Ficha do Proponente
Proponente
- Fernanda Jaber (UFSCAR)
Minicurrículo
- Fernanda Jaber é graduada em Audiovisual pela Universidade de São Paulo (USP) e mestranda em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
Possui atuação profissional em comunicação, marketing e mídias digitais, e produções artísticas com BBC World Service, Teatro Nacional da Escócia, Boom Studios, British Council, Image Comics e SESI-SP.
Ficha do Trabalho
Título
- O trailer de cinema no Brasil: assimilação e articulação do formato
Resumo
- Esta comunicação apresenta os dados já coletados e os apontamentos iniciais resultantes de estudo em andamento sobre o trailer de cinema no Brasil. Dentro de uma perspectiva histórica, a pesquisa articula como se deu a relação entre trailer brasileiro e importado ao longo do tempo, com foco entre 1930 e 1950, período em que o trailer importado surge e se insere de forma maciça no contexto nacional.
Resumo expandido
- Os trailers são parte integral da história do cinema, mais precisamente, da história da exibição comercial do cinema. Com rica estrutura, é um discurso audiovisual dos realizadores sobre o filme, endereçado ao público, com intuito de vender o filme, uma “condição histórica do filme” (KERNAN, 2004: 5).
Há pelo menos noventa anos, o trailer faz parte da experiência brasileira de ir ao cinema. Se a história do cinema brasileiro é marcada pela constante tentativa de estabelecer um vínculo com o espectador, articular os dados do trailer no Brasil é um esforço extremamente válido. No entanto, temos que não é possível tratar de cinema no Brasil sem ter em mente a presença perene e sufocante do produto estrangeiro no mercado. O próprio objeto de pesquisa trailer também traz a sombra do formato importado. A expressão “trailer brasileiro” é dicotômica. Trata-se um substantivo estrangeiro, adjetivado como algo nacional.
Propondo um estudo sobre o trailer de cinema no Brasil dentro de uma perspectiva histórica, nossa pesquisa articula como se deu esta relação, entre trailer brasileiro e importado, ao longo do tempo. A preocupação central é, portanto, problematizar a trajetória do trailer no Brasil, um mercado ocupado pelo produto norte-americano, entendendo de que maneira os trailers se inserem na história do cinema brasileiro, com foco entre 1930 e 1950, período em que o trailer importado surge e se insere de forma maciça no contexto nacional. Desta forma, abre-se caminho para uma melhor compreensão da circulação (ou dos problemas na circulação) da produção comercial.
Para tanto, foi realizado um extenso levantamento em arquivos, considerando como fontes primárias revistas e periódicos, voltados ou não exclusivamente ao cinema, além de diversas bases de dados, incluindo a Hemeroteca Digital e a Cinemateca Brasileira. Obviamente, a história do trailer na imprensa é diferente da história do trailer em geral. Não obstante, entre reportagens, listagens dos programas em cartaz, discussões em torno dos complementos nacionais, listagens dos títulos liberados pela Censura (estadual ou Federal) e anúncios de filmes, é possível reconstruir, se não integralmente, uma parte da trajetória do formato.
A pesquisa verificou que os trailers se inserem na história do cinema brasileiro de forma relativamente tardia. Se a gênese do trailer ocorre nos Estados Unidos em 1912 (HEDIGER, 2011: 75), é apenas a partir de 1927 que a imprensa brasileira começaria a reconhecer a existência do trailer de cinema, em seu padrão norte-americano, em exibições feitas aqui e no estrangeiro. Os trailers norte-americanos passam a entrar no mercado brasileiro de forma agressiva principalmente na década de 1930, paralelamente à organização dos departamentos de trailers pelos grandes estúdios de Hollywood (JOHNSTON, 2009: 182) e à chegada do cinema sonoro.
Ao longo da década de 1930, ocorre a lenta assimilação do formato no Brasil. Entre 1930 e 1935, há uma avalanche de manchetes nos jornais anunciando os trailers norte-americanos em exibição em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Ocorrem também as primeiras incursões nacionais nesse tipo de produção. Não obstante, explicações sobre o formato trailer figurariam na imprensa por vários anos, inclusive nas revistas especializadas em cinema. Em 1935, suplementos voltados para os profissionais do mercado brasileiro ainda buscavam convencer os exibidores da importância dos trailers na atração do público.
A partir de 1940, o trailer já estaria estabelecido no circuito exibidor, e o público prescindiria de explicações conceituais. O formato passa a fazer parte da experiência brasileira de ir ao cinema. As necessidades de articulação persistiriam, no entanto, no eixo da produção nacional. Esta comunicação pretende, portanto, apresentar os dados já coletados pela pesquisa e as primeiras impressões sobre o trailer no contexto nacional.
Bibliografia
- ACERVO Cinemateca Brasileira.
Disponível em: cinemateca.gov.br/
Último acesso em: 25 fev. 2016.
ACERVO Folha de São Paulo, Folha da Manhã e Folha da Tarde
Disponível em: acervo.folha.uol.com.br/
Último acesso em: 25 fev. 2016.
HEDIGER, Vinzenz. Verführung zum film: der amerikanische kinotrailer seit 1912. Marburg: Schüren, 2001.
HEMEROTECA Digital-Biblioteca Nacional.
Disponível em: bndigital.bn.br/hemeroteca-digital/
Último acesso em: 25 fev. 2016.
JOHNSTON, Keith. Coming soon: film trailers and the selling of Hollywood technology. Londres: McFarland, 2009.
KERNAN, Lisa. Coming attractions: reading American movie trailers. Austin: University of Texas Press, 2004.