Ficha do Proponente
Proponente
- Priscilla Barbosa Durand (UFPE)
Minicurrículo
- Priscilla Durand é graduada em Comunicação Social pela UFPB, mestranda em Comunicação na linha de Estética e Culturas da Imagem e Som da UFPE, com mobilidade discente para o laboratório do GENE (Grupo de Estudo em Narrativas Emergentes) da UFSCar, integrante do grupo de pesquisa LISIM (Laboratório de Investigação de Sons e Imagens) da UFPE e pesquisadora/bolsista da FACEPE.
Ficha do Trabalho
Título
- ANÁLISE DOS ESCRITOS DE CINCO GRANDES TEÓRICOS DO CINEMA SOBRE O S3D
Resumo
- O trabalho pretende compreender a posição do S3D no cinema bem como o papel do cinema na prática estereoscópica, através do uso da análise de conteúdo para cinco ensaios escritos por cinco grandes teóricos do cinema. A história do cinema S3D, divide-se em quatro períodos de acordo com a progressão da sua estética, narrativa e tecnologia. Nos primórdios destacam-se os ensaios de Eisenstein e Bazin e na atualidade os de Bordwell, Elsaesser e Brown.
Resumo expandido
- Desde o princípio, o cinema é uma arte que progrediu em paralelo a sua tecnologia, trazendo na sua linguagem, o estilo do filme, aspectos tecnológicos. De acordo com Zone (2012), o cinema 3D estereoscópico (S3D) possui a sua própria história cinematográfica, o suporte 3D de filmagem e projeção não é uma novidade trazida pelo filme Avatar (James Cameron, 2009). Em 1838, o cientista Charles Wheastone, apresentou pela primeira vez a sociedade da época, um aparelho que exibia imagens em 3D, tornando-se conhecido como o estereoscópico de Charles Wheastone, já que estereoscópia é o processo natural de enxergar os objetos em três dimensões. De lá pra cá, tanto os dispositivos, quanto a estética dos filmes foram evoluindo, proporcionando diferentes experiências tridimensionais. Zone (2012), segmenta a história do cinema S3D em quatro fases que são; período de novidade (1838 à 1952), período convergente (1952 a 1985), período imersivo (1986 a 2005) e período cinema 3D digital (2005 até os dias atuais). Este trabalho reúne e analisa cinco ensaios, escritos por teóricos com papéis importantes na história do cinema, que discutem o impacto da tecnologia 3D na estética do cinema; dois ensaios são do período convergente e três do período digital. Traçando um panorama histórico dessas publicações, o que foi dito? Há padrões de continuidade ou mudança na postura dos teóricos oriundos de diferentes disciplinas em relação ao S3D? Como aconteceu essa construção ou desconstrução do 3D? Aplicando a análise de conteúdo nos textos escolhidos, começaremos pelo último ensaio de Sergei Eisenstein sobre cinema estereoscópico de 1948 Stereoscopic Films, no qual ele apontou que a estereoscópia era o amanhã do cinema (EISENSTEIN,2004; ZONE 2012). Logo em seguida, na década de 1950, André Bazin escreveu que a estereoscopia poderia gerar ‘’um novo ciclo de erosão estética’’, no seu ensaio In Defense Of Mixed Cinema (GRAY, 2005). Fazendo o contraponto com a atualidade serão abordados os ensaios de três outros autores, David Bordwell, Thomas Elsaesser e Willian Brown. Bordwell (2014), em um relato recente sobre o filme 3D de Jean-Luc Godard Goodbye to Language (2014), expõe claramente que o 3D está se tornando uma ferramenta estilística que cinéfilos precisam encarar. Ele recusou no começo, mas importantes cineastas além de Godard como, Werner Herzog em Cave Of Forgotten Dreams (2010) e Wim Wenders em Pina (2011) estão trabalhando com o 3D. Nunca até agora conseguimos estudar filmes 3D tão de perto, enfatiza Bordwell (2014). Para Thomas Elsaesser (2013), em The ‘’Return’’ Of 3-D, a estereoscopia muda o sentido de orientação espacial e temporal do corpo, sendo a tentativa de representar o desejo de exteriorizar o inconsciente do cinema. Por outro lado Willian Brown faz uma provocação expondo que o 3D é na verdade ‘’4D’’. No que tange ao cinema 3D, haveria dois nortes. Primeiro o cinema 3D, é como um cinema neorrealista, um cinema que rejeita o corte e, portanto, permite que a dimensão do tempo passe à tona. Em segundo lugar, porque o cinema em 3D torna invisível a tela e em vez disso eleva-se para longe do auditório, de modo que o cinema em 3D não está apenas no plano 2D da tela, mas em numerosos. Transferindo a fronteira entre o real e o imaginado, não apenas dentro da diegese de um filme, mas para os próprios espectadores, talvez sendo mais compatível com à estética da imagem do tempo do que à estética bidimensional e movimento-imagem que atualmente domina a maior produção em 3D desapontando a audiência (ROSS; GUREVITCH,2013). Por fim, através dos olhares desses autores nestes ensaios, busca-se compreender os debates em torno do lugar do 3D no cinema e o lugar do cinema na prática estereoscópica.
Bibliografia
- BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Edições 70, 1977.
GRAY, Hugh. What is cinema? by André Bazin. Englad, Londom. University of California Press, 2005.
_________________. Say Hello To GOOD BY TO LANGUAGE, 2014. Disponível em: http://www.davidbordwell.net/blog/2014/11/02/say-hello-to-goodby-to-language/. Acesso em: 23 de nov de 2016.
ELSAESSER, Thomas. The Return Of 3-D: On Some of the Logics and Genealogies Of the Image in the Twenty-First Century. The University Of Chicago, Critical Inquiry, 39 p. 227-244, 2013.
EISENSTEIN, Sergei M. Problems Of Film Direction. University Press of the Pacific, 2004.
ROSS, Mirian; GUREVITCH, Leon. William Brown Research Provocation, 3D cinema is really a 4D cinema. Disponível em: . Acesso em: 20 de mar.2017
ZONE, Ray. 3D Revolution. The History of Modern Stereoscopic Cinema. University Press of Kentucky, 2012.