Ficha do Proponente
Proponente
- Paulo Menezes (USP)
Minicurrículo
- Paulo Menezes é professor Associado 3 (Livre-Docente) do Departamento de Sociologia da FFLCH-USP. Publicou A Trama das Imagens: manifestos e pinturas no início do século XX e À meia-luz; cinema e sexualidade nos anos 70, além de inúmeros artigos sobre cinema e cinema documental em revistas acadêmicas.
Ficha do Trabalho
Título
- Revisitando o horror 2: Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer (2012)
Seminário
- Cinema e Ciências Sociais: diálogos e aportes metodológicos
Resumo
- Esta comunicação visa analisar o filme Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer (2012).
O filme foi realizado a partir de entrevistas com membros dos esquadrões da morte buscando entender como se exterminou milhares de pessoas em um dos maiores genocídios da segunda metade do século XX. A proposta é discutir as relações entre cinema e produção de conhecimento nas Ciências Sociais, de modo a destacar problemas de fundo epistemológico e os cuidados metodológicos.
Resumo expandido
- Esta comunicação visa analisar o filme Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer (2012).
O filme foi realizado a partir de entrevistas com membros dos esquadrões da morte buscando entender como se exterminou milhares de pessoas em um dos maiores genocídios da segunda metade do século XX. Em alguns momentos se fará comparações com o filme S21- A máquina de matar do Khmer Vermelho, de Rithy Panh, Cambodja (2004), outro momento de horror do final do século XX.
A proposta é discutir as relações entre cinema e produção de conhecimento nas Ciências Sociais, de modo a destacar os problemas de fundo epistemológico e os cuidados metodológicos concorrentes ao uso do filme como material privilegiado de pesquisa.
A preocupação é investigar as articulações propostas pelo filme, seus aspectos formativos, evidenciando os modos pelos quais se estabelecem as relações entre cinema e sociedade, tendo como estímulo um documentário de um dos momentos mais trágicos da história do século XX, por meio da análise detalhada de sua narrativa, suas opções, seus silêncios. Certamente cada pesquisador em Ciências Sociais confere ao mundo um sentido a partir dos recortes valorativos que dele faz. Entretanto, ao assim proceder, ele deve estar ciente de que não existe, como apontava Weber, algo valioso e digno “em si mesmo” de ser investigado, um sentido inerente ou único das coisas. Em vista disto o pesquisador, ante o filme, expõe-se ao risco de sustentar as conexões que estabelece, conexões estas que são significativas a partir dos recortes operados. A perspectiva é que ao chegar ao final da análise os blocos significativos, reconstituídos e ressaltados em seus diversos momentos, apontem não apenas os pontos comuns com outras interpretações possíveis mas, sobretudo, distanciamentos, dissensos e desacordos entre elas.
Com isso se pretende realizar interpretações e proposições de sentido a respeito de uma das mais dolorosas experiências vividas pelo século XX.
Bibliografia
- Foucault, Michel. Qu’est-ce que un auteur. In: Dits et Écrits. Paris, Gallimard, 1997.
Foucault, Michel. L’ordre du discours. In: Dits et Écrits. Paris, Gallimard, 1997.
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Sorlin, Pierre. Sociologie du Cinéma. Paris, Aubin Michel, 1982.
Winston, Brian. The tradiction of the Victim in Griersonian Documentary. In: Rosenthal, Alan (ed.). New challenges for documentary. University of California Press, 1988.