Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Cyntia Gomes Calhado (PUC-SP/FIAM-FAAM)

Minicurrículo

    Doutoranda do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professora dos cursos de Rádio e TV e Produção Audiovisual no FIAM-FAAM Centro Universitário.

Ficha do Trabalho

Título

    Tensões entre imagem-movimento e imagem-tempo em Linha de Passe

Resumo

    Esta comunicação visa examinar como o procedimento audiovisual de tensionamento dos registros da imagem-movimento e imagem-tempo cria zonas fronteiriças entre as plasticidades da imagem e a narrativa. Utilizaremos como objeto desta análise o filme Linha de Passe (Walter Salles, 2008). Por meio de diálogos com o pensamento de Gilles Deleuze, André Parente e Philippe Dubois, o presente estudo pretende demonstrar como a experiência cinematográfica pode produzir novas formas de subjetividade.

Resumo expandido

    Apesar do filme Linha de Passe (Walter Salles, 2008) permanecer, em grande medida, no registro da imagem-movimento, podemos notar fissuras na representação, momentos em que o tempo se constitui como escritura e, então, instaura-se a imagem-tempo e a narrativa como acontecimento. Buscamos demonstrar, por meio da análise de uma sequência de festa presente neste longa, que o filme apresenta simultaneamente os dois modos de subjetivação presentes na tipologia deleuziana das imagens cinematográficas: imagem-movimento e imagem-tempo. Além disso, propõe-se que o trecho em que há uma quebra do movimento fluido dos quadros fílmicos, que coincide com o ápice da plasticidade da luz, possa ser lido como aquele que instaura a imagem-tempo na sequência. É um dos momentos em que identifica-se a narrativa como acontecimento no filme, de acordo com a concepção de André Parente (2013).
    Esse plano, visto como um ato de presentificação, introduz uma fissura na representação das ações até então colocadas, promovendo um desdobramento nas imagens. A dobra instaurada pelo acontecimento narrativo abre uma multiplicidade de relações possíveis entre os espectadores e essa imagem fílmica. A narrativa como acontecimento intensifica a experiência cinematográfica, pois o tempo da imagem e o do espectador se identificam. Desta forma, o tempo é percebido como vivido e cria-se uma relação entre a luz projetada – o princípio do dispositivo cinematográfico – e o espectador.
    Um modo de leitura que propomos para esta sequência é de como o contato com a alteridade, mediado pela experiência cinematográfica, pode produzir novas formas de subjetividade. Isto ocorre devido ao procedimento audiovisual de tensionamento dos registros da imagem-movimento e imagem-tempo que cria zonas fronteiriças entre as plasticidades da imagem e a narrativa. São nestes interstícios que a produção de subjetividade acontece.

Bibliografia

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