Ficha do Proponente
Proponente
- Consuelo Lins (UFRJ)
Minicurrículo
- Consuelo Lins é professora da ECO/UFRJ. Mestre pela ECO/UFRJ, doutora e pós-doutora em Cinema e Audiovisual pela Universidade de Paris 3 (Sorbonne Nouvelle); pós-doutora também pelo Birkbeck College, Universidade de Londres. Publicou “O documentário de Eduardo Coutinho; televisão, cinema e vídeo” e, com Cláudia Mesquita, “Filmar o real, sobre o documentário brasileiro contemporâneo”. Dirigiu Lectures (2005), Leituras Cariocas (2009), Babás (2010), entre outros.
Ficha do Trabalho
Título
- Vida sensível na Trilogia da solidão, de Cao Guimarães.
Seminário
- Interseções Cinema e Arte
Resumo
- Nossa proposta é analisar os filmes que integram a Trilogia da solidão, que consolida de vez a importância do artista mineiro Cao Guimarães no cenário audiovisual contemporâneo. A trilogia se compõe dos documentários A alma do osso (2004) e Andarilho (2006) e da ficção O homem das multidões (2013), dirigida em parceria com o cineasta pernambucano Marcelo Gomes. Trata-se de identificar em cada uma das obras características singulares e, ao mesmo tempo, pontos em comum na construção fílmica de mod
Resumo expandido
- Nossa proposta é analisar os filmes que integram a Trilogia da solidão, que consolida de vez a importância do artista mineiro Cao Guimarães no cenário audiovisual contemporâneo. A trilogia se compõe dos documentários A alma do osso (2004) e Andarilho (2006) e da ficção O homem das multidões (2013), dirigida em parceria com o cineasta pernambucano Marcelo Gomes. Trata-se de identificar em cada uma das obras características singulares e, ao mesmo tempo, pontos em comum na construção fílmica de modos diversos de praticar a solidão.
Captar o modo como a matéria sensível penetra a sensibilidade dos personagens que circulam nos seus filmes e o modo como essas sensibilidades experimentam o mundo vivido; apreender o estado sensível dessas existências obscuras, deixar-se impregnar das percepções e dos afetos de indivíduos à margem do mundo formal, despersonalizados e, ao mesmo tempo, carregando nos próprios corpos e no pensamento estilhaços de uma história pessoal aqui e ali misturados à história do mundo; captar fluxos de vidas imemoriais em imagens e sons, eis o que faz Cao Guimarães.
Discutiremos ainda como a formação de Cao Guimarães nas artes plásticas – na fotografia, em curtas experimentais e na videoinstalação – foi fundamental para o artista expandir os limites do documentário, operando um deslocamento sutil, mas decisivo, na abordagem de situações e personagens pertencentes às camadas populares no Brasil. Nos indivíduos que filmou, não foram as causas que os levaram àquela condição que o cineasta explora, e sim as relações sensoriais deles com o mundo, os gestos cotidianos, as experiências ordinárias.
Bibliografia
- DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Qu’est-ce que la Philosophie?. Paris: Minuit, 2005;
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