Ficha do Proponente
Proponente
- Cesar Baio (UFC)
Minicurrículo
- Possui doutorado (2011) e mestrado (2007) em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, com bolsas CAPES/CNPq. Fez estágio de pesquisa na Berlin University of the Arts (UDK). Tem formação em Eletrônica e Comunicação Social. Desde 2011, é professor da Universidade Federal do Ceará, atuando como coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes e professor do curso de no Curso de Cinema e Audiovisual. ua pesquisa está voltada para a imagem técnica e os aparatos tecnológicos de mediação.
Ficha do Trabalho
Título
- Poéticas do código: materialidades da imagem digital
Seminário
- Interseções Cinema e Arte
Resumo
- Do processo de passagem do analógico ao digital nos anos até a atual proliferação de aplicativos para produção de imagens em aparelhos móveis, a apresentação aborda um conjunto de trabalhos que assume a condição digital da imagem como campo de exploração poética. Trabalhos de artistas como Mark Napier, Giselle Beiguelman e Andreas Müller-Pohle, são analisados assumindo como instrumental metodológico a filosofia do aparato de Vilém Flusser e as discussões sobre emulação de Michael Foucault.
Resumo expandido
- Partindo do processo de assimilação da fotografia analógica pela base técnica numérica ocorrida na década de 1990 seguindo até a atual proliferação de aplicativos para produção de imagens em aparelhos móveis, a apresentação aborda um conjunto de trabalhos que assume a condição digital da imagem como campo de experimentação estética. Ao deter-se em um primeiro momento deste processo de transição, em que as tecnologias de produção de imagens estiveram em ebulição, as análises problematizam o “efeito analógico” produzido pela tentativa de emulação da imagem química pela base técnica digital. Pensado a certa distância histórica, este processo permite levantar a hipótese de que a imagem fotográfica passa, em um dado momento, a assumir uma posição intersticial entre a figuração indicial e a abstração dos algoritmos computacionais. No contexto das câmeras atuais a situação se modifica. O mesmo hardware torna-se capaz de produzir diferentes imagens, de acordo com o software a ele acoplado. No embate entre essas diferentes materialidades, certos aplicativos utilizam algoritmos capazes de criar panoramas, imagens de satélite ou das ruas das cidades (stitching), outros aplicam retoques, filtros e efeitos especiais (post-production), outros podem reconhecer pessoas, objetos e movimentos corporais (computer vision) e, assim, a partir do mesmo dispositivo, surgem diferentes modos dar a ver o que nos cerca. Ao mesmo tempo em que nos “auxiliam” de maneira quase invisível, estes algoritmos nos circunscrevem aos seus seus próprios regimes de visibilidade. A apresentação aborda esta problemática, passando em revista trabalhos em fotografia, vídeo e instalação, de artistas como Mark Napier, Giselle Beiguelman e Andreas Müller-Pohle. A investigação assume como instrumental metodológico a filosofia do aparato de Vilém Flusser e as discussões sobre emulação de Michael Foucault, lançando hipóteses sobre possíveis transformações que vêm ocorrendo nos regimes de visibilidade em vigor e no lugar ocupado pela imagem na sociedade contemporânea.
Bibliografia
- FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas: elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008.
FOUCAULT, Michel. As palavas e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
MACHADO, Arlindo. A ilusão especular: introdução à fotografia. São Paulo: Brasiliense, 1984.
MITCHELL, William. The reconfigured eye: visual truth in the post-photographyc era. SIMONDON, Gilbert. Du mode d’existence des objets techniques, Paris: Aubier, 1989.