Ficha do Proponente
Proponente
- Maria do Socorro Sillva Carvalho (UNEB)
Minicurrículo
- Maria do Socorro Carvalho é professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem e do Curso de Comunicação Social da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com doutorado em História Social pela USP e pós-doutorado junto à PUC-RS. Autora de A Nova Onda Baiana; cinema na Bahia, 1958-1962 (Edufba, 2003) e Imagens de um Tempo em Movimento; cinema e cultura na Bahia nos Anos JK, 1956-1961 (Edufba, 1999). Membro da SOCINE desde 1996.
Ficha do Trabalho
Título
- Cinema no Brasil, anos 1970 – por um Mercado Paralelo de filmes
Seminário
- Exibição cinematográfica, espectatorialidade e artes da projeção no Brasil
Resumo
- Na perspectiva de uma revisão histórica do cinema brasileiro para além dos filmes, busca-se entender determinada produção cinematográfica no Brasil dos anos 1970 a partir de discussões sobre seu mercado exibidor. Em particular, trata-se de interpretar a proposta de criação de um Mercado Paralelo de filmes, construída no âmbito das Jornadas Brasileiras de Curta-Metragem, como alternativa para a viabilização de uma cinematografia fora do mercado comercial tradicional do período.
Resumo expandido
- Um extenso material de pesquisa arquivado na Cinemateca do MAM/RJ sobre as Jornadas Brasileiras de Curta-Metragem, realizadas anualmente em Salvador, esboça um quadro bastante rico de dimensões ainda pouco estudadas acerca da história do cinema brasileiro. A partir desse arquivo, composto basicamente de recortes de jornais da época e documentos do próprio evento, investigo o cinema brasileiro dos anos 1970 na perspectiva de suas dificuldades de exibição. Problemas com a censura política, falta de recursos financeiros, circuito exibidor dominado pelo cinema comercial, conflitos entre os cineastas das diversas bitolas (35mm, 16mm e Super–8) marcavam o meio cinematográfico do momento. Segundo Cosme Alves Neto, então Diretor da Cinemateca do MAM, assíduo frequentador do famoso festival baiano e o grande responsável pela rica documentação arquivada, as Jornadas eram “o principal lugar de confrontação, exame e análise do cinema de curta-metragem” que se fazia no Brasil, tanto profissional quanto amador. No bojo dessas discussões, quase sempre muito acaloradas, em 1973, surge a ideia de criação de um Mercado Paralelo de filmes visando dar conta da difusão de uma crescente produção curtametragista. Nessa perspectiva, constituem-se longos debates em torno dos possíveis circuitos alternativos – salas de arte, circuito universitário, movimento cineclubista – para dar vazão às novas realizações que a cada ano se apresentavam aos festivais existentes no país, mas sem acesso ao público regular das salas de cinema. Desse modo, o estabelecimento do Mercado Paralelo de filmes, como alternativa para aquele cinema que encontrava “portas fechadas no mercado comercial tradicional”, inclusive o cinema experimental ou “cinema de invenção” nas três bitolas, era visto como medida básica para o fortalecimento do cinema nacional. As controvérsias sobre a questão passam a ocupar espaços nas edições das Jornadas, sobretudo em Simpósios anuais, dos quais participavam os mais destacados nomes ligados ao cinema no Brasil, entre os quais seus mais atuantes realizadores, produtores, críticos, pesquisadores, além de estudantes. Ao acompanhar a construção e o desenvolvimento dessas discussões acerca do excludente mercado exibidor de cinema no Brasil, é possível se fazer uma reconstituição do pensamento cinematográfico da época como importante fenômeno da diversidade artística e cultural do país.
Bibliografia
- CRUZ, M P P. O super-8 na Bahia: história e análise. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2005.
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MACHADO JR., R. “A experimentação cinematográfica superoitista no Brasil: espontaneidade e ironia como resistência `modernização conservadora em tempos de ditadura”. In AMORIM, L. S.; FALCONE, F. T. (org.). Cinema e memória; o super-8 na Paraíba nos anos 1970 e 1980. João Pessoa: Editora da UFPB, 2013, p.34-55.
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