Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Cristian Borges (USP)

Minicurrículo

    Professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da USP, com auxílio à pesquisa FAPESP. Doutor em Cinema e Audiovisual pela Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3, fez pós-doutorado com bolsa FAPESP na NYU (2013-14), foi professor da UFF (2000-03) e professor convidado da Universidad Iberoamericana (México, 2013). Cineasta e curador de mostras, é também vice-coordenador do LAICA e coeditor da revista Laika.

Ficha do Trabalho

Título

    Introdução à noção de cinema como dança

Seminário

    Corpo, gesto, performance e mise en scène

Resumo

    Haveria uma natureza coreográfica do cinema que o tornaria um meio privilegiado não apenas para o registro da dança, mas também para sua efetiva revelação em termos fílmicos? Haveria uma dança que, sem ser explícita, conseguisse fazer vibrar o espectador com sua cadência, seu ritmo, sua fluidez anárquica? Uma dança do cinema que se manifesta não apenas em obras “experimentais”, mas também em filmes convencionais? Haveria, enfim, um cinema que só se manifesta plenamente pela dança ou como dança?

Resumo expandido

    Sabe-se que o cinema se viu atraído pelo registro da dança logo em seus primeiros anos de vida, pois sobreviveram exemplos tanto do lado de Edison quanto dos irmãos Lumière, além de Porter e Griffith, entre outros. Contudo, foi preciso esperar os anos 1940 para que surgissem exemplos de uma interação mais íntima, em termos de linguagem, entre ambos, algo que ocorreria com maior frequência a partir das obras de Maya Deren e Sara Kathryn Arledge. Na outra face da mesma moeda, porém, encontra-se não mais a dança no cinema – seu registro, sua representação, sua hibridização partindo da arte coreográfica –, mas a dança do cinema, ou seja, aquilo que ocorre cada vez que um filme, por assim dizer, “dança”. Pois o que nos interessa particularmente aqui é inverter a proposição de Amy Greenfield (1969-70), explorando não apenas a “dança como cinema”, mas igualmente o cinema como dança: um tipo de manifestação artística que, partindo do cinema, avance em direção à dança – e que, com distintas denominações, teria servido como objeto de reflexão e exploração estética desde pelo menos os anos 1910, com o cinema burlesco.
    A partir das reflexões de artistas tanto do campo da dança (Loie Fuller, Merce Cunningham, Yvonne Rainer) quanto do cinema (Oskar Fischinger, Jean Epstein, Stan Brakhage), veremos exemplos pelos quais diretores, atores, montadores e operadores de câmera fazem um cinema que, antes de qualquer coisa, “dança”. Seja através da movimentação de seres e coisas no mundo pró-fílmico, seja pela movimentação da câmera e da objetiva, seja através dos cortes, raccords e ritmos propostos pela montagem, como em Capitalism: Child Labor (2006) de Ken Jacobs, seja através da própria emulsão dançando na tela em obras como Light is calling (2004), de Bill Morrison.

Bibliografia

    EPSTEIN, Jean. Écrits sur le cinéma II. Paris: Seghers, 1975.
    FAUCON, Térésa. Théorie du montage: énergie, forces et fluides. Paris: Armand Colin, 2013.
    LAMBERT-BEATTY, Carrie. Being Watched: Yvonne Rainer and the 1960s. Cambridge, MA/ Londres: MIT Press, 2008.
    MACEL, Christine; LAVIGNE, Emma (ed.). Danser sa vie: écrits sur la danse. Paris: Centre Pompidou, 2011.
    McPHERSON, Bruce R. (ed.). Essential Brakhage: Selected Writings on Filmmaking by Stan Brakhage. Kingston: McPherson and Company, 2001.
    ___________ (ed.). Essential Deren: Collected Writings on Film. Kingston: McPherson and Company, 2005.
    PEARLMAN, Karen. Cutting Rhythms: Shaping the Film Edit. Burlington: Focal Press, 2013.