Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Ignês carlos Magno (UAM)

Minicurrículo

    Professora do PPGCOM em Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi. Doutora em Ciências da Comunicação. Mestre em História Social. Pós-doutoranda do PPGCOM da ESPM, sob a supervisão da Profa. Doutora Maria Aparecida Baccega. Pesquisa atual: A telenovela brasileira sob os olhos da crítica nos anos 1970-1990. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa: Inovações e Rupturas na Ficção Televisiva Brasileira. Autora da seção Resenha-Cinema da revista Comunicação & Educação da ECA/USP.

Ficha do Trabalho

Título

    Por que a crítica de telenovela? Como ela entra nesse debate?

Mesa

    Crítica e academia: Uma relação possível?

Resumo

    Como parte da mesa temática “Crítica e academia: uma relação possível?” pretendo apresentar a crítica sobre a telenovela brasileira. Especialmente dos anos 1970 quando os debates acadêmicos sobre a crítica e as teorias críticas eram intensos. A crítica de telenovela igual à crítica literária e cinematográfica também existia. Uma crítica que mesmo não participando diretamente dos debates sobre a crítica e as teorias da crítica exercitada nos meios acadêmicos era praticada diariamente nos jornais.

Resumo expandido

    Por que estudar a crítica numa época em que ela anda tão desprestigiada? Por que pensar a crítica da telenovela brasileira numa época em que o formato já está para lá de consagrado? São as duas perguntas iniciais que me coloquei ao retomar os estudos sobre a crítica como parte da produção cultural brasileira. A primeira porque apesar da “perda da função de autoridade que o gênero teve no passado” [….] “do desprestígio, ainda existe”, e exerce sua função nas três categorias em que pode ser classificada na atualidade: “a universitária, que se manifesta em forma de artigos longos destinada a leitores especializados; a jornalística, praticada nos meios de comunicação imediata, impressa ou eletrônica, que se manifesta em textos curtos e informativos; a crítica exclusivamente eletrônica dos blogs, que exprime opiniões sobre as obras publicadas”(PERRONE-MOISÉS:p.61), e a segunda exatamente porque, de formato desprestigiado pela maioria dos intelectuais nos anos 1960/1970, hoje a telenovela é parte integrante das reflexões acadêmicas e amplamente estudada nos mais variados aspectos, sejam as temáticas, a estética, as aberturas, as trilhas sonoras, a tecnologia, além da participação direta do telespectador que acompanha os índices de audiência, comenta cenas, sequências, personagens, lê os resumos e as fofocas nas revistas semanais, participa de debates nas redes sociais e tudo que diz respeito a elas enquanto estão no ar. E se nos dias atuais mesmo os que não se dedicam aos estudos de telenovela ou simplesmente não gostam e nem assistem, não negam a sua força e o fato de ela estar embrenhada no nosso cotidiano e ser parte intrínseca da cultura nacional. Considerando as duas perguntas iniciais, os emblemáticos anos 1970, a situação atual da crítica e dos estudos sobre a crítica, e o fato de que enquanto a crítica literária, teatral e cinematográfica perdiam espaços na mídia impressa e a crítica de televisão e de telenovela ganhava as páginas dos jornais diários, interessa estudar a crítica de televisão e de telenovela praticada nos jornais e revistas nos anos 1970. A televisão, um eletrodoméstico a mais que entrava nas casas e no cotidiano das pessoas e um gênero ficcional, a novela, escrita por novelistas e dramaturgos que migravam do teatro para um meio sem tradição e para uma tela pequena que também entrava nas casas e na vida do povo brasileiro. Um meio de comunicação sem tradição, um gênero que conquistava cada dia o telespectador e uma crítica que por ter a televisão e um tipo de dramaturgia feito para ela, constitui-se como crítica no exercício diário praticado nas páginas dos jornais. Nesse cenário, interessa pensar a crítica no contexto histórico e teórico daqueles anos, e a crítica de telenovela que mesmo não participando diretamente dos debates sobre a crítica e a teoria crítica, era praticada nos jornais, e, apreender como esse exercício diário contribuiu para que o formato telenovela alcançasse o nível em que se encontra e o reconhecimento cultural que lhe é dado. A recuperação das correntes em disputas e das filiações teóricas e filosóficas merece justificativa porque nos coloca questões como: por que e como pensar a televisão, a telenovela e a crítica de telenovela naquele momento histórico? Como pensar o exercício dos críticos da dramaturgia televisiva dos anos 1970? Como abordar o exercício da crítica sobre telenovela produzida nos jornais? É nesse contexto, no exercício dos críticos que escreviam sobre a teledramaturgia televisiva dos anos 1970, no movimento interno da crítica e nas abordagens teóricas sobre o meio e as obras que desejo apreender como construíram suas críticas e contribuíram para o desenvolvimento do formato telenovela, e trazer para essa mesa uma reflexão a mais sobre a crítica e a atividade crítica.

Bibliografia

    BACCEGA, Maria Aparecida. Crítica de televisão: aproximações. In: MARTINS, Maria helena (Org) Outras Críticas, Senac/Itaú Cultural, 2000.
    CANDIDO, Antonio. Textos de Intervenção, apresentação e notas de Vinícius Dantas. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2002.
    FERNANDES, Ismael. Telenovela Brasileira. São Paulo: editora Brasiliense, 1987.
    GARCIA, Maria Cecília. Reflexões sobre a crítica teatral nos jornais. Décio de Almeida Prado e o problema da obra artística no jornalismo cultural. São Paulo: Editora Mackenzie, 2004.
    NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Editora Ática, 2000.
    PERRONE-MOISÉS, Leyla. A crítica literária. In: Mutações da literatura no século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
    PRADO, Décio. O teatro brasileiro moderno: 1930-1980. São Paulo: Perspectiva: editora Universidade de São Paulo, 1988.
    SILVEIRA, Helena. O que é teatro? O que é cinema? O que é televisão? Folha de São Paulo 27/09/1971.
    TÁVOLA, Artur da. Existe uma crítica de TV? O Globo, 8/12/