Ficha do Proponente
Proponente
- Angela Nelly dos Santos Gomes (UFPA)
Minicurrículo
- Professora do Bacharelado em Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal do Pará. Mestre em Comunicação pela UMESP-SP. Atua como documentarista, produtora e roteirista de cinema e TV. Dedica-se ao estudo de roteiro, tendo sido premiada no edital de “Apoio ao Desenvolvimento de Roteiros de Ficção, SAv\Minc em 2009; participante do Programa Globosat de Desenvolvimento de Roteiristas. Participou da elaboração do Núcleo Criativo da Produtora TV Norte, primeiro do Norte selecionado pelo Prodav 3.
Ficha do Trabalho
Título
- AS POLÍTICAS PÚBLICAS DO AUDIOVISUAL E A REGIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
Resumo
- Este trabalho propõe uma análise crítica e reflexiva sobre a regionalização da produção audiovisual a partir das políticas públicas vigentes com a implantação da Ancine. O objetivo é compreender e demonstrar como isso está alcançando a produção do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, tendo em vista a aplicação da política de cotas regionais. A análise se dá no período entre 2010 e 2016, a partir dos resultados das chamadas públicas do Fundo Setorial do Audiovisual e a vigência da Lei da TV paga.
Resumo expandido
- Propomos com este trabalho fazer uma análise crítica sobre a regionalização da produção audiovisual brasileira a partir das políticas públicas vigentes no país, com a implantação da Agência Nacional do Cinema, Ancine. O objetivo é compreender e demonstrar como isso está alcançando a produção do Centro-Oeste, Norte e Nordeste (CONNE), uma das regiões definidas pelos marcos regulatórios do audiovisual para fins de aplicação da política de cotas regionais. A análise se dá no período entre 2008 e 2016, a partir dos resultados das chamadas públicas do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e da implantação da Lei 12.485/11, conhecida como a lei da TV paga.
No início da década de 90 a produção cinematográfica e audiovisual brasileira sofreu uma espécie de apagão com o desmantelamento das políticas culturais feito pelo Governo Collor. Com isso o setor atravessou a década de 90 tentando se reerguer e se reestruturar. Como resultado desse esforço surge então uma série de proposições que se efetivam ao longo das décadas de 90 e 2000 com o objetivo de promover o desenvolvimento de uma indústria audiovisual sustentável no país. De certa forma, essas proposições atualmente definem o perfil do mercado audiovisual brasileiro, tais como a atuação da Ancine como principal órgão setorial com a função de regulação, fomento e fiscalização; as políticas públicas setoriais com forte base no incentivo fiscal; o FSA como principal mecanismo de fomento direto; e mais recentemente a regulação da TV fechada, com a Lei 12.485, e as cotas obrigatórias de conteúdo brasileiro independente.
Nesse contexto, a regionalização da produção aparece como um dos eixos dessa política pública setorial. Isso é contemplado desde a Medida Provisória 2.228-1/01, que estabelece os princípios gerais da Política Nacional de Cinema, cria a Ancine e dá base para as políticas públicas do audiovisual vigentes hoje. A regionalização então passou a ser tratada como parte do discurso governamental como uma das formas de promover a diversidade nacional, dando eco a uma antiga discussão e demanda acerca da descentralização do mercado audiovisual, cuja característica histórica é a concentração da produção no chamado eixo Rio-São Paulo.
Observa-se que nos últimos anos, principalmente a partir de 2008 com a implantação do FSA, que possibilitou uma maior atuação da Ancine como órgão de fomento, diversos mecanismos e ações foram implantados na tentativa de criar condições para descentralizar os eixos produtivos do setor. Isso se dá principalmente com a obrigatoriedade das cotas regionais em todas as linhas de desenvolvimento, produção, distribuição e exibição: Prodecine (cinema), Prodav (TV) e Cinema Perto de Você (ampliação de salas de exibição). Além disso, a Lei da TV Paga implantada em sua totalidade em 2013, corroborou esse princípio, determinando que as receitas da Condecine – Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional – sejam destinadas no mínimo em 30% a produtoras brasileiras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Ainda assim, segundo o Mapeamento e Impacto Econômico do Setor Audiovisual no Brasil – 2016, realizado pela Fundação Dom Cabral em parceira com Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) e Sebrae, entre 2008 e 2015 a produção e o lançamento de filmes ficaram concentrados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, somando o equivalente a 79% da produção nacional.
Diante disso, a questão que se coloca é analisar quais seriam as perspectivas de mudança na descentralização da cadeia produtiva do audiovisual, com base nos resultados de produção e exibição dos projetos contemplados dentro desse princípio da indução regional, a exemplo da região do CONNE; e quais os desafios postos para que os resultados sejam realmente percebidos.
Bibliografia
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FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Mapeamento e Impacto Econômico do Setor Audiovisual no Brasil: 2016. [S.l.: s.n.], 2017
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