Ficha do Proponente
Proponente
- Angela Freire Prysthon (UFPE)
Minicurrículo
- Angela Prysthon é professora do Bacharelado em Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPE. Fez estágio sênior pós-doutoral
na Universidade de Southampton. Tem doutorado em Teoria Crítica pela
Universidade of Nottingham. É autora de “Cosmopolitismos
periféricos” (Bagaço, 2002) e “Utopias da Frivolidade” (Cesárea,
2014),entre outros títulos.
Ficha do Trabalho
Título
- Campo, tradição e propriedade. Paisagens de Thomas Hardy no cinema.
Resumo
- Os romances de Thomas Hardy descrevem as complexidades das transformações trazidas à tona pela revolução industrial e as novas estruturas decorrentes das trocas entre campo e cidade. Discutiremos como algumas adaptações empreenderam o espectro da ruralidade em Hardy, além dos modos como os filmes traçam as relações entre paisagem e poder. Investigar-se- -á a figuração da paisagem a partir da comparação entre os diversos recortes e enquadramentos propostos neste conjunto de filmes.
Resumo expandido
- As relações entre paisagem e cinema são permeadas por nuanças que têm tanto a ver com a própria pluralidade do conceito mesmo de paisagem(que fica ainda mais evidente quando nos confrontamos com as derivações do termo em inglês: landscape, cityscape, townscape, soundscape, etc), como pela centralidade da mesma na composição de atmosferas e moods fílmicos, na construção de texturas. Alguns cineastas e autores buscam deliberadamente adensar o papel da paisagem no cinema para além de sua função decorativa ou contextual. Naturalmente, alguns gêneros cinematográficos são mais propícios que outros a essa conexão com a paisagem: o western, o road movie, o travelogue documentário, o épico e, gênero que nos ocupará nesta apresentação, o cinema de época.
Apresentaremos um breve apanhado conceitual sobre o “costume film” ou “filme de época” na sua conexão mais direta com as maneiras de representar a paisagem, percebendo e identificando as recorrências e estruturas gerais do gênero, e simultaneamente observando as às vezes sutis diferenças das representações do espaço ao longo de épocas distintas do cinema. Fechando um pouco mais o escopo, nossa atenção se voltará para as razões do desenvolvimento desse gênero no cinema britânico, principalmente a partir de adaptações de grandes clássicos da literatura nacional.
Contudo, nossas análises mais específicas recairão sobre as adaptações cinematográficas da obra de Thomas Hardy. Nos romances de Hardy, há sempre o espectro de um antigo mundo campestre: velhos hábitos, histórias trágicas de amor permeadas pela tradição e pelo trauma das mudanças trazidas à tona pela revolução industrial, pela evolução da malha urbana na Inglaterra e pela própria emergência de um novo capitalismo rural. Ao mesmo tempo, Hardy consegue descrever muito precisamente as complexidades dessas transformações e as novas estruturas sociais decorrentes das trocas intensas entre campo e cidade (Williams, 1989). Pretende-se discutir neste paper como algumas das adaptações mais célebres de sua obra – Far From the Madding Crowd (John Schlesinger, 1967) Tess (Roman Polanski, 1979); Jude (Michael Winterbottom, 1996) e Far From the Madding Crowd (Thomas Vinterberg, 2015) – empreenderam o espectro da ruralidade em Hardy, além dos modos através dos quais esses filmes traçam as relações entre paisagem e poder. Investigar-se- -á a figuração da paisagem do mundo hardyano a partir da comparação entre os diversos recortes e enquadramentos propostos neste conjunto de filmes.
Bibliografia
- Bruno, Giuliana. Atlas of Emotion: Journeys in Art, Architecture, and Film. London: Verso, 2002.
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Williams, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.