Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Ivana Bentes (UFRJ)

Minicurrículo

    É professora e pesquisadora da linha Tecnologias da Comunicação e Estéticas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRJ. É autora de Glauber Rocha. Cartas ao mundo; Joaquim Pedro de Andrade: a Revolução Intimista; Ecos do Cinema: de Lumiere ao Digital; Avatar: a ecologia das imagens digitais e Mídia Multidão: Estéticas da Comunicação e Biopolíticas. Foi diretora da Escola de Comunicação da UFRJ de 2006 a 2013 e Secretária de Cultura do Ministério da Cultura (2015/2016)

Ficha do Trabalho

Título

    Teoria experimental na obra de Arthur Omar. Antropolgia Estética

Seminário

    Teoria dos Cineastas

Resumo

    Uma apresentação das teorias cinematográficas e fotográficas propostas por Arthur Omar a partir de textos e ensaios que acompanham seus filmes, séries fotográficas, instalações. Tendo como ponto de partida o ensaio “O Anti-Documentário Provisoriamente (1972) e o filme-experimento CONGO para chegar na elaboração de uma teoria fotográfica radical no livro “Antes de Ver: Fotografia, Antropologia e as Portas da Percepção (2015). Teorias e obras obre as condições perceptivas do sujeito e do ver.

Resumo expandido

    Uma apresentação das teorias cinematográficas e fotográficas propostas por Arthur Omar a partir de textos, manifestos, ensaios que acompanham seus filmes, séries fotográficas e livros. Tendo como ponto de partida o ensaio “O Anti-Documentário Provisoriamente (1972) e o filme-experimento CONGO para chegar na elaboração de uma teoria fotográfica radical no livro “Antes de Ver: Fotografia, Antropologia e as Portas da Percepção (2015).

    Nessa trajetória singular uma questão se impõe: a noção de sujeito e objeto no documentário, na antropologia e nos processos estéticos e algumas proposições: é possível transformar o filme em um “objeto ritual”? Como a fotografia pode capturar as próprias “condições perceptivas do sujeito fotografante”?; Como “entrar em fase” com os objetos?

    Passando do cinema a fotografia e vice-versa, perseguindo as condições de possibilidade do ato fotográfico e cinematográfico, Arthur Omar constrói ao longo de mais de 40 anos uma obra de objetos-experimentos: os anti-documentários e as “desmontagens” e hiperlinks de Triste Trópicos; os rostos da Antropologia da Face Gloriosa”; as imagens em dissolução em instalações e obras que expressam o êxtase; um “pensamento do homem do rio” conectado com as paisagens da Amazônia tematizadas no livro O Esplendor dos Contrários e por fim, a dissolução dos objetos no livro-ensaio “Antes de Ver” em que as imagens já não tem referentes.

    Na sua trajetória, Arthur Omar atravessa o campo do cinema experimental dos anos 70, a videoarte nos anos 80 com reflexões sobre a “natureza” do vídeo, as instalações fotográficas e audiovisuais produzindo uma ampla reflexão que se constitui como uma teoria em ato que produz experimentos estéticos-teóricos. Há também nos filmes e textos uma provocação metodológica.
    “Questões de método” aparecem em cada obra-experimento.

    A proposta desta apresentação é conectar algumas dessas questões presentes na obra/teoria de Arthur Omar com as questões do presente: Como lidar com a alteridade? Como as linguagens estéticas nos colocam em experiências/experimentos de empatia, conexão, tensão com o outro social, político. O que a linguagem e a estética nos ensinam sobre essas relações. Por que elaborar proposições teóricas a cada obra? Por que cada obra de Arthur Omar se pretende um dispositivo, não simplesmente uma obra conceitual, mas um experimento e um processo indissociáveis da obra, como “o pensamento do homem do rio” que cola na paisagem e entra em fluxo com ela.

    Os textos que tomamos como base para fazer esse percurso são os textos de Arthur Omar que acompanham a realização de um conjunto de obras: “O Anti-Documentário Provisoriamente” (1972), que acompanha o filme-experimento CONGO; os ensaios “O que são faces gloriosas?”, “Teatro de Operações”, ”Foto-gnose” que acompanham a série fotográfica “Antropologia da Face Gloriosa” (1997); os textos do livro “O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia” (1999) que produzem uma autoteoria (autoetnografia) sobre seu processo de criação; “Dante nas Águas”, aforismas em “O Esplendor dos Contrários: aventuras da cor caminhando sobre as águas do rio Amazonas” (2002); “Sobre este Livro” introdução a “Viagem ao Afeganistão” (2010); e os ensaios de “Antes de Ver: Fotografia, Antropologia e as Portas da Percepção” (2014).

    Neste conjunto de textos temos uma forte problematização do estatuto das imagens e a simulação e experimentação de teorias disruptivas: antropologia gloriosa, antropologia projetiva, antropologia instantânea que problematizam as certezas do visível ao perguntar sobre as condições perceptivas do sujeito, sobre a fatura das imagens e o que afinal há antes do ver?

Bibliografia

    AUMONT, Jacques. As Teorias dos Cineastas, São Paulo: Papirus Editora. 2002
    BENTES, Ivana. O Êxtase das Imagens in OMAR, A. Antropologia da Face Gloriosa. São Paulo. CosacNaify 1997
    MACDOUGALL D. Film, ethnography, and the senses. The corporeal image. Princeton University Press
    OMAR, Arthur. “O Anti-Documentário Provisoriamente” Revista Vozes 1978
    ______________ Antropologia da Face Gloriosa. São Paulo. CosacNaify 1997;
    ______________ O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia”. Rio de Janeiro. Catálogo do Centro Cultural Bando do Brasil. Rio de Janeiro, 1999
    _______________ O Esplendor dos Contrários: aventuras da cor caminhando sobre as águas do rio Amazonas. São Paulo. CosacNaify. 2002
    ________________Viagem ao Afeganistão. São Paulo. CosacNaify. 2010
    ________________Antes de Ver: Fotografia, Antropologia e as Portas da Percepção. São Paulo. CosacNaify. 2014

    VIVEIROS DE CASTRO, E.. Metafísicas Canibais CosacNaify 2015

    XAVIER, Ismail. O Avesso do Brasil in Folha de SP. 19/01/1997