Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Igor Alexandre Capelatto (UNICAMP)

Minicurrículo

    Cineasta, Professor e Pesquisador de cinema,
    Mestre em Multimeios, Instituto de Artes, Unicamp, com obtenção de título em 2012 e doutorando no mesmo.
    Professor do IEL, Unicamp desde janeiro de 2016, em cursos de extensão de Roteiro (modulos I e II), Filmagem e Edição, Documentário, Concept Art.
    Professor convidado do Instituto de Artes da Unicamp para disciplina de História da Arte na Graduação em Artes Visuais.
    Autor de diversos artigos em revsitas científicas

Ficha do Trabalho

Título

    SÃO APENAS MANCHAS: problemáticas da interpretação fílmica.

Mesa

    Cinema e subjetividade

Resumo

    Este trabalho analisa a subjetividade no cinema, através do conceito de cultura de Benjamin, Flusser e Agamben, de subjetividade de Sartre e Hegel, e de interpretação de Eco. Para elucidar tal pesquisa, analisaremos o filme Blow Up (1966), o qual consideramos um tratado sobre a subjetividade. Em Blow up, Bill descreve seus quadros à Thomas: “Não significam nada quando os pinto. São apenas manchas. Depois consigo achar algo interessante. Então tudo começa a se encaixar, a fazer sentido”.

Resumo expandido

    Este trabalho pretende investigar as problemáticas da interpretação fílmica, como cada sujeito-espectador compreende os signos presentes em determinado filme e quais elementos levam a esta ou aquela interpretação. Para tal, proponho o estudo de alguns elementos presentes na comunicação fílmica, como cultura, gestos, o conceito flusseriano de abismo, e por fim, o conceito de subjetividade, que envolve toda estrutura da interpretação, tradução, codificação, enfim, da comunicação. Conceitos estes os quais apresento atraves de análises de Giorgio Agamben (o artigo ‘Notas sobre o Gesto’), Vilém Flusser (“Gestos”, “Lingua e Realidade”, “Da Pausa”, dentre outros), Walter Benjamin (Benjamin e a obra de arte: técnica, imagem, percepção), Umberto Eco (Os Limites da Interpretação, entre outros), Jean-Paul Sartre (O que é Subjetividade?) e Hegel (através de HYPPOLITE em Gênese e estrutura da Fenomenologia do Espírito de Hegel).

    Para elucidar este amplo tema e fazer um recorte preciso que caiba nesta apresentação e posterior artigo, proponho o uso do filme ‘Blow Up’ de Michelangelo Antonioni que discute (como propõe o próprio diretor do filme) os problemas da interpretação. Para Eco 2001, p.239 (em “A estrutura ausente”), Blow Up é um tratado que procura investigar como os signos são compreendidos no discurso entre sujeito e receptor. Para mim, e elucido mais precisamente na explanação deste resumo, Blow Up é assim, um tratado sobre a Subjetividade, e desta forma, tomo ele como base ilsutrativa dos conceitos que proponho abordar.

    Ainda por meio de Eco e dos estudos sobre Subjetividade, proponho a suspensão de cinco problemáticas (defronte, fenomenologicamente, tomei a liberdade de escolher/recortar estes cinco hiatos) da interpretação (decifração/tradução) fílmica os quais arrematam os temas (objetos) propostos para estudo:

    • autoria: relação entre o autor do filme e o tradutor (storyteller/diretor/espectador);
    • ausência cultural: códigos que existem em uma cultura e não tem equivalência noutra;
    • confronto de significação cultural: quando um mesmo código tem significado díspar;
    • gesto em relação a forma e a conversa. O hiato imagético e o hiato corporal (e subjetivo);
    • por fim, através da liberdade, a recriação;

Bibliografia

    AGAMBEN, G. Notas sobre o gesto. In: FREITAS, R., GARCIA, D. e IANNINI, G.. Artefilosofia. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2015.
    BENJAMIN, Walter et al. Benjamin e a obra de arte: técnica, imagem, percepção. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
    ECO, Umberto. A estrutura ausente. São Paulo: Perspectiva, 2001.
    ____________. Os limites da interpretação. São Paulo: Perspectiva, 1995.
    ______________. Gestos. São Paulo: Annablume, 2014 .
    ______________. Língua e realidade. São Paulo: Annablume, 2007.
    HYPPOLITE, Jean. Gênese e estrutura da Fenomenologia do Espírito de Hegel. São Paulo: Discurso Editorial, 1999.
    SARTRE, Jean-Paul. O que é subjetividade?. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

    Referências filmográficas
    ANTONIONI, Michelangelo. Blow up. Vídeo. DVD. COR. 111 min. MGM, 1967.