Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Esther Hamburger (USP)

Minicurrículo

    Professora Associada III do Dept de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É doutora em Antropologia pela Universidade de Chicago. Autora de “O Brasil Antenado, a sociedade da novela” e de inúmeros artigos em revistas como Novos Estudos, Framework, Television and New Media, coletâneas e catálogos como Eduardo Coutinho. Foi Visiting Scholar no Center for Latin American Studies da University de Harvard.

Ficha do Trabalho

Título

    Fronteiras entre meios e formas em Cabra marcado para morrer

Resumo

    Esse artigo retoma Cabra marcado para morrer no intuito de analisar as relações entre o cinema engajado do CPC, a televisão presente como referência negativa, mas também como sugestiva de formas de filmar, as diferentes vozes narrativas incluindo a voz de Coutinho em primeira pessoa. O artigo se beneficia da bibliografia recente em cultura visual, (ou audiovisual), cinemáticas, e/ou outros nomes de um campo que ao mesmo tempo se amplia e fortalece um núcleo conceitual.

Resumo expandido

    O documentário Cabra marcado para morrer (1964-1984) apresenta uma combinação original de elementos oriundos da prática programática do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE) que produziu o filme, da experiência televisiva do diretor na equipe do Globo Repórter e dos cinemas diretos dos anos 1960, apropriados de maneira específica se tardia. Identificar nos fragmentos de materiais fílmicos do CPC captados entre 1962 e 1964 em diversos locais do nordeste e compilados de maneira em 1984 no Rio de Janeiro pode revelar imbricações interessantes entre agendas intermediáticas. Análise detalhada do filme permite estabelecer ligações extra-fílmicas sugestivas, por exemplo entre o que poderia ser denominado “o primeiro Cabra” e outras cinematografias latino americanas. Relações entre uma rara narração em primeira pessoa para a época, uma rara presença do diretor em cena e os cinemas diretos francês, e norte-americanos. Os primeiros trinta segundos do filme ao mesmo tempo apresentam o documentário como um filme sobre cinema e em contraste com a televisão, presente em uma antena no alto do morro que abriga a projeção de fragmentos captados em 1964 para pessoas que participaram das filmagens. O texto debate questões como: Como seria o primeiro longa produzido pelo Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes em 1964? Como o diretor revê a proposta original vinte anos depois? Quais são os elementos estabelecidos em Cabra como reação às formas originais e que podem ser identificados em trabalhos anteriores e posteriores do diretor, em vídeo, película e digital? Como esses elementos se relacionam a movimentos que marcaram o cinema nos anos 1960 e depois? Como televisão e cinema se opõem e se interpõem no Brasil, na América Latina, na França e nos Estados Unidos.

Bibliografia

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