Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria do Carmo de Siqueira Nino (UFPE)

Minicurrículo

    MARIA DO CARMO DE SIQUEIRA NINO
    link lattes: http://lattes.cnpq.br/1498590343496137

    Bacharel em arquitetura, pós-graduação em Paris 1- Sorbonne, na área de Artes Visuais, professora adjunto no Curso de Artes Visuais da UFPE onde ministra as disciplinas de Fotografia e Artes, Leitura de obras de Arte e Estética. Atua desde 1999 como docente permanente do Programa de Pós-graduação de Linguística, Letras e Artes (PPGL) (doutorado e mestrado) da UFPE, onde ministra as disciplinas de Tex

Ficha do Trabalho

Título

    O PASSADO, ESTE PAÍS ESTRANGEIRO

Resumo

    No filme intitulado 45 anos, filmado em 2015 pelo diretor britânico Andrew Haigh a partir de um conto de David Constantine, a narrativa, nunca autoconsciente, é direcionada para os personagens, filmados em confronto errático com espaços que os circundam, abalados por um súbito fantasma do passado, pouco abaixo da superfície. Revisitaremos o filme com base em uma leitura dos conceitos de Bachelard em seu livro A terra e os devaneios do repouso, ensaio sobre as imagens da intimidade.

Resumo expandido

    Casados há 45 anos e sem filhos, ambos aposentados, felicidade tranquila de classe média. O espaço interior da casa, sua mobília e adereços sabiamente dispostos, envolta em convidativos campos verdejantes da pequena localidade inglesa de Norfolk. Se tece então em uma semana marcada por interlúdios, uma historia comovente sobre a ressurgência do passado em um presente que se acreditava estável, previsível, controlável. Em pleno período da semana prévia da organização para a festa da almejada comemoração das bodas, tudo vai ser abalado, irremediavelmente. Nada voltará a ser como antes.
    A dimensão onírica da casa aponta para o locus do sonho em seu palco mais fulgurante, metáfora de repouso, refúgio, conforto, proteção, calor humano, centro enfim de uma relação com base na familiaridade e na intimidade, como nos faz vislumbrar Bachelard.
    Será porém em torno de outro espaço, o sótão, o palco de onde emergirá a fissura do inquietante, dando margem para que sejam questionadas e assim reavaliadas as escolhas feitas ao longo de uma existência, e do status quo dos desejos mais profundos que passam a atormentar o presente.
    Nesta historia filmada em 2015 pelo diretor britânico Andrew Haigh a partir de um conto de David Constantine, a narrativa, nunca autoconsciente, é direcionada para os personagens, filmados em confronto errático com estes espaços que os circundam, abalados por um súbito fantasma do passado, pouco abaixo da superfície.
    Propomos então para este filme uma leitura bachelardiana, pois em um autor para quem o ato de habitar reveste-se de valores inconscientes, que o inconsciente não esquece jamais, o drama interior dos personagens, encontra na metáfora espacial da casa uma via de acesso para nossas problematizações.

Bibliografia

    • BACHELARD, G., La poétique de l’espace, Paris, PUF, (1957) 1994.
    ___________________, La terre et les revêries du repos, Paris, José Corti, (1948)1992.
    • BARTHES, R., Câmara Clara: notas sobre a fotografia, tr. Castanon Guimarães, RJ, Nova Fronteira, (1980) 1984
    • LEITÃO, Lúcia, AMORIM, Luiz (org.), A Casa Nossa de Cada Dia, Recife, Ed. Universitária UFPE, 2007
    • LIMA BRANDÃO, Ludmila, A Casa Subjetiva: matérias, afetos e espaços domésticos, SP, Cuiabá, Perspectiva, Secretaria do Estado de Cultura de Mato Grosso, 2002, col. Estudos.
    • MARC, Olivier, Psichology of the House, tr. Jessie Wood, London, Thames and Hudson, (1972) 1977
    • PALLASMAA, Juhani, A Imagem Corporificada: Imaginação e Imaginário na Arquitetura, tr. Alexandre Salvaterra, POA, Bookman, (2011) 2013