Ficha do Proponente
Proponente
- Fabiana de Lima Leite (UEMG)
Minicurrículo
- Mestranda na Faculdade de Educação-UEMG, com estudo sobre a relação entre cinema, gênero e educação. Especialista em psicologia (USP, 2006); especialista em Filosofia (UFMG, 2005); graduada em Direito (2001). Consultora do PNUD/ONU (desde set/2015); diretora do filme média-metragem “A batalha das colheres” selecionado pelo MinC – Edital Carmem Santos 2013, dentre outras obras cinematográficas realizadas.
Ficha do Trabalho
Título
- Representação da mulher e cinema: entre a realidade e a ficção
Resumo
- Pesquisa de mestrado com objetivo de estudar a percepção de adolescentes quanto à forma de representação da mulher em filmes acessados dentro e fora da escola. Considerando a presença do cinema no cotidiano escolar, principalmente a partir da Lei 13.006/14, que determina a exibição de cinema nas escolas públicas, busco destacar os olhares adolescentes a partir do cinema e se este pode se traduzir como um meio de promoção de uma educação pautada no respeito às diversidades e equidade de gênero.
Resumo expandido
- Pretendo apresentar no XX Encontro da Socine a pesquisa que estou desenvolvendo no mestrado junto à Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Minas Gerais – UEMG, sob orientação do professor José de Sousa Miguel Lopes, tendo por título: “Representação da mulher e cinema: entre a realidade e a ficção nos olhares adolescentes”.
A discussão sobre a inclusão de uma perspectiva de gênero na educação continua premente e ainda hoje gera polêmicas que reforçam os preconceitos e acentuam as diferenças. Os argumentos que se colocam contra a formação de gênero nas escolas distorcem os fundamentos da questão de forma leviana, querendo fazer crer que se buscam anular as identidades relativas às sexualidades de meninas e meninos, desconsiderando os valores familiares e religiosos. Para Butler (2003), os estudos de gênero distinguem o que seria dado pela natureza ou os aspectos fisiológicos, das representações criadas pela sociedade para cada sexo.
Centenas de estudos continuam a indicar desigualdades quanto às oportunidades e à violência a que estão submetidas as mulheres. Tudo isso como consequência de uma dominação simbólica ainda naturalizada e reforçada de geração a geração por instituições como a família, a escola, a religião e os meios de comunicação, sobretudo a televisão e o cinema que, mal foram inventados, coincidentemente no mesmo século da revolução feminista, já assumiram um papel central de formar e reforçar hábitos, valores e consciências predominantemente sexistas. Promover a igualdade requer também mudanças na forma de representação nos meios de comunicação, principalmente daquelas pessoas ou grupos que ainda são vítimas de opressões e violências.
Como mecanismo de buscar melhor delimitar um campo de análise, fiz um recorte da categoria gênero, centrando o estudo sobre a “representação da mulher” para adolescentes em idade escolar. Busco evidenciar se e como a escola lida com as formas de representação da mulher e como esta representação é percebida pelos alunos. Para tanto, optei por fazer uso do cinema como ferramenta entre os diversos meios de comunicação existente, considerando a sua presença na vida dos alunos, principalmente dentro da escola, sobretudo a partir da aprovação da Lei 13.006/14, que determina a exibição de cinema nas escolas públicas.
Este estudo tem por objetivo, então, traduzir a percepção dos alunos quanto à representação da mulher; se há diferença quanto à percepção da forma de representação da mulher nos filmes acessados dentro e fora da escola; se o cinema tem sido um meio de promoção de uma educação pautada no respeito às diversidades e equidade de gênero.
A pesquisa de campo está sendo realizada na Escola Municipal Professora Alcida Torres, a partir do Projeto Cineclube Sabotage, com mais de 400 sessões já realizadas desde 2009. O Cineclube Sabotage é um projeto desenvolvido junto às escolas públicas de Belo Horizonte, pela ONG Oficina de Imagens e busca contribuir para o acesso pelos alunos à produção cinematográfica brasileira, em prol de uma articulação entre cinema e educação.
Para responder às questões levantadas, pretendo estou realizando uma pesquisa qualitativa dentro da escola Alcida Torres. São desenvolvidos grupos focais com discussões a partir de filmes que os alunos tenham assistido dentro e fora da escola. O grupo focal, como método, possibilita à pesquisa um espaço de interlocução ativa com o grupo, a partir de um tema e de questões a serem observadas. São realizadas, também, entrevistas semiestruturadas com um grupo de adolescentes convidados para a pesquisa. Esse tipo de entrevista, que é semi-diretiva ou semi-aberta, possibilita a construção prévia de um roteiro que conduz as conversas, porém permite também certa abertura para acolher o inusitado e questões relevantes que se revelam no curso do diálogo. Por fim, será necessário partir para análise de discurso, que visa à compreensão de como um objeto simbólico produz sentidos.
Bibliografia
- AUAD, Daniela. Educação para a democracia e co-educação: apontamentos a partir da categoria gênero. Revista USP, São Paulo, 2003.
BERGALA, Alain. A hipótese-cinema. Pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola; Rio de Janeiro: Booklink; 2008.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina – A condição feminina e a violência simbólica; Rio de Janeiro: BestBolso, 2014.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 2003.
CARVALHO, Marília Pinto de. O fracasso escolar de meninos e meninas: articulações entre gênero e cor/raça. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cpa/n22/n22a10.pdf
FRESQUET, Adriana. Cinema e educação: a Lei 13.006. Reflexões, perspectivas e propostas. Ouro Preto, Universo Produção, 2015.
TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro; Lopes, José de Sousa Miguel (orgs.). A mulher vai ao cinema; Belo Horizonte: Autêntica, 2008.