Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Sheila Schvarzman (UAM)

Minicurrículo

    Sheila Schvarzman é doutora em História Social e Pós Doutora em Multimeios pela UNICAMP. É professora titular do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. Organizou com Samuel Paiva Viagem ao Cinema Silencioso do Brasil, Rio de Janeiro, Azougue, 2012 entre outros. Publica artigos regularmente nas revistas acadêmicas das áreas de Comunicação, Audiovisual e História. Foi Conselheira Científica da Socine entre 2013-2015.

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema Brasileiro de Grande Bilheteria. Um período que se fecha?

Resumo

    Pensar o cinema brasileiro de grande bilheteria (2000-2015) a partir 2016, com a crise que se instalou no país, conduz a pensar essa produção, e sua forte relação com a TV, como expressão de um período que se encerra, no qual buscava-se consolidar um cinema de grande público, o que, em muitos sentidos, se efetivou. Gostaríamos de analisar filmes e gêneros de maior expressão onde, entre outros, a temática do consumo foi relevante.

Resumo expandido

    Pensar o cinema contemporâneo brasileiro de grande bilheteria (2000-2015) a partir 2016, com a grande crise política, econômica e institucional que se instalou no país nesse período, conduz a pensar essa produção, marcada também pela forte relação com a TV, como expressão e documento de um período que se encerra, como se encerra nesse momento de retrocesso institucional, com o fim do Ministério da Cultura, entre outros, uma fase histórica no desenvolvimento e na consolidação do Brasil como país protagonista (e não mais como um quintal neocolonial) no qual buscava-se consolidar um cinema brasileiro de grande público, o que, em muitos sentidos, se efetivou.
    O cinema de grande bilheteria foi produzido através de mecanismos de renúncia fiscal e políticas públicas com vistas a sedimentá-lo como indústria permanente e elemento de expressão e diálogo da cultura nacional. Ele se construiu e acompanhou, através de suas imagens e do imaginário que evoca, transformações que se deram na esfera pública e privada por meio de políticas de Estado que impactaram positivamente as atividades econômicas ao longo desse período, em que surge e se consolida a Ancine (2002) – e em que alguns filmes em especial – Cidade de Deus, Fernando Meirelles, 2002; Dois Filhos de Francisco, Breno Silveira, 2005; Tropa de Elite1, José Padilha, 2006 e 2, Idem, 2010 – e gêneros em particular como a comédia ( Até que a sorte nos separe 1, Roberto Santucci, 2012; 2 , idem 2013; O Candidato Honesto, Roberto Santucci, 2014 e a comédia romântica Se eu fosse você 1, Daniel Filho, 2006 e 2, Idem, 2009; E aí comeu?, Felipe Joffily, 2012; De pernas para o Ar 1, Roberto Santucci, 2010 e 2, Idem, 2012; SOS Mulheres ao Mar1, Cris D´Amato, 2014 e 2, Idem, 2015) tematizaram e apreenderam a superfície dessas transformações vividas pela sociedade e que foram marcadas em sua maioria por cenários de bem-estar, beleza e contemporaneidade, ao mesmo tempo em que, sob a essa aparência prazenteira, persistiram e resistiram ali – assim como na sociedade – traços históricos arcaicos profundos.
    Se a marca significativa desse período foi a ascensão social a partir de políticas de Estado que promoveram em primeira instância o acesso ao consumo, o consumo foi amplamente tematizado, propagandeado, ensinado nas telas como se fosse um dado de realidade amplamente partilhado e desejável, assim como a mudança de estatuto das mulheres, outro tema que conviveu em harmonia na ficção com a necessária e constitutiva naturalização da estratificação social, dos preconceitos de classe e gênero muito presentes na maioria dessas produções.
    Em vista disso, gostaríamos de abordar filmes e temáticas que construíram visões sobre traços significativos desse período que, pelos escassos sucessos de bilheteria de 2016, pela queda expressiva no número de grandes lançamentos e pelas mudanças violentas da realidade vivida, apontam para – se não o final de uma política de financiamento, produção e recepção – transformações nas questões e gêneros de interesse, assim como nas formas de produção e de relacionamento entre o cinema brasileiro e o seu incerto público.

Bibliografia

    ANDERSON, Perry – A crise no Brasil http://www.pambazuka.org Acesso em 13/3/2016
    ANUÁRIO CINEMATOGRÁFICO 2013 http://oca.ancine.gov.br/media/SAM/DadosMercado/Anuario_Estatistico_do_Cinema_Brasileiro_2013.pdf
    ASSUNTOS ESTRATÉGICOS SOCIAL A Classe Média Brasileira . n. 1, 2014. http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/ebook_ClasseMedia1.pdf . p. 46
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    BAHIA, Lia -Discursos, Políticas e Ações: Processos de industrialização do campo cinematográfico brasileiro. São Paulo: Itau Cultural, 2012
    DUNKER, Christian Ingo – A Lógica do Condomínio ou: o Síndico e seus Descontentes IN Revista Leitura Fluente 1
    http://www.pucsp.br/cespuc/revistas/volume1/textoLeituraFlutuante_1-5.pdf.
    SINGER, André –Raízes Sociais e Ideológicas do Lulismo IN Novos Estudos 85, 2009
    http://www.scielo.br/pdf/nec/n85/n85a04.pdf Acesso em 13/3/2016
    SOUZA, Jessé – A ralé brasileira. Belo Horizonte: EDUFMG, 2009 http://www.mom.arq.ufmg.br/mom/arq_interface/1a_aula/A_rale_brasilei