Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Juily Jyotsna Seixas Manghirmalani (UFSCar)

Minicurrículo

    Juily é formada em Audiovisual pelo Centro Universitário Senac, possui
    mestrado em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos. Trabalha na área audiovisual desde 2010 nas funções de arte, produção e direção geral. É integrante do Coletivo Lumika desde 2011, grupo que busca discutir gênero e diversidade sexual em meios audiovisuais. Como também, faz parte da equipe chefe da Plataforma Lótus, grupo militante feminista com enfoque em sujeitos asiáticos no Brasil.

Ficha do Trabalho

Título

    A emergência de discussões feministas na Bollywood contemporânea

Seminário

    Cinema Queer e Feminista

Resumo

    O cinema híndi (Bollywood) está passando por transformações desde o final dos anos 2000. Isso ocorre graças ao grande interesse por questões sociais apresentada por uma nova geração de diretores indianos.
    A emergência de um cinema “feminista” é um dos tópicos mais recorrentes, porém está sendo produzido e protagonizado por homens. A premissa dessa apresentação será a visualização dessa nova filmografia e o que realmente acrescenta à militância das mulheres.

Resumo expandido

    O cinema popular mais rentável e exportado da Índia é o cinema híndi, conhecido globalmente como Bollywood. Seus filmes possuem alto nível melodramático e são muitas vezes descritos como obras para consumo familiar, didáticos e até infantis. São filmes longos, com a extensão de pelo menos 180 minutos. Porém, desde o final dos anos 2000, uma nova geração de cineastas vêm emergindo e alterando muitas das formas narrativas e estilísticas já pré-estabelecidas.

    Esse movimento está sendo chamado por alguns críticos como a “New Bollywood”. Os filmes possuem estruturas diferentes, com menor tempo de duração, preocupação com temáticas sociais (muitas vezes tabus para a sociedade indiana) e projeção internacional, seja para festivais renomeados ou para os cinemas internacionais. No entanto, essa “nova Bollywood” ainda está em busca de um meio termo, mantendo o sistema de estrelas e o apelo musical, gerador de grande renda da indústria cinematográfica comercial indiana.

    Um dos temas que ganhou atenção nos últimos anos, tanto no jornalismo quanto na política do país, foi a violência de gênero contra a mulher. Assunto que não pode passar despercebido pelo cinema. Apesar de haver filmes protagonizados por mulheres e com foco em problemáticas de gênero (Lajja (2001), Fire (1996), entre outros), estes não rendiam bilheteria e muitas vezes foram banidos das casas exibidoras. O que vem acontecendo agora, graças ao novo momento do cinema híndi, é a proliferação dessa discussão em grande escala, porém dirigido e protagonizado por homens.

    Nessa apresentação, irei utilizar dois exemplos que renderam grande visibilidade dentro e fora da Índia:

    “Dangal” (2016) foi uma das maiores obras comerciais do ano passado, popularizado pelos materiais de fofoca por conta da transformação corporal do protagonista, o ator Aamir Khan, e, também, por ser considerado marco como um filme feminista.
    Apesar do filme questionar qual o papel ideal da mulher indiana na sociedade, apresentar alternativas de vida fora dos moldes patriarcais de casamento, procriação e família, o filme não deixa de ser uma nova imposição masculina sobre a mulher. A obra utiliza bordões feministas exportados mundialmente para passar mensagens de progressividade, só que mal utilizados, as mulheres do filme ainda não possuem personalidade próprias e não buscam realizações pessoais, mantendo-se atreladas às imposições de sua figura paterna.

    “Pink” (2016), outro grande filme do ano, discute de forma dramática a vida de três mulheres que são acusadas de homicídio por tentarem escapar de uma tentativa de assédio sexual. O filme gerou grande discussão em território indiano, pois apresentou personagens femininas fortes, independentes, sem a tentativa de desmoralização social. Porém, novamente, o filme é protagonizado por um homem, o famoso ator Amitabh Bachchan, que rouba a cena como o defensor das moças. O único homem capaz de defendê-las.

    Há receios por parte dos produtores e realizadores em adentrar firmemente nessas discussões e receber represália de público? A bilheteria baseada no sistema de estrelas ainda é predominante sobre a temática? O foco da apresentação será o de refletir e compreender como esse novo momento vem sendo feito na Bollywood contemporânea.

Bibliografia

    GOKULSING, K. Moti e DISSANAYAKE, Wimal. Indian Popular Cinema – A Narrative Of Cultural Change. Inglaterra: Trentham Books Limited, 1998.

    THORAVAL, Yves. The Cinemas of India. Nova Delhi: Macmillan India Ltd., 2000

    CHATERJEE, Suprateek. “New Bollywood” Is Being Held Back By Its Male-Dominated Star System. Disponível em: . Acesso em: 27 mar. 2017.

    CHATERJEE, Suprateek. Bollywood Stars Don’t Take Stands Like Meryl Streep Because Our Freedom Of Speech Is A Farce. Disponível em: . Acesso em: 27 mar. 2017.