
Resumo
- Esse trabalho tem por objetivo lançar um olhar sobre o cinema médico-científico produzido pelo paulista B. J. Duarte, especialmente durante a década de 1960, quando mantém uma produção mais dedicada à área. Procuramos compreender a sua carreira como cineasta e mais particularmente a forma como atuava em suas produções, tomando como fonte principal, para além dos filmes, suas críticas, memórias e fotografias.
Resumo expandido
- Essa comunicação tem por objetivo analisar o cinema médico-científico de Benedito Junqueira Duarte produzido no estado de São Paulo durante a década de 1960. Com essa finalidade tomamos para reflexão cinco obras que estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca Brasileira e que foram distribuídas e/ou produzidas pelo Instituto Nacional de Cinema Educativo (Ince): Hipospádia neouretroplastia (1964), Hipospádia (1964), Semiologia neurológica: alteração da marcha (1964), Teratologia (1963) e Cirurgia do deslocamento da retina: introflexão escleral com implantes de silicone (1967).
Além de ter sido um criador de filmes com temáticas médicas e ter produzido uma extensa filmografia, B. J. Duarte também foi muito presente no campo da crítica cinematográfica e da fotografia. Segundo Catani (1999), B. J. Duarte inicia suas atividades no cinema em 1930 no Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo e de acordo com Márcia Regina B. da Silva (2008) ele deu partido à sua produção fílmica mais especificamente no ano de 1936, com o filme Parques e jardins de São Paulo, tendo realizado seu primeiro filme científico em 1949, com o título Apendicectomia. Durante grande parte de sua vida – 1960 até o ano de sua morte (junho de 1995) – B. J. Duarte dedicou-se principalmente ao filme de temática médica, trabalhando como assessor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Segundo Márcia Regina Barros da Silva, umas das questões mais importantes e relevantes para B. J. Duarte em suas memórias é a forma como pensava a construção de seus filmes. Ele deixa claro que não se prestava a apenas a um registro, mas sim, à criação de uma obra cinematográfica. Algumas das técnicas que julgava como primordiais dizem respeito aos efeitos de iluminação, à cor e ao enquadramento em busca do melhor ângulo de visão para o espectador. B. J. Duarte diz estar sempre atento ao “ponto de vista do cirurgião” e em busca do “centro do campo operatório de maior interesse didático e estético” (DUARTE in SILVA, 2010:323). Para que esse objetivo fosse alcançado o cineasta se organizava a partir de roteiros acompanhados de cronogramas, o que demonstra sua real preocupação com a mensagem que iria transmitir através de suas imagens. Também com base na cronometragem Duarte buscava dar um ritmo ao filme, sem deixá-lo monótono ao seu ponto de vista (SILVA, 2010).
B. J. Duarte acreditava que a aproximação da câmera devia se dar apenas para “coincidir com o tempo mais importante da sequência operatória” (DUARTE in SILVA, 2010:324) e sempre que era possível se utilizava de fusões para sintetizar o conteúdo da filmagem. Também manuseava em demasiado o efeito de luz e sombra, que para ele era o principal recurso para atingir a dramaticidade de seus filmes, a qual se relacionava com o propósito de produzir um material de alto teor artístico (SILVA, 2010).
Nessa pesquisa buscaremos entender a forma como B. J. Duarte atuava em suas produções com o intuito de compreender como a atividade científica era pensada e explorada por ele. Dessa forma daremos mais evidência aos aspectos estéticos e artísticos de seus filmes, dando menor ênfase a seu caráter educativo.
Bibliografia
- CATANI, Afrânio. Anhembi e a crítica de cinema (1950-1962). In SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DE CINEMA, SOCINE III,. 1999, Brasília. Disponível em: . Acesso em: 02. fev. 2017.
SILVA, Márcia Regina Barros Da. A memória e a ideia de verdade no cinema científico de Benedito Junqueira Duarte.In: JORNADAS LATINO-AMERICANAS DE ESTUDOS SOCIAIS DAS CIÊNCIAS E DAS TECNOLOGIAS, ESOCITE VII,. 2008, Rio de Janeiro: UFRJ, 2008. Disponível em: . Acesso em: 02 fev. 2017.
______. Um filme vai à medicina: o universo descrito pelo cinema científico de Benedito
Junqueira Duarte. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, PUC – São
Paulo, v. 40. 2010. Disponível em: .
Acesso em: 13 out. 2016
BANCO DE CONTEÚDOS CULTURAIS. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2017.