Ficha do Proponente
Proponente
- Vilson André Moreira Gonçalves (UTP)
Minicurrículo
- Doutorando e Mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (2013). Graduado em Licenciatura em Artes -Visuais (2006) e Especialista em História, Arte e Cultura (2008), ambos pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Atua na área de Arte-Educação e realiza trabalhos nos campos da ilustração e de histórias em quadrinhos. Atualmente investiga adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema.
Ficha do Trabalho
Título
- Logan: os super-heróis e o drama
Resumo
- Desde o boom de produções dos anos 2000, filmes de super-herói constituem uma grande parcela das produções hollywoodianas. Estes apresentam elementos em comum — dependência de efeitos visuais e o enfoque à ação; mas, dada a quantidade, certa variedade pode ser também vista, porque as convenções são flexibilizadas para explorar outros aspectos da narrativa fílmica além da espetacularização. Busco observar como isso se dá em Logan (James Mangold, 2017), a partir de uma análise temática/estética.
Resumo expandido
- Este trabalho se debruça sobre o filme Logan, de James Mangold (2017), enfocando sua configuração estética e os temas condutores de sua narrativa. Minha proposta é investigar as peculiaridades da mise-en-scène e da narrativa fílmica, pensando a obra enquanto caso específico dentro do panorama dos filmes de super-herói, conforme já foi discutido por autores como David Bordwell (2008) e Liam Burke (2015). A análise dos aspectos visuais e diegéticos de interesse na obra será fundamentada pelos postulados de Bordwell, Edward Branigan e Noël Carroll.
Ingressando no campo dos blockbusters com Superman (Richard Donner,1978), os super-heróis se estabeleceram como um dos pilares do mercado do cinema mainstream, figurando progressivamente em mais produções da década de 1980 em diante. Nos anos 2000, em especial, se observa uma intensificação deste fenômeno. Atualmente, uma parcela considerável das produções hollywoodianas de alto orçamento emprega super-heróis como protagonistas, ao ponto de estes serem considerados sucessores dos heróis do Western e dos filmes de ação das décadas de 1970 a 1990 (BURKE, 2015).
Para Bordwell (2008) e Coogan (2006), uma confluência de fatores justifica este fenômeno. Primeiramente, os avanços no campo dos efeitos visuais permitem que as visualidades sobrenaturais das histórias em quadrinhos sejam recriadas no cinema, e despertem nas plateias o interesse por cenas mais e mais grandiosas e críveis. Esta combinação peculiar — uma visualidade que é ao mesmo tempo insólita e carregada de verossimilhança — é ainda reforçada pela supressão dos atores no processo de interpretação, dos quais não se espera estilo, mas uma espécie de impersonation: o ator deve desaparecer na caracterização.
Bordwell (2006) também aponta uma busca por explorar setores mais jovens do público frequentador de cinemas, bem como o interesse por franquias e por peças de merchandising associadas aos filmes em si, característica do cinema contemporâneo também apontada por Mascarello (2006). O autor ainda elenca como fator de peso uma guinada do filme como peça autoral do diretor para peça de gênero, sendo cada vez mais procuradas as produções que atendem aos mesmos modelos.
Argumento aqui que o acúmulo de produções gera dois efeitos simultaneamente inversos e complementares: 1) o estabelecimento de modelos e/ou fórmulas que apelam a este público interessando em franquias, merchandising e sequências grandiosas; e 2) a diversificação dentro do molde, que busca justamente manter este interesse, preservando características nucleares de gênero, mas flexibilizando as abordagens estéticas e temáticas.
O caso de Logan é emblemático e especialmente pertinente para a compreensão desta dinâmica. Inserido da já consolidada franquia X-Men, o filme de James Manfield equilibra tropos da narrativa de super-herói — a disposição maniqueísta do elenco de personagens, a dependência de efeitos visuais para ilustrar as habilidades extraordinárias dos personagens — e certos componentes que destoam da norma — o reforço consistente de um drama familiar, o desencanto do herói, a dura verossimilhança da mise-en-scène e a estética embrutecida das sequências de ação.
Pretendo, assim, discorrer sobre estes componentes estruturais do filme, questionando como este se relaciona com o cinema de super-herói e o que sua condição emblemática tem a dizer sobre o gênero.
Bibliografia
- BORDWELL, D. Narration in the Fiction Film. Madison: University of Wisconsin Press, 1985.
____________. Superheroes for Sale. Observations on Film Art, 16 Aug. 2008. Disponível em: . Acesso em: 10 jan 2017.
____________. The Way Hollywood Tells It: Story and Style in Modern Movies. Berkeley/Los Angeles/Londres: Univers. California Press, 2006.
BRANIGAN, E. Narrative Comprehension and Film. New York: Routledge, 1992.
BURKE, L. The Comic Book Film Adaptation: Exploring Modern Hollywood’s Leading Genre. Jackson: University Press of Mississipi, 2015.
CARROLL, N. Theorizing the moving image. Cambrige University Press: 1996.
COOGAN, P. Superhero: The Secret Origin of a Genre. Austin: MonkeyBrain Books, 2006.
HUTCHEON, L. A theory of adaptation. New York/London: Routledge, 2006.
MASCARELLO, F. História do Cinema Mundial. Campinas: Papirus, 2006.
SANDERS, J. Adaptation and appropriation. New York: Routledge, 2006.