Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Leandro José Luz Riodades de Mendonça (UFF)

Minicurrículo

    Professor e pesquisador de cinema, economia da cultura e direito autoral, doutor em Cinema pela USP e com Pós-doutorado no Ceis 20 (Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra). Leciona Direito aultoral e políticas culturais no curso de produção cultural da UFF, Credenciado no PPGCA/UFF – Pós graduação em Estudos contemporâneos das Artes, no PPED/UFRJ Pós Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento e no PPCULT/UFF – Programa de Pós-graduação em

Ficha do Trabalho

Título

    Cinemas em português: cinema nacional e transnacional

Seminário

    Cinemas em português: aproximações – relações

Resumo

    A proposta de estudar os conceitos de cinema nacional e transnacional na sua relação com cinemas periféricos apoia-se na suposição que a estruturação de um campo teórico onde se trabalha uma definição estética e classificatória influencia diretamente os espaços de circulação dos filmes. A premissa é que existe uma categoria dentro do conceito de modo de produção descrita no segundo nível do conceito onde está o espaço de recepção e os sistemas de divulgação e distribuição.
    Os conceitos de nacional e transnacional podem servir para criar barreiras estruturais e ideológicas. Estas têm necessidade de serem interpretadas para elucidar o modo de circulação de produtos audiovisuais consumidos atravessados pelos limites postos pelos conceitos em tela. Fatores como a escala de distribuição e a legitimação crítica acabam não só por criar mecanismos que subordinam as identidades e a difusão da cultura dentro e fora de espaços nacionais.

Resumo expandido

    O estudo dos conceitos de cinema nacional e transnacional deve começar nesta apresentação com uma definição já consolidada registrada no texto de Higson. Seria, simplesmente um designativo para os filmes que foram feitos dentro de um determinado país. Esta simplicidade é, entretanto, enganadora e, o mesmo autor a divide em dois principais campos, o primeiro “define o cinema nacional em termos econômicos, estabelecendo uma correspondência conceitual entre os termos ‘cinema nacional’ e ‘indústria doméstica de filmes’, e, portanto, preocupado com questões como: ‘onde são feitos esses filmes e por quem? Quem controla e possui a infraestrutura industrial, as empresas produtoras, os distribuidores e os circuitos de exibição? ”
    O Segundo campo existe como uma “possibilidade de uma abordagem baseada na análise fílmica do cinema nacional. Aqui as questões chave tornam-se: sobre o que são esses filmes? Eles compartilham um estilo comum ou uma visão de mundo? Que tipo de caráter nacional eles oferecem? Como extensão eles procuram ‘explorar, questionar e construir uma noção de nacionalidade dentro dos filmes e com a consciência do espectador? ”
    Aqui a complexidade da discussão e supor uma separação algo forçada, ter estilo comum ou existirem restrições temáticas pode, de muitas maneiras, advir de questões econômicas e não são perguntas puramente estéticas. Questionar ou construir uma noção de nacionalidade não é o centro de nenhuma cinematografia pode sim ser motivo para parte de um conjunto de filmes e ser, no máximo, uma das temáticas tratadas dentro do espaço de uma cinematografia nacional.
    Hjort e Mackenzie em seu livro “Cinema and Nation”, procuram, na introdução, expor um conjunto de termos como;
    – “hibridismo’, ‘multiculturalismo’, ‘transnacionalíssimo’, ‘nacionalismo’, ‘internacionalismo’, ‘globalização’, ‘cosmopolitismo’, ‘exílio’, ‘pos-colonialismo.’” .
    Importante a reparar aqui é a existência de uma ligação teórica às premissas pós-estruturalistas e uma mediação proposta como ligação entre os níveis de descrição do objeto em si. Esta descrição está ligada a um espaço “macrossociológico”. No mesmo texto se segue com a indicação de ser um dos problemas centrais lidar, convincentemente, com as dimensões nacionalistas de uma determinada obra.
    Essa proposta pretende a construção de lócus onde se unificam estes pensamentos para lidar com a possibilidade exposta por Higson de ser possível a existência de ”uma abordagem liderada pela exibição ou pelo consumo o cinema nacional” Aqui “ a principal preocupação tem sido sempre fazer a pergunta de qual os filmes a audiências estão assistindo”
    Esta posição onde encontramos nos textos (na introdução) é um indício do efeito, algo natural, de listar uma série de termos, que podem ser conceituados ou não e certamente não implica em assumi-los (os termos) todos como operativos ou operadores conceituais. Também nesta comunicação isso ocorrerá e, o importante, a meu ver, é notar que gravita, de uma maneira geral, ligações entre a ideia de cinema nacional como representante de algum tipo de nacionalismo. Fato talvez derivado do período da construção dos nacionalismos europeus no século XIX e herdado pelas disputas profundas disputas nacionais no início do séc. XX.

Bibliografia

    Referências bibliográficas:
    Higson, Andrew. 1989. “The Concept of National Cinema”. Screen, vol. 3 Issue 2
    Cunha, Paulo. 2015. O Novo Cinema Português. Políticas Públicas e Modos de Produção (1949-1980). Tese de doutoramento apresentada à Universidade de Coimbra.
    Jameson, Frederic. 1991. Postmodernism: Or, the Cultural Logic of Late Capitalism. Durham: Duke University Press.
    Martin-Jones, David (2006) Deleuze, Cinema and National Identity: Narrative Time in National Contexts. Edinburgo: Edinburgh University Press.

    Mendonça, Leandro. Modo de Produção e o Instituto Nacional de Cinema Educativo

    Hozic, Ainda A. Between “National” and “Transnational”: Film Diffusion as World Politics

    Hjort, Mette e Mackenzie, Scott. Cinema and Nation. NY, EUA.