Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Raphaela Benetello (UFJF)

Minicurrículo

    Mestranda na linha de Cinema e Audiovisual pelo Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens da UFJF. Graduada em Comunicação Social pela mesma instituição. Estuda a forma como o som influencia na narrativa do cinema documental contemporâneo.

Ficha do Trabalho

Título

    O som e o silêncio como recursos narrativos no documentário Sopro

Resumo

    O trabalho pretende apresentar uma análise do longa-metragem Sopro (2013, 35mm) de Marcos Pimentel e como o som e o silêncio presentes constituem elementos relevantes na construção narrativa.

Resumo expandido

    O trabalho pretende apresentar uma análise do longa-metragem Sopro (2013, 35mm) de Marcos Pimentel e como o som e o silêncio presentes constituem elementos relevantes na construção narrativa.

    Em uma breve análise da obra de Marcos Pimentel é possível perceber uma diminuição da palavra falada através dos filmes. Em um de seus primeiros documentários “Sobreviventes” (Mini-DV, 2002), a palavra ainda é utilizada, com fala dos personagens, mesmo que já de modo pouco convencional aos documentários clássicos e com a utilização de crianças como personagens do filme. Ao longo dos anos a palavra foi perdendo espaço nos filmes do autor dando lugar ao ruído e ao silêncio. Aos poucos a entrevista não foi mais utilizada e os ruídos tomaram lugar de protagonista na banda sonora do filme. Na trilogia urbana “Pólis” (35 mm, 2009), “Taba” (35 mm, 2010) e “Urbe” (35 mm, 2009), a palavra já assume papel coadjuvante diante dos ruídos da cidade, recheando a obra com significados e interpretações múltiplas.

    O documentário Sopro é a obra mais recente do autor e seu primeiro longa-metragem. Ambientado em uma vila rural no interior do Brasil, o filme apresenta uma construção baseada no som ambiente, na natureza, quase não há a presença de verbo, os sons se mostram incidentais e os ruídos predominam. A voz, quando presente, vem através de ruído ou canção. Sopro mostra a natureza em seus elementos fundamentais, fogo, água, terra e finalmente ar, vento. Vento que seca roupas, movimenta a poeira, alimenta o fogo, espalha odores, atrai animais e ‘sopra’, renovando o ciclo da vida.

    Amparado por um discurso descritivo, o filme disserta sobre a vida da comunidade, a fé e a religiosidade, a calmaria dos adultos e a inquietude das crianças. A voz, quando escutada, não é dirigida ao filme. Ou se dá através de aparelhos, como o rádio, ou em brincadeiras ou diálogos cotidianos. Em diversos momentos há personagens em situação de escuta, construindo assim uma paisagem sonora que se distancia da de outros materiais audiovisuais na medida em que não se constitui apenas na presença verbal, mas também nos ruídos. A partir disso, o trabalho pretende entender de que forma o som e sua ausência adquirem caráter um narrativo na construção fílmica e como os ruídos podem resignificar a imagem.

Bibliografia

    CHION, Michel. A Audiovisão: som e imagem no cinema. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2011.
    COSTA, Fernando Morais da. O som no cinema brasileiro. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.
    _____________________________. Silêncio e vozes no cinema: Tabu e Stereo. Significação, revista de cultura audiovisual. V. 41, nº 41, 2014.
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    MANZANO, Luiz Adelmo. Do editor de som ao sound designer, os ecos de uma evolução. Revista Filme Cultura, nº 58, 2013.
    SCHAEFFER, Pierre. Traité des objets musicaux. Paris: Éditions du Seuil, 1966.
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