Ficha do Proponente
Proponente
- Maria Ignês carlos Magno (UAM)
Minicurrículo
- Professora do PPGCOM em Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi. Doutora em Ciências da Comunicação. Mestre em História Social. Pós-doutoranda do PPGCOM da ESPM, sob a supervisão da Profa. Doutora Maria Aparecida Baccega. Pesquisa atual: A telenovela brasileira sob os olhos da crítica nos anos 1970-1990. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa: Inovações e Rupturas na Ficção Televisiva Brasileira. Autora da seção Resenha-Cinema da revista Comunicação & Educação da ECA/USP.
Ficha do Trabalho
Título
- Por que a crítica de telenovela? Como ela entra nesse debate?
Mesa
- Crítica e academia: Uma relação possível?
Resumo
- Como parte da mesa temática “Crítica e academia: uma relação possível?” pretendo apresentar a crítica sobre a telenovela brasileira. Especialmente dos anos 1970 quando os debates acadêmicos sobre a crítica e as teorias críticas eram intensos. A crítica de telenovela igual à crítica literária e cinematográfica também existia. Uma crítica que mesmo não participando diretamente dos debates sobre a crítica e as teorias da crítica exercitada nos meios acadêmicos era praticada diariamente nos jornais.
Resumo expandido
- Por que estudar a crítica numa época em que ela anda tão desprestigiada? Por que pensar a crítica da telenovela brasileira numa época em que o formato já está para lá de consagrado? São as duas perguntas iniciais que me coloquei ao retomar os estudos sobre a crítica como parte da produção cultural brasileira. A primeira porque apesar da “perda da função de autoridade que o gênero teve no passado” [….] “do desprestígio, ainda existe”, e exerce sua função nas três categorias em que pode ser classificada na atualidade: “a universitária, que se manifesta em forma de artigos longos destinada a leitores especializados; a jornalística, praticada nos meios de comunicação imediata, impressa ou eletrônica, que se manifesta em textos curtos e informativos; a crítica exclusivamente eletrônica dos blogs, que exprime opiniões sobre as obras publicadas”(PERRONE-MOISÉS:p.61), e a segunda exatamente porque, de formato desprestigiado pela maioria dos intelectuais nos anos 1960/1970, hoje a telenovela é parte integrante das reflexões acadêmicas e amplamente estudada nos mais variados aspectos, sejam as temáticas, a estética, as aberturas, as trilhas sonoras, a tecnologia, além da participação direta do telespectador que acompanha os índices de audiência, comenta cenas, sequências, personagens, lê os resumos e as fofocas nas revistas semanais, participa de debates nas redes sociais e tudo que diz respeito a elas enquanto estão no ar. E se nos dias atuais mesmo os que não se dedicam aos estudos de telenovela ou simplesmente não gostam e nem assistem, não negam a sua força e o fato de ela estar embrenhada no nosso cotidiano e ser parte intrínseca da cultura nacional. Considerando as duas perguntas iniciais, os emblemáticos anos 1970, a situação atual da crítica e dos estudos sobre a crítica, e o fato de que enquanto a crítica literária, teatral e cinematográfica perdiam espaços na mídia impressa e a crítica de televisão e de telenovela ganhava as páginas dos jornais diários, interessa estudar a crítica de televisão e de telenovela praticada nos jornais e revistas nos anos 1970. A televisão, um eletrodoméstico a mais que entrava nas casas e no cotidiano das pessoas e um gênero ficcional, a novela, escrita por novelistas e dramaturgos que migravam do teatro para um meio sem tradição e para uma tela pequena que também entrava nas casas e na vida do povo brasileiro. Um meio de comunicação sem tradição, um gênero que conquistava cada dia o telespectador e uma crítica que por ter a televisão e um tipo de dramaturgia feito para ela, constitui-se como crítica no exercício diário praticado nas páginas dos jornais. Nesse cenário, interessa pensar a crítica no contexto histórico e teórico daqueles anos, e a crítica de telenovela que mesmo não participando diretamente dos debates sobre a crítica e a teoria crítica, era praticada nos jornais, e, apreender como esse exercício diário contribuiu para que o formato telenovela alcançasse o nível em que se encontra e o reconhecimento cultural que lhe é dado. A recuperação das correntes em disputas e das filiações teóricas e filosóficas merece justificativa porque nos coloca questões como: por que e como pensar a televisão, a telenovela e a crítica de telenovela naquele momento histórico? Como pensar o exercício dos críticos da dramaturgia televisiva dos anos 1970? Como abordar o exercício da crítica sobre telenovela produzida nos jornais? É nesse contexto, no exercício dos críticos que escreviam sobre a teledramaturgia televisiva dos anos 1970, no movimento interno da crítica e nas abordagens teóricas sobre o meio e as obras que desejo apreender como construíram suas críticas e contribuíram para o desenvolvimento do formato telenovela, e trazer para essa mesa uma reflexão a mais sobre a crítica e a atividade crítica.
Bibliografia
- BACCEGA, Maria Aparecida. Crítica de televisão: aproximações. In: MARTINS, Maria helena (Org) Outras Críticas, Senac/Itaú Cultural, 2000.
CANDIDO, Antonio. Textos de Intervenção, apresentação e notas de Vinícius Dantas. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2002.
FERNANDES, Ismael. Telenovela Brasileira. São Paulo: editora Brasiliense, 1987.
GARCIA, Maria Cecília. Reflexões sobre a crítica teatral nos jornais. Décio de Almeida Prado e o problema da obra artística no jornalismo cultural. São Paulo: Editora Mackenzie, 2004.
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Editora Ática, 2000.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. A crítica literária. In: Mutações da literatura no século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
PRADO, Décio. O teatro brasileiro moderno: 1930-1980. São Paulo: Perspectiva: editora Universidade de São Paulo, 1988.
SILVEIRA, Helena. O que é teatro? O que é cinema? O que é televisão? Folha de São Paulo 27/09/1971.
TÁVOLA, Artur da. Existe uma crítica de TV? O Globo, 8/12/