Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Calac Nogueira Salgado Neves (ECA-USP)

Minicurrículo

    Mestrando em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA-USP com a pesquisa “Andy Warhol, cineasta”. Graduado (2011) em Cinema pela Universidade Federal Fluminense. É pesquisador, crítico de cinema e cineasta.

Ficha do Trabalho

Título

    O “corpo puro” no cinema de Andy Warhol

Seminário

    Corpo, gesto, performance e mise en scène

Resumo

    Os filmes de Andy Warhol têm como uma de suas principais marcas a pregnância do corpo. Radicalmente anti-narrativos, eles parecem movidos sobretudo por um impulso obsessivo de contemplar a figura humana, aqui reduzida a seus atributos físicos (corpo e pele). Nesta comunicação, iremos atentar os procedimentos que estão na origem da sensação de pregnância corpórea no cinema de Warhol, notando como eles resultam na constituição um corpo literal, que gostaríamos de qualificar de “corpo puro”.

Resumo expandido

    Os filmes de Andy Warhol têm como uma de suas principais marcas a pregnância do corpo. Radicalmente anti-narrativos e realizados de forma um tanto amadora, esses filmes parecem movidos meramente por um impulso obsessivo de contemplar a figura humana, aqui reduzida a seus atributos físicos: o corpo e sua pele, expostos à câmera em estado de nudez.

    Nesta comunicação, atentaremos para os procedimentos que estão na raiz desta pregnância corpórea do cinema de Warhol. Primeiro, notaremos algumas estratégias utilizadas pelo dispositivo warholiano a fim de destacar a presença do corpo: a centralidade, a nudez, o uso da iluminação.

    Num segundo momento, iremos qualificar este corpo filmado por Warhol: um corpo que gostaríamos de chamar de “puro”, de um corpo literal. Aqui, seguimos Steven Shaviro (2015), que afirma que todos os filmes de Warhol “são marcados pelo literalismo com o qual esvaziam todos os outros significados e conteúdos para, então, capturar, gravar e mostrar a presença pura, estúpida, inerte dos corpos.”

    Assim, iremos analisar, na prática, de que forma Warhol chega até este “corpo puro”. Nossa hipótese é de ele seria resultado de um processo de esvaziamento sustentado por um duplo procedimento: o isolamento dos corpos filmados e sua posterior exposição ao tempo.

    O interesse desta abordagem, acreditamos, está em sua abertura para compreender o componente erótico do cinema de Warhol, presente em toda a sua obra, desde filmes silenciosos como Sleep (1963), Kiss (1963) e Couch (1964), até as produções tardias realizadas em parceria com Paul Morrissey, como I, a Man (1967).

Bibliografia

    APRÀ, Adriano. “Introduzione al metodo Andy Warhol”. Originalmente publicado em Aprà, Adriano, Ungari, Enzo. Il cinema di Andy Warhol (Arcana, Roma 1971) e republicado em http://www.adrianoapra.it/?p=1528 (acesso em 01/05/2016).
    DE HAAS, Patrick. Andy Warhol – Le Cinéma comme “Braille Mental”. Paris: Éditions Paris Éxperimental, 2005.
    KOCH, Stephen. Stargazer. The Life, World and Films of Andy Warhol. Nova York/Londres: Marion Boyars, 2002.
    PAÏNI, Dominique. “Andy Warhol : Le plus simples appareil”, in Le cinéma, un art moderne. Paris: Cahiers du Cinéma, 1997.
    SHAVIRO, Steven. O corpo cinemático. São Paulo: Paulus, 2015.