Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Priscilla Barbosa Durand (UFPE)

Minicurrículo

    Priscilla Durand é graduada em Comunicação Social pela UFPB, mestranda em Comunicação na linha de Estética e Culturas da Imagem e Som da UFPE, com mobilidade discente para o laboratório do GENE (Grupo de Estudo em Narrativas Emergentes) da UFSCar, integrante do grupo de pesquisa LISIM (Laboratório de Investigação de Sons e Imagens) da UFPE e pesquisadora/bolsista da FACEPE.

Ficha do Trabalho

Título

    ANÁLISE DOS ESCRITOS DE CINCO GRANDES TEÓRICOS DO CINEMA SOBRE O S3D

Resumo

    O trabalho pretende compreender a posição do S3D no cinema bem como o papel do cinema na prática estereoscópica, através do uso da análise de conteúdo para cinco ensaios escritos por cinco grandes teóricos do cinema. A história do cinema S3D, divide-se em quatro períodos de acordo com a progressão da sua estética, narrativa e tecnologia. Nos primórdios destacam-se os ensaios de Eisenstein e Bazin e na atualidade os de Bordwell, Elsaesser e Brown.

Resumo expandido

    Desde o princípio, o cinema é uma arte que progrediu em paralelo a sua tecnologia, trazendo na sua linguagem, o estilo do filme, aspectos tecnológicos. De acordo com Zone (2012), o cinema 3D estereoscópico (S3D) possui a sua própria história cinematográfica, o suporte 3D de filmagem e projeção não é uma novidade trazida pelo filme Avatar (James Cameron, 2009). Em 1838, o cientista Charles Wheastone, apresentou pela primeira vez a sociedade da época, um aparelho que exibia imagens em 3D, tornando-se conhecido como o estereoscópico de Charles Wheastone, já que estereoscópia é o processo natural de enxergar os objetos em três dimensões. De lá pra cá, tanto os dispositivos, quanto a estética dos filmes foram evoluindo, proporcionando diferentes experiências tridimensionais. Zone (2012), segmenta a história do cinema S3D em quatro fases que são; período de novidade (1838 à 1952), período convergente (1952 a 1985), período imersivo (1986 a 2005) e período cinema 3D digital (2005 até os dias atuais). Este trabalho reúne e analisa cinco ensaios, escritos por teóricos com papéis importantes na história do cinema, que discutem o impacto da tecnologia 3D na estética do cinema; dois ensaios são do período convergente e três do período digital. Traçando um panorama histórico dessas publicações, o que foi dito? Há padrões de continuidade ou mudança na postura dos teóricos oriundos de diferentes disciplinas em relação ao S3D? Como aconteceu essa construção ou desconstrução do 3D? Aplicando a análise de conteúdo nos textos escolhidos, começaremos pelo último ensaio de Sergei Eisenstein sobre cinema estereoscópico de 1948 Stereoscopic Films, no qual ele apontou que a estereoscópia era o amanhã do cinema (EISENSTEIN,2004; ZONE 2012). Logo em seguida, na década de 1950, André Bazin escreveu que a estereoscopia poderia gerar ‘’um novo ciclo de erosão estética’’, no seu ensaio In Defense Of Mixed Cinema (GRAY, 2005). Fazendo o contraponto com a atualidade serão abordados os ensaios de três outros autores, David Bordwell, Thomas Elsaesser e Willian Brown. Bordwell (2014), em um relato recente sobre o filme 3D de Jean-Luc Godard Goodbye to Language (2014), expõe claramente que o 3D está se tornando uma ferramenta estilística que cinéfilos precisam encarar. Ele recusou no começo, mas importantes cineastas além de Godard como, Werner Herzog em Cave Of Forgotten Dreams (2010) e Wim Wenders em Pina (2011) estão trabalhando com o 3D. Nunca até agora conseguimos estudar filmes 3D tão de perto, enfatiza Bordwell (2014). Para Thomas Elsaesser (2013), em The ‘’Return’’ Of 3-D, a estereoscopia muda o sentido de orientação espacial e temporal do corpo, sendo a tentativa de representar o desejo de exteriorizar o inconsciente do cinema. Por outro lado Willian Brown faz uma provocação expondo que o 3D é na verdade ‘’4D’’. No que tange ao cinema 3D, haveria dois nortes. Primeiro o cinema 3D, é como um cinema neorrealista, um cinema que rejeita o corte e, portanto, permite que a dimensão do tempo passe à tona. Em segundo lugar, porque o cinema em 3D torna invisível a tela e em vez disso eleva-se para longe do auditório, de modo que o cinema em 3D não está apenas no plano 2D da tela, mas em numerosos. Transferindo a fronteira entre o real e o imaginado, não apenas dentro da diegese de um filme, mas para os próprios espectadores, talvez sendo mais compatível com à estética da imagem do tempo do que à estética bidimensional e movimento-imagem que atualmente domina a maior produção em 3D desapontando a audiência (ROSS; GUREVITCH,2013). Por fim, através dos olhares desses autores nestes ensaios, busca-se compreender os debates em torno do lugar do 3D no cinema e o lugar do cinema na prática estereoscópica.

Bibliografia

    BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Edições 70, 1977.

    GRAY, Hugh. What is cinema? by André Bazin. Englad, Londom. University of California Press, 2005.

    _________________. Say Hello To GOOD BY TO LANGUAGE, 2014. Disponível em: http://www.davidbordwell.net/blog/2014/11/02/say-hello-to-goodby-to-language/. Acesso em: 23 de nov de 2016.

    ELSAESSER, Thomas. The Return Of 3-D: On Some of the Logics and Genealogies Of the Image in the Twenty-First Century. The University Of Chicago, Critical Inquiry, 39 p. 227-244, 2013.

    EISENSTEIN, Sergei M. Problems Of Film Direction. University Press of the Pacific, 2004.

    ROSS, Mirian; GUREVITCH, Leon. William Brown Research Provocation, 3D cinema is really a 4D cinema. Disponível em: . Acesso em: 20 de mar.2017

    ZONE, Ray. 3D Revolution. The History of Modern Stereoscopic Cinema. University Press of Kentucky, 2012.