Ficha do Proponente
Proponente
- Miguel Freire (UFF)
Minicurrículo
- Fotógrafo e Cineasta – diretor, produtor e diretor de fotografia de filmes de longa e curta metragem.
Graduado pelo Curso de Cinema da Universidade Federal Fluminense, Mestre e Doutor em Comunicação pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense,
Professor Associado III do Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense.
Pesquisador da área de imagem foto-cinematográfica.
Ficha do Trabalho
Título
- A câmera na mão de Dib Lutfi no Desafio de Saraceni
Mesa
- Movimentos de câmera: teorias e análises sobre um recurso fotográfico
Resumo
- O resultado fotográfico impresso por Dib Lutfi em O Desafio de Paulo Cesar Saraceni materializa, constrói e traduz a frase fundante do movimento cinemanovista brasileiro: “Uma câmera na mão e um idéia na cabeça,” dita por Paulo e adotada por Glauber Rocha. A idéia de Paulo Cesar Saraceni para a realização de seu longa político – O Desafio – estava calcada no baixo custo de produção e na agilidade das filmagens (40 sequências em 13 dias).
Resumo expandido
- O resultado fotográfico impresso por Dib Lutfi em O Desafio de Paulo Cesar Saraceni materializa, constrói e traduz a frase fundante do movimento cinemanovista brasileiro: “Uma câmera na mão e um idéia na cabeça,” dita por Paulo e adotada por Glauber Rocha. A idéia de Paulo Cesar Saraceni para a realização de seu longa político – O Desafio – estava calcada no baixo custo de produção e na agilidade das filmagens (40 sequências em 13 dias). Como estética narrativa o uso de longos planos ocupando o todo das sequências, em uma edição de poucos, muito poucos, cortes.
“A primeira tomada era de um carro, de onde a câmera filma outro, onde estão Ada, que dirige, tendo Marcelo ao seu lado. Guido (Cosulich) está com a câmera na mão e filma o outro. Depois entrega a câmera para Dib que continua filmando, sem interrupção, dentro do carro dos personagens. E começa o diálogo. Não havia pirotecnias, Era o movimento natural de dois gênios da câmera na mão”, descreve Saraceni.
Podemos intuir que a quebra da narrativa tradicional ditada pelo roteiro clássico ocorre em ”O Desafio” pela opção tomada pelo diretor, em harmonia e concordância com o diretor de fotografia, que optam pelo uso pelo uso do plano-sequência, artifício desenvolvido e viabilizado pelo uso da câmera na mão.
Quando falamos do roteiro clássico, nos referimos àquele que privilegia a decupagem estruturada na equação habitual: plano, contra-plano e cobertura – sistema de tratamento padrão que possibilita a edição invisível, estribada em “raccord” de imagem e de som.
Podemos dizer que ”O Desafio” de Paulo Cesar Saraceni e Dib Lutfi é um filme feito sem maquinaria, sem trilho, sem grua e sem tripé.
Bibliografia
- BERNARDET, Jean-Claude. Brasil em tempo de cinema: ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A., 1967.
FREIRE, Miguel. O texto, o filme e a releitura: textualidades e refigurações
narrativas em Porto das Caixas. Alceu: Revista de Comunicação, Cultura e Política,
v. 6 – nº12 – jan/jun 2006. Rio de Janeiro: Puc, Dep. De Comunicação social, 2006.
JULLIER, Laurent e MARIE, Michel. Lendo as imagens do cinema. São Paulo: Editora Senac são Paulo, 2009.
RAMOS, Fernão (Org). História do cinema brasileiro. São Paulo: Art Editora. 1990.
SARACENI, Paulo César. Por dentro do cinema novo: minha viagem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.