Ficha do Proponente
Proponente
- Marc Berdet (USP)
Minicurrículo
- Doutor pela Universidade Paris 1 – Panthéon Sorbonne (2009), pós-doutorando (Fapesp) na FFLCH-USP (2016-2018). Publicou em francês os livros Fantasmagorias do capital. A invenção da cidade-mercadoria (La Découverte, 2013); Walter Benjamin. A paixão dialética (Armand Colin, 2014); O trapeiro de Paris. Walter Benjamin e as fantasmagorias (Vrin, 2015), e, em francês e em castelhano, dois artigos sobre Caliwood e o gótico tropical (Socio-anthropologie e Acta Poética, 2016).
Ficha do Trabalho
Título
- Como lembrar os vencidos da historia? Uma leitura benjaminiana do “gótico tropical”
Resumo
- Esta comunicação se inspira no método de crítica literária praticada pelo filosofo alemão Walter Benjamin em Origem do drama barroco alemão (1928) para desvelar a origem do gótico tropical colombiano (1982-1986), seja do ponto de vista de crítica social, a energia criativa de um coletivo efêmero de jovens utopistas frente a um mundo abalado por grandes mudanças políticas, seja do ponto de vista de crítica estética, o encontro sulfuroso entre uma crítica social e uma antropologia do mal.
Resumo expandido
- Histórias de vampiros, de zumbis, de incesto, de canibalismo social e de antropofagia entre as classes sociais na paisagem do escravagismo antigo e do colonialismo moderno próprio da América latina: assim poderíamos definir o “gótico tropical”. Esta estética fílmica e literária colombiana importa, no clima tropical, o gótico nascido na Roménia e Inglaterra, nos castelos de Transilvânia e nas mansões vitorianas.
Se aclimatou a transplantação monstruosa? Essa estética de terror, exemplar do potencial subversivo – conforme a técnica de crítica de Walter Benjamin afrontando o barroco alemão – dos géneros menores, conseguiria retomar a força originária, surrealista, da crítica política do gênero negro inglês, fazendo dele um elemento explosivo da ordem política e social na América latina? Como interpretar a trilogia negra do Hollywood de Cali – ou “Caliwood” – formada pelos filmes Pura Sangre (1982), Carne de tu carne (1983) e La Mansión de Araucaíma (1986), dos cineastas Luís Ospina (1949-) e Carlos Mayolo (1945-2007)? Será o escritor Álvaro Mutis (1923-2013), autor do primeiro “relato gótico em terra quente” (1971), na origem do gênero? Ou o meteoro Andrés Caicedo (1951-1977), avido de fantástico na sua cinefilia como na sua poesia? Qual foi o papel do seu cineclube, da sua revista de cinema – e da comunidade hippie Ciudad Solar, onde todos viviam e criavam na Cali dos anos 1970?
Esta comunicação se inspira do método de crítica literária praticada pelo filosofo alemão Walter Benjamin para desvelar a origem do gótico tropical colombiano, seja do ponto de vista de crítica social, a energia criativa de um coletivo efêmero de jovens utopistas frente a um mundo abalado por grandes mudanças políticas, seja do ponto de vista de crítica estética, o encontro sulfuroso entre uma crítica social e uma antropologia do mal.
Bibliografia
- Berdet M. (2016), “Gótico tropical y surrealismo. La novela negra de Caliwood”, em Acta Poetica 37.2, julho-dezembro, p. 35-52.
Berdet M., (2016) “Dernière séance à la Cité solaire. Sociogenèse d’une cinéphilie colombienne”, em Socio-anthropologie n° 33. Des collectifs éphémères, Poirot-Delpech S. (ed.), Paris, Publications de la Sorbonne, p. 31-43.
Díaz-Zambrana R. e Tomé P. (2012) (dir.), Horrofílmico. Aproximaciones al cine de terror en Latinoamérica y el Caribe, San Juan, Puerto Rico, Isla Negra Editores, 2012.
González Martínez K. (2014), Cali, ciudad abierta. Arte y cinefilia en los años setenta, Bogotá, Mincultura/Tangrama.
Hernández Samaniego G. e Ortiga Pareja E. (dir.) (2014), Carlos Mayolo. Un intenso cine de autor, Unam, México.
Suárez J. (2014), “Tropical Gothic: Cinematic Dislocations of the Caribbean Imaginary in South West Colombia”, em Studies in Gothic Fiction, vol. 3, Issue 2, p. 24-37.