Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Guilherme Augusto Bonini (UFSCar)

Minicurrículo

    Mestrando e bolsista CAPES do PPG em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos, é pós-graduado em Cinema e Linguagens Audiovisuais pela Universidade Estácio – SP; graduado em Comunicação Social pela Universidade de Araraquara – SP e possui certificado técnico em Cinema pela ARTCINE de Curitiba – PR. Seus estudos centralizam a construção da narrativa cinematográfica. É diretor, fotógrafo e montador na área audiovisual.

Ficha do Trabalho

Título

    Deus é um DJ: A música diegética em A Árvore da Vida

Resumo

    Propõe-se nessa comunicação uma reflexão sobre o uso do som como elemento fundamental da construção narrativa do filme A Árvore da Vida, do diretor norte americano Terrence Malick, de 2011, destacando a música diegética como uma das principais ferramentas de potencialidade narratológica, que se configura através da sua montagem em sobreposição aos ruídos de fragmentos temporais da diegese, a fim de pontuar o estado emocional dos personagens em um gesto poético do criador.

Resumo expandido

    A presente comunicação busca refletir sobre o uso do som como elemento fundamental de construção narrativa do filme A Árvore da Vida, do diretor norte americano Terrence Malick, 2011, destacando a música diegética como sendo uma das principais ferramentas de potencialidade narratológica, que se configura através da montagem, em uma sobreposição melódica aos ruídos de fragmentos temporais da diegese, pontuando o estado emocional dos personagens em um gesto poético do criador. Essa investigação lida especificamente com duas cenas do filme que fazem parte de uma estrutura dramática em que a melodia transpassa as fronteiras do passado, presente e futuro dos personagens. Tal característica sugere questões que envolvem a razão da presença musical em cena, sua existência de causa e efeito na trama ou mesmo a estratégia na utilização de recursos técnicos e estilísticos que, aplicados na dramaturgia, podem evocar percepções sensoriais especiais no espectador. Estas questões, em conjunto com a análise das específicas sequências do filme, serão discutidas por diferentes frentes teóricas, partindo dos conceitos de Michel Chion para abordar, primeiro, os aspectos funcionais da música na narrativa fílmica enfatizando as concepções de pit music e screen music – para se observar o tempo e espaço da ação na mise en scène – e, segundo, os conceitos de sobreposição e sincronia que, ao transpassar entre as temporalidades dramáticas, firmam a música como parte de uma formulação emblemática que envolve a figura de um dos personagens como sendo o condutor de toda a ação narrativa ou ‘a representação simbólica de um DJ da vida’, ainda segundo Chion. Depoimentos de Hintermann e Villa, participantes da produção, contribuirão na tentativa de se identificar a utilização do recurso sonoro como sendo um artifício técnico (característico do diretor) que cruza a dimensão da diegese e gera uma dramaturgia sensória, além da percepção lógica do espectador.

Bibliografia

    ALTMAN, Rick. “Nascimento da recepção clássica: a campanha para padronizar o som”. In: Imagens n.5, Campinas: Editora da Unicamp, 1995.
    AUMONT, Jacques. A análise do filme. Lisboa: Texto e Grafia, 2004.
    CHION, Michel. Film, a Sound Art. New York: Columbia University Press, 2009.
    GORBMAN, Claudia. Unheard melodies – narrative film music. London: Bloomington: Indiana University Press, 1987.
    HINTERMANN, Carlo e VILLA, Daniele. Terrence Malick, rehearsing the unexpected. London: Faber e Faber, 2015.
    KASSABIAN, Anahid. Hearing Films: tracking identifications in contemporary Hollywood film music. Londons: Routledge, 2001.