Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Cezar Migliorin (UFF)

Minicurrículo

    Cezar Migliorin é professor de Cinema e membro do Programa de Pós-Graduação em Comunicação na UFF. Organizador do livro Ensaios no Real: o documentário brasileiro hoje (2010), autor do livro de ficção A menina (2014) e Inevitavelmente cinema: educação, política e mafuá (2015) – todos editados pela Ed. Azougue – e do livro Cartas sem resposta (2015), pela Ed. Autêntica.

Ficha do Trabalho

Título

    Uma ética da imagem: cinema e educação

Seminário

    Cinema e educação

Resumo

    O que significa pensar uma ética da imagem em ambientes educacionais? A pergunta que não pode ser resolvida por respostas consensuais nos demanda, inicialmente, três operadores para tal reflexão: relação, devolução e máquina. Com esses operadores imagino poder pensar algumas produções audiovisuais feitas em ambientes educacionais.

Resumo expandido

    O que significa pensar uma ética da imagem em ambientes educacionais? A pergunta que não pode ser resolvida por respostas consensuais nos demanda, inicialmente, três operadores para tal reflexão: relação, devolução e máquina. Com esses operadores imagino poder pensar algumas produções audiovisuais feitas em ambientes educacionais.

    Relação
    Toda imagem traz um problema ético uma vez que uma imagem é necessariamente uma relação, pelo menos entre dois polos: um mundo que “é”, que se apresenta aos sentidos, e outro que é o ato de criar uma imagem, de recortar uma cena, de escolher um ritmo, uma escuta, um som. Poderíamos dizer que a ética da imagem é um componente da distância entre aquilo que se oferece aos nossos sentidos – o mundo (com suas imagens e transformações) e as imagens que fazemos desse mundo. Com Comolli e Deleuze, poderíamos dizer que trata-se de pensar as formas do cinema filmar as ligações entre os seres e o mundo.

    Devolução.
    Como andar pelo mundo, ver coisas, ler livros, viver experiências e devolver ao mundo alguma coisa? Como ver, saber e devolver? Uma devolução necessariamente engaja um outro – um espectador. Quando uma imagem devolve o mundo ao mundo, ela inventa um espectador. Problema central na entrada que Rancière faz no mundo das artes e na reflexão da arte política. Qual o espectador inventado pelas imagens e narrativas que nos propusemos em ambientes educacionais?

    Máquina
    “A subjetividade não é fabricada apenas através das fases psicogenéticas da psicanálise ou dos “matemas do inconsciente”, mas também nas grandes máquinas sociais, da mídia de massa, da linguísticas, que não podem ser qualificadas de humanas” (Guattari, 1992, p.20) Como bem expressa Félix Guattari, as imagens – suas criações, circulações, consumos e possibilidades de experiência – são parte das variações de mundo – desse caldo transubjetivo – de onde algumas formas se atualizam. As imagens não fazem mundo, mas participam da circulação dos enunciados e afetos de onde certas formas surgem: questão que na educação é central.

    Os três operadores propostos são inalienáveis de problemas estéticos. Nesta comunicação ensaiaremos, com esses operadores, a análise de dois filmes – e seus processos – feitos em ambientes educacionais. Análises em que não deixaremos de considerar os filmes como objetos que podem nos afetar enquanto objetos artísticos, mas que não serão abandonados com parte da educação formal.

Bibliografia

    COMOLLI, Jean-Louis. Corps et cadre. Cinema, éthique, politique. Lagrasse: Verdier, 2012.
    DELEUZE, G. A imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 2005.
    GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: Ed.34, 1992.
    GUIMARÃES, C. G.. O que é uma comunidade de cinema?. Revista Eco-Pós (Online), v. 18, p. 45-56, 2015.
    RANCIERE, Jacques. Le spectateur emancipé. Paris, La Fabrique, 2008.