Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Fabián Rodrigo Magioli Núñez (UFF)

Minicurrículo

    Professor adjunto do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde também é credenciado ao Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual (PPGCine). Sua formação acadêmica foi inteiramente realizada na UFF: Bacharel em Comunicação Social (Habilitação em Cinema), em 2000; Mestre em Comunicação, Imagem e Informação, em 2003, e Doutor em Comunicação, em 2009.

Ficha do Trabalho

Título

    O ‘Nuevo Cine Latinoamericano’ sob revisão: uma análise bibliográfica

Seminário

    Cinema e América Latina: debates estético-historiográficos e culturais

Resumo

    Nosso propósito nessa apresentação é analisar livros publicados na década corrente voltados especificamente ao ‘Nuevo Cine Latinoamericano’ (NCL). Portanto, iremos analisar obras de três pesquisadores, Isaac León Frías, Silvana Flores e Ignacio Del Valle Dávila. Frisamos que o nosso propósito não é avaliar tais obras sob uma suposta verdade, no sentido, de julgá-las qual(is) dela(s) está(ão) mais correta(s), i.e., mais próxima(s) do que “de fato” foi o NCL.

Resumo expandido

    A partir dos anos 1960, com a irrupção do ‘Nuevo Cine Latinoamericano’ (NCL), o cinema da América Latina chamou a atenção internacional, estabelecendo um diálogo com a crítica e a teoria estrangeiras ao buscar se autodefinir, ou seja, compreender as suas singularidades estéticas e ideológicas, a partir sobretudo de contraposições às produções estrangeiras ou regionais anteriores ao NCL. Portanto, ao se tornar um marco referencial nas discussões sobre cinema e América Latina, o NCL sofre o risco de “monumentalização”, convertendo-se no código pelo qual tudo o que deve ser entendido por “cinema latino-americano” deve ser interpretado. Frisamos que a maior vítima desse impulso “monumentalizador” é o próprio NCL, uma vez que se apagam, desse modo, as suas nuances e contradições, inerentes a qualquer processo artístico.

    É possível afirmar que esse risco de “monumentalização” do NCL se deve ao fato de que os seus primeiros sistematizadores foram os próprios realizadores. Em seguida, a partir dos anos 1980 e 1990, esse discurso foi absorvido pelo meio acadêmico, sobretudo por pesquisadores anglo-saxões, que, de certa forma, o reproduzem sem maiores questionamentos. No entanto, podemos afirmar que a partir dos anos 2000, diante da revisão historiográfica presente nos estudos fílmicos, o NCL é estudado sob outros vieses. Trata-se geralmente de pesquisas realizadas em âmbito acadêmico, que se caracteriza, em geral, por problematizar tópicos, estabelecer outras inter-relações de análise e aprofundar estudos de tópicos até então pouco abordados.

    Nosso propósito nessa apresentação é analisar livros publicados na década corrente voltados especificamente ao NCL. Frisamos esse aspecto porque não podemos deixar de citar que também existe uma bibliografia recente que revisa determinadas cinematografias latino-americanas dos anos 1960 e 1970. Destacamos, por exemplo, os livros das duplas Ascanio Cavallo e Carolina Díaz e Verónica Cortínez e Manfred Engelbert que analisam o cinema chileno da década de 1960. Em suma, a nossa atenção se volta apenas para uma bibliografia destinada ao estudo do NCL em seu conjunto.

    Portanto, iremos analisar obras de três pesquisadores, o peruano Isaac León Frías, a argentina Silvana Flores e o chileno radicado no Brasil Ignacio Del Valle Dávila. O trabalho dos dois últimos é oriundo de pesquisas acadêmicas, resultante de teses de doutoramento. Por sua vez, o livro de León Frías, publicado por uma editora universitária, se diferencia por ele ter sido o editor-chefe de uma das principais revistas latino-americanas de cinema, a ‘Hablemos de cine’, que foi bastante simpática ao NCL durante os anos 1960 e 70. Passado praticamente meio século, o autor se volta ao seu objeto de fascínio, com a preocupação de rever seus juízos estéticos e posicionamentos ideológicos. Se ele foi totalmente bem-sucedido nesse empreendimento é algo a ser abordado na análise. Por sua vez, os livros de Flores e de Del Valle Dávila talvez tenham mais diferenças do que semelhanças, embora ambos busquem propor novos olhares sobre o objeto fetiche dos estudos de cinema latino-americano. Por fim, frisamos que o nosso propósito não é avaliar tais obras sob uma suposta verdade, no sentido, de julgá-las qual(is) dela(s) está(ão) mais correta(s), i.e., mais próxima(s) do que “de fato” foi o NCL. Em suma, não se trata de um estudo judicativo – o que acarretaria praticamente em um dogmatismo positivista -, mas sim de uma análise, primordialmente, teorico-metodológica.

Bibliografia

    DEL VALLE DÁVILA, Ignacio. Cámaras en trance: el nuevo cine latinoamericano, un proyecto subcontinental. Santiago: Cuarto Propio, 2014. 438p.

    ____________. Le nouveau cinéma latino-américain (1960-1974). Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2015. 266p.

    FLORES, Silvana. El nuevo cine latinoamericano y su dimensión continental: regionalismo e integración cinematográfica. Buenos Aires: Imago Mundi, 2013. 324p.

    LÉON FRÍAS, Isaac. El nuevo cine latinoamericano de los años sesenta: entre el mito político y la modernidad fílmica. Lima: Universidad de Lima, 2013. 474p.