Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Daiane Freitas Guimarães Gonçalves (Unicamp)

Minicurrículo

    Graduação em Letras habilitação em Português/ Francês pela Unesp de Araraquara. Mestranda do programa de pós-graduação em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas. Atua como professora de Língua Portuguesa no Centro Paula Souza e da Prefeitura Municipal de Barueri e desenvolve projeto de Cinema na escola no Centro Paula Souza. Projeto de pesquisa em desenvolvimento com foco nos estudos atorais em especial na atuação do ator britânico Daniel Day Lewis.

Ficha do Trabalho

Título

    Da história ao mito: os biopics de Henry Fonda e Daniel Day Lewis

Seminário

    Corpo, gesto, performance e mise en scène

Resumo

    Pretende-se neste estudo fazer uma breve apresentação de análise atoral em filmes considerados biopics. O objeto de estudo será os trabalhos de atuação desenvolvidos por Henry Fonda em “Young Mr. Lincoln” (1939), com direção de John Ford, e Daniel Day-Lewis, em “Lincoln” (2012) de Steven Spilberg, ambos como Abraham Lincoln. Usando como parâmetro os conceitos abordados por Christophe Damour na análise do jogo atoral, irá se analisar a criação de um Lincoln histórico contrário ao mito Lincoln.

Resumo expandido

    No estudo sobre o ator cinematográfico ainda há discussões carentes de análises, como é o caso do estudo sobre atuações em filmes considerados biopics, mesmo sendo um gênero muito utilizado nas grandes indústrias cinematográficas, ele ainda é uma categoria pouco explorada pelos estudos cinematográficos, pois segundo afirmações de Belén Vidal (2014) os filmes biopics não são bem vistos quanto a sua estética e que os classificam como fórmulas prontas de premiações, como exemplo, o Oscar.
    Dessa forma, os estudos voltados a atuação biopic, acabam por se tornar escassos, por isso esse trabalho tentará visualizar os pontos principais que envolvem a caracterização do jogo atoral biopic. Levando em consideração a afirmação de Vidal “The actor is the cornerstone to the biopic’s edifice of historical allusion”, o ator é quem dá a força para a narrativa biográfica. Nesse sentido, será feita uma análise quanto o gestual de atores que interpretaram o mesmo personagem real o ex-presidente norte-americano, Abraham Lincoln. No caso, os atores Henry Fonda e Daniel Day Lewis, nos filmes Young Mr. Lincoln (1939) e Lincoln (2012), respectivamente.
    Nesse contexto, pretende-se analisar o conceito de construção realista do personagem, já que para um biopic parte-se do pressuposto que o ator construirá seu personagem com elementos mais próximos possíveis da realidade, para que haja a verossimilhança com o ser biografado, no entanto, o caso de estudo, aqui expresso, leva em consideração a personagem viva que foi biografada, pois o presidente Lincoln sendo um indivíduo da primeira metade do século XIX, a construção que se tem desse personagem centra-se em relatos históricos e algumas imagens, não sabemos o seu comportamento real, seu tom de voz, ou seja, suas características efetivas físicas, sociais e psicológicas. Mas na afirmação de Belén Vidal é o ator que vai construir todo esse imaginário, a veracidade necessária para que o expectador acredite que Abraham Lincoln era daquela forma tal qual o filme evidencia, criando assim a memória social coletiva.
    Em Lincoln de Spilberg, Day-Lewis deu vida ao que supostamente foi criado no imaginário do expectador, a semelhança física foi muito próximo à imagem que conhecemos do ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln. No entanto, o que a história não consegue nos dá efetivamente Lewis construiu, através de formas corporais, expressões e tom de voz, que criou uma memória social coletiva a respeito de Lincoln, pode-se dizer que a representação de Lewis consolida o mito Lincoln. Já em outra linha temos o ator Henry Fonda que dará vida a um Lincoln na juventude. E esse contexto foi explorado no filme de Ford, para representar a transição do jovem Lincoln histórico para o Lincoln mito. Percebe-se em sua atuação registros mais contidos, seguindo uma outra linha do que foi abordado por Lewis.
    A partir dessas reflexões serão feitas análises atorais de comparação entre Henry Fonda e Daniel Day Lewis na construção da figura do Lincoln. Tendo como base as análises do gestual desenvolvidas por Christophe Damour, em especial do artigo “Paon ou caméléon ? L’acteur face à l’incarnation du personnage réel” presente na coletânea Biopics: de la realité à la fiction. Dessa forma, será levantada uma abordagem de discussão ainda pouco desenvolvida sobre a atuação biopic, em especial com o que condiz na importância das escolhas do ator para categorizar o filme como biopic.

Bibliografia

    BROWN, Tom; VIDAL, Bélen. The biopic in contemporany film culture. New York and London: Taylor & Francis Group, 2014.
    CHESHIRE, Ellen. Bio-pics: a life in pictures. United States of America: Columbia University Press, 2015
    CUSTEN, George F. Bio/Pics: How Hollywood Constructed Public History. United States of American: Library of Congress, 1992.
    DAMOUR, Christophe Damour. Al Pacino: le denier tragédien. Collection Jeux d’acteurs. France: Scope Editions, 2009.
    FONTANEL, Rémi. Biopic: de la realité à la fiction. CinémAction. v. 139, 2011.
    LINCOLN. Direção: Steven Spilberg. [S.I.]: Touchstone Pictures, 2012. (2h 30 min).
    SICINSKI, Michael. Truthiness is strangerthan fictition: the “New Biopic”. In: The Wiley-Blackwell History of American Film, First Edition, 2012.
    SMYTH, J. E. Hollywood as historian, 1929 – 1945. In: The Wiley-Blackwell History of American Film, First Edition, 2012.
    YOUNG Mr. Lincoln. Direção: John Ford. [S.I]: Twentieth Century Fox Film Corporation. 1939 (1h 40 min).