Ficha do Proponente
Proponente
- Victor Vinícius do Carmo (UFG)
Minicurrículo
- Victor Vinícius é mestrando em Comunicação, na linha de pesquisa Mídia e Cultura, pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Bacharel em Comunicação Social – Audiovisual, pela Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Escritor de poesias, contos e outras estórias no blog Estoriatos. Roteirizou e dirigiu o curta-metragem Quando você está aqui, a ser lançado em 2017. Também trabalhou na área de produção em diversos projetos audiovisuais, além de ser continuísta em alguns filmes.
Ficha do Trabalho
Título
- No abismo da escrita: o ato de criar roteiros cinematográficos
Resumo
- O presente artigo discute questões relacionadas à escrita de roteiros cinematográficos. Faz-se isso tendo em mente que os roteiros não são obras passageiras e que seus autores, os roteiristas, doam algo de si enquanto escrevem. Utilizamos autores da área da literatura, do estudo dos roteiros e do cinema, no geral, buscando trazer diferentes perspectivas e olhares sobre o assunto que ainda é pouco debatido dentro do meio acadêmico.
Resumo expandido
- O cinema é tido como a arte da imagem em movimento. O filme é tido como o seu produto final e, consequentemente, é o objeto mais estudado. Entretanto, o fazer cinematográfico está além de compor apenas imagens e reproduzi-las. No meio do processo, entre o início e o fim, existe uma série de etapas que, cada uma a sua maneira, compõe um filme. Aqui focamos no roteirista e em sua obra, o roteiro. Lançamos olhares também à compreensão de como o roteirista se insere nesse processo de escrita.
O papel do roteiro é muitas vezes relegado a uma noção de guia, de algo transitório, como aponta Carrière e Bonitzer (1996). O nosso trabalho é investigar possibilidades de existência para esse texto: ele é mesmo passageiro? É algo que perdura mesmo quando o filme está finalizado? É literatura? É arte? Qual a essência do roteiro? Para além da discussão de conceitos e definições fixas, apontamos com esse estudo possíveis caminhos para se compreender o roteiro cinematográfico e quem o escreve.
Levamos em consideração que a obra (o roteiro) carrega algo de seu autor (o roteirista). Por este motivo, a nossa reflexão é permeada pela noção de subjetividade de Sartre (2009). Acreditamos que isso propicia uma discussão que aborde o processo de escrita, bem como o que vem após ele. Assim, a pesquisa parte da leitura de autores da área da literatura, do estudo de roteiros e do cinema, no geral, em prol da construção de um conhecimento acerca do processo de escrever roteiros cinematográficos.
Identificamos o roteiro como uma obra independente. Não nos aprofundamos em conceitos e nem na ideia do roteiro como arte, como literatura ou mesmo na crítica da efemeridade apoiada por tantos autores. O nosso objetivo é explicar que assim como qualquer obra de arte, o roteiro é um reflexo de seu criador. Para que possamos compreender o processo que ocorre entre roteirista e roteiro, é preciso entender como funcionam as duas instâncias. Iniciamos lançando olhares sobre o roteiro, passamos pelo ato de escrever do roteirista e encerramos buscando compreender o complexo jogo da escrita cinematográfica.
Bibliografia
- AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 1995.
BALÁZS, Béla. Theory of the Film. Londres: Denis Dobson Ltda., 1952.
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BOON, Kevin Alexander. Script culture and the american screenplay. Detroit: Wayne State University Press, 2008.
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CARRIÈRE, Jean-Claude; BONITZER, Pascal. Prática do Roteiro Cinematográfico. Tradução de: Teresa de Almeida. São Paulo: JSN Editora, 1996.
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NANNICELLI, Ted. The ontology and literary status of the screenplay: the case of “Scriptfic”. Journal of Literary Theory.
SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada. 17ª ed. Trad. Paulo Perdigão. Petrópolis: Vozes, 2009.