Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Flavio Kactuz (Flávio C. P. de Brito) (PUC-Rio)

Minicurrículo

    Historiador e professor do Curso de Cinema da PUC-Rio, doutorando pela Universidade de Coimbra. Organizador do livro: Daqui onde estou dá pra ver o Brasil (2006). Professor do Curso de Extensão da PUC-Rio para moradores de favelas e periferias do Rio de Janeiro. Curador da Mostra e organizador do catálogo “Pier Paolo Pasolini: quando o cinema se faz poesia e política de seu tempo”(2014)

Ficha do Trabalho

Título

    Caro Pier Paolo, espero que compreenda suficientemente o português.

Mesa

    Confluências Pasolinianas

Resumo

    Análise de uma carta da jornalista Oriana Fallaci enviada em março de 1970 à Pier Paolo Pasolini com um anexo em português descrevendo detalhadamente as práticas de torturas no Brasil, logo após a breve passagem do poeta em nosso país. Essa análise se propõe a pensar o quanto essas informações podem ter, direta ou indiretamente, influenciado a pesquisa, a escrita ou mesmo a encenação de Salò.

Resumo expandido

    Em março de 1970, período de maior truculência da ditadura instalada no Brasil, Pier Paolo Pasolini e uma pequena comitiva fez uma breve escala no Rio de Janeiro depois de apresentar Medea em Mar del Plata. Neste pequeno grupo estava a escritora e jornalista italiana, Oriana Fallaci, que após permanecer alguns dias a mais no país, retornou ao seu apartamento em Nova York e enviou uma carta à Pasolini, confessando seu desconforto ao receber notícias detalhadas sobre o esquadrão da morte, a violência policial, as práticas de torturas e os assassinatos nas prisões brasileiras. A jornalista também anexou um exemplar de um jornal clandestino com descrições minuciosas sobre as práticas de tortura.
    A análise dessa carta e seu anexo, cujas referências à tortura no Brasil, traduzidas para o italiano, a pedido de Pasolini, posteriormente, em data ignorada e de autor desconhecido, nos convida a pensar uma possível conexão desse conteúdo com as terríveis cenas do final de sua última obra, o quanto Pasolini estava informado sobre o que ocorria no Brasil, através também da informação de amigos, e como isso pode ter influenciado, direta ou indiretamente, o processo de elaboração da pesquisa, roteiro, ou mesmo a encenação de Salò.

Bibliografia

    BRITO, Flávio C. P. de. “Salò” e o cinema impopular segundo Pier Paolo Pasolini. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PUC, 2010; FABRIS, Mariarosaria. Pasolini interpreta o Brasil, o Brasil interpreta Pasolini. In: KACTUZ, Flávio (Org). Pasolini, ou quando o cinema se faz poesia e política de seu tempo. Rio de Janeiro: Uns entre Outros, 2014; _______. Seguindo pelos rumos de Saló. In: MACHADO Jr, Rubens et alii (org.). Estudos de cinema SOCINE – ano VIII. São Paulo: Annablume–SOCINE, 2007, p. 15-22;______. Requiém para uma República. In: Anais do XVIII Encontro Regional de História. Assis: UNESP, 2006, v.1, s.p. [cd-room]; JOUBERT-Laurencin. Hervé. Pasolini: Portrait du poète en cinéaste. Paris: Cahiers du Cinéma, 1995.; PASOLINI, Pier Paolo. Saggi sulla politica e sulla società. Milano: Mondadori, 1999; PASSANNANTI, Erminia. Il corpo & il potere: Saló o le 120 Giornate di Sodoma di Pier Paolo Pasolini. UK: Troubador Publishing, 2004.