Ficha do Proponente
Proponente
- Wilton Garcia Sobrinho (Fatec/Uniso)
Minicurrículo
- Pesquisador e artista visual, possui graduação (1992) em Letras pela PUC-SP; Mestrado (1997) e Doutorado (2002) em Comunicação pela ECA-USP; e Pós-Doutorado (2006) em Multimeios pelo IA-UNICAMP. Professor da FATEC-Itaquá/SP e do Mestrado em Comunicação e Cultura da UNISO. Desenvolve pesquisa sobre artes, corpo, cinema, fotografia, homoerotismo e estudos contemporâneos. Com Daniela K. Hanns, é autor de “#consumo_tecnológico” (Hagrado Edições, 2015), entre outros, e membro da Socine desde 1998.
Ficha do Trabalho
Título
- Imagem, cultura e diversidade no filme “Febre do rato”
Resumo
- Este artigo relaciona imagem, cultura e diversidade destacados o filme “Febre do rato” (Cláudio Assis, 2011). Estrategicamente, as categorias críticas experiência e subjetividade foram eleitas, ao enunciar os estudos contemporâneos do cinema e do audiovisual. No enfoque dessa discussão, o coveiro Pazinho (Matheus Nachtergaele) vive uma relação amorosa, impetuosa e intempestiva com Vanessa (Tânia Granussi), uma travesti. Nesse caso, a diversidade cultural/sexual aponta para a exemplificação do protagonismo do universo Trans no cinema nacional contemporâneo. Das (re)dimensões teóricas e políticas como produção de conhecimento, os resultados problematizam corpo, gênero, identidade e performance inseridos na discussão do cinema nacional atual.
Resumo expandido
- Na complexidade que se pretende pensar sobre a diversidade cultural/sexual no Brasil, surgem estudos contemporâneos da produção cultural do cinema como discurso ideologicamente orientado. O cinema expressa diferentes abordagens, de modo geral, como o amor. Pensar a doce capacidade de iludir plateias faz do filme um lugar especial para o tema do amor. Identificar essa sensibilidade no cinema atual não é tarefa tão fácil. Seria permitir que na expressão sensível da ficção pudesse se desabrochar a ideia de felicidade. A representação da felicidade no cinema, então, pode permear diferentes formas de amor, de maneira simples e até inocente. Assim, quem sabe, floresce a diversidade, ou seja, distante da competitividade do mercado-mídia e seu discurso hegemônico, na busca desenfreada do capital (TEIXEIRA; LOPES, 2006).
E, disso, surge a inquietação em forma de pergunta: o que caracteriza os produtos audiovisuais como espaços de dominação ou libertação estratégica da diversidade? Ou ainda, como o cinema contemporâneo trabalha a homocultura?
O presente artigo relaciona imagem, cultura e diversidade destacados o filme Febre do rato (Cláudio Assis, 2011). A desmensuração da cena cinematográfica cria força nas questões intrínsecas/extrínsecas de excessos e descontinuidades de entraves, a envolver os personagens em sublimação (LEITE, 2013). No enfoque dessa discussão relutante, o coveiro Pazinho (Matheus Nachtergaele) vive uma relação amorosa, impetuosa e intempestiva com Vanessa (Tânia Granussi), uma travesti.
São vertentes radicais da transgressão contemporânea que se complementam, no fluxo pulsante, contra o sistema hegemônico. Tais radicalidades transformam-se, estrategicamente, em potências discursivas quando manifestam seus posicionamentos a propor um conjunto de reflexões para a produção conhecimento atual.
Como provocação, essa discussão visa a debater e incentivar a inclusão do tema da diversidade cultural/sexual na agenda do cinema nacional. Sem restringir a criação no campo cinematográfico, a diversidade no cinema nacional solicita sua própria emergência – a destacar o protagonismo do universo Trans.
A leitura que aqui se pretende organizar são impressões e registros de uma exemplificação fílmica, com elementos conceituais e teóricos da diversidade cultural/sexual no cinema nacional contemporâneo. São considerações e pontos de vista que acompanham a atualização de ferramentas e tendências em uma atmosfera que circunda sobre o cinema contemporâneo. Na verdade, é uma instigante história de amor – pautado pela diversidade – que contêm altos e baixos.
Os critérios formais no desenrolar desta escrita amparam-se pelo formato de ensaio, como condição adaptativa capaz de incluir apontamentos teóricos e políticos indicados ao longo do texto, a fim de assimilar traços e fragmentos da sociedade contemporânea na compreensão da diversidade exposta no cinema brasileiro (FOSTER, 2003; NAGIB, 2012; STAM, 2003). Trata-se de uma estratégia discursiva a alinhar diferentes pontas que suturam as ideias designadas. Ainda que não seja tão reconhecido no meio acadêmico, o ensaio – gênero discursivo híbrido entre o pensar, o relato e a escritura – permite maior flexibilidade para desdobrar a matéria discursiva que se atualiza no próprio exercício reflexivo.
Essa opção de tratativa, sob o discurso científico, enquadra ideias e parâmetros arquitetados pelo discorrer de um pensar que se conflui com o relato executado na escrita. Esta última legitima o fio condutor que agiliza uma trama, feita aos poucos. Por lidar com questões que tangem a diversidade, o interesse acende maior vigor empírico e científico, visto que gera chances e estímulos de reflexão e escrita.
No final do filme, Pazinho manda um recado ambíguo e, ao mesmo tempo, irônico para sua amada: “Diga a Vanessa que ela é o homem da minha vida!”
Bibliografia
- FOSTER, David William. Queer issues in contemporary latin american cinema. Austin: University of Texas Press, 2003.
LEITE, Rodrigo Lage. Baixio das bestas e Febre do rato – dois filmes de Cláudio Assis – diferentes caminhos para os excessos de viver. Ide (São Paulo) v.35 n. 55, jan. 2013. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0101-31062013000100015&script=sci_arttext. Acesso em 30/mar/2013.
NAGIB, Lúcia. Além da diferença: a mulher no Cinema da Retomada. Devires, BH v. 9, n. 1, p. 14-29, jan./jun. 2012.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Ver o invisível: a ética das imagens. In: NOVAES, Adauto (Org.). Ética: vários autores. São Paulo: Cia das Letras, 2007. p. 425-453
STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Campinas: Papirus, 2003.
TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro, LOPES; José de Souza Miguel (Orgs.). A diversidade cultural vai ao cinema. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.