Ficha do Proponente
Proponente
- Genilda Azeredo (UFPB)
Minicurrículo
- Genilda Azerêdo é professora da Universidade Federal da Paraíba, com atuação nos cursos de graduação e pós-graduação em Letras. É pesquisadora-bolsista PQ2 do CNPQ, com projeto sobre Literatura e Cinema. Tem publicado regularmente em revistas, livros e anais de congressos. É membro do Conselho Consultivo das Revistas Dialogia (Uninove, São Paulo); Publicatio e Uniletras (Ponta Grossa, Paraná) e Graphos (PPGL/UFPB).
Ficha do Trabalho
Título
- Kléber Mendonça e a ciranda de todos nós: configurações espaciais e re
Resumo
- Propomos a discussão dos filmes Recife frio, O som ao redor e Aquarius, do diretor Kléber Mendonça, tendo como foco a questão espacial, considerando a cidade do Recife captada entre a fantasia distópica de Recife frio e as conotações realistas de O som ao redor e Aquarius. Os três filmes aqui abordados configuram espaços que vão desde a cidade (Recife frio), o bairro, à rua (O som ao redor), culminando na interioridade da casa (Aquarius). Que gestos de resistência os espaços indiciam?
Resumo expandido
- A questão espacial é uma preocupação nos filmes do diretor Kléber Mendonça, sendo uma problemática significativa em Recife Frio, O som ao redor e Aquarius, algo já presente nos próprios títulos. O curta Recife Frio inclusive faz referência a um livro do arquiteto pernambucano Armando de Holanda, intitulado Roteiro para construir no Nordeste: arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados, destinada a “construções humanas e generosas”, ou seja, “a uma poesia impossível” (cito fala do filme). A referência aparece em um contexto que denuncia o aumento vertiginoso dos prédios e de uma arquitetura e paisagem urbana que segregam e desumanizam. Em Recife frio, a tonalidade utilizada é irônica e paródica, diferente daquela adotada nos dois outros filmes. A despeito desta diferença, lançamos a hipótese de que Recife frio antecipa, de modo embrionário, várias problemáticas que são desenvolvidas nos filmes posteriores, a exemplo do conflito de classes, do drama social, dos efeitos advindos da especulação imobiliária e da desumanização das cidades. Partindo destas considerações, propomos a discussão dos três filmes tendo como foco a questão espacial, inclusive com a cidade do Recife captada entre a fantasia distópica de Recife frio e as conotações realistas de O som ao redor e Aquarius. Algumas das questões que motivam a presente discussão seriam: de que modo a configuração espacial contribui para os significados da narrativa fílmica como um todo? Que efeitos a tonalidade irônica de Recife frio provoca quando pensamos no “Recife” dos outros filmes? Como as narrativas articulam os espaços com a crítica social e os diferentes gêneros (documental, suspense, thriller) que informam os filmes? Que gestos de resistência os espaços indiciam? Também lançamos a hipótese, como trajetória de investigação, que os três filmes aqui abordados configuram espaços que vão desde a cidade (Recife frio), o bairro, à rua (O som ao redor), culminando na interioridade da casa (Aquarius).
Bibliografia
- Bachelard, Gaston. A poética do espaço. In: Os pensadores. Vol. XXXVIII. Tradução de Antônio da Costa Leal e Lídia do Valle Santos Leal. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
Deren, Maya. “Cinematography: the creative use of reality”. In: MAST, Gerald et all.
Film theory and criticism. New York and Oxford: Oxford University Press, 1992.
Didi-Huberman, Georges. O que vemos, o que nos olha. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 2010.
Gledhill, Christine & Williams, Linda. (ed.). Re-inventing film studies. London: Arnold, 2004.
Hutcheon, Linda. Irony’s edge: the theory and politics of irony. London and New York: Routledge, 1995.
LOPES, Denilson. A delicadeza: estética, experiência e paisagens. Brasília: Editora UNB/Finatec, 2007.